Perdida Em Seu Olhar - (Finalizada) escrita por Eu-Pamy


Capítulo 26
Capítulo vinte e cinco- O maior erro da minha vida


Notas iniciais do capítulo

Esse talvez seja o capítulo mais surpreendente até agora, e o que eu mais tive de juntar coragem para postar. O motivo de eu estar postando hoje é que eu acabei de escrever um capítulo que me emocionou (o capítulo 28). Eu irei postar alguns capítulos hoje, e peço que vocês leiam todos no mesmo dia, porque se vocês lerem só um hoje, poderão formular opiniões erradas da história. Eu não sei por que acho isso, como eu disse, esse tipo de capítulo me deixa insegura.
Espero de coração que vocês gostem, e entendam a minha fic. Boa leitura.
E desculpe os erros e os palavrões.



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Capítulo vinte e cinco. – O maior erro da minha vida.

“Às vezes não nos entregamos ao amor, por medo de amar”.

Eu estava deprimida e alguns dos meus amigos começavam a mostrar certa preocupação a respeito disso; eles perguntavam sempre se eu estava doente, como eu estava me sentindo e se eu estava me alimentando direito. Eu havia emagrecido quatro kilos no ultimo mês e as pessoas notavam a diferente. Eu estava sempre muito pálida, sempre com o cabelo despenteado e a cara de sono. Minha insônia havia voltado para me atormentar, o que acabava me deixando com um aspecto assombroso durante o dia, além disso, minha concentração também estava muito prejudicada e eu quase não conversava com ninguém. E mesmo assim, eu era obrigada a vê-lo todos os dias no meu trabalho. Cheguei até a pensar em sair daquele serviço, mas eu precisava muito do dinheiro para pagar a hipoteca da casa e também já estava cheia de abrir mão de empregos por causa de ex-namorados ou ex-maridos, desta vez, se alguém tiver que sair não seria eu.

Mas naquele dia em especial, eu estava em casa, “comemorando” o Carnaval de 2008 do Rio de Janeiro. Estava sentada no sofá, assistindo a reprise dos desfiles das escolas de Samba, quando ele entrou e se aproximou de mim.

– Torcendo para alguém? – Ele perguntou. Neguei com a cabeça. – Você já comeu? – Era estranho perceber que ele estava preocupado comigo, já que sempre foi o contrario.

– Já... – Murmurei.

– Estou referindo a comer “de verdade”. Arroz, feijão, carne... Não comer apenas miojo. – Sorri.

– Lucas, não fale mal do meu miojo, ele estava ótimo.

Ele revirou os olhos.

Claro. – Uma pausa – Bom, eu vou preparar o almoço. Se eu fizer e colocar para você, você come certo?

– Não precisa. Eu não estou com fome.

– Vou entender isso como um “sim”. – E saiu para a cozinha. Em um dia normal, eu ficaria preocupada com ele dizendo “vou preparar o almoço”, mas naquele dia, eu nem me importava. Estava apenas curtindo a minha fossa sem dar a mínima pro mundo.

Almoçamos juntos em silêncio, sem tirar os olhos da própria comida. Eu não queria conversar, e ele era o único que parecia respeitar isso. Ele respeitava a minha dor.

Alguns dias se passaram calmos e preguiçosos, eu não fazia nada além de trabalhar, escrevendo minhas crônicas e o meu amado livro, que nada mais era do que páginas guardadas no Word, que nunca seriam lidas por mais ninguém.

Quando o Lucas fez dezoito anos, em junho, eu e minha mãe preparamos duas surpresas para ele. Ela havia vindo para o Rio para passar o final de semana com o aniversariante que ela tanto amava, e como esperado, ela obviamente não ficou na minha casa, preferindo se hospedar em um hotel. O Lucas ainda não havia tirado a sua carteira de motorista, pois ainda estava na fase de ter aulas de direção em uma auto-escola perto de casa, mesmo assim seu teste já estava marcado para dois meses depois do seu aniversário. Ele se mostrava muito seguro quanto a isso, dirigir não era problema para ele, o problema mesmo era “no que” dirigir. Foi pensando nisso que decidi que o presente de dezoito anos dele seria uma moto. Mesmo motos sendo mais perigosas do que carros, eu sabia que ele iria gostar, motos eram mais praticas e gastavam menos gasolina, além de serem mais rápidas no transito; mas não era só por isso que eu escolhi a moto, no ano passado, o Lucas começou a trabalhar e quase no mesmo mês, começou a juntar dinheiro para dar entrada no seu próprio carrinho; por isso, achei que eu não deveria interferir, afinal, ele tinha se esforçado muito para juntar aquele dinheiro e eu respeitava isso. A surpresa da minha mãe para ele foi que ela pagaria a sua carteira de motorista, tanto a do carro, quando a da moto, e evidentemente ela não aceitaria um “não” como resposta.

