Pequena Travessa escrita por Arline


Capítulo 17
Capítulo 17 - SEGUNDA TEMPORADA


Notas iniciais do capítulo

Gente do céu! Eu ainda tenho leitores? Espero que sim.


Mil perdões pela demora imensa! Eu me esqueci de PT, juro pra vocês. Mas aqui está o capítulo! Bom e engraçado não está, isso eu sei, mas fiz o quase melhor que pude. Minha cabeça não tá lá muito boa pra algo engraçadinho. :(


Pra quem não sabe, tem fic nova! A outra face. Quem se interessar e quiser ler e me falar o que achou, eu aceito! :)


Diga-me o que acharam desse capítulo, ok?

Bjs e até o próximo, que não vai demorar tanto.



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CAPÍTULO 6



Choro. Mais choro. Um pouco mais de choro. E um sono infinito.


Eu estava um bagaço. Pior do que laranja chupada por uma criança faminta. Meus olhos mal se mantinham abertos, e minhas pernas estavam meio bambas. Eu cairia a qualquer momento. Renée me olhava de forma compreensiva e me estendeu uma xícara de café, ainda sem pronunciar uma palavra sequer.


Era madrugada. Três horas e cinquenta e um minutos da madrugada de sexta, pra ser bem exato. Os bebês estavam em casa há um mês e a sincronicidade entre eles era espantosa e eu ficava sempre assustado mesmo. Um chorava querendo mamar e um segundo depois, os outros dois se esgoelavam, acordando quase a cidade inteira. Um fazia coisas fedidas, e os outros dois seguiam a mesma onda... Mas, apesar das noites de sono perdidas e de eu estar bem parecido com um zumbi do The Walking Dead, valia a pena e era reconfortante. Os três estavam ali, bem e crescendo.


O líder da quadrilha, Charlie — em homenagem ao pai de Bella —, era o pior de todos, e eu já estava suspeitando que aquele moleque era uma reencarnação do meu sogro. Ele era o primeiro a chorar e a fazer tudo de fedido, e só se acalmava com Renée. Aquilo estava me preocupando... Ter um filho crescido e querendo pegar a avó... Não olhem com essa cara feia que eu sei que vocês estão fazendo! Se o aprendiz de terrorista fosse mesmo uma reencarnação do meu sogro, ele poderia ter voltado com o mesmo amor pela velha! Que coisa estranha...


Anthony, o número dois, era calminho, calminho... Isso, quando o líder não o chateava com seu choro alto e estridente. E ia adorar pegar em uns peitões! Nunca vi moleque pra gostar de mamar como aquele... Se deixasse, ele passava horas sugando meu parque de diversões... Nós teríamos muito que conversar quando ele crescesse! Minhas coleções pornôs já tinham um futuro dono.


Raphael, o número três, estava no meio termo ainda. Ora ele era calmo, ora era pior que Charlie. Com certeza esse seria pau mandado do irmão, encobriria as merdas e levaria bronca só por medo de dedurar o culpado.


E graças a Deus que todos eram loirinhos e com olhos claros. Bella teria um problema bem grande se algum deles tivesse nascido meio japonês ou algo assim. E nem adiantava vir pra cima de mim com aquela história de que a cada cem bebês, um é japonês, a cada duzentos ou trezentos ou qualquer merda dessas. Eram todos meus.


Edward, querido, vá se deitar. Você tem que descansar também. — Renée era tão amorosa... Eu estava começando a amar aquela mulher...
— Pra quê? Me diga! Daqui três horas eu tenho que acordar outra vez! E depois, e depois, e depois... É melhor eu ficar acordado mesmo.
— Não... Você precisa descansar. No começo é complicado mesmo, mas tudo se ajeita, ok? Durma na sala, assim eu fico com a Bella e a ajudo depois.
— Nem lascando, Renée! Depois eu vou ter que ouvir a Bella reclamar no meu ouvido... Ela vai começar a dizer que eu estou largando nossos filhos de lado, que não a quero mais... Não, pode deixar, ok?


Recebi um olhar mortal da doidinha e achei melhor não insistir no assunto. Levei minha bunda cansada para o sofá e me joguei, agradecendo por ele ser macios e super gostoso. Saudades do tempo em que eu namorava um sofá... Se tivéssemos filhos, seriam fofinhos, pelo menos... Várias almofadas amarelinhas e de olhos verdes...


