The Partner escrita por ItsCupcake


Capítulo 3
Conhecendo meu parceiro




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Madeline’s POV

Quando a seleção acabou. Todos foram até os seus pares para se conhecer melhor. Menos eu. Eu fui correndo ao encontro do meu pai que também veio ao meu encontro.

— Apenas me siga. — Disse ele saindo do lugar onde foram feito os testes.

El andava rápido e minha mãe andava ao meu lado, seguindo ele.

Eu sabia que ele não estava feliz com o resultado. E eu menos ainda.

Passamos por vários corredores. Até que ele parou em uma porta que se abriu automaticamente e revelou uma mulher sentada em uma mesa, teclando super rápido apenas olhando para a tela do computador.

— Ele não pode recebê-los. — Disse ela sem tirar a atenção do computador.

— Ele abre uma exceção para mim. — Falou meu pai andando rapidamente entrando numa sala enorme.

Minha mãe colocou a mão nas minhas costas, me incentivando a continuar andando.

Na sala, um homem com aparecia de uns cinquenta e poucos anos estava lendo algo em seu iPad sentado de um jeito folgado numa grande poltrona preta atrás de uma grande mesa de mármore. Quando nos viu em sua sala, deixou o objeto em sua mesa e sorriu para o meu pai.

— Kurt McPherson, que honra tê-lo aqui.

— Ouve um erro na Seleção hoje. — Disse meu pai curto e grosso e o homem franziu o cenho.

— Não. Nunca há erros.

— Sim, ouve um erro. Ela não pode ser a dupla do garoto McCann, ele lutou com ela no terceiro teste.

— Bom, de acordo com as informações que tenho — Disse o homem olhando para o seu iPad novamente. — Ela tem as qualificações compatíveis com a do garoto. Os dois podem sim ser uma dupla.

— Mas ele é um McCann. — Disse meu pai indignado e eu pensei que ele fosse pular em cima da mesa e apertar o pescoço do homem.

— Kurt, vamos deixar isso de lado. Você sabe que sua filha tem um grande potencial, e o filho do McCann também. Os dois juntos serão uma grande dupla.

— Você só pensa nos benefícios disso tudo!

— E você também não? Eu sei o quanto você quer que a sua filha siga os seus passos. Com o filho do McCann, eles serão imbatíveis em todas as missões.

— Não tem como mudar? — Perguntou meu pai apoiando suas mãos na mesa e encarando o homem mais de perto.

Antes que o homem pudesse responder, a porta da sala foi aperta e Jeremy McCann e Pattie Mallette entraram na sala acompanhados de seu filho.

— Ótimo. — Disse o homem se levantando da poltrona. — Agora que todos estão aqui, eu posso esclarecer tudo.

— Por isso vim aqui. — Respondeu Jeremy McCann.

O homem andou em volta da mesa até ficar próximo ao meu pai e ao Jeremy McCann. Os dois pareciam que a qualquer hora iria matar aquele cara, talvez seria o único momento em que pensavam em fazer a mesma coisa.

— A Seleção não tem erros. Vocês sabem disso mais do que eu. Jason McCann tem um ótimo histórico. Vejo que tem um bom desempenho físico e sua inteligência é muito avançada. Madeline McPherson, uma excelente lutadora e sem contar com a sua facilidade com números. Um completa o outro.

— Completa? — Perguntei sarcástica e todos olharam para mim. — Se você não percebeu, ou não assistiu o terceiro teste. Quase nos matamos.

— Muitas duplas formadas já tiveram esse problema de hormônios da adolescência. Com o tempo passa, a convivência vai fazer vocês dois ficarem mais próximos. Como uma família.

— Família. — Debochou meu pai.

— Isso é ridículo. — Falou Jeremy McCann.

— Vocês vão ter que aceitar. Não posso fazer nada para mudar.

