Perdida Em Seu Olhar - (Finalizada) escrita por Eu-Pamy


Capítulo 21
Capítulo vinte - Cartas para Anabela.


Notas iniciais do capítulo

Pensei em mudar um pouco o modo de escrever os capítulos, para que a leitura não ficasse tão cansativa. Espero que gostem.



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Capítulo vinte – Cartas para Anabela.

Subtítulo: Tempo de mudanças.

25/12/2001 (dezembro de dois mil e um. Natal).

Eu estava gripada e com cólica, mas mesmo com todos os meus infortúnios, ainda estava feliz por ser Natal. A casa da Débora e do David - meus dois velhos amigos - era bem quente e confortável. Eu estava sentada no sofá, assistindo TV, enquanto tomava chocolate quente, esperando que o remédio que eu havia tomado fizesse efeito. Vinte minutos depois, fui para a cozinha levar o copo para a pia. Débora estava conversando com seu marido, sentados à mesa, ela sorriu quando me aproximei.

– Susan, eu estava falando com o David como é engraçado o modo como a Tatá (sua filha de nove anos) gostou do Lucas e ele dela, né? – Ela riu sonhadoramente – Será que vai dar namoro? Aiai... Eu iria adorar. Já imaginou? Nós duas seriamos como parentes! – Seu rosto se iluminou. Olhei para o David e ele deu de ombros. Caminhei até a pia e deixei o copo lá.

– Será que você não está sendo precipitada demais não, Débora? Eles são só crianças, nem sabem o que é namorar ainda. – Falei tranquilamente. Ela sorriu.

– Isso que torna esse “relacionamento” tão fofo. Seria uma relação inocente... e, quem sabe, um dia eles se casem...

– Querida, não exagera... – Riu David.

– Eu concordo. – Falei. – Eles são apenas crianças...

– É. Talvez vocês estejam certos... – Ela desistiu.

– Débora – Comecei – Será que eu poderia mexer no seu computador por um instante? - Perguntei.

– Claro. Você sabe onde está, né?

– Sei sim. Obrigado. – Saí da cozinha.

Caminhei até a sala e peguei o Notebook de cima da estante, depois me sentei no sofá e o liguei. Esperei um momento, até que ele terminasse de carregar. Então peguei o meu Pen Drive de dentro do bolso da jaqueta e conectei ao computador. Em seguida, abri uma página no word e comecei a digitar. Eu estava planejando fazer aquilo há um bom tempo, mas só agora podia colocar em pratica. Batizei o documento de: “Cartas para Anabela”.

CARTAS PARA ANABELA

25/12/2001

Querida Anabela, estou me sentindo um pouco idiota fazendo isso, mas não vejo porque não fazer. Sei que você não irá ler o que estou escrevendo, mas fazê-lo me reconforta, pois me sinto mais próxima á você. Imagino que isso soe infantil, mas eu não ligo. De qualquer forma, me sinto bem apenas em escrever o seu nome.

Faz mais de dois anos desde o seu acidente e muitas coisas mudaram; você não poderia nem imaginar. O Lucas está com onze anos, quem diria. Ele está tão diferente, acho que você teria muito orgulho dele. Vendo-o hoje, vejo que você estava certa, ele veio para mudar a minha vida, mudá-la para melhor. Eu era uma Susan antes dele, e agora, sou outra. Uma Susan mais madura e mais forte, que não tem medo de viver. Você acredita que eu e a minha irmã nos tornamos amigas? Não bem “amigas”, mas chega perto, pelo menos, não nos odiamos mais, e isso graças a ele. Ele tem me dado forças e tem sido muito importante para mim, como você era. Não vou mentir, ainda tenho saudades de você, e sei que ele também. Ele não é de falar muito sobre o assunto, mas eu percebo essa tristeza mais presente quando a data de seu falecimento se aproxima, ou a data do seu aniversário. Mesmo assim, ele é teimoso e guarda tudo para si, evitando me deixar a par dos seus sentimentos. Ao menos nisso, nós dois somos iguais no fim das contas.

Eu estou solteira, como já é de se esperar. Não é por marra e nem por medo, apenas não sinto a necessidade de me envolver com ninguém no momento. Mas quem sabe no futuro... De todo modo, por enquanto, não gosto nem de ouvir a palavra “namoro” que já me sinto enjoada. Sim, eu sei o que você está pensando, e saiba que eu também me preocupo com o tempo. Estou com vinte e nove anos e as coisas não estão mais como antigamente, mas estou bem assim. Sabe, comecei até a fazer academia nos finais de semanas, e até que estou gostando dos resultados.