À noite, quando ele voltou para casa depois de passar o dia no museu com a Silvia, ele me disse algo que me intrigou.

– Sabe Susan, hoje eu completo dezoito anos nesse planeta e completo também exatamente nove anos morando com você... Eu passei igualmente o mesmo tempo com a minha mãe. Passei exatamente cada metade da minha vida morando com as duas mulheres que admiro.

Sorri.

– E especialmente hoje, você também tem exatamente a metade da minha idade. Dezoito anos.

Ele me olhou de lado, e percebi que algo o estava atormentando. Ele não parecia feliz.

Com o fim do ensino médio, eu estava esperando que ele me procura-se para falar da tão aguardada faculdade, mas ele não o fez; por meses, acreditei que ele estava apenas dando um tempo a si mesmo, um tempo para relaxar e eu não tinha pressa, ele poderia muito bem ficar um ano descansando, para que em 2009, ele seguisse a sua carreira. Eu até já sabia que faculdade ele iria querer fazer: Artes Plásticas, é claro. Eu já havia até treinado a minha reação na frente do espelho. “Eu estou tão feliz Lucas!” eu iria dizer. Mas tampouco foi preciso ensaiar aquelas palavras. Ele não iria fazer faculdade.

– Porque não? – Eu perguntei angustiada, quando ele se abriu para mim. Eu não entendia aquilo, não entendia porque ele estava fazendo aquilo com ele mesmo. – Faculdade é tão importante...

– Eu sei, mas... – Ele não continuou.

– “Mas...” o que Lucas? Diz! Porque você não quer fazer faculdade? Eu... Eu pensei que você queria!

– Mas eu não quero! Nunca quis.

– Por quê?

– Eu não sei... Só não está na hora, entende?

Eu não entendia, na verdade, eu nunca entenderia.

– Não, é obvio que eu não entendo! – Gritei.

Mas eu respeitava a sua decisão. Aquele era o futuro dele, não o meu. Ele já era maior de idade, dono do próprio nariz. O que eu podia ter feito, eu já fiz, agora era com ele. Você cria um passarinho até certa idade, mas um dia você terá que deixar ele voar com as próprias azas, seguindo as próprias escolhas. E eu sabia que o Lucas era homem suficiente para suportar as conseqüências.

Os dias se arrastaram e neles eu me apoiei. Eu temia estar com alguma doença, mas Deus não permitia que eu abaixasse a cabeça, e assim, de cabeça erguida, eu enfrentei os problemas. Eu estava solteira novamente e tinha que lidar com o fato de que meu ex trabalhava no mesmo lugar que eu. Tínhamos que nos ver todos os dias, tínhamos que nos esbarras nos corredores, tínhamos que conversar. Mas éramos adultos, e agíamos educadamente um com o outro, mesmo que no fundo, nos odiássemos. E nesses momentos de tortura psicológica eu dizia a mim mesma: “Você foi mulher suficiente para terminar com ele, agora seja para agüentar as conseqüências meu bem”.

Ao contrário do meu relacionamento, o namoro do Lucas com a Raquel estava cada vez melhor e eu começava a simpatizar com a coisinha, apesar de continuar chamando-a de “coisinha” sempre que ela não estava por perto.

Naquele ano tirei férias em Agosto, eu estava há dois anos sem férias e evidentemente, só faltei pular de felicidade quando o meu patrão me dispensou para uma viajem. Eu iria visitar a minha irmã novamente, como comecei a fazer em todas as oportunidades que tinha. Desta vez, fui sozinha, já que o Lucas não conseguiu ter a mesma sorte que eu e não foi liberado pelo dono da loja de ciscos. Passei duas semanas na casa dela, cuidando das minhas sobrinhas, minha irmã achou ótimo a minha visita, pois não iria precisar mais contratar um baba nos finais de semana para cuidar das sua três “pirralhas”, como ela mesma as chamava, sendo que a mais velha já tinha dose anos.