— Tem outro garoto. — Disse minha mãe paciente. — Lucas Besson. Ele mora próximo a nossa casa, estudou com a Madeline durante muito tempo. Os dois tem muita coisa em comum também. E ele é um ótimo lutador, sem contar na sua inteligência e na forma de liderança de grupo.

— Sim, o filho dos Besson. — Concordou o homem. — Foi designado ao filho dos Patrick. Você tem razão, ele também tem um grande potencial, seria minha segunda escolha. Mas Jason McCann é o ideal.

— Não tem como ele se tornar a sua primeira escolha? — Perguntou minha mãe.

O homem sorriu gentilmente, como se lamentasse. Olhou para os meus pais e para os pais do Jason.

— A decisão é definitiva. Jason McCann e Madeline McPherson serão uma dupla.

(...)

Meu pai não estava nada feliz em se arrumar para o evento da Seleção. Minha mãe já tinha aceitado isso. Só que eu, assim como meu pai, não tinha engolido o fato de o McCann trabalhar comigo.

No meu quarto, abri a porta de vidro da sacada do meu quarto e pude ver o quarto do Lucas do outro lado. Nossas sacadas quase se encontravam, por uma distancia mínima.

Já tinha me arrumado para a cerimônia, mas queria ver o Lucas. E minhas preces foram atendida, quando o vi acender a luz do quarto enquanto vestia sua camiseta e por cima seu terno. Ele estava distraído, então quando começou a fazer o nó na gravata, eu ataquei uma pedrinha da pequena planta da minha sacada na porta de vidro dele. Ele me viu e sorriu indo abrir a porta da sacada.

— Nossa, você está linda.

— Obrigada. — Falei sorrindo. — Você viu quem é a minha dupla?

— Vi. Como seus pais reagiram?

— Minha mãe está aceitando, mas eu meu pai só falta soltar fumaça pelo nariz. — Disse e ele riu. — E eu não sei o que vou fazer. Aquele garoto é um idiota, você viu quando ele lutou comigo? Eu não quero ter que conviver com ele.

— Eu ainda não entendo porque não fomos designados um ao outro, tínhamos mais de cinquenta por cento de chances.

— Você sabe o quanto o FBI gosta de complicar a vida das famílias.

— Madeline! — Ouvi minha mãe gritar meu nome lá em baixo.

— Tenho que ir. Te vejo na festa.

— Idem. — Falou ele fechando as portas da sacada enquanto eu fazia o mesmo.

Ajeitei meu cabelo e dei uma ultima conferida na maquiagem.

Na verdade, eu não queria me arrumar, não tinha motivo para isso. Estou nervosa, não estou satisfeita com o meu par, e o pior de tudo é que vou ter que aturá-lo a festa intera. É um jeito de nos conhecermos melhor e eu não estou a fim de ficar conversando com um McCann. E meus pais não estão a fim de dividir a mesa com a família dele.

Desci as escadas e encontrei minha mãe sorrindo. Meu pai esperava no carro e assim que entramos, ele deu partida em direção ao local onde seria o evento.

Quando chegamos, entramos num salão enorme todo decorado com faixas vermelhas e cheio de mesas com aperitivos. Havia uma banda de blues num palco alto bem longe das mesas onde as famílias já se encontravam reunidas. A família do McCann já estava na mesa, e nós fomos ao seu encontro. Tive que me sentar de frente para o garoto que deu um sorriso debochado que eu fiz questão de corresponder. Todos nos encarávamos. Odeio admitir isso, mas o Jason está muito bonito. Eu queria que ele fosse um garoto horrendo, com aparência de nerd, pelo menos ficaria mais fácil conviver com ele sem todo aquele ar de “sou gostosão”.

— Quanto tempo Sarah. — Disse Pattie Mallette a minha mãe.

— Sim, muito tempo. — Concordou ela.

— Como está a sua vida agora que está casado com uma mulher... Comum? — Perguntou meu pai ao Jeremy enquanto passava a mão pela cintura da minha mãe.

