Premonição: Encurralados escrita por PeehWill


Capítulo 2
Capítulo 01: Vidas Desmoronadas


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capítulo da fic.
Neste primeiro capítulo já ocorre o acidente.
Espero que curtam! :)



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25 de junho de 2011

Da estrada logo abaixo da montanha, dava-se para ver as imensas rochas por completo. Os jovens quase-formandos da Ashford High School estavam ansiosos para chegarem o mais rápido que fosse na montanha. Lá, encontravam-se os mais diferentes tipos de vegetações, solos e animais silvestres, incluindo abismos e as mais tenebrosas e assustadoras cavernas.

O ônibus já havia entrado na área protegida pela guarda florestal, os pneus esmagavam pedregulhos e galhos, enquanto subia uma inclinação de terra. Estava indo por entre as folhagens esverdeadas das abissais árvores que cobriam o restante da vegetação. Era verão, o frio não estava presente, apesar de estarem no Colorado.

O jovem Chase Bray, com seus dezessete anos, cabelos negros e olhos de mesma cor, estava admirado com aquele lugar. Era um local muito belo. Ele avistava tudo pela janela fria do ônibus que pertencia à escola. Ao seu lado estava Allison McEvers, sua amiga e companheira de trabalhos caseiros.

Ela tentava imaginar o que o jovem pensava naquele instante. Com aqueles olhos claros e com seu cabelo castanho-escuro, que admitia uma combinação com sua pele clara.

O ônibus passou ao lado de uma grade de proteção, onde bem acima, em uma placa de madeira envernizada, estava escrito: Sejam Bem-Vindos à zona florestal da montanha McKinley! Alguns minutos e o ônibus cessou, sendo o bastante para Chase suspirar. Allison virou-se para ele.

— Você está bem? – Ela indagou.

— Não, estou morto. – Ele suspirou, retirando os fones que estavam em seus ouvidos.

— Você está com uma cara péssima. – Franziu a testa.

— Passei a noite toda acordado, iniciando o relatório. Quero terminá-lo antes de terça. – Olhou de volta para a janela.

— Não sei por que é sempre tão adiantado com a entrega dos trabalhos. – Pegou um pacote de biscoitos. – Quer?

— Não, valeu. – Ele olhou para o corredor.

Chase via os alunos em pé, caminhando no corredor. Todos estavam em polvorosos e entusiasmados. O empurra-empurra era de se esperar. O jovem não se sentia mais tão animado. Além do mais, estava muito cansado para sentir este tipo de euforia. Mas prometeu para ele mesmo que prestaria atenção em tudo.

Quando o fluxo de adolescentes no corredor do ônibus deu fim, os dois jovens se ergueram das poltronas e pegaram suas mochilas. Caminharam até a porta sem pressa, e foram os últimos a descer.

— O que faremos primeiro? – Outro adolescente surpreendeu os dois.

— De onde você surgiu, Oliver? – Allison sorriu sem graça.

— De onde vocês nunca saberão! – Ele fez uma voz estranha, como a de um ser de outro planeta. Gargalhou em seguida, com sua mochila nas costas e um boné de beisebol na cabeça.

Oliver também era amigo de Chase. Apesar de conhecido por seu bom humor exagerado e piadinhas fora de hora, era companheiro e sempre sincero. Tinha a mesma ideia de Chase e era um pouco mais baixo que ele, assim como sua pele era ligeiramente mais pálida. Possuía cabelos da tonalidade dos de Allison, castanhos, e sempre arrumava um jeito de irritá-la.

x-x-x

Os três seguiam o restante dos alunos que haviam descido dos dois ônibus que fariam a excursão. Pararam assim que escutaram o grito do professor de educação física.

— Às vezes eu tenho vontade de matar esse cara. – Oliver sussurrou para Chase, que apenas devolveu um sorriso.

— Quero que façam filas, agrupando meninas e meninos! – A voz do professor de short branco se tornou mais volumosa.

— Por que isso agora? Somos do último ano, professor. Não precisamos disso, já basta a vergonha de nos fazer vir até aqui, né? – Um grito ecoou por entre a multidão de alunos que ali se formara.