Quando eu voltei para casa, estava me sentindo bem melhor. Havia engordado três kilos de tanto fazer sobremesas escondidas para aquelas pestinhas gulosas. Passei o resto das duas semanas que restavam na academia e visitando amigos enquanto o Lucas trabalhava, estava obrigando a mim mesma a não ficar sozinha em casa. Todas as noites, depois do jantar, eu ia para o meu quarto, pegava o meu Notebook e começava a escrever o meu livro secreto.

Até que um dia, depois de escrever o último capítulo, eu olhei para a tela do Notebook e fiquei sem reação. “Eu acabei” disse para mim mesma, como quem não acredita. Nesse momento eu me senti tão feliz que precisava compartilhar aquilo com alguém, não só com alguém, eu precisava compartilhar com o mundo.

Semanas depois procurei o endereço de uma editora de livros e marquei horário com o produtor. Ao contrário da minha entrevista no jornal, naquela eu estava suando frio, tamanho era o meu nervoso. Com a promessa de que leria, eu deixei uma cópia do livro com ele, e fui para casa. Por meses, eu não saia de casa se não fosse com o celular no bolso, e quando eu chegava em casa, a primeira coisa que eu via era se havia alguma mensagem no telefone, mas era sempre mensagens de amigos. Cansei de virar madrugadas ao lado do telefone, esperando que milagrosamente ele tocasse, mas ele não tocava. Foi assim durante três meses, até que eu desisti de receber uma resposta e segui com a minha vida. Eu havia contado sobre o livro apenas para o Lucas, e mesmo com a minha descrença, ele continuava a repetir que eu tinha que ter paciência, pois a qualquer momento eles iriam me ligar e iriam dizer que queriam sim publicar o meu livro.

E ele estava certo.

Duas semanas depois da saída do Daniel do jornal (ele havia sido contratado pelo jornal concorrente), recebi a ligação que tanto desejei. Eles queriam marcar uma reunião, queriam me ver, queriam falar sobre o futuro do meu livro. Foi nesse instante que percebi que meu livro teria um “futuro”.

Seis meses depois, eu estava sentada detrás de uma mesa em um shopping, autografando centenas dos exemplares de “A História da Cadelinha Cici – Perdida no reino dos vira-latas. Edição infantil”. E o que mais me assustava, era o tamanho da fila de crianças acompanhadas por seus pais que se formava a minha frente. Eu estava a cinco horas autografando e não parava de chegar gente. Eu olhava para aquelas pessoas, todas ansiosas para me ver, e sentia vontade de chorar de emoção, mas só conseguia sorrir.

– Oi querida. – Olhei para a menininha de vestido rosa, ela sorriu para mim e me entregou o livro. – O que você quer que eu escreva?

– “Pala Duda, a minha fã númelo um” – Disse com a sua língua presa. Olhei para a mãe dela.

– Ela ama a sua história. Eu tenho que ler toda noite, se não ela não dorme. – Explicou.

– Você é linda Duda. – E autografei a parte de dentro do livro. – Muito obrigado.

Ela pegou o livro, deu “tchauzinho” com a mão e foi embora. Olhei para o próximo da fila. Era um garotinho, de mais ou menos oito anos.

– O que você quer que eu escreva querido? – Perguntei.

Quando a idéia surgiu, de cara eu adorei. Sim, eu iria escrever histórias para crianças. Nada de tragédia, nada de drama, seriam historinhas engraçadas e bonitinhas, para fazer os pequenos sorrirem e se apaixonarem pelos personagens muito bem ilustrados pela editora. Eu achava tão fácil criar esse tipo de história. E toda vez que pensava que um dia eu iria ler aquele livro para o meu filho, eu me sentia mais motivada. Ficava imaginando a reação que ele teria... Os seus olhinhos brilhando, as suas risadas, a sua curiosidade gigante para descobrir como a história iria terminar. Eu gostava de imaginar esse futuro para mim.

Eu ainda estava trabalhando no jornal, é claro. Apesar do estrondoso sucesso de vendas e do otimismo das editoras, o lucro ainda não era suficiente para eu viver apenas disso. Eu iria ter que batalhar muito para viver apenas de livros. Mas ficava feliz sempre que alguém me dizia que eu tinha um futuro promissor.