Ele queria mostrar que o relacionamento dele continuava firme e forte, diferente do Sr. McCann e da Sra. Mallette. Os dois perceberam isso, e Pattie Mallette se mexeu desconfortável em sua cadeira.

— Você está diferente dos tempos de colégio. — Pattie disse para minha mãe.

Percebi que aquela conversa ia durar anos e anos. Até porque, um demorava a fazer perguntas ao outro, com certeza pensando em algo que pudesse ter dois sentidos. E eu não estava com a mínima vontade de ouvir brigas ocultas de pais inimigos.

Levantei-me da mesa e segui sem rumo algum para qualquer canto daquele lugar. Até que encontrei uma sacada enorme e passei pelas cortinas me escondendo na sacada enquanto olhava o movimento nas ruas. O salão era no terceiro andar, então a vista daqui de cima é perfeita.

— Também não estava aguentando. — Ouvi alguém falar atrás de mim.

Virei para olhar e vi Jason vir em minha direção e ficar ao meu lado, apoiado na sacada e fitando as ruas, assim como eu fazia antes de ele chegar.

— Queria ficar sozinha. — Falei ríspida.

— Somos uma dupla. Ficar sozinha, só na sua casa quando não tiver missão — Jason disse sem olhar para mim. — Ao contrário, você vai ter que me aturar.

— Infelizmente.

— Sabe? Ouvir três garotas comentarem o quanto você era sortuda por ter um parceiro como eu. Fora as outras cinco garotas que quase quebraram o pescoço quando me viram. Boa parte delas são irmãs de alguma pessoa da nossa Seleção.

— Elas não sabem o quanto você é um idiota.

— E nem você, pois acabamos de nos conhecer.

— Você deveria ter ficado nervoso comigo. Eu acabei com você no terceiro teste. — Falei sorrindo.

— E estou. Só que eu não posso bater na minha parceira — Ele se aproximou de mim e sussurrou. — Não aqui e agora.

— Isso é um pedido de revanche? — Perguntei fitando e ele me olhou com um sorriso travesso.

— Talvez.

E então passou pela cortina me deixando sozinha na sacada. Exatamente como eu queria ficar durante um bom tempo. Sozinha.

Jason’s POV

Clark Higgins não aceitou a mudança. Ele disse de uma forma muito estranha que não tinha como mudar, e que eu e a Madeline deveríamos ficar junto, como a melhor dupla do FBI das mil famílias. Não sei se fui o único a notar a insegurança em sua voz, mas eu sabia que não tinha sido designado a Madeline McPherson a toa, tem algo a mais nessa história e eu vou descobrir.

A parte mais chata da Seleção, é que você tem que comparecer a um evento que eles fazem para você conhecer o seu parceiro melhor. Eu até acharia melhor, se eu não tivesse que conhecer Madeline McPherson.

Já no começo de tudo, quando eles chegaram, nossos pais meio que brigavam entre palavras que escondiam a verdadeira intenção deles de soltar um palavrão um para o outro. Madeline se levantou da mesa e foi até a cortina, passando por ela e sumindo. Não tinha nada pra fazer e a segui.

Não gosto dela, mas não custa nada tentar ser simpático. É um ótimo começo para conhecer uma pessoa. Mesmo que você não queira conhecê-la melhor.

Até tentei ser gentil, mas ela conseguiu tocar na minha ferida. A parte em que ela me derrotou no terceiro teste.

— Você deveria ter ficado nervoso comigo. Eu acabei com você no terceiro teste. — Disse ela com um sorrisinho no rosto.

— E estou — Confessei. — Só que não posso bater na minha parceira — Me aproximei dela e sussurrei em seu ouvido. — Não aqui e agora.

— Isso é um pedido de revanche? — Perguntou ela me fitando e eu sorri de uma forma engraçada, como se ela tivesse acabado de propor que fossemos jogar banco imobiliário.

— Talvez. — Respondi me afastando dali e seguindo de volta para a mesa.