Havia, no mínimo, o total de sessenta alunos em uma plena barulheira e bagunça. Isso, enquanto cinco professores tentavam apaziguar a situação. A nuvem de poeira subia quando os alunos resolviam mudar de local, para fazerem as filas.

Terminadas as filas e separados os comboios femininos e masculinos, os professores apresentaram os guardas e guias florestais. Eles seriam os responsáveis pela expedição dos alunos por toda a área florestal da montanha McKinley.

— Bom... Alunos e alunas. Estes são os guias florestais que se encarregarão de toda a nossa caminhada. – Uma das professoras, especificamente a de geografia, deixou que eles aparecessem.

Os homens eram fortes. Um deles usava um chapéu marrom e óculos escuros, o outro era mais baixo, também era alvo e careca. Este por sua vez, não usava chapéu, somente os óculos escuros e os dois possuíam bigodes semelhantes à tarântulas. Suas meias brancas indo em direção ao joelho beiravam o ridículo.

Allison deu um riso, enquanto eles se apresentavam e olhou sugestivamente para Chase, que não segurou sua risada.

A maioria dos alunos nem prestava atenção nos guias. Muitos deles cochichavam, outros mascavam chicletes, muitos ainda com fones de ouvido e alguns até escondiam seus celulares. Era algo previsível. Os guias estavam falando para poucos alunos, e entre eles, incluíam: Chase, Allison, Preston e Katie.

Preston Gifford era um jovem magro, de óculos, alto o suficiente para ser confundido com uma árvore e usava roupas um pouco ultrapassadas para a época. Em contrapartida, sempre com algum tipo de mini-game em mãos ou com seu Ipad moderno. Usava calças jeans gastas e sapatos grandes. Era claramente um dos nerds da turma.

Já Katie Palmer não chamava muita atenção. De baixa estatura, corpo esguio e franzino, e pele clara. Seus olhos eram puxados, contendo clara descendência oriental. Possuía cabelos longos e negros, e trajava um vestido rosado, com um cinto discreto no tom coral. A jovem não costumava interagir muito com seus colegas de classe, sua timidez atrapalhava bastante.

As apresentações já haviam acabado e os guias já caminhavam inclinação de terra acima. Todos deveriam segui-los, havia iniciado a expedição. Meninos e meninas se misturaram novamente, se transformando em um aglomerado de jovens estudantes barulhentos.

Chase deu uma última olhada no posto da guarda-florestal. Era algo simples, porém moderno e bem arquitetado. Possuía dois andares muito bem divididos, além de ser todo amadeirado e coberto por uma grossa camada de verniz. Assumia o tom marrom e terminava nos assombrosos troncos das árvores. Os guardas devem gostar muito de proteger esse lugar. Pensou Chase.

O terreno era ouriçado, pedregulhos incomodavam a maioria dos jovens. Eles conseguiam entrar em seus calçados com facilidade. O barulho de terra pisada era como a música que eles escutavam enquanto a caminhada continuava.

— Aqui, encontramos a mata de arbustos silvestres! – Um dos guias, o de chapéu marrom, bradou.

O mesmo guia apontou para o lado esquerdo da trilha, onde os jovens puderam enxergar uma estrada de arbustos em tom mais claros, quase comparados a galhos. Havia pequenas pontas, nas quais se comparavam aos espinhos de várias rosas.

Ao passar pela trilha, Oliver prendeu a blusa de mangas curtas no galho de uma árvore.

— Que merda! – Ele conseguiu se soltar, mas o galho havia levado consigo um pedaço do tecido.

x-x-x

Continuaram a caminhada, desta vez pararam de frente a uma ponte de madeira, separando as duas margens, distantes uma da outra por causa de um enorme deslizamento de terra. Era comum naquela região montanhosa. O guia explicava:

— Bom, chegamos até a única ponte de madeira restante de toda a reserva, as outras foram arrastadas pelos freqüentes deslizamentos de terra que acontecem aqui. – Ele mostrou-a, tocando em uma de suas cordas.

— Estes deslizamentos de terra são muito perigosos? – Uma das jovens indagou, curiosa.

— Sim, são. Por isso, não mostraremos a zona de cavernas e nem o abismo. Lá os deslizamentos são mais constantes. – O outro guia, o careca, falou seguindo pela margem.

