Acordei de manhã me sentindo totalmente culpada. Mesmo que nada tivesse acontecido uma culpa enorme invadia meu peito. Lavei o rosto e troquei o moletom por um short jeans e uma blusinha qualquer, o frio havia passado e o dia estava lindo. Desci as escadas cuidadosamente, não queria trombar com Lysandre ali, nem em lugar algum. Porém, o que vi fez o meu coração palpitar e um sorriso enorme surgir em meu rosto.

– Castiel! – Sai correndo em direção ao colo do meu ruivo, que me abraçou a ponto de quebrar os ossos da minha costela. – Como se eu estivesse ligando pra ela agora. – Por onde você andou?! – Perguntei.

– Você sabe como aquelas duas são, não tive um segundo de paz sequer. – Ele riu se soltando do abraço.

– E você ainda ri? Onde dormiu? –

– Depois de um dia inteiro chato e cansativo, Lauren passou mal e Marta me obrigou a cuidar dela durante a noite. – Ele revirou os olhos, enquanto abria uma garrafa de Rum.

– E você ficou com ela a noite inteira. – desviei meus olhos para á lareira que queimava. – Como foi?

– Relaxa Mari. – Ele sorriu, dando um gole no Rum. – Não foi tão ruim assim. – Dei um soco em seu peito e o olhei furiosa.

– Idiota! Como se atreve a dizer isso?

– Oh estressadinha! Eu to falando sério. – Ele tirou do bolso uma caixinha veluda. – Enquanto ela dormia, vasculhei todo seu quarto rosa intoxicante. Olha o que achei. – Ele sorriu abrindo a caixinha.

– Seu pingente. – Pulei em seu pescoço o abraçando. – Isso é maravilhoso Castiel, você recuperou.

– É lindo não é? – Ele riu me soltando.

– É incrível! – Eu peguei o pequeno pingente em formato de chave amarrado em um cordão. – Castiel e se...

– Se o que? – O ruivo olhou desconfiado.

– Sua mãe estiver viva? Afinal ela desapareceu, não tem indícios de morte. –

– Qual é Mari, já desencanei desse assunto, não quero ter esperanças ou algo do tipo, esse cordão é só uma lembrança pra mim. – Finalizou o ruivo.

– Quem é Regina Mills? – Perguntei observando o nome cravado no pingente.

– Minha mãe. – Ele puxou o cordão de volta o colocando na caixinha. – Agora deixa de besteira e vem aqui, que eu to morrendo de saudades.

– Também to meu ruivinho. – O abracei passando minhas pernas por sua cintura. – Você sabe que sou teimosa e não vou desistir desse assunto né? – Ele franziu a testa.

– Pois devia.

– Qual é Castiel, a gente pode encontrar sua m... – Ele me calou com um beijo. – Shh...

Depois de muita troca de caricias, fui á cozinha preparar o café da manhã enquanto Castiel arrumava os quartos, afinal, não estávamos livres do castigo, mas graças a Deus mamãe e Joe chegariam amanhã.

– Cast, está pronto, vem comer! – Chamei pelo ruivo que veio apressado.

– Mari. – Ele escorou no balcão. – E você? Não me contou como foi o dia com seus amigos. –

– Ah. Foi... Normal. – Sentei na cadeira mordiscando um pão.

– Dormiu aqui sozinha? – Perguntou o ruivo desviando o olhar para mim.

– É... – Pausei. – Claro que dormi. – Dei um gole no café sentindo minha consciência pesar.

– Não ficou com medo? – Ele sorriu de canto. – Você é uma medrosa.

Eu sorri acanhada. – Não fi/quei. – Encerrei o assunto recolhendo os pratos para lavar.

Depois do café da manhã, terminei de arrumar a casa, estava brilhando. Como mamãe chegaria no outro dia, eu queria que tudo estivesse como ela deixou. Marta certamente chegaria a qualquer hora para verificar a limpeza, e com certeza Lauren estaria com ela. Subi para meu quarto e me joguei na cama, o cansaço me tomava por inteira. Fitava o teto branco enquanto minhas pálpebras iam se fechando lentamente, até ser acordada pelo Beep beep do celular. Desviei o olhar para o visor. – Uma mensagem nova. – Lysandre. – E cadê a coragem para abrir a mensagem? Peguei o celular nas mãos, enquanto meu dedo deslizava pelo visor decidindo se abria ou não. Por fim acabei cedendo.

“Mari, primeiramente tive que ir embora de manhã bem cedo, alguns problemas em casa... Enfim, sinto muito pelo que quase houve ontem, espero que nada tenha mudado entre nós, pode me ligar quando ver essa mensagem? – Lys.”

Ignorei a mensagem por completo. Não estava pronta emocionalmente nem fisicamente pra ver, falar ou qualquer outra coisa que tivesse a ver com o Lysandre. Ainda sentia uma culpa enorme por tê-lo desejado aquela noite. Argh! Me afundei no travesseiro de plumas enquanto meus pensamentos me atormentavam.

P.O.V Castiel –

Quando finalmente acabamos de limpar esse saco de casa enorme, Mari subiu pro seu quarto, ela estava agindo de forma estranha desde que cheguei de manhã, acho que ela não percebeu que eu notei, mas eu sei quando algo está errado. Tomei uma ducha gelada, precisava esfriar a cabeça, Lauren quase me matou sufocado ontem, aquela menina é um saco. Sai do banheiro com a toalha amarrada na cintura, enquanto sacudia o cabelo cor de fogo. Entrei no quarto, liguei o rádio que tocava Lies – McFly me animei com a batida da música, que cantei também.

(Lies!) Living in a fantasy
(Lies!) Don't even know reality
(Lies!) When you start talking, I start walking (Lies! Lies! Lies!)

(Mentiras!) Vivendo em uma fantasia
(Mentiras!) Nem mesmo conhece a realidade
(Mentiras!) Quando você começa a falar, eu começo a andar (mentiras! mentiras! mentiras!)

Sorri quando a música acabou e me joguei na cama, o dia tinha sido cansativo pra caramba. Já era quase noite e com certeza Marta e Lauren estariam chegando a qualquer momento pra encher mais o meu saco. Aproveitei o tempo que me restava e dormi como pedra.

–