Nossos pais estavam falando sobre a comida. E eu não deixava de observar o quanto o Sr. McPherson jogava na cara do meu pai que continuava com a sua esposa através de palavras ocultas. Ele sabia escolher suas palavras com a intenção de não transparecer aquilo que ele realmente quer falar. Uma coisa que a filha tem em comum com ele, é que os dois adoram tocar no ponto fraco dos McCann.

— É a hora da dança. — Cutucou minha mãe. — Vá chamá-la para dançar.

Murmurei um palavrão inconformado e me levantei da cadeira que já estava começando a ficar quente e aconchegante.

Madeline já tinha voltado do seu momento Emo, ela estava quase deitando na cadeira, e pela sua cara estava morrendo de tédio.

Como sou um cavalheiro, estendi minha mão e fiz um gesto com a cabeça indicando a parte do salão onde muitos casais dançavam. Só então percebi, que não tinha sido o único a convidá-la para dançar. Um garoto loiro, dois centímetros maior que eu, estendeu a mão um pouco depois e sorriu para ela que retribui de bom grado. Os dois se levantaram e seguiram até o local onde todos dançavam me deixando com uma cara de WTF?!?

O Sr. McPherson pigarreou como se escondesse a risada e eu bufei saindo a procura de uma garota sozinha. Não foi difícil achar, até porque a garota mais bonita da festa sorriu para mim e eu fui em sua direção.

Morena, cabelos longos, e olhos castanhos. Perfeita. Sem contar as curvas maravilhosas do seu corpo naquele vestido que marcava seu corpo.

— Me concede essa dança? — Perguntei fazendo uma reverencia e ela riu.

— Com todo prazer.

Sorri para ela e segurei sua mão enquanto a guiava pelo salão. Tocava valsa de fundo e eu a conduzi em passos lentos. Ela me encarava, mas eu estava distraído olhando para os lados, até encontrá-la sorrindo para o garoto loiro. Ela não podia ter feito isso comigo, ninguém faz isso com Jason McCann.

— Quer ir para um lugar mais reservado? — Sussurrou a garota em meu ouvido.

— Claro. — Disse sorrindo maliciosamente.

Ela me puxou pelo braço até a porta de saída do salão, e me arrastou pelo corredor até um pequena porta. Quartinho das vassouras. Ela me jogou lá dentro e entrou sem seguida fechando a porta. Estava escuro, então apalpei a parede até encontrar o corpo dela e puxá-la para mim.

— Ei, já te disseram que não se deve confiar em qualquer pessoa? — Sussurrou ela novamente e eu estremeci. — Principalmente quando for mulher.

Eu tinha entendido o que ela quis dizer, e então procurei a porta. Mas ela me prendeu contra parede me impedindo de qualquer movimento. Ela era forte. Então passou seus lábios por toda extensão do meu pescoço e mordeu o lóbulo da minha orelha.

— É uma pena ter que machucá-lo.

Num baque, a porta foi aberta e eu vi a ultima pessoa que esperava ver naquela situação. Na verdade, a ultima pessoa que queria que me visse daquele jeito.

— Se você não percebeu, estamos ocupados. — Disse a garota a Madeline.

— Claro, só que você esqueceu que ele é o meu parceiro. E por mais que eu odeie isso, tenho que defender os príncipes indefesos. — Falou ela em tom de deboche.

A garota que me segurava avançou para cima de Madeline, que conseguiu se desviar facilmente. Aproveitei a chance e peguei uma das vassouras do quartinho e usei como bastão para acertá-la. Ela conseguiu se desviar, então quando ia bater em Madeline, o garoto loiro que estava com ela se aproximou pronto para acabar com a morena. Ela percebeu que não daria conta de três agentes e correu para o elevador. Num gesto rápido eu quebrei a vassoura com a perna e joguei um pedaço dela em direção ao elevador antes que a porta se fechasse. Mas já tinha sido tarde demais, a morena tinha conseguido fugir.

— O príncipe indefeso está bem? — Perguntou o garoto loiro.