— O máximo de cuidado aqui ainda é pouco. Não caminharemos pela ponte, do contrário, cairíamos no rio. – O guia mais alto alertou.

— Podemos ser arrastados pela correnteza. – Brincou Dean Brown, o professor de educação física. – Se tivermos sorte, seremos comidos pelas piranhas antes mesmo de chegarmos à cachoeira.

O comentário do professor de educação física deixou boa parte do comboio de alunos receosa. Garotas comentavam, outros se atreviam a filmar, como se não tivessem medo de nada, e até mesmo falavam em se jogar, para deixarem as garotas ainda mais apavoradas.

Um barulho de explosão foi ouvido distante do grupo. Alguns gritos pavorosos não conseguiram ser contidos.

— Vamos morrer! – Uma das garotas murmurou.

— Não se preocupem e acalmem-se! Os barulhos das implosões são assim mesmo. – O guia careca tirou os óculos e tentou tranquilizar o comboio.

— Implosões? – A pergunta de Oliver foi inevitável.

— Sim, recentemente um grupo especializado aqui da base florestal está se encarregando de implodir algumas cavernas e fendas localizadas mais acima, no pico da montanha. – Ele virou-se novamente para o comboio de alunos, agora mais tranqüilo. – Voltaremos para a base para uma pausa, logo mais, em questão de meia-hora, retornamos à expedição. Compreendidos? – Colocou novamente os óculos.

A resposta do comboio estudantil foi inaudível, todos ainda falavam ao mesmo tempo. O grupo que caminhava mais atrás foi se distanciando aos poucos, bastante dispersos.

x-x-x

Minutos depois, todos pararam repentinamente e olharam em volta. Estavam aleatoriamente perdidos do comboio principal. Eram em torno de vinte jovens confusos. A maioria com fones de ouvido, aparelhos eletrônicos portáteis ou tudo que pudesse distraí-los.

Algumas estudantes piravam, enquanto os adolescentes mais robustos pediam que calassem a boca. Deixados para trás, no meio desses alunos, estavam: Chase, Allison, Oliver, Preston e Katie. A última garota estava muito nervosa.

— E agora? Como chegar à base? – Uma garota mediana pronunciou-se. – Aqui podem ter ursos, vocês sabiam?

Ela era loira, com os cabelos na altura dos seios. Usava uma regata preta por baixo de um moletom branco e uma mini-saia jeans, que mostrava boa parte de suas coxas. Nos cabelos loiros, acessórios de plástico e brincos grandes pendendo nas orelhas. Dava para se ver o pequeno brilho do piercing no nariz e os olhos verdes bem vivos. Usava uma sandália discreta, contrastando com suas pulseiras chamativas. Tinha pernas torneadas e bronzeadas, assim como o resto da pele.

Briana Saville era tida por muitos como a garota esnobe da turma, desejada entre os meninos do time de futebol e invejada pelas meninas da Ashford High School. Mas Allison e Katie não tinham a menor vontade de serem parecidas com ela.

— Estamos sem os velhos, isso é ótimo! – Um adolescente comemorou entre os jovens ali parados, no meio de uma trilha que não dava para local nenhum. Somente para um amontoado de galhos e folhas secas. – Vamos gente, vamos! Desfaçam essa cara de enterro!

Alguns garotos comemoraram junto. Estavam aliviados por terem se livrado dos guias e dos professores. Ao contrário deles, os jovens que queriam voltar para a base, ficaram preocupados. Estavam correndo perigo ao lado dos jovens delinquentes, que não entendiam o risco, de sua mesma classe.

Shane Brooks era jogador do time da escola e mantinha uma relação com Briana. Marrento, tinha fama de pegador na boca dos estudantes. Um ano mais velho que Chase e já emancipado, o que era bom para ele, já que adorava curtir nas noitadas da cidade.

Olhos claros, pele um pouco mais bronzeada, atlético e um pouco mais alto que Oliver. Seu cabelo loiro era imprevisível, havia dias que ficava liso e voava livremente ao vento, havia dias que era pontudo como um porco-espinho. O temperamento explosivo de Shane deu a ele uma reputação, já que tendia a brigar por qualquer coisa e ninguém se atrevia a desafiá-lo.