O Lucas está indo bem na escola, e eu só tenho escutado elogios ao seu respeito, apesar de sentir que ele não está se adaptando tão bem assim à essa escola como havia de adaptado na outra. Mas eu não o culpo, os alunos dessa escola atual são bem diferentes (bem maiores) dos que ele estava acostumado. Mesmo assim, continuo me impressionando com a altura dele sempre que o comparo com as outras crianças. Ao contrário das outras crianças, a pré-adolescência está fazendo muito bem para ele.

Evidentemente, ele continua apaixonado pela pintura e sempre que posso o levo para exposições e ele se diverte muito, como se eu tivesse o levado à um parque de diversões. Tenho aprendido muito sobre pintura com ele e até o escrevi em um curso de arte, para que ele desenvolvesse o seu talento e ele está adorando. Percebi também que a forma dele pintar está mudando. Antes, ele costumava pintar apenas paisagens e personagens, mas agora seus quatros estão ficando mais detalhados e profundos, cheios de sentimento. Ele tem muito talento, foi o que disse o seu professor de pintura para mim.

Eu continuo trabalhando na loja, e no último mês, recebi um aumento, o que é claro me deixou muito feliz, apesar de que como você bem sabe, ser vendedora em uma loja de construções nunca fora o meu sonho, mas no momento não posso reclamar de nada.

Hoje é Natal, o terceiro que passo com o Lucas. Estamos na casa de uma amiga, a Débora, você se lembra? Ela estudou com a gente...

Bom, acho que eu já disse tudo o que tinha para dizer. Obrigado por tudo, amiga. Feliz Natal.

Salvei a documento no meu Pen Drive e depois o retirei, guardando-o no meu bolso novamente. O Lucas entrou quase no mesmo momento. Taís estava bem atrás dele, sem fôlego.

Ele me encarou.

– Tudo bem? – Perguntou, com uma sobrancelha erguida, se aproximando.

– Está sim. – Fechei o Notebook. – Eu só estava lendo alguns e-mails.

Ele sorriu.

– As pessoas ficam em polvorosas nessas datas, não é? – Se sentou ao meu lado – E os prejudicados, acabam sendo os servidores dos e-mails, que ficam sobrecarregados pela enorme demanda de mensagens.

– É... – Concordei, sem saber ao certo do que ele estava falando.

(...) Um ano depois (...).

31/12/2002 (dezembro de dois mil e dois. Véspera do ano novo).

CARTAS PARA ANABELA

Querida Anabela, cá estou eu novamente, escrevendo furtivamente para você. Faz mais de três anos desde o seu acidente. O Lucas está com dose anos e eu... Bem, eu estou velha. Cheguei à casa dos “trintas” e não quero ver onde isso vai parar. Quando eu era jovem, jamais imaginei que um dia eu pudesse ficar assim... Velha. Mas agora percebo que nada no mundo é como as pessoas pensam quando são adolescentes. Por exemplo, o amor, bem, ele não existe; trabalhar, não é sinônimo de amadurecimento e independência como pensávamos, e sim, sinônimo de cansaço e escravidão (se você não for o patrão); ninguém vive para sempre; existe preconceito em todos os lugares; a violência pode sim chegar até você (fui assaltada duas vezes esse ano) e principalmente, aprendemos que a vida não é justa, porque se fosse, eu ganharia na Tele Sena, teria filhos e encontraria o amor da minha vida, o que de fato, jamais irá acontecer de verdade. Mesmo assim, gosto de me imaginar assim: Rica, apaixonada e sarada.

Sim, eu estou solteira, e não, eu não ligo. Estou cansada de ficar ouvindo piadinhas a respeito disso. Será que é tão difícil assim aceitar que uma mulher consegue ser feliz sem estar envolvida em um relacionamento? Porque as pessoas ligam tanto para esses detalhes?

Mas vamos mudar de assunto, não quero falar só de mim.