Eu não ia transar nunca mais na vida! Era melhor morrer celibatário a correr o risco de ter mais filhos. Não riam com deboche, ok? É sério! Eu amava muito meus terroristas, mas cansava pra cacete! Bella estava lá, deitada, recebendo tudo na mão, enquanto eu me lascava... “Edward, quero isso”, “Edward, estou com fome”, “Edward, me ajude a ir ao banheiro”, “Edward, não durma! Eu quero conversar um pouco”... Marido só se fode! O cara vira um multiuso recarregável: babá, pai, marido, o filho da puta que sustenta a casa, o idiota que mesmo lascado, coloca um sorriso no rosto e vai dar um “cata” na esposa pra que ela não precise procurar por outro... E a mãe faz o que? Coloca o peito pra fora e alimenta, manda pedir tudo ao pai, manda perguntar tudo ao pai. Mulher só manda! E tem umas, como Bella, que manda a gente pra puta que o pariu.


E eu dormi! Graças à minha sogra, foram nove horas ininterruptas de sono tranquilo, sem choros, mamadeiras, fraldas... Eu realmente me sentia revigorado. Me arrastei até a cozinha e bebi uma grande xícara de café. O gosto não estava muito bom, mas com certeza era por conta daquele cheiro desgraçado que a gente tinha na boca assim que acordava. Pois é, minha gente... Homens lindos, ricos e gostosos também tem bafo! E dos brabos! Aproveitei pra olhar as panelas no fogão e minha boca encheu d’água. Comida!


Fui arrastando os pés até meu quarto, já ouvindo os barulhos de Bella no corredor. Ela estava estressada... Os bebês estavam na cama, então eu tinha certeza de que ela não gritaria comigo naquele momento, mas o olhar assassino me deu a certeza de que eu não sairia impune por ter dormido na sala...


Tomei banho, escovei os dentes e me senti bem com a boca fresquinha.


— Não coma a pasta, seu idiota. — Bella reclamou atrás de mim, me empurrando um pouco — Eu quero fazer xixi. Saia.


Cortou meu barato! A coisa mais legal do mundo era comer um pouquinho da pasta de dente! Ainda mais a minha, que tinha sabor de frutinha refrescante. Mas eu obedeci, claro, e fui me juntar aos meus filhotes cheirosos e alimentados. Anthony e Raphael estavam dormindo serenamente, mas Charlie... O líder estava de olhos bem abertos, olhando pro teto. Aquele menino era a reencarnação do meu sogro, sem dúvidas! Com certeza ele seria um belo empata-foda e não me deixaria tocar em Bella. Não que isso me importasse, uma vez que eu não faria mais sexo, mas brincar era bom, né?


Peguei meu pequeno terrorista e o deixei sobre meu peito, apreciando verdadeiramente sua calma. Será que Bella tinha dado alguma coisa pra ele? Geralmente o moleque só chorava!


— Esse amor todo não vai te livrar da bronca, Edward... — a voz de Bella soou bem perto, enquanto ela se deitava e fazia uma careta — Poxa! Deixar tudo por conta da minha mãe! Ela não tem mais obrigações comigo, caramba!
— Eu sei! Não estou fugindo de minhas obrigações, droga! Foi ideia dela que eu dormisse lá na sala.
— E você aceitou rapidinho, né? Ela sempre vai se oferecer pra ajudar, seu idiota, só que nós não podemos ficar aceitando isso pra vida inteira. Eles são responsabilidade nossa!


Respirei fundo, pedindo que Deus me desse muita paciência. Bella conseguia ser cabeça dura muitas vezes, mas em outras, se superava!


— Me diga uma coisa, Bella... O que nós sabemos sobre bebês? Eles estão com a gente, aqui em casa, há um mês apenas. Você já aprendeu tudo, certo? Não precisa da ajuda de ninguém pra nada, não é? — ela bufou — Você vai lavar, passar, cozinhar, arrumar, dar conta dos três, vai se alimentar, tomar banho, resolver qualquer coisa na rua, ir ao mercado, trabalhar fora... E sozinha, sem depender de ninguém, certo?
— Claro que não, Edward! É lógico que eu vou precisar de ajuda
— Então pronto, Bella! Foi só isso que sua mãe fez: ofereceu ajuda. Embora você passe a maior parte do tempo deitada e recebendo tudo na mão, entendo que seja cansativo lidar com os bebês, e não fico reclamando de nada, ao contrário de você, que está reclamando comigo desde o primeiro dia que saímos do hospital.


Ah, sim! Era uma boa verdade! Bella estava reclamando de tudo! Eu roncava, eu babava, eu dormia demais, eu dormia de menos, eu tomava banho muito tarde, eu comia depois de todo mundo, eu via televisão enquanto ela queria dormir, meu celular tocava demais, o telefone de casa tocava demais, meus pais não queriam saber dos netos...