Joguei a vassoura quebrada no quartinho e o olhei com um olhar nada amigável.

— Não precisava de ajuda. — Disse indo em direção ao salão novamente.

— Claro que não. — Disse Madeline ironicamente. — Você devia saber que numa festa cheia de agentes do FBI, ia haver um penetra espionando.

— Jamais passou pela minha cabeça que a morena gostosa fosse uma.

— É por isso que você quase foi tarado por uma garota. Você só pensa no físico das pessoas e esquece de olhar para além disso.

— Você está querendo me ensinar a ver o perigo? — Perguntei me virando em sua direção. — Pra sua informação, eu sei muito bem identificar algo suspeito.

— Claro, se eu não aparecesse lá sabe-se lá o que aquela garota faria com você. Um obrigado bastaria.

— Você é insuportável! — Disse apontando o dedo em sua cara. O loiro percebeu o quanto aquilo estava ficando pesado e ficou entre mim e ela.

— Você não vai querer arranjar encrenca, não é? Você sabe que isso não ficaria bem para nenhum dos dois. — Disse ele para mim.

Estava prestes a explodir de raiva, mas tudo que eu fiz foi passar pela porta do salão e voltar para a mesa onde meus pais estavam.

Quem aquele loiro pensa que é para me dar lição de moral? E quem aquela garota pensa que é para dizer que eu não sei me defender?

— Está tudo bem? — Sussurrou minha mãe disfarçadamente para mim enquanto meu pai continuava com o seu ataque de palavras ao Sr. McPherson.

— Sim. — Menti e ela não insistiu.

— Sério, será que dá pra você parar com isso? — Perguntei nervoso ao vê-la fuçar no porta-luvas do meu carro.

— Você tem dez camisinhas aqui. — Falou ela pegando uma e virando de um lado para o outro. — Você não transou com nenhum garota no seu carro, né? — Perguntei ela olhando para o banco que estava sentada com nojo.

— Claro que não. — Disse impaciente. — Meu carro é meu bebê, eu zelo por ele. Você é a segunda garota que entra nele.

— Segunda? — Perguntou ela erguendo as sobrancelhas. — Quem foi a primeira?

— Uma amiga.

— Sei... Com dez camisinhas no porta-luvas do carro, você não é do tipo que tem “amigas”. — Falou ela fazendo aspas com as mãos.

— E você e aquele seu amigo loiro? — Disse e ela se encostou no assento. — Eu vi que tem algo a mais entre vocês.

— Ele é o Lucas Besson. A segunda opção. — Falou ela.

Claro, tinha que ser. Ele já tinha uma aparência perfeita, e com certeza era um dos melhores dos testes da Seleção, depois de mim e Madeline.

— Para onde você está me levando? Sabe que meu pai não confia em você né? — Disse ela e então colocou a mão dentro do vestido. Pensei que ela fosse abrir seu vestido ali dentro do meu carro, mas ela apenas tirou algo do seu sutiã. — Ele me deu esse dispositivo caso você tente me matar.

— Eu também tenho o meu. — Falei pegando no bolso da calça. — É só eu apertar que minha mãe aparece. Ela também não confia em você.

— Legal. Esse é um ótimo jeito de começar um elo de confiança com o seu parceiro. — Disse ela irônica. Então abriu a janela do carro e jogou seu dispositivo na rua.

— O que você fez? — Perguntei surpreso.

— Eu sei me cuidar sozinha. — Falou voltando a se apoiar no assento. — Não sou mais uma criança. Já vou fazer dezoito anos e sei me virar sem meus pais.

Segurei meu dispositivo em uma mão enquanto a outra controlava o volante. Sem tirar os olhos do caminho, abri a janela e joguei meu dispositivo pela mesma.

— Viu? Confiança. — Falei.

Ela riu e então perguntou novamente.

— É sério, pra onde está me levando?

— Para um lugar muito especial. — Disse sorrindo maliciosamente ao pensar no Dom’s Bar.

