Pov: Annabeth.

É estranho como as coisas que parecem impossíveis parecem sempre são mais atrativas. Acho que no fundo, tudo o que queremos é dizer que conseguimos vencer os desafios e alcançar nossos objetivos. Acredite ou não, mesmo que parece extremamente complicado, sempre escolheremos o caminho taxado de "impossível". Romeu e Julieta não seriam o casal mais famoso da história se o amor que tinham um pelo o outro não fosse considerado impossível. Muito acham essa a história de amor mais romântica de todas, uma mor verdadeiro... uma tragédia. Já eu, nunca achei nada demais. Na verdade, chagava até mesmo a considerar Julieta uma perfeita idiota, porque ela tinha de escolher estar com o homem quem nunca poderia ter. Hoje até entendo os motivos dela, ela sempre quis o impossível não pelo desafio ou pela satisfação... eu acho que é por causa do destino. Quem sabe só por causa de Afrodite. O amor sempre nos fazer escolher pelo mais difícil, optar pelo caminho cheio de espinhos ao invés de escolher o caminho de cercado por rosas.

O amor é assim mesmo, ignora a razão e nos fazer agir igual a idiotas, assim como Julieta. Gosto de pensar que o amor escolhe o tempo que devemos passar com as pessoa por quem nos apaixonamos, então se esse tempo acaba... não há mais nada que possamos fazer. Simplesmente acaba. Infelizmente, quando nosso destino se encontra com o de outra pessoa, não temos mais aquele "poder de escolha" do qual eu costumava falar... pois depende de duas pessoas, duas escolhas e opiniões diferentes. Mas o amor não deixa de ser uma questão de escolha, só que essas escolhas tem que ser compartilhadas e sempre favorecerem o casal. No final, Julieta estava apenas tentando ser feliz, só que o tempo dela com Romeu não foi muito longo e mesmo que ela quisesse mandar no destino... nem sempre isso é possível e às vezes o amor acaba em tragédia, o que não significa que foi menos verdadeiro ou real. Gosto de pensar que Romeu e Julieta estão juntos em algum lugar no céu, no mundo inferior ou qualquer lugar que seja. Pode parecer besteira, mas o amor, quando verdadeiro, não acaba com o final da vida... ele continua prolongando-se e as almas apaixonadas continuam se encontrando em outras vidas, sempre prontas para começar uma história de amor e, quem sabe com sorte, fazer com que o tempo juntos dure bem mais do que a história original.

Não sei muito bem o que me faz filosofar tanto sobre essa história de amor, talvez seja porque acabei me identificando um pouco com eles... sabe? Essa coisa de arriscar tudo por um amor impossível. Não sei por quanto tempo minha história com Percy vai durar, apenas sei que quero aproveitar cada segundo, ainda mais sabendo que o amanhã é incerto o suficiente para me fazer com que todo dia tenha aquele gosto estanho na boca de "esse pode ser nosso último dia".

Somos ambiciosos, não queremos coisas simples, queremos coisas grandes. Não importa o quanto elas forem complicadas... tudo o que queremos é encontrar a felicidade ao lado de nossos amores impossíveis.

Rachel fez com que eu me vestisse com o melhor vestido que encontrou no navio, era verde e longo. Fez com que meus cabelos ficassem soltos e em perfeitos cachos. Não esperava que ela ficasse tão animada com meu casamento, afinal, não muito tempo atrás eu a considerava uma concorrente, porém agora eu conseguia chamá-la de "amiga" sem achar estranho, ela pareceu perceber a mesma coisa.

–Você deve estar achando estranho. -ela disse enquanto terminava de arrumar meu cabelo. -O que essa ruiva está fazendo aqui? -ela disse em uma falha imitação da minha voz.

–É... mas não iria perguntar, gostei de você estar aqui. -confesse e Rachel sorriu.

–Sei que tivemos nossas diferenças, mas... acho que deixei para trás. Eu e Percy... simplesmente não era para ser. Já vocês dois têm um caminho pela frente e eu queria poder dizer que os ajudei a chegar lá. -ela disse se sentando ao meu lado. -Eu sinto muito ter tentado... atrapalhar antes... eu quase matei vocês. -ela disse em um tom sombrio. -E mesmo assim vocês me aceitaram de volta. -ela disse maravilhada.

–Você não fez por mai, Rachel. E eu ainda acredito que você tem um caminho especial te esperando. -falei pegando uma de suas mãos.

–Eu quero acreditar na mesma coisa. -ela confessou. -Quem sabe você não está certa. -ela sorriu devagar.

–Coisas boas sempre acontecem com pessoas boas. -eu disse. -Disso eu tenho certeza.

–Ainda bem. -ela disse no que não passou de um sussurro.

