Mari P.O.V -

Tinha até esquecido como era acordar cedo. Hoje tinha aula, mamãe chegaria e tudo voltaria ao normal. Quer dizer, á medida do possível. Estava quente, coloquei uma calça legging cinza, e a blusa de uniforme. Peguei meus fones e a mochila e desci lá para baixo. Vi Castiel sozinho na cozinha comendo uma maçã, fiquei feliz por alguns instantes e quando me aproximei dele para lhe dar um beijo de bom dia, vi Marta entrar na cozinha.

– Caham. – Ela pigarreou. – Bom dia querida, como dormiu? – Estranhei sua gentileza repentina, até me virar e perceber a presença de mais alguém, mamãe.

– Mãe, você chegou! – Sai correndo em direção aos seus braços, seu abraço me confortava e me fazia esquecer aquela diaba loira.

– Filha. – Ela sorriu se soltando. – Estou tão feliz por ver que está bem, fiquei tão preocupada.

– Eu também mamãe, tava morrendo de saudades. – Lhe dei mais um abraço apertado, afundando minha cabeça em seu peito, ela acariciou meus cabelos e com certeza percebeu que tinha algo errado.

– Mari, aconteceu alguma coisa? – Ela disse com os olhos mais gentis do mundo. Fitei Marta que me encarava como – “Diga alguma coisa e você e o seu ruivinho já eram.”

– Não aconteceu nada mãe! Era só saudade. – Meu peito apertou, mentir assim para minha mãe não era fácil.

– Vou confiar em você. – Ela sorriu. – Trouxe presentes, você tem que ver as roupas maravilhosas que tinham naquela cidade. – Ela puxou meu braço em direção ao seu quarto.

– Ah mãe eu adoraria, mas tenho que ir pra escola esqueceu? – Eu ri. – Guarda essas roupas que quando chegar quero saber de tudo. – Lhe abracei me despedindo.

– Claro! Como pude esquecer. Castiel não vai com você? – Mamãe fitou o ruivo que desviou o olhar.

– Na verdade mãe... Castiel está namorando agora. – Nesse instante Marta deu um daqueles de seus sorrisos dissimulados. Jurei que pude ver um desapontamento no rosto de minha mãe.

– Que bom Castiel. – Ela se aproximou do ruivo abrindo um sorriso dócil. – Mas é uma pena você e Mari não irem mais juntos para a escola. Sempre achei você uma boa companhia para minha pequena Mariana. Castiel corou com o elogio e permaneceu em silencio.

– E-Eu... Já sei o caminho da escola mãe, não tem problema ir sozinha. Aliás, já estou atrasada. – Dei um beijo em sua bochecha e corri para á escola que ainda ficava a muitos quarteirões de casa.

Depois de uma semana inteira sem ir á escola, até já tinha me desacostumado com os alunos, os professores a diretora irritada, e tudo mais. Logo que cheguei avistei o enorme cartaz que dizia: - “Show de talentos – Sweet Amoris dia 03” Era nesse final de semana, eu havia me esquecido completamente. Será que Castiel tinha terminado á musica que ele compôs? Estava distraída observando o cartaz que nem percebi Melody e Morgan se aproximando.

– Maaari! – Melody abriu um sorriso enorme.

– Uau! Parece que alguém está de bom humor. – Sorri de volta para ela.

– Adivinha quem é a mais nova namorada do representante de classe? – Ela liberava uma corrente de entusiasmo.

– Ah Melody! Isso é maravilhoso. – Lhe dei um abraço para parabenizar. – Parabéns Mel! Você e o Nath foram feitos um pro outro. – Eu sorri.

– E adivinha quem é a encalhada de sempree? – Morgan gritou copiando o entusiasmo da amiga. Nós três rimos até doer a barriga, o sinal acabava de bater, enquanto caminhávamos pelo corredor vi Lysandre entrar na sala. Foi quando me lembrei que me sentava atrás dele.

– Droga! Esqueci meus óculos. – Gritei bem alto para que o professor pudesse escutar enquanto entrava na sala.

– V-Você usa óculos? – Sussurrou Melody. – Shh Melody! – Ela ficou sem entender nada e foi para sua carteira.

– Pode se sentar na frente por hoje Sr. Mariana. – Mrs. Faraize decretou. – Ótimo! pelo menos por hoje não vou precisar encarar Lysandre. – Pensei comigo mesma enquanto a aula começava.