Como o Lucas está? Bom, ele está ótimo, se você entender como ótimo um menino de dose anos ficar trancado o dia inteiro no quarto, só saindo para ir pro colégio e para comer. Nos últimos meses, quase não temos nos falados e eu mal o vejo, não que seja por falta de tentativa, mas é que ele simplesmente não tem tempo para mim. Vive trancado no quarto, fazendo sei lá o que. Talvez esteja pintando, talvez lendo, eu não sei, mas estou começando a ficar preocupada. Tenho chamado-o para vários passeios, mas ela nunca aceita, dizendo que já tem algo importante para fazer. Eu não sei o que está acontecendo com ele. Será que isso é normal? Devo me preocupar? Bem, de todo modo certo dia voltei mais cedo para casa e entrei no quarto dele, ele ainda estava na escola e eu estava livre para procurar. Sei que não é certo mexer nas coisas dele, mas precisava saber que ele não estava fazendo nada de errado. Precisava de paz de espírito. Felizmente, a única coisa que eu encontrei foi uma pilha enorme de livros amontoados no quarto. Fiquei mais tranqüila, até que ele chegou em casa e percebeu que o quarto havia sido remexido, o resultado disso foi que pela primeira vez, nós dois brigamos. Eu tinha certeza que estava no meu direito de saber o que estava acontecendo, e ele no direito dele de ter privacidade. Eu não tenho certeza, mas mais ou menos depois disso, senti que o seu comportamento comigo havia começado a mudar. Infelizmente, fora só o começo.

(...) Um ano depois (...).

Eu estava em casa, assistindo televisão quando decidi que estava na hora de escrever para ela. Levantei e subi as escadas, indo para o meu quarto, peguei o meu Notebook, sentei na cama e abri o documento.

20/12/2003 (Dezembro de dois mil e três. Um dia marcante).

Querida Anabela, outro ano, mais um, se passou e novamente estou aqui, escrevendo. Primeiramente, queria dizer que a saudade continua forte em meu peito, e sinto que sempre será assim. Quando aquela loucura aconteceu, desejei que ela diminuísse com o passar do tempo, mas não aconteceu.

Estou em casa, é sábado e está frio, um dia com a aparência muito triste na minha modesta opinião. Talvez seja a época.

(Olhei para a tela do computador, não sabia o que escrever. Demorou um tempo até que as palavras viessem).

Aos treze anos, seu filho está fantástico, você se orgulharia. Ele está indo bem na escola, e também tem pintado muito ultimamente, mas do que o normal. Ele também entrou para o time de futebol na escola, e confesso que fiquei surpresa quando fiquei sabendo, realmente não esperava. Ele nunca deu qualquer sinal de que gostasse de esportes, mas até que ele está indo bem, na verdade, eu não entendo muito, mas é o que dizem. Ele é bom em tudo o que faz, não é?

(sorri melancólica escrevendo aquelas palavras).

Ele está crescendo, está ficando forte e criando uma personalidade muito... diferente da que ele tinha quando era pequeno, mas acho que é normal essas mudanças na idade dele. Só gostaria de poder ajudá-lo mais, já que quase sempre eu sou a última a saber das coisas que se passam na sua vida. Sinto que estamos nos distanciando, e eu não consigo entender o motivo disso. Tenho saudade das nossas conversas, saudades de tomarmos café da manhã juntos, saudades das nossas brincadeiras, de poder aconselhá-lo, acalmá-lo e até mesmo, tenho saudade do seu sorriso. Ultimamente, só tenho recebido olhares ofensivos vindo dele... Nunca mais conversamos... Ele está sempre ocupado... Sempre com a cabeça em outro lugar. Eu até tenho começado a almoçar e a jantar sozinha nos últimos meses... E você sabe como eu odeio fazer isso. Estou me sentindo solitária, e como você sabe a solidão não me faz bem, isso está fazendo com que eu repense a idéia de procurar um companheiro, quem sabe assim, as coisas não mudem um pouco.

Escutei a porta do quarto ao lado sendo batida com força, preocupada, coloquei o Notebook na cama e fui ver o que estava acontecendo. Caminhei até o quarto dele, levei a minha mão à maçaneta e tentei abrir, mas estava trancada.

– Lucas... – Chamei, mas ninguém respondeu. Dei leves soquinhos na porta. – Lucas... Querido, está tudo bem? – Perguntei me sentindo patética naquela situação. – Pode abrir a porta? – Ninguém respondeu. – Lucas...? – Houve um longo momento de silêncio até que escutei o barulho das trancas sendo abertas. Suspirei aliviada. Ele abriu apenas uma pequena brecha da porta, me mostrando apenas metade do seu rosto. Ele era quase da minha altura. – Está tudo bem...? Eu escutei um barulho...