— Droga! Precisamos achar a base imediatamente. – Chase decidiu iniciar a subida para a trilha que mais lhe era era familiar.

— Ei! Onde pensa que vai? – Shane chamou sua atenção, até que o olhasse. – Onde pensa que vai?

Chase franziu o cenho.

— Tenho que encontrar a base. Se não se ligou, estamos perdidos, cara. – Continuou subindo uma ladeira coberta por folhagens e galhos. Virou-se, segurando em um galho, enquanto olhava para Allison e Oliver ali parados. – Vocês vêm?

— Claro! Quanto mais rápido acharmos a base, eu terei mais certeza de que vou viver. – Oliver começou a tentar subir.

— Ei, revoltados! Como têm certeza de que acharão a base assim, tão rápido? – Allison cruzou os braços.

Allison tentava ser dura por fora, mas ela sabia que não conseguia ser assim por muito tempo. Ser fria não era um dos seus fortes. Seu coração era frágil demais e ela era muito sensível, com seu jeito meigo, porém decidido. Chase era o único que despertava seu interesse, estudaram juntos desde o primário.

— Eu sinceramente... – Chase fez uma pausa –... Não sei. – Desistiu de subir.

Oliver também cessou, olhando novamente para o grupo.

— Que tal explorarmos o lugar? – Outro adolescente, com a jaqueta do time de futebol, indagou.

— Eu tenho algo mais radical. – Um dos adolescentes levantou o braço.

Todos retornaram suas atenções para Jayden Hasell. Um rapaz alto, menos atlético que Shane, mas ainda sim, com seu porte físico em evidência. Tinha um cabelo afro reduzido, pernas compridas, pele negra e olhos escuros. Possuía uma barba rala e sapatos semelhantes aos usados em partidas de basquete. Ele seria confundido facilmente com um jogador, um famoso cantor de hip-hop, ou para quem o conhecia bem, até um ator pornô.

— Então compartilha, irmão. – Shane gargalhou, abraçado de Briana.

— Vamos conhecer as cavernas tão "aterrorizantes" deste lugar? – Fez uma voz imitando um fantasma, e uma careta, arregalando os olhos.

BOOOM! Outro barulho de explosão foi ouvido e assustou ainda mais o grupo dos vinte adolescentes perdidos no meio da área florestal da montanha McKinley.

— Vocês piraram? Querem subir a montanha até as cavernas mais perigosas do lugar... Querem morrer? – Katie estava aflita, quase explodindo junto com as cavernas.

— Ao menos vamos morrer fazendo algo interessante. – Jayden tentou tirar vantagens disso.

— Eu não acho isso engraçado, o assunto é sério! – Allison murmurou.

— Não se preocupe, Allie. Vai ficar tudo bem. Eu e Oliver estamos aqui, quando a gente acabar com isso, voltamos para a base, certo? – Chase tocou seu ombro.

Chase não fazia ideia de que Allison estava interessada nele. Ele era meio cabeça-dura com as coisas e nunca se deu bem com mulheres. Em sua vida estudantil havia dado apenas um selinho em uma garota obcecada que não parava de persegui-lo no primário.

— Só assim, eu provo que tenho potencial para algo. Vou provar que eu não sou o nerd que eles acham. – Preston endireitou os óculos, pensando alto.

Preston sempre foi deixado de lado pela turma, era fácil vê-lo explorado pelos marrentos que só queriam que ele fizesse as atividades em troca de proteção, forçá-lo a fazer as coisas a contragosto. Se não fizesse, levava um soco na cara ou teria sua cabeça afogada em uma privada do banheiro da escola.

O grupo seguiu terreno acima, passando por vários obstáculos como: troncos de árvores caídos, tocos, arbustos silvestres repletos de espinhos pontiagudos e buracos feitos pelos furões. Enfim, chegaram ao fim da trilha, onde seus olhos só podiam avistar a erosão da terra e suas consequentes crateras atravessando as rochas úmidas e lisas. Ali eram as entradas das cavernas.

x-x-x

Shane e Jayden permaneciam na frente do comboio, juntos dos outros adolescentes mais fortes. Em sua maioria, os jogadores de futebol. Briana, Preston e Katie vinham no meio. Chase, Allison e Oliver permaneciam atrás.