Madeline’s POV

Não tivemos um bom aproveitamento da festa. E Lucas me convenceu a dar uma segunda chance ao McCann. Conversei com os meus pais e então pedi ao McCann para irmos a um passeio, mesmo que seja no meio da noite quase ás onze. Ele me ofereceu uma carona e eu aceitei. Meu pai dizendo mil vezes que ele não era confiável pôs um dispositivo em minhas mãos, caso aconteça algo comigo. Guardei no meu sutiã por não ter bolso e então segui o McCann até o seu carro.

No caminho, como não tinha nada para fazer, fiquei fuçando no porta-luvas do carro a procura de algum CD ou algo do tipo. Só que eu achei outra coisa. Dez camisinhas.

Sério, tinha que ser dez camisinhas? Não podia ser uma ou duas?

Depois de uma longa conversa, eu esqueci do pequeno estoque de camisinhas dentro do porta-luvas e comecei a me preocupar para onde ele estava me levando.

— É sério, para onde está me levando? — Perguntei novamente.

— Para um lugar muito especial. — Respondeu ele sorrindo maliciosamente.

Eu não sabia se ele ia se aproveitar de mim ou se ele ia me largar o meio do lixão. A primeira é a que chega mais perto, já que se ele me largar no lixão eu vou conseguir voltar de qualquer jeito. Mesmo que tenha jogado meu dispositivo pela janela.

Ele estacionou em frente a um local que era muito afastado da cidade. Do outro lado da rua podia ouvir a barulheira do lugar. Sai do carro e o Jason também. Olhei para a grande placa em neon que dizia “Dom’s Bar”.

— Não acredito. — Falei voltando para o carro, mas o Jason já tinha travado as portas.

— Você disse que queria dar um passeio e nada melhor que um jogo de sinuca no Dom’s Bar. — Falou ele passando o braço pelo meu ombro e me guiando até a entrada daquela espelunca.

Assim que entramos, percebi que éramos os únicos bem arrumados. Os homem usavam roupas velhas e surradas, enquanto as mulheres nem tinha roupa dinheiro, era um pedaço de pano para tapar os seios e outro para tapar a bunda.

Jason cumprimentou o barman do local e pediu duas bebidas.

— Eu não bebo. — Falei.

— Ah, qual é? Você é do tipo, filhinha boazinha e super dedicada? — Disse ele sarcástico.

É claro que ele queria me provocar e conseguiu.

— Quer saber? Não custa nada tomar um gole.

— É assim que se diz. — Disse ele me dando um tapinha nas costas e então nossas bebidas chegaram e ele escorregou o meu copo pelo balcão até a minha mão. — Beba, faz bem pra saúde. — Falou ele virando o copo em um só gole.

Virei meu copo e sentir o liquido descer pela minha garganta queimando. Aquilo era bom e ao mesmo tempo ruim. Sendi uma adrenalina fluir em meu corpo e me levantei animada.

— Vem, vou te levar a uma mesa. Quer apostar?

— Cinquenta? — Perguntei tirando dinheiro do meu sutiã.

— Nossa, você guarda tudo ai? — Perguntou olhando para o meu decote e eu dei um peteleco em sua testa para desviar sua atenção.

— Só o necessário. — Disse.

Toda agente usa seu sutiã como se fosse o cinto de utilidades do Batman.

Fomos em direção a uma mesa vazia e eu coloquei o dinheiro no canto e ele colocou outra nota de cinquenta por cima da minha e pegou dois tacos jogando um na minha direção. Passei o giz na ponta do meu taco enquanto ele arrumava as bolas. Ele preparou o seu taco e começamos a jogar.

Ele ganhou três rodadas. E eu continuei insistindo e colocando mais nota de cinquenta enquanto ele enchia meu copo com uma garrafa de vodka.

Já estava delirando e a adrenalina se tornava cada vez mais forte.

— Vou botar pra quebrar nessa rodada. — Disse.

