Abri meus olhos bem devagar. Ainda estava sensibilizada. Ela estava bem na minha frente, me olhando.

–Me diz se você morreu, se não, eu te mato agora.

–Quê? O que aconteceu?

–O que tem na sua cabecinha, Sam? Você é retardada?

–Pode me explicar do que você está falando? – perguntei já estressada.

–Você é retardada mesmo! Quem disse pra você quebrar meu espelho e perfurar seu braço desse jeito?

Olhei para meu braço e ele estava enfaixado. Me lembrei de novo da depressão.

–Eu não sei porque fiz isso.

–Eu sei! Por causa do Freddie! E sua cabeça, tá melhor?

Carly passou a mão em meu ferimento devido à minha queda quando desmaiei. Não doía. Avisei que sim, minha cabeça não me incomodava. Eu estava no sofá dela coberta por um edredom.

–Quem me ajudou?

–A sra. Benson, mas não se preocupe. O Freddie não vai saber disso.

Aquele nome me machucou. Freddie, Freddie, Freddie. E era culpa minha, de novo.

–Ele vai me desculpar?

–Não por enquanto.

–Eu gosto de você porque sempre sabe o que falar e como falar, né Carls? Mas já estou bem melhor, não sei porquê. Foi uma coisa do momento, acho que a sra. Benson me drogou, do jeito que aquela velha é.

–Nossa, nem parece que você quase se matou por causa dele. Já o esqueceu?

–Não. Só deixei passar. Depois a gente conversa e fica tudo bem.

–Não sei não. Ele tá magoado.

–Eu tenho certeza que mais cedo ou mais tarde ele vai me perdoar.

Virei para o canto e comecei a chorar. Manter aquela pose de forte não estava enganando ninguém, pensei. Freddie, meu sonho, estava distante para sempre, nunca ia voltar. Chorava cada vez mais e lembrava as vezes que a gente dormia abraçados, que passávamos a tarde juntos no parque. E agora isso não existia mais. Por culpa minha.

Tentei dormir um pouco.

Três horas depois.

Quando acordei, ele estava na cozinha. Vê-lo me deu um aperto no coração. Lágrimas desciam sem parar, e ele percebeu. Nem olhou na minha cara.

–Eu já vou pra casa. Te vejo depois – ele disse para Carly e saiu de lá, batendo a porta.

Carly me olhou com dó e chorou comigo. Me sentei e meu braço estava doendo muito.

–Sabia que você estava mal!

–Mas ele não se importa, Carly! Ele não liga! Ele não me ama mais!

–Dê tempo ao tempo, Sam...

Não, não quero dar tempo! Quero meu moreno!

Voltei a chorar. Me levantei e subi até o quarto dela. Não estava aguentando mais.

PDV Geral.

O tempo passava. Um dia, dois dias, três dias. Sam continuava a sofrer pelo amado. Continuava a se culpar. Continuava a chorar todo dia e toda noite, e Freddie também chorava e sofria. Apesar de tudo, não conseguia tirar da cabeça a cena que o machucou profundamente.

Casa vez que o ex-casal se via, a dor entrava em ação, e nenhum dos dois conseguia dar o primeiro passo para uma reconciliação.