— Eu não sei o que eles pretendem fazer, mas isso não vai dar muito certo. – Chase murmurou.

— Deixem eles, são quem procuram os precipícios. A gente só está indo, porque quanto mais gente procurando a base, muito melhor. Como somos a minoria, temos que ficar no encalço deles. – Allison parecia entristecida com algo, como o fato de estarem perdidos.

Chase estava preocupado. Se aqueles adolescentes fizessem uma burrada? Todos enfrentariam as consequências. Todos estavam juntos.

Ao chegar próximo às cavernas, Chase sentiu um calafrio que atravessou sua espinha. Ele arrepiou-se e conseguiu avistar uma placa amarela com um nome em tinta preta, por entre algumas folhagens que cobriam a sinalização. A placa dizia: "Cuidado! Área perigosa! Risco de deslizamento de terra. Mantenha distância!".

Foi tudo o que o jovem conseguiu ler. Estava ficando mais desconfortável. Olhou para seu lado direito e conseguiu observar uma enorme colina rochosa coberta por uma camada de vegetação. Algumas chuvas repentinas deixaram o terreno úmido demais, e a lama invadia parcialmente o local. Isso, sem despertar a atenção dos jovens.

O pequeno e imperceptível deslizamento já havia começado.

— Vamos! – Shane anunciou a entrada.

Alguns dos estudantes pararam, estavam amedrontados demais para prosseguirem.

— Eu não entro! – Uma das jovens, baixa e gordinha, cruzou os braços.

— Nem eu! – Outra, de tranças e sardas, recuou.

— Vocês são muito medrosas. – Briana estava quase dentro da caverna, descendo por algumas pedras cheias de lama. Por dentro, sentia-se enojada.

Quando perceberam, todos os jovens já haviam adentrado a caverna. Ela estava quase totalmente escura, dava-se para ver uma fresta de luz atravessar uma fenda feita entre um enorme bloco de rochas e outro.

A luz pouco iluminava o local, recoberto por rochas avermelhadas e de tom marrom. Estalactites faziam parte da estrutura rígida, gotas pingavam nas vestes dos jovens. Uma massa de lama sempre era despejada pelas frestas entre uma parede rochosa e outra, aparentemente tudo estava normal.

Do lado de fora, três operários responsáveis pelas implosões se preparavam para implodir a última caverna, uma caverna afastada da que os jovens estavam, porém, perto o bastante para causar um desastre.

Preparavam as últimas dinamites em seus respectivos locais, para uma implosão mais segura. Foram só alguns segundos e elas estavam programadas. Um “click” e tudo estaria soterrado. Em questão de segundos ouviu-se mais um barulho explosão. A implosão havia se concretizado.

Um piscar de olhos e a fumaça subiu. As rochas deslocaram e se amontoaram em pedras e lama, além de várias folhas secas. Os operários ficaram contentes com o resultado, mas não foi o bastante.

Rachaduras se formaram nas paredes da caverna onde os adolescentes estavam. A implosão havia comprometido sua estrutura, por onde expeliam jatos de areia, enquanto a caverna permanecia sem nenhum sinal do deslizamento.

— Que droga, pisei em algo nojento! – Briana olhou para baixo, tirando sua sandália de uma pasta escura localizada no chão da caverna.

— Acho que foi caca de morcego. – Katie gargalhou.

Chase passava a mão na parede, deixando pós de areia cairem sobre sua jaqueta. Allison estava próxima a ele, com Oliver, que falava algo sobre filmes.

— Eu já assisti um filme muito maneiro, em que um grupo de jovens ficava soterrado, depois que uma caverna caía sobre suas cabeças. – Ele olhou para o teto da caverna, repleto de estalactites.

— Vira essa boca pra lá, garoto! – Allison deu-lhe uma tapa no ombro, um pouco assombrada.

O chão começou a tremer. Chase sentiu outro calafrio penetrar sua espinha. Foi ai saiu de próximo da parede, que desta vez expelia muito mais grãos de areia do que antes.