Rachel me deixou pronta e correu para a parte externa do navio, quando cheguei, vi que eles formaram uma caminho com algumas flores até Percy. Que estava no final do corredor, alguns centímetros de mim. Ele sorria para mim, seus olhos brilhavam com um verde maravilhoso, o oceano ao nosso redor estava calmo e limpo, como vidro. Todos estavam dispostos ao redor de nós, como se aquilo fosse uma cerimônia real, e de fato, para mim era mesmo. Piratas não seguem regras. E agora eu era como eles, não precisava continuar seguindo as estúpidas regras que alguém impôs para deixar a maioria infeliz. As caçadoras agora pareciam mais assustadas que nunca com o que acontecia naquele navio, afinal assistir um casamentos depois de abdicar a companhia dos homens para sempre devia ser realmente constrangedor, apesar dos olhares um tanto furiosos, pude perceber que algumas delas só queriam ter alguém como Percy ao lado delas. Talvez a vida na caçada não seja muito gratificante afinal. Poseidon e Atena ainda estavam lá, bem próximos a Percy, pelo que pude perceber, eles realizariam aquele "casamento". Thalia e Nico estavam perto das caçadoras e do resto da tripulação, distribuídas pelos dois lados.

Assim que comecei a andar, Atena foi até mim e pegou minha mão. Meu pai nunca me conduziria até o altar em um barco pirata para meu casamento clandestino, nunca pensei que minha mãe seria capaz de tal feito também, mas não pude negar que me emocionei ao ver que ela estava disposta a fazer isso por mim. Caminhamos lentamente até lá. Finalmente eu estava na frente de Percy, minha mãe voltou para o lado de Poseidon, enquanto Percy segurava minhas duas mãos e sorria abertamente para mim.

–Estamos nos casando... -ele disse rindo. -Dá para acreditar?

–Ainda perece um sonho... não me acorde. -eu disse para ele em um sussurro.

–Vocês precisam de padrinhos para o casamento. -disse Poseidon. -Mesmo não sendo um casamento oficial, é tradição termos essas testemunhas. -ele explicou. Olhei para Percy como se fossemos cúmplices, sorrimos entrando em acordo.

–Thalia e Nico... -eu disse olhando para eles. -Vocês podem...

–Claro. -ele disse Nico e Thalia apenas sorriu. Os dois caminharem até nós, posicionaram-se atrás de mim.

–Você já não é casada? -perguntou Thalia em um sussurro.

–Sou, mas isso não importa. -eu respondi para ela. -Dessa vez estou casando porque quero, porque estou apaixonada. eu respondi sorrindo.

–Sendo assim. -ela respondeu dando os ombros.

Poseidon e Atena celebraram uma linda cerimônia, variando entre declarações normais e algumas citações em grego antigo que estranhamente eram entendido por todos. Pouco tempo depois, eles encerraram a cerimônia e Percy e eu nos beijamos. Um beijo calmo e muito atencioso, sem deixar as caçadoras mais enojadas que antes. Não paramos de sorrir por nenhum segundo. Mantermos nossas testas coladas e mãos unidas.

–Você não têm alianças ou coisa do tipo? -perguntou Nico confuso.

–Não... -eu respondi.

–Esperem. -disse Poseidon animado. Ele apontou uma de sus mãos em direção a água, pouco depois, lá do fundo do oceano surgiram dois anéis não muito grossos forjados em ouro com algumas esmeraldas e pérolas brilhantes. -Agora a cerimônia está completa.

Percy pegou as alianças e colocou uma em meu dedo e eu fiz o mesmo com ele. Minhas mãos tremiam um pouco, mas eu não podiam me sentir mais feliz.

–Isso é o começo do nosso "para sempre" -ele disse em meu ouvido.

–Não vamos dizer para sempre, vamos apenas aproveitar enquanto dure. -eu disse um pouco triste.

–Você está com medo? -ele perguntou.

–Sim, do que pode acontecer daqui para frente. -eu disse. -Mas eu não me importo... porque estou com você... e tudo valerá a pena.

–Eu não vou deixar que nada aconteça com você. -ele disse. -Que nada atrapalhe nós dois.

–Sendo assim... -eu disse suspirando. -Que seja perfeito enquanto dure.

–Não importa o quanto dure... faremos ser especial. -ele disse e me beijou mais uma vez.

–Acho que eu devia fazer isso um dia. -disse Nico para Thalia, a cerimônia já tinha terminado e estávamos apenas comemorando.

–Dançar tão mal quanto a Rachel? -ela perguntou rindo, eu estava apenas escutando a conversa de longe.

–Não... casar. -ele disse e ela o encarou surpresa e assustada.

–Com quem? -ela perguntou com medo.

–Não sei ainda... quem sabe já tenha conhecido... só preciso dar o primeiro passo. -ele explicou ficando vermelho.