Em maio de 2009, viajei com a igreja para a Aparecida do Norte. Foi uma visita de apenas um dia, um “bate-volta” rápido, para que os fieis conhecem a catedral de Aparecida. E nesse lugar tão especial, eu fui abençoada com uma grande surpresa. Eu havia entrado em uma livraria, só para conhecer o lugar, quando me deparo com um livro de capa vermelha, um livro misterioso, com um nome familiar escrito na parte debaixo da capa, o meu livro. Aquela foi a primeira constatação de sucesso que eu tive. E não podia ter sido em lugar mais especial.

Em sempre fui uma mulher muito religiosa, uma mulher de muita fé, mas nos anos em que tive de amadurecer, cometi muitos erros, muitos pecados. Mas diferente das outras pessoas, eu não me arrependo dos pecados que cometi, pois sem eles, eu não seria feliz como sou hoje.

Primeiro de junho de 2009. Dez horas da noite. Quarta-feira.

Saí do carro, peguei minhas sacolas e tranquei a garagem. Depois do serviço, saí com a minha amiga Karol, para fazermos algumas compras no shopping. A idéia havia sido dela mesma, parecia que ela estava querendo me distrair um pouco, para que eu esquecesse ao menos por algumas horas os meus problemas. Em compensação, as compras foram produtivas e eu comprei tudo que precisava. Procurei a chave de casa dentro da bolsa, demorou dois minutos até eu achá-la escondida em um dois milhares de bolsos externos. Quando entrei, notei que a casa estava com um aspecto quase de abandono. As luzes estavam todas apagadas, as janelas fechadas e não se escutava nada lá dentro. Logo, conclui que o Lucas já estava dormindo. Sem ligar as luzes, subi as escadas para o segundo andar. Escutei um som abafado quando me aproximei do meu quarto, o que me fez estranhar. Mas o som não vinha do meu quarto, ele vinha do quarto do Lucas, o último cômodo do corredor. Coloquei as sacolas com as roupas que eu havia comprado no chão, e caminhei até o quarto dele, ouvindo os ruídos ficarem mais fortes e mais sonoros. Não eram barulhos feitos por objetos, não eram barulhos de rangidos, eram barulhos iguais a suspiros, suspiros longos e abafados.

Coloquei a mão na maçaneta da porta e então abri; a porta não estava trancada. O que eu vi me chocou profundamente, marcando minha mente para o resto da vida. Levei as duas mãos à boca, tentando conter o grito que rasgava a minha garganta. O quarto estava escuro, mas a janela estava aberta, e com a claridade da luz da lua, eu podia ver muito bem seus corpos despidos. Eles reagiram de imediato ao entender que tinham companhia, que seu showzinho estúpido tinha platéia. O que eu presenciei depois foi uma explosão de movimentos, mas nada me chamava tanta atenção quanto aos cabelos ruivos da garota. Eles tentaram se esconder usando lençóis, ele me olhava como se eu fosse a própria morte em pessoa e ela apenas estava assustada, como se nunca tivesse me visto antes, o que era verdade. Aquela não era a Raquel, essa constatação não fazia eu sentir nada, o que me enfurecia mesmo, era ver aquele corpo se entregando a outro com tanto desejo e certeza. Isso era o pior.

Eu nunca havia me sentido daquele jeito, nunca sentira tanta raiva de uma só pessoa.

– Droga! O que você está fazendo aqui?! – Ele gritou para mim, cobrindo a própria nudez com os lençóis.

Olhei para a garota. Ela era completamente diferente da Raquel. Seus cabelos eram ruivos, sua pele morena, seus olhos grandes e verdes, tão bonita e tão perdida. Eu queria matá-la, rasgá-la com os dentes, mas sabia que a culpa não era só dela. Ele também tinha que pagar.

– Seu desgraçado filho da puta! Que porra você pensa que está fazendo na minha casa?! – Eu não tinha medo de gritar, não tinha medo de falar palavrões, eu só queria feri-lo de qualquer jeito. – E QUEM É ESSA VADIA?! – A garota me encarou horrorizada. Saiu da cama e começou a vestir as próprias roupas.

– Ela não é uma... – Ele se sentou na cama e começou a falar. Percebi com uma atenção quase sobre-humana, seu lençol escorregar até seus quadris e revelar parte do seu corpo.