— Que porra é essa? – Shane olhou para o teto e viu uma torrente de rochas se desprender.

— Está desmoronando! – Um dos jovens gritou, enquanto corria entre os demais.

Rapidamente, Chase tocou a mão de Allison, puxando-a até a saída. Oliver corria atrás deles, desviando de rochas que caíam e se chocavam contra o chão úmido.

O chão continuava tremendo, e os jovens ofegavam com a adrenalina à flor-da-pele. Briana, junta de mais dois jovens, correram em direção à saída. Não foi o bastante, uma chuva de rochas enormes caiu sobre eles, os esmagando. O barulho dos ossos se comprimindo foi inevitável, era algo assustador. O sangue se juntou à terra marrom-alaranjada. As rochas bloquearam a entrada da caverna.

— Que merda! Como iremos sair? – Chase ficou ainda mais preocupado. – Vem! – Deu meia-volta, indo mais fundo na escuridão.

Um pequeno aglomerado de jovens se formou em uma parte da caverna, de lá dava para ver uma inclinação, e também estalactites pontiagudas mais abaixo. Preston corria em posse do seu mini-game, mas o empurra-empurra na passarela de terra acabou deixando-o cair contra as estalactites, estraçalhando o eletrônico.

— Não! Meu mini-game! – Ele abaixou, tentando alcançar seus restos.

No momento em que havia se ajoelhado, os jovens passaram correndo, o empurrando contra as estalactites. O estalo e o baque foram ouvidos, enquanto Chase e os demais passavam pela passarela.

O corpo do nerd havia sido empalado, na altura das costas, por duas estalactites de pontas afiadas que puderam deslocar sua pele e seus ossos, pondo a parte de suas costelas e coluna à mostra. Seus olhos permaneciam arregalados e seus óculos caíram, desaparecendo sobre as bases das rochas que ficavam fixas no chão, em formatos de cones afiados.

Continuaram correndo sobre a passarela.

Allison e Katie levaram a mão à boca, enquanto quase deslizavam sobre as estalactites. Conseguiram ultrapassar a passarela, mas outro barulho ensurdecedor de rochas deslizando fez o chão tremer.

Repentinamente, enquanto poucos jovens corriam na frente, o chão da caverna rachou e se rompeu. Ele cedeu e levou consigo mais três jovens, incluindo Jayden. O negro gritou e caiu de costas no chão, mais embaixo, numa abertura formada pelo rompimento das rochas que se sustentavam no chão da caverna.

O jovem, com a voz entrecortada, pedia ajuda:

— Socorro! – Sua voz falhava, devido a queda.

Seu último grito se deu quando um enorme bloco de rochas desprendeu do teto. Katie foi rápida e desviou para não ser atingida, saltando para trás. Ela caiu sobre os pés de Allison, que ficou horrorizada, ao ver a rocha esmagar a parte superior do corpo de Jayden, deixando somente sua parte inferior intacta.

Ainda dava para ver seus tênis descolados a alguns metros, totalmente lavados pelo sangue escuro, que respingou na parede da cratera.

— Vamos! – Chase puxou novamente a mão de Allison, que correu, seguida de Katie e Oliver.

Passaram por uma estreita faixa de terra mais à frente, rezando para não serem puxados pela avalanche de rochas que acabara de passar por eles. Seguros em outra parte da caverna, conseguiram ver mais alguns jovens correndo, procurando a saída.

Eles ainda gritavam desesperados e neste rebuliço, conseguiram ver Shane, juntamente com outros. O rapaz loiro olhava para cima, procurando alguma fenda que os levasse para fora.

— Vamos morrer aqui! – Katie gritou, aproximando-se de Shane.

— Vocês viram o Jayden? – Shane estava muito aflito.

— Ele está morto. – Allison murmurou.

O chão tremeu novamente, fazendo outro barulho. Várias rachaduras envolveram o local onde eles pisavam. Naquele momento, as rachaduras começaram a se romper. Foi quando o chão cedeu novamente e Katie foi engolida pela cratera escura. Seu grito ecoou em forma de pavor.

Allison tentou olhar para ver se enxergava o fundo, mas nada viu, além da escuridão e de um baque abafado. Há essa hora, Katie estava desmembrada.