Ele me encarou com aquele olhar de censura, que sempre me fazia arrepiar.

– Não está acontecendo nada. – E fechou a porta na minha cara.

– Tá... Tudo bem então. – Falei para mim mesma. Fiquei um bom tempo ali, em pé, encarando a porta fechada, até que desisti e voltei para o meu quarto.

Peguei o Notebook e digitei mais uma única frase.

“Anabela, eu não sei o que está acontecendo, mas gostaria que tudo voltasse a ser como era antes”.

Em seguida, fechei o documento e guardei o aparelho na minha gaveta, peguei a minha bolsa, um casaco e saí do meu quarto, descendo as escadas e passando direto pela porta da entrada. Eu precisava sair daquela casa, eu precisava ver pessoas, não agüentava mais ficar sozinha naquele lugar. Caminhei pouco mais de meia hora, até que finalmente entrei em uma lanchonete. Sentei em uma das cadeiras perto do balcão e pedi um copo de suco e uma cochinha. Comi ali mesmo. Depois de pagar, saí da lanchonete e atravessei a rua, onde havia uma banca de jornal. Estava começando a garoar e eu na havia trazido guarda-chuva. Aproximando-me da banca, comecei a ler os títulos das notícias nos jornais, a maioria envolvendo tiroteios em favelas distantes dali. Comprei um jornal e comecei a ler ali mesmo.

– Nada como ficar bem informada, concorda? – Questionou uma voz que me era estranha. Olhei para o lado, não tendo certeza se ele estava falando comigo. E como ele olhava para mim, eu respondi.

– É... Acho que é. – Falei com o meu melhor sorriso para o rapaz. Ele também sorriu; mostrando-me duas fileiras de dentes perfeitos. Voltei a ler o meu jornal.

– Hey... – Ele começou. – Nós não nos conhecemos? – olhei para ele.

– Desculpe?

– Nós dois... Nós dois já não nos conhecemos? – Sua testa se franziu, e ele parecia tentar lembrar de algo.

– Hã... Bom, eu acho que não. – Falei, não querendo ser mal educada. Voltei a olhar para o jornal, esperando que ele se afastasse de mim.

– Espera ai... Você não é a Susan? – Quando ele pronunciou meu nome, assustada, olhei para ele.

– Como você sabe meu nome?

– É, isso mesmo, é você. – Ele parecia muito feliz, mas eu não entendia porque, só queria saber como aquele maluco sabia o meu nome. – Hey, você não se lembra de mim? Sou eu! Não se lembra? – o que ele queria que eu dissesse? “Se afaste de mim ou eu chamo a policia?”

– Desculpe... Mas porque eu saberia quem você é?

Sua expressão entristeceu.

– Porque fizemos cinco anos de faculdade juntos. – Minha boca quase caiu.

– Como? – Perguntei sem entender o que estava acontecendo. Quem era aquele cara? Como ele sabe o meu nome? Porque ele está tão animado? Isso é algum tipo de pegadinha?

– Você não se lembra mesmo, não é? – Indagou desanimado. – Eu sou o Vitor, fizemos faculdades juntos.

– Você disse que seu nome é Vitor? – Perguntei.

– Sim, não se lembra? – Neguei com a cabeça. – Bom, eu não te culpo, eu não era muito de falar sabe... – Ele riu - Mas eu lembro de você. A senhorita “Olhos Atentos”. – Ele zombou.

Fiquei espantada.

– Como você sabe o meu apelido? Só um professor me chamava assim.

– Sim, a Senhorita Vanessa, nossa professora por dois semestres.

– É. – Concordei, me lembrando dela, mas não dele.

– Como eu disse, estudamos juntos por cinco anos. É uma pena que você não se lembre.

– Me desculpe. – Tentei sorrir para ele.

– Tudo bem, isso acontece. Mas então, como você está? Seguiu com a carreira de jornalista ou fez como a maioria e desistiu? Eu lembro que você era uma das melhores da sala.

Corei. Era estranho falar sobre aquilo com desconhecidos(ou quase desconhecidos, que seja).

– É complicado. – Ri de mim mesma e do meu fracasso – Mas e você? Conseguiu seguir carreira?