O resto das aulas foram normais e, como sempre chatas. Esse era o lado da escola que eu realmente não havia sentido um pingo de saudades. Era intervalo agora, Melody saiu apressada na frente, certamente a procura de seu príncipe loiro. Permaneci sentada na carteira procurando uma música no mp3 quando Morgan veio até mim segurando um pacote de biscoito de chocolate nas mãos.

– Quer um? – Ela estendeu o pacote até mim. Eu sorri me lembrando de Ken, ele sempre tinha desses biscoitos com ele.

– Não, obrigada, to sem fome Morgan. – Sorri de canto. – Não vai pro recreio?

– Pra ficar de vela? Não mesmo. – Ela mordeu o biscoito. – Ficar perto de Melody e Nathaniel é como viver em Candyland aqueles dois soltam purpurinas quando estão juntos. – Nós duas rimos, enquanto espiava pela janela o mais novo casalzinho, era engraçado á melosidade deles, mas ao mesmo tempo eu desejava aquilo para mim também. Como eu queria passar o intervalo de mãos dadas com Castiel na frente de todos, ao invés disso tinha que suportar vê-lo andando com Lauren. Tudo culpa da Marta, aquela diaba loira iria pagar por tudo que estava fazendo.

– Morgan, vou beber água, me espera aqui tá? – Falei levantando da cadeira indo em direção á porta. Ela assentiu com a cabeça.

O bebedouro ficava entre os corredores do pavilhão de cima, não eram permitidos alunos lá, pois estava em reforma. Porém o outro bebedouro ficava no meio do pátio, onde eu veria Lysandre, Lauren... Enfim, quebrar as regras ao menos uma vez não ia fazer mal á ninguém. Subi as escadas para o segundo pavilhão da escola. Era meio escuro e havia poucas salas por lá, essa reforma já levava mais de 5 meses, ninguém tinha aulas lá. Eu era a única alma viva naquele corredor, procurando pelo bebedouro que eu nem sei se ainda existia. Finalmente! Avistei o bebedouro no final do corredor, enquanto caminhava em direção á ele, uma sensação estranha me acompanhava, não sei ao certo o que era. Me abaixei para tomar a água quando senti dedos gelados pousarem sobre meu ombro.

– PUTA QUE PARIU! – Meti um tapa na cara do sujeito, aquele pavilhão realmente me assustava, eu já estava nervosa, ainda vem um idiota fazendo gracinha comigo.

– Ai garota! Você é maluca ou o que? – disse o sujeito passando a mão pelo rosto que agora ficava vermelho.

– Meu Deus. Você tá bem? Achei que fosse alguém que me viu subir aqui e decidiu fazer gracinha. – Falei ao garoto de olhos violetas e cabelo loiro parado a minha frente.

– Você sabe que é proibido subir aqui não é? – Ele sorriu irônico. – Seu jeito me lembrava um certo ruivo.

– Eu sei. Eu apenas estava com sede então... Espera, e o que você faz aqui? Nunca te vi antes no colégio. – O olhei desconfiada.

– Claro, porque sou novato. Sou David e você é? – O garoto de olhos violetas me encarava disperso, como se já soubesse a resposta.

– Mariana. E você ainda não respondeu o que faz aqui David. – Ele escorou no muro perto do bebedouro e começou a falar.

– Eu estava dando uma pequena ajuda a minha irmã. Ela também vai estudar aqui, só que a escola está sem vagas, quer dizer, estava. – Ele sorriu esperto. – Até uma aluna pedir transferência.

O olhei desconfiado, cerrando os olhos. – Essa aluna... Ela não pediu transferência não foi mesmo? Você roubou a ficha dela para dar a vaga á sua irmã, por isso estava se escondendo aqui! – Acusei-o que riu do meu palpite.

– Você até que é bem espertinha para uma branquela baixinha. – Ele piscou pra mim. – Exatamente isso! Minha irmã teve certos probleminhas com essa aluna. – Sorriu o loiro enigmático. – E se você não quiser ter problemas comigo, melhor ficar de bico fechado. – Ele pousou seu dedo indicador sobre meus lábios fazendo sinal de “Shhh”. Permaneci calada enquanto o via me dar as costas com um sorriso galante no rosto. Filho da mãe, algo me diz que esses dois irmãos vão dar muito trabalho.