Mas não seria o bastante. Depois que os quatro jovens passaram pela cratera, o teto cedeu novamente, tapando o buraco por completo. Todos olharam para trás, mas tudo o que viam era novamente um amontoado de rochas em pedaços.

— Todos estão mortos, droga! – Shane gritou.

— Não há sinal de uma saída! – Constatou Chase, que ainda corria ao lado de Allison.

Allison chorava, entre soluços ela tentava respirar, mas o oxigênio estava falando-lhe e era cada vez mais difícil respirar dentro da caverna.

Tudo permanecia sendo iluminado apenas por uma fenda estreita no alto da caverna, por onde o sol conseguia entrar. Mas não havia nenhum sinal de uma saída que pudesse tirá-los dali.

Shane parou por um segundo, para descansar. Respirava ofegante, realmente o ar estava comprometido lá dentro. Repentinamente, um deslizamento de blocos de rochas enormes atropelou Shane e o comprimiu na parede, até seu corpo estourar. Puderam ser ouvidos os estalos de seus ossos quebrando na parede úmida.

Todos levaram a mão à boca.

— Meu Deus! – Allison gritou. – Vamos! – Desta vez, quem puxou Chase foi ela. Estava decidida, mais do que nunca, a sair da caverna.

Oliver ainda os seguia, sem saber o que falar. Tudo que poderiam fazer agora era correr, nem os gritos de socorro de Oliver eram ouvidos.

Foi quando um barulho ensurdecedor os assustou. Um mar de rochas se chocava contra o piso da caverna, atrás deles. O barulho era apavorante e sufocante. Várias rochas vinham em direção aos jovens. A caverna estava desmoronando totalmente, e seus olhares emanavam um pavor inexplicável. Suas vidas estavam prestes a serem extintas.

Chase correu, deslizando a mão de Allison, que caiu sobre a terra. Oliver parou para ajudá-la, enquanto uma fenda separava o trio. Chase avistou o mar de rochas engolir seus amigos. As pedras desapareciam na fenda aos montes.

Ele estava em estado de choque. Tudo acabar assim... Daquela maneira. Foi quando um estalo estranho o fez ficar mais preocupado, uma lágrima escorreu pelo seu rosto e uma rachadura surgiu debaixo de seu pé. Ele olhou para cima, vendo um enorme bloco de rochas que ainda resistiam ali, se desprender rapidamente do teto, caindo em alta velocidade em direção a ele.

Porém, sua perna estava ferida. Algumas pedras deveriam ter lhe quebrado alguns ossos. Seus olhos se fixaram no ar, as rochas despencavam em sua direção.

Ele respirou fundo.

— Que droga, pisei em algo nojento! – Briana olhou para baixo, tirando sua sandália de uma pasta escura localizada no chão da caverna.

— Acho que foi caca de morcego. – Katie gargalhou.

— O que disse? – Chase estava próximo à parede rochosa, quando avistou os grãos de terra expelidos pelas pequenas rachaduras.

— Você está bem, Chase? Está pálido. – Allison o encarou, confusa.

— Precisamos sair daqui! – Chase gritou.

— O que foi, cara? – Oliver também encarou.

— Essa caverna vai desabar! — Proferiu, abalado.

— Você não sabe o que tá falando, garoto! – Briana pôs a mão na cintura.

— Eu vi! Todo mundo vai morrer, se não sairmos daqui agora! Ela vai desmoronar! – Chase segurou o braço de Allison. – Vamos sair daqui, agora! – Puxou-a.

— Ei, calma Chase! – Allison foi obrigada a segui-lo.

— Chase, espera! – Oliver foi atrás. Ele tentaria arrancar do amigo suas explicações.

— Esse cara é louco, ele deve ter fumado uma erva muito doida! – Jayden gargalhou.

Vendo os três irem em direção à saída, Katie ficou preocupada. Muito supersticiosa, resolveu segui-los. A caverna tremeu, todos sentiram o chão estremecer, as rochas do teto se soltavam aos poucos.

— Vamos sair logo daqui! – Chase correu.

Chase corria rapidamente, seguido de Allison, Oliver e Katie. Preston também correu, deixando seu mini-game cair, o mesmo foