Maldito Ruivinho escrita por Ally


Capítulo 39
Bônus - Rosemary


Notas iniciais do capítulo

Hi gente, esse é um capitulo bônus que ficou grandinho demais '-' se não quiserem ler não precisa, mentira precisa sim porque pode influenciar o entendimento do resto da história. ^-^ é um cap. Sobre o passado de David! :3 Espero que gostem, é isso *.*



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David P.O.V

9 anos atrás -

Era segunda-feira, dia de educação fisíca na escola. Eu não me dava muito bem com esportes, por isso ficava sozinho, no canto. Aliás, eu sempre ficava sozinho. No recreio, na sala. Sempre fui o garoto tímido de quatro olhos. O total oposto da minha irmã. Ela era o centro de atenção, mesmo ainda sendo uma criança, todos queriam sua amizade. Ela sempre foi linda desde pequena, e como nossa familia era rica, não tinha quem não quisesse se aproximar dela. Debrah não queria que os outros soubessem que ela tinha um irmão mais novo, ela me dizia daquele jeito meigo e amoroso que tinha medo de que ás pessoas se esquecem dela quando me conhecessem. Logo, eu acreditava fielmente nisso. Debrah sempre foi meu ponto de admiração, a irmã em quem eu podia confiar, dava minha vida facilmente por ela.

– Ei quatro olhos. Saí dai tá me atrapalhando á jogar. - Reclamava Jack, o valentão colégio.

– D-Desculpe.

– Tá vendo, você me fez errar. - Ele se aproximou, me puxando pelo colarinho da camisa. - Quatro olhos idiota.

– P-Por favor não me machuque.

Jack cerrou os punhos e me jogou no chão.

– Se eu te ver na minha frente de novo, quebro a sua cara. - Ele saiu com seus amigos o aplaudindo. Permaneci caído no gramado, meus óculos tinham caido do meu rosto, mal conseguia enxergar.

– Aqui está. - Uma voz doce preencheu meus ouvidos, eu via o borrão de um corpo a minha frente. - Pronto. - Senti mãos delicadas na minha face, ajeitei os óculos e aos poucos estava enxergando tudo claro novamente.

– Obrigado. - Disse corado ao ver á quem pertecia a voz. Era a Rose, uma garota do sexto ano. Ela sempre chamava atençao dos garotos por ser muito bonita. Seus cabelos loiros caiam em ondas perfeitas sobre seus ombros, seus olhos eram azuis, tão transparentes como água de piscina. Mas o mais impressionante era sua boca rosa-avermelhada, perfeitamente desenhada.

– Aqueles idiotas. Você está bem? - Rose me estendeu á mão.

– Já estou acostumado. Sorri sem graça.

– Como é seu nome?

– David... E o seu é Rose, né?

– Sim. - Ela sorriu revelando suas covinhas. - Rosemary na verdade, mas todo mundo me chama de Rose.

– Então vou te chamar de Mary. - Eu disse corado. Ela arqueoou uma sobrancelha curiosa.

– E porque?

– Não quero ser como todo mundo, vou ser especial e único por te chamar como ninguém chama, concorda? - Eu sorri meio de canto.

– Pensando bem... Quer saber, eu gosto do diferente. - Ela devolveu o sorriso. - Quer tomar um sorvete?

– Mas agora? E a aula...

– Você nunca matou uma aula?

– N-Não...

Mary riu.

– Venha, tem um portão ali que sempre fica aberto. - Ela segurou firme a minha mão me puxando até lá.

Essa era a primeira vez de muitas, em que eu mataria uma aula, desrespeitava uma regra, eu nunca imaginaria que pudesse ser tão bom.

x

– Vocês vão querer de qual sabor? - A doce senhora do carrinho perguntava.

– Menta e baunilha. - Eu e Mary falamos em coro. A velhinha sorriu.

– Certo, dois de menta e baunilha. - Ela se virou para preparar os sorvetes.

– Engraçado. - Mary sorria de canto. - Nunca achei alguém que também gostasse de sorvete de menta e baunilha.

– Nem eu, as pessoas acham nojento quando peço. - Eu ri.

– Talvez porque elas tenham medo da combinação, por serem sabores tão diferentes assim.