Ele deu de ombros.

– Sabe, eu não sou muito bom em logística, mas como eu perguntei primeiro, por lógica deveria receber uma resposta primeiro, certo? – Eu ri.

– Mas é você que me conhece... Para mim, você não passa de um desconhecido.

Ele riu também.

– Ok. Então... Que tal nós dois irmos à lanchonete aqui do lado, tomarmos um café e lá, resolvemos quem vai ser o primeiro a responder?

Gargalhei.

- Por acaso, está me convidando para um encontro? – Perguntei achando graça na cara que ele fez.

– Não. – Disse negando com a cabeça. – Será apenas uma conversa entre dois... ex-colegas de faculdade. Além do mais, não sei se você percebeu, mas está chovendo. - Mordi os lábios, indecisa. – Eu pago. – Ele persuadiu. Eu ri.

– É claro que paga, eu não ia dizer o contrário. – Ele riu. – Tudo bem. Que mal pode fazer um café afinal.

Atravessamos a rua e entramos na lanchonete, sentamos em uma das mesas mais distantes da entrada.

– Por favor, me vê dois cappuccino. – Ele falou para a garçonete. Ele olhou para mim, ainda sorrindo. – Eu não acredito que te encontrei.

– E por acaso, estava me procurando? – Indaguei.

– Talvez. – Ambos sorrimos. – Mas isso não vem ao caso. E então, irá responder a minha pergunta?

– Só depois de você responder a minha.

Ele suspirou.

– Você é dura na queda...

– Essa é a minha melhor qualidade. – Retruquei.

– Ou pior defeito. – Falou. – Tudo bem, eu digo. – Ele apontou para o jornal em minha mão. – Está vendo esse jornal? – Assenti. – Eu que editei a maioria das reportagens que você estava lendo.

– Nossa. – Exclamei com as sobrancelhas erguidas.

– Bom, não era exatamente o meu sonho quando decidi ser jornalista... Mas está de bom tamanho. – A garçonete entregou nossos pedidos – Obrigado. – Falou para ela.

Eu sorri.

– Eu sei bem do que você está falando. – Ele me encarou com curiosidade. Tomei um gole do meu cappuccino. – Eu sou... vendedora em uma loja de matérias de construção. Sei bem como é não conseguir realizar o próprio sonho.

– É frustrante.

– Sim. – Concordei.

– Mas estou surpreso. Pensei que você fosse a Dona de um jornal famoso ou uma repórter conhecida... Nunca imaginei você como vendedora.

– Como você disse, não é o meu sonho, mas está de bom tamanho. Pelo menos, paga as minhas contas.

Ele balançou a cabeça, em sinal de aprovação. Ficamos alguns minutos em silêncio.

– Você mora aqui perto? – Ele perguntou.

– Agora você já está querendo saber demais. – Falei sorrindo. Ele abaixou a cabeça, igual a uma criança.

– Desculpe, é o meu senso investigativo. Não consigo controlar.

– Eu não me importo... Também sou assim. Apenas... não gosto de ficar passando o meu endereço para as pessoas. Só por segurança.

– Você faz bem. Nunca se sabe o que se pode encontrar por ai... Ás vezes, você está andando no meio da rua e esbarra em um psicopata sem saber. - Eu o encarei, e sem agüentar, comecei a rir. – Do que você está rindo? – Ele perguntou curioso.

– É que quando eu te conheci, foi isso que pensei que você era.

Ele também riu.

Ficamos conversando por horas, até que a tarde começou a virar noite e eu decidi que já estava na hora de ir embora.

– Eu preciso ir. – Falei, me levantando. – Foi bom te reencontrar, Vitor.

Ele pediu a conta para a garçonete.

– Também foi bom revê-la Senhorita Olhos Atentos. – Eu ri.

Foi então que decidi. Abri a minha bolsa e peguei um cartão.

– O número do meu celular é o segundo e o da minha casa é o primeiro. Quando você quiser conversar com alguém... Me liga.

Ele pegou o cartão.

– Vou ligar sim.



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Notas finais do capítulo

Pois é, o nosso Lucas está crescendo... A adolescência não é uma fase fácil para ninguém e com ele não será diferente. Teremos muitas novidades no próximo capítulo, espero encontrá-los lá!
Lana, obrigado pelos comentários! Beijos.



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