–E qual seria o primeiro passo? -perguntou ela um pouco mais animado.

–Comunicar isso a ela. -ele disse e saiu sem dar maiores explicações a ela, porém deixando a filha de Zeus com um enorme sorriso no rosto.

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Finalmente chegamos ao lugar indicado, a vila onde a mãe de Luke nascera. Atena e Poseidon tinham ido embora logo após o casamento, nós desejando sorte e, estranhamente, pareciam orgulhosos de nossa decisão. Percy e eu teríamos consumado nosso casamento novamente, porém em respeito às caçadoras decidimos que seriam melhor esperar um pouco mais, pelo menos por enquanto. Logo que chegamos ao lugar, me surpreendi ao ver aquele lugar. Se um dia aquele lugar fora habitado por alguma forma de vida... fora a muito, muito tempo atrás. Não passava de cinzas e um monte animais mortos e e terra podre.

–O que aconteceu aqui? -peguntei olhando ao redor.

–É o que estamos tentando descobrir. -Percy me disse com um ar sombrio.

–Isso é muito estranho... tem alguma coisa errada aqui. -eu disse. -Desde quando esse lugar está assim -perguntei.

–Não faz muito tempo. -disse Rachel andando, como se estivesse em transe em direção às ruínas do que parecia ter sido um templo. Ao chegar mais perto ela se ajoelhou e nós corremos até lá.

–Rachel... está tudo bem? -perguntou ele preocupado.

–Não foi a muito tempo... esse povo reverênciava os Deuses, mas eles não estavam felizes com com sua situação. Por isso passaram a rezar para outro tipo de divindade! Os titãs! –Rachel passou a falar rapidamente e com a voz arrastada, como se estivesse em um trase. -Os deuses consideraram uma traição e mandaram que o lugar fosse destruído. Mas deixando o povo de fora, porém... eles não conseguiram fugir. Menos uma mulher que conseguiu fugir com seu filho semideus. Os deuses prometeram que ela teriam uma vida longa e feliz, o pai de seu filho, Hermes a levou para um reino em construção e a transformou em rainha... pouco depois, ele desapareceu. Mas o filho dele tinha a marca dos titãs no corpo, o mal se apoderara da criança e Hermes sabia disso, mas não deu ouvidos as profecias, ele amava o filho. Agora a criança cresceu e vai buscar vingança contra o pai e todos os deuses que destruiram seu lar... para isso... ele decidiu trazer à vida uma antiga ameça, o maior e mais poderoso titã... Cronos!–Rachel terminou de falar se segurou para não desmaiar e cair de cara. Percy a ajudou a levantar.

–O que aconteceu? -perguntei olhando para ela. -O que foi isso?

–Eu não sei. -ela respondeu cansada. -Eu apenas ouvi uma voz e repeti o que ouvi... foi como se uma força tomasse conta de mim...

–É o oráculo. -disse Nico sombrio. -A moça que abrigava esse espírito morreu aqui e o agora ele encontrou Rachel. Esse era o templo de Apolo, lar do oráculo.

–Agora eu entendo... esse é o meu destino! -ela disse erguendo as mãs para o alto. -Eu aceito o espírito do oráculo. -ela disse uma uma força verde a tomou fazendo com que se contorcesse no chão. Quando abriu os olhos, eles estavam mais verdes e brilhantes. -Sou o novo oráculo dos deuses e semideuses. -ela disse sorrindo. -Esse era o meu caminho o tempo todo.

–Você tem certeza? -perguntou Percy sorrindo calmamente para ela.

–Tenho. Agora tudo faz sentido. -ela disse se levantando apoiando-se nele. -Estava escrito em meu destino e agora se cumpriu. -ela explicou já bem melhor. -Está na hora de vocês encontrarem o caminho de vocês. -ela disse olhando para nós e para as caçadoras. -Uma grande missão está há caminho e vocês tem de ser fortes.

–Você sabe por onde devemos começar? -perguntou Zoe, era a primeira vez que ela se pronunciava naquele dia.

–Sei. -ela disse sombria. -A resposta está aqui mesmo. A mãe de Luke foi levada para um reino novo. Era o reino de Annabeth, Luke agora é o rei e ele vai começar por lá. Debaixo do castelo há um fosso onde ele faz os sacrifícios, e lá que devem matar o titã. -ela disse depois de respirar fundo. -Foi só o que o espiríto me mostrou, mas existem mais coisas. Ele está muito perto de trazê-lo de volta, apenas mais um sacrifício. Só que tem de ser alguém importante, uma peça chave. Dois pelo preço de um.

Olhamos uma para o outro como se tentássemos descobrir o significado daquilo, mas ninguém disse nada. Apenas sábiamos que temos de voltar para o meu reino, onde tudo minha aventura começara e eu esperava que aquele não fosse o lugar onde tudo terminaria...