— E que tal aumentar a aposta? — Propôs uma mulher com roupa curta perto da mesa. — Olhe ali,aquilo sim é interessante — Disse ela apontando para um mesa onde tinha uma garota nua e um garoto musculoso sem camiseta. — Por que não apostam as roupas também?

— Nossa, não tinha pensado nisso. — Falei animada.

— Acho que já está bom — Falou Jason chegando mais perto de mim e pegando o dinheiro que eu tinha deixado na mesa para a próxima aposta. — É melhor irmos agora.

— Justo agora que eu ia ganhar de você? — Perguntei rindo afobada.

— Vamos. — Insistiu ele me puxando pelo braço.

Estava cambaleando, e tudo que eu via era o preto da noite. Nem o carro do Jason consegui enxergar, precisei de sua ajuda para entrar. Então apoiei minha cabeça no assento enquanto ele dirigia e acabei dormindo.

Jason’s POV

Ela acabou “desmaiando” no banco do meu carro. Não era a minha intenção deixá-la assim. Eu só queria deixá-la com medo do lado obscuro da cidade que ela nunca conheceu. Mostrar que Atlanta pode der mais sombria do que ela pensa. Deixar ela ser a princesa indefesa pelo que aconteceu no salão do evento.

Mas ela ficou animada demais. Dar vodka pra ela, com certeza foi o meu maior erro.

Enquanto dirigia decidi levá-la para casa. Mas eu acabaria sendo morto pelo Sr. McPherson por devolver sua filha assim. Então levei ela para a minha casa. Minha mãe estava a sala dormindo no sofá quando entrei em casa carregando a Madeline no colo.

Ela se levantou e me olhou surpresa.

— Você não matou ela né? — Perguntou preocupada.

— Não, ela só bebeu um pouquinho demais. — Falei. — Não posso levá-la para casa assim, liga para os McPherson e diga a eles que ela está aqui e que decidiu ficar para conhecer a nossa casa e acabou dormindo no sofá.

— Te certeza?

— Tenho. Eu cuido dela. Vou colocá-la pra dormir no meu quarto. Não é a primeira vez que eu cuido de uma pessoa bêbada. — Falei me lembrando do Chaz.

— Tudo bem. — Concordou minha mãe pegando o telefone enquanto eu subia as escadas com a Madeline agarrada no meu pescoço.

Dormindo, ela até que parecia ser uma garota inocente. Mas ela até pode ser inocente, só que está longe de ser uma garota delicada. Ela está mais para o tipo durona classe A.

Abri a porta do meu quarto com o pé e a deitei na cama. Quando movi minha cabeça, senti o cheiro de cigarro e bebida alcoólica em seu vestido e no meu terno também.

— Madeline. — A chamei dando tapinhas em seu rosto. — Acorda, você precisa trocar de roupa.

Ela não respondeu, apenas se mexeu na cama e voltou a dormir. Tente novamente e ela não levantou. Desisti indo em direção ao meu closet e pegando uma blusa minha que ficaria como vestido nela. Voltei em direção a cama e respirei fundo antes de virá-la e puxar o zíper do seu vestido. Ela não se mexeu e então, bem devagar fui abaixando-o até tirá-lo por completo. Ver uma garota de roupa intima não era uma novidade para mim, então eu apenas a encarei como se fosse uma irmã. Puxei-a pelo braço a fazendo se apoiar em meu corpo enquanto tentava vestir a blusa nela. Depois de ajeitá-la na cama, sai do quarto e apaguei a luz.

Peguei um cobertor e travesseiro reserva do quarto de hospedes e preparei o sofá, já que a cama do quarto estava sem colchão.

E pela primeira vez, eu dormir no sofá.

Só pensei que isso fosse acontecer quando estivesse casado e brigasse com a minha esposa. Mas agora eu percebi que ser parceiro da Madeline vai ser um dos maiores desafios da minha vida.


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Notas finais do capítulo

Caso o link do vestido não dê certo:
http://www.polyvore.com/sem_t%C3%ADtulo/set?id=35929073