– CALA A BOCA! – Seus olhos de arregalaram vendo a raiva nos meus. A garota terminou de vestir a blusa, pegou as botas e a bolsa do chão e correu até a porta, onde eu estava. – E aonde você pensa que vai? – Perguntei seca. Ela empalideceu.

– Por favor, eu só quero ir embora. Eu juro que não sabia que ele tinha mulher. Eu juro. Eu só queria me divertir. Eu não tenho culpa, eu nem conheço ele direito. Eu prometo ir embora e nunca mais voltar. Só... Eu não sabia, ele disse que não tinha namorada, eu juro. – Olhei para o Lucas, ele encarava o chão, sem coragem de me enfrentar.

– É bom eu nunca mais te encontrar na minha frente, entendeu? – Ela assentiu automaticamente. Dei passagem para ela passar; e ela não pensou duas vezes antes de deixar a zona do crime que eu estava prestes a cometer. Olhei para ele, seus olhos estavam sem vida. Meu coração disparou. – Se vista e desça, eu quero falar com você. – Falei séria, e saí do quarto, antes que ele pudesse me responder. Desci as escadas como um furacão; acendi a luz da sala e fiquei esperando ele aparecer. Meus pensamentos estavam confusos e eu não sabia ao certo o que queria dizer primeiro. Eu só sentia raiva... muita, muita raiva. Três, talvez quatro, minutos depois ele apareceu. Estava vestindo apenas um short’s e seus cabelos estavam desgrenhado. Ele parou de frente para mim. Ele tinha dezoito anos e era muito mais alto que eu, muito mais forte e ágil, mas eu sentia que ele estava com medo. – Você deve me achar muito imbecil mesmo, não é? Para trazer uma vagabunda qualquer para dentro DA MINHA CASA, NÃO É MESMO!? DEVE ME ACHAR UMA TAPADA! Achou mesmo que eu não iria descobrir? – Ele me encarou sem dizer nada. – DIGA ALGUMA COISA! - Ordenei.

– O QUE VOCÊ QUER QUE EU DIGA? – Explodiu, tão agressivo que pensei que fosse me quebrar só com a fúria em suas palavras. Mas eu não sentia medo dele, não tinha motivos para sentir. Ele que estava errado, ele que tinha que temer e não eu.

– Quero que você diga “porque” fez isso. – Murmurei, olhando no fundo dos olhos dele.

– Eu... não sei.

– COMO ASSIM VOCÊ NÃO SABE!?

– PORQUE VOCÊ ESTÁ GRITANDO? – Perguntou.

Respirei fundo.

– Lucas, eu acabei de te ver traindo a sua namorada com outra mulher, - sussurrei - E VOCÊ ESTÁ INCOMODADO PORQUE EU ESTOU GRITANDO COM VOCÊ!?

Ele deu um passo para traz.

– Então é só por isso? Porque eu traí a minha namorada? – Perguntou com ironia.

– E você acha isso pouco? – Questionei. Não era possível que eu tinha criando um ser tão frio e irresponsável...

– Não, não acho. Mas isso não tem nada haver com você.

– Lógico que tem! Ou você não lembra como eu fiquei quando o Rogério me traiu?

– Eu nem te conhecia.

– Que seja. Mas você conhece essa minha ferida, sabe que eu nunca superei isso. – Meus olhos se encheram de lágrimas – Eu sei como é se sentir traída Lucas, e não é um sentimento bom, acredite. Eu não sei por que você fez isso... Traição é algo sério, você precisa ter motivos, e mesmo assim, não é suficiente. Porque não existi um motivo que justifique isso. Traição é um ato muito egoísta, um ato que eu não esperava de você...

– E porque não? Eu sou igual a todo mundo! Igual ao Rogério, Vitor, Felipe, E IGUAL AO DANIEL! – Ele gritou o último nome, me fazendo arrepiar.

– Não, você não é!

– Sou sim, Susan. Sou igual a todos eles. – Sua respiração estava ofegante – EU TAMBÉM TENHO OS MEUS DEFEITOS!

– NÃO! NÃO TEM! – Ele me olhou assustado – Você não é assim... – uma lágrima escorreu do meu olho – Você é diferente de todo mundo.

– Não sou não.

– Sim. Você é. Desde pequeno você é diferente. Eu sei disso, porque eu passei esses anos todos com você... Eu sou a pessoa que mais te conhece na face da terra! E eu digo com toda certeza, que você não é igual aos outros. Você é único. – Sorri melancólica. Ele continuou me encarando, parecendo perdido. – Eu não sei os motivos que você teve para fazer o que fez, mas tudo bem... Eu perdôo você.

Ele respirou fundo.

– Mas não é você que tem que me perdoar, não foi você quem eu traí.

Olhei para o chão, eu não tinha pensado dessa maneira.

– Sim...

Houve alguns instantes de silêncio, até que eu senti sua mão segurar meu queixo, levantando o meu rosto, para que nos encarássemos. Existia um brilho diferente no seu olhar.

– Agora me diga, porque você ficou tão nervosa lá em cima?

– Eu só fiquei chocada. – Respondi rápido.

Ele negou com a cabeça.

– Não. Eu quero ouvir a verdade.

– Essa é a verdade.

Ele sorriu.

– Você não sabe mentir, lembra? – Fiquei em silêncio. – Você... Ficou com ciúmes? – Ele indagou sério. Eu não sei que expressão eu fiz, mas foi uma que o fez sorrir.

– Porque eu ficaria? – Perguntei sem entender.

– Eu não sei. – Respondeu sincero.

Afastei-me dele, virando de costas.

– Eu fui pega de surpresa, só isso. Não soube como reagir... – Cruzei os braços - Você teria a mesma reação se acontecesse o contrário.

– É verdade, eu teria. – Me virei para encará-lo outra vez. – Mas acho que não seria por causa da surpresa.

– E porque então?

– Droga Susan...

Ele deu um passo à frente e me beijou.



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Notas finais do capítulo

RECADOS IMPORTANTES (E quase tão grande quanto o capítulo. rs)
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Antes de qualquer coisa, eu quero esclarecer duas coisinhas... Pelo amor de Deus, essa NÃO é uma história incestuosa! Jamais foi e jamais será! Sei que vocês devem estar chocados, mas desde o inicio esse foi o único casal da minha história, nunca existiu outro. A Susan e o Lucas não são parentes, ela não é a mãe dele, assim como ele também não é o filho dela. Ela é TUTORA dele, o que é completamente diferente. Legalmente ela é a responsável por ele, e só isso. Além do mais, ela só aceitou ficar com ele, porque a Anabela pediu isso em uma carta, lembra? Ela não queria, não por odiar o Lucas, mas porque ela sabia que jamais seria capaz de tratá-lo como um filho. O mesmo vale para o Lucas, a mãe dele morreu quando ele tinha nove anos, ele sabe muito bem que não é filho da Susan. Sei que pela vontade que a Susan tem de ter filhos, vocês passaram a achar que talvez o Lucas pudesse ocupar esse lugar, mas ele nunca ocupou, todavia, ele era só o filho da melhor amiga dela. Essa não é uma história incestuosa, eu jamais escreveria se achasse que fosse, então não me joguem pedras, por favor. Tive muito trabalho para bolar um jeito que vocês entendessem os sentimentos dos personagens, e se até agora há alguma dúvida de que a história não é incestuosa, acho que eu fracassei.
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Do mesmo modo, quero esclarecer que a história não é sobre pedofilia (até porque eu odeio pedofilia). O Lucas tem dezoito anos, quase dezenove. E a Susan jamais o viu dessa maneira quando ele era criança. Ela está tão confusa... Isso está sendo muito difícil para ela, vocês nem imaginam.
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A minha história retrata o amor entre uma mulher madura e um rapaz mais novo, e o preconceito que envolve esse tipo de relacionamento. Então se houver algum motivo para decepções, deve ser por isso.
Lana, peço que você dê uma chance para a minha história... Sei que é chocante e que provavelmente você ainda não digeriu a situação, eu estive insegura por várias semanas por causa disso, pensando na sua reação... Talvez você esteja com raiva de mim, e tudo bem, mas leia o próximo capítulo. Ele é muito importante e você poderá tirar conclusões mais adequadas.
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É fácil julgar com preconceito, dizer que não aceita algo sem se aprofundar no assunto, mas essa fic veio para mudar isso... E é por isso que eu escrevo, essa é a minha motivação, eu quero deixá-los atormentados, quero fazer com que vocês pensem, reflitam, quero ver vocês tirarem suas próprias conclusões sem serem influenciados pela sociedade.
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Faltam apenas cinco capítulos e o epílogo. Logo, ela irá acabar. Espero que você continue acompanhando. Beijos.



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