– Mas é por isso que fica bom, o diferente se completa. - Sorri meio corado e Mary aplaudiu minha filosofia.

– Aqui está. Aproveitem. - A doce senhora entregou-nos os sorvetes e fomos sentar no gramado do parquinho.

– Você está no sexto ano, não é Mary? - Falei lambendo o sorvete.

– Sim, e você David?

– No quarto. - Desviei os olhos, ela parecia surpresa.

– Nossa. - Mary riu. - Quantos anos você tem?

– Dez. - Eu sorri acanhado. - E você?

– Doze. - pausa. - Nunca achei que um garoto mais novo pudesse ser tão divertido. - Ela me fitou de maneira carinhosa por alguns segundos e depois voltou ao sorvete, que derretia.

O resto do dia com Mary foi muito bom, nós conversamos e até balançamos no brinquedo do parquinho. Estar com ela era maravilhoso, eu nunca tinha tido uma amiga como Mary, á quem já confiava desde o primeiro "oi". Claro, tinha minha irmã á quem contava tudo, mas as vezes sentia que ela não se importava muito.

No dia seguinte encontrei Mary no recreio e novamente matamos aula no parquinho. Foi assim durante o resto da semana, já tinha se tornado um hábito, tanto que chegava na escola, mas não entrava, ia direto pro parquinho esperar ela. Até que chegou o fim de semana. Estava no meu quarto arrumando algumas coisas quando Debrah entrou.

– Maninho, o que está havendo com você? - Ela se sentou na cama.

– Como assim Debrah?

– Não estou te vendo na escola, e você tem chegado tarde ultimamente.

Sentei ao seu lado pensando se contava ou não, decidi contar, afinal ela era minha irmã e eu precisava contar para alguém o que estava vivendo.

– Sobre isso... Você não vai acreditar, eu conheci uma garota.

A expressão de Debrah mudou, ela parecia muito surpresa.

– Uma garota?! Você com uma garota?

– Sim... A gente tem matado aulas no parquinho ao lado da escola, ela é tão incrivel irmã. - Falei sorridente, mas a expressão de Debrah não era muito boa.

– Você é muito novo pra ter uma garota, se afaste dela David!

– O que é que tem? Você também é, e namora aquele babaca do Christopher só porque ele é capitão do time da escola.

– David! Você nunca falou assim comigo. - Ela cruzou os braços, quando ouvimos nosso pai gritar.

– Crianças se arrumem para irmos ao shopping.

x

Eu e papai estavamos em uma joalheira, Debrah olhava algumas roupas na loja ao lado, papai comprava um presente para a mamãe, um lindo brinco de rubis. Eu nunca entendia porque ele sempre lhe dava presentes caros que ás vezes não eram necessários, mas agora, que gosto de alguém, sei como é querer agradar essa pessoa até conseguir tirar um sorriso de seu rosto.

Parei por um instante e vi um colar prata bem delicado, seu pingente era metade sol e metade lua, na hora lembrei de Mary. O sol com toda sua grandeza e brilho representava Mary, que sempre iluminava por onde passava. Eu, era a Lua que só aparecia no final da tarde, um tanto timida, que não brilhava tanto quanto o Sol, mas não deixava de ser especial. Mas os opostos se atraem certo? O sol e a lua estavam apaixonados mesmo com as enormes diferenças entre eles. Mas o amor tudo suporta, por isso o eclipse para que eles pudessem ficar juntos. Era o colar perfeito.

– Pai, posso levar esse? - Eu sorri meio sem jeito.

– Outro presente para sua irmã filho?

– Na verdade, esse é para uma garota que conheci... - Meu pai esfregou meu cabelo nesse instante.

– Esse é o meu menino. Vamos levar. - Ele passou o cartão olhando para a moça sorridente no caixa.

– Um presente pra mim maninho? - Disse Debrah entrando na loja, me dando um beijo na bochecha.

– Bem Debrah... Esse é para a garota que lhe falei. - Vi sua expressão mudar, para uma que nunca tinha visto antes.

– Claro. - ela sorriu, mas pareceu forçado. - Só por curiosidade David, qual o nome dessa garota?

– Mary... Quer dizer Rose, Rosemary do sexto ano.