— Não é reclamar, Edward! Mas nós temos que seguir uma rotina agora. Não dá pra você ficar perambulando pela casa até tarde.
— Eu te incomodo? Eu faço barulho? Eu não corro pra pegar os bebês assim que eles começam a chorar? Eu não estou te ajudando o bastante?
— Edward... Eu só estou cansada! Não brigue comigo, por favor.
— E eu não estou? Você acha mesmo que eu estou exalando disposição? E não estou brigando, Bella; eu só quero entender o que você quer. Sério, já estou ficando doido com isso.


Bella não bufou dessa vez, mas o barulho estranho do seu nariz deu a entender que ela estava chorando. Ah, que ótimo! Tudo o que eu precisava!


— Só estou confusa com tudo isso, Edward. Eu não quero deixar meus filhos aos cuidados da minha mãe; ela não tem obrigação alguma, mas estou tão cansada! Sei que preciso de ajuda, mas não quero, entende? E eu sei que você tem me ajudado muito e que está cansado, mas eu não consigo deixar de pensar que temos que nos esforçar mais.


Que merda ela estava dizendo? Alguém entendeu alguma coisa? Falou, falou e não chegou a lugar nenhum. Só isso.


— Realmente não dá pra me esforçar mais, Bella. Eu vou ter uma crise daqui a pouco, acredite. Em um mês, foi a primeira vez que consegui dormir de forma decente. Se sua mãe quer nos ajudar, que nos ajude; nós precisamos mesmo de ajuda e não dá pra negar. — ela fez o barulho estranho outra vez — Sem contar que minha família está chateada com você, porque eles simplesmente não podem vir aqui e ficar um pouco com os bebês.


E por falar em bebês, entortei o pescoço e olhei pra Charlie, que dormia bem tranquilo... Isso aí, moleque! Não se meta nas brigas!


— Não é isso, Edward! Eu só não quero que os bebês fiquem agitados com tantas pessoas por perto, falando ao mesmo tempo.


Foi minha vez de bufar. Ela não convenceria a ninguém com aquele discurso fajuto.


— E aqui estamos nós, quase gritando! Eles não estão nem aí para o que está acontecendo, Bella! Minha família virá vê-los, e isso não é um pedido.


Acabei colocando Charlie na cama e me levantei, realmente chateado com as atitudes de Bella. Não éramos os Super Amigos, porra! Não dava pra fazer tudo sozinhos!


— Agora, se vire pra comer e cuidar dos três. E não me chame! Ah! Sua mãe também não virá te ajudar.


Saí pisando duro e puto da vida. E eu nem sabia onde Renée estava! Mas ela não ajudaria mesmo. Não até que Bella admitisse que precisávamos daquilo e pedisse por ajuda. Ah, pelo amor do Criador! Até parece que ela não viu como foi quando Alice teve Lucca! E o pobrezinho nem teve festinha de aniversário... Jasper era um mão de vaca!


— Edward? Algum problema?


Renée me chamou e eu parei, só então notando que eu dava voltas no meio da sala. Por isso eu estava me achando um pouco zonzo...


— Todos, Renée! Todos os problemas! Sua filha vai enlouquecer e me enlouquecer junto! — deve ser de família, pensei, mas não falei.


E então eu relatei a maluquice de Bella. A doidinha estava calada, me ouvindo atentamente. Eu nem sabia mais o que estava falando, pois meu estômago roncava e pedia que eu lhe desse comida.


— É... Tratamento de choque. — a olhei desconfiado — Bella precisa mesmo ver que ser mãe não quer dizer que ela pode fazer tudo, sem precisar de ninguém. Pode deixar, Edward, eu não vou ajudá-la em nada. Porém, se um de meus netos estiver com dor ou alguma coisa assim, eu vou me meter mesmo.
— Claro! Eu não quero que nada aconteça, eu só quero que Bella pare de bancar a faz-tudo. Estamos aprendendo, mas ela parece que não quer andar pra frente!
— Ela vai entender, querido. Ela vai entender.


E assim passamos nosso dia. Renée não subiu pra levar comida e eu muito menos, apenas levei o aquecedor e três mamadeiras nas bolsas térmicas. Também não perguntei se ela estava com fome ou se precisava de qualquer coisa. Era ruim agir daquela forma, mas não tinha outro jeito.


Os bebês choravam, mas não durava mais que o tempo de Bella começar a amamentá-los; isso me deixava mais calmo.


Por volta de oito da noite eu já terminava de jantar e nada de Bella ou de pedido de ajuda. Pois bem, ela que se virasse sozinha. Renée disse que ia subir, mas me prometeu que não ajudaria, e como eu não acreditei, subi atrás, carregando a cópia reserva da chave de seu quarto. Ela passou pelo meu quarto, babou os netos, perguntou se Bella estava bem, e seguiu em frente. E eu a tranquei, deixando a chave atravessada do lado de fora.