Debrah sorriu.

x

– Mary, adoro passar as tardes com você sabia? - Sorri, mordendo a maçã que tinha trago de lanche. Estavamos embaixo de um enorme Salgueiro, uma arvore linda, que trazia paz e uma sombra maravilhosa. Só podiam se ouvir o som dos passarinhos á cantar.

– Eu também David, você é muito importante. - Ela disse meio corada.

– Quero te dar uma coisa, para que sempre se lembre de mim, e também para agradecer tudo que fez. Graças á você tenho mais amigos, incluindo Alexy e Armin que são muito engraçados. Não fico mais sozinho nas aulas, e aprendi a me esforçar na ed. Fisica. Contudo, ainda prefiro matar as aulas para ficar com você.

– David... - Ela estava visivelmente corada.

– Vire-se Mary.

Tirei o colar da caixinha e o coloquei em seu pescoço, que deu um grito ao ver.

– David! É Maravilhoso. - Ela se virou, me puxando num abraço apertado e cheio de carinho. - Eu amei. - Mary disse ainda com a cabeça em meu ombro. Mas não precisava disso para lembrar-me de você. Você sempre vai estar em minha mente. Mary se afastou lentamente, e agora estavamos frente á frente, ela tirou os meus óculos cuidadosamente, e naquele momento, seu rosto era o borrão mais lindo que já vi.

Obrigada. - Ela tocou nossos lábios num beijo rápido, na verdade, quase um selinho desajeitado, ambos eram inexperientes no assunto. Mas foi maravilhoso do jeito que foi, o meu primeiro beijo.

x

Dois dias se passaram desde aquela tarde com Mary. Eu fui ao parquinho nesses dias esperala-lá, mas ela não apareceu. Então no terceiro dia, fui á escola. Encontrei Armin, que conversava com o Alexy.

– Oi galera. - Me aproximei e eles sorriram.

– E ai David. - Alexy e Armin falaram em coro.

– Vocês sabem porque a Mary... A Rose, está faltando? - Percebi seus olhares perderem o brilho e sua face mudar.

– Ele não soube. - Armin olhou para Alexy com pesar.

– Soube do que? - Meus olhos já enchiam-se d'água, algo ruim tinha acontecido.

– David, os pais de Rose, souberam que ela andava matando aulas todos os dias. E não era desde hoje que ela fazia isso, Rose sempre foi muito teimosa. - Armin disse cabisbaixo.

– Então eles decidiram mandarem-na para um internato na Flórida com sua tia. Não deixaram ela ao menos se despedir de nós. - Alexy completou lamentando-se.

Eu estava imóvel, a ideia de perder Mary nunca passará pela minha cabeça, o que eu faria agora sem ela? Como seus pais ficaram sabendo que ela havia matado algumas aulas?! Droga! De uma coisa eu sei, ela não ia querer que eu voltasse a ser aquele garoto que tinha medo de tudo e de todos, eu ia me esforçar e dar o meu melhor em tudo que fosse fazer. Por ela, pela Mary.

Cheguei em casa abatido, Debrah logo veio para cima de mim, disse que estava sabendo do que aconteceu e que sentia muito.

– Não se preocupe com ela, é só uma garota. Saiba que você terá a mim sempre, sua irmãzinha. - Ela sorria acariciando meu cabelo. Ela era uma boa irmã. - Você não precisava dela. - Escutei ela sussurrar baixinho no meu ouvido, depois disso, adormeci.

x

Nunca mais vi Mary desde então, nem tive noticias dela, nada. Só restaram as maravilhosas lembranças que passei com a garota mais incrivel que já conheci. E isso, ninguém nunca vai poder apagar, vou levar comigo, até o meu último suspiro.

9 anos depois

– Cara, decide logo o sabor, a garota não tem o dia todo. - Armin me fitava impaciente juntamente á garota do caixa.

– Quero de... Menta com baunilha. - A garota fez uma careta ao anotar o pedido, e Armin soltou um riso debochado.

– Que nojo cara! Menta com baunilha? São sabores completamentes diferentes, como podiam dar certo?

– Simples Armin, o diferente se completa.

Sorri.


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Notas finais do capítulo

Nada meloso e drámatico né e.e, deixem reviews, a cada capitulo tenho mais reviews e isso inspira acontinuar a historia. *o* obrigada á vcs