Eu tomei banho, fiquei com meus filhotes, ri da careta que Charlie fez quando eu beijei seu nariz e peguei meu travesseiro, já pronto pra descer. Bella, que estava animada e achando que me enrolaria, saiu puta da vida do banheiro, abaixando a camisola e me olhando feio.


E as horas foram passando e passando... Reabasteci as mamadeiras, escutei os choros e alguns palavrões, mas não me movi, embora a vontade fosse enorme. Eles não estavam correndo qualquer tipo de perigo, não estavam doentes ou sentindo dor. E Bella precisava aprender.


Às onze da noite a luz que iluminava a escada se acendeu e eu me entortei no sofá, observando enquanto Bella descia. Se ela estivesse com cara de dor ou qualquer coisa do tipo, é claro que eu a ajudaria. Ela não podia fazer movimentos bruscos, mas a escada era curta, com degraus largos e não teria problema algum. Os passos ali seriam os mesmos que ela dava dentro do quarto durante o dia. Ela estava descabelada, com a expressão cansada e com a camisola manchada de leite ao redor dos seios. Um banho cairia bem, não?


Poucos minutos depois, o apito do forno micro-ondas chegou até a sala, e eu esperei pacientemente pra ouvir, depois que ela acabasse de comer, o barulho da água correndo e a louça sendo lavada. Ah, Bella... Essas coisas podem mesmo ser cansativas...


Meia hora depois, Bella apareceu na sala carregando uns pacotes de biscoito e uma garrafinha de água, mas nada de barulho de água... Ela iria me xingar, mas depois veria que era pro seu próprio bem...


— Você esqueceu de lavar a louça, Bella. Sua mãe não é nossa empregada, e nossa empregada não trabalha aos domingos, querida.
— Vá se foder, seu cretino! — ela me xingou, me estirou o dedo, mas voltou pra cozinha e lavou a louça. Boa menina!
— Bella... — a chamei, quando ela passou por mim outra vez — Eu te amo, ok? E aos nossos filhos.
— Ah! Estou vendo o quanto! Não enche o saco, Edward! Vá dormir tranquilamente, é o melhor que você faz.


E eu obedeci, claro. O sofá era mesmo confortável.


Dois dias depois...


Minha mãe ainda não estava muito contente comigo; ela achava que eu estava sendo muito duro com Bella, que eu não poderia estar fazendo aquilo e que passar por cima das birras era o certo a se fazer. Mas eu não dei o braço a torcer, sem contar que Renée me apoiava naquilo. Se ela era a mãe e achava que eu estava certo, então eu estava certo! E Bella ainda tentou se fazer de vítima, mas deu azar, pois ninguém acreditou quando ela disse que eu a estava deixando passar fome. Ah, não mesmo! A comida estava lá, prontinha, era só ela descer e comer!


Fiquei com meus bebês pela manhã, claro, mas deixando Bella ciente de que eu não a estava ajudando com aquilo. Ela trocou as fraldas, fez com que eles parassem de chorar, deu banho e todo o resto. Ela estava com um cheiro meio azedo, e eu preferi ficar quieto; dizer que ela estava fedendo não seria uma coisa boa.


Durante o almoço, a empregada — e eu a chamava assim não por achá-la inferior ou algo do tipo, era por nunca me lembra de seu nome — tomou coragem e perguntou se Bella não almoçaria também, e eu só dei de ombros, sem realmente saber. Renée foi mais explicativa e informou que a filha estava sem fome. Ah! Eu duvidava muito disso... Era capaz de os órgãos de Bella estarem se comendo já.


Ficar longe dos meus terroristas estava me matando, eu adorava ficar um tempão só olhando aquelas carinhas quase fofinhas, mas enquanto Bella não aprendesse, era assim que continuaria sendo. Meus pequenos terroristas... Ai, ai.


— Edward, a Bella está fedendo já. Eu acho que poderíamos dar uma folga... Apenas um banho.
— Não! Renée, não amoleça seu coração logo agora! Você quer que sua filha evolua, certo? Evoluir, evoluir!
— Ela vai evoluir é de mamãe Pokémon pra mamãe Pokelouca. Nem quero ver...
— Nem eu. E você não acha que essa coisa de Pokémon é um pouco infantil demais pra você?


A resposta? O dedo do meio estirado em minha direção. E ainda bem que eu não estava dormindo ao lado de Bella... Doida, tudo bem, mas fedorenta... Não há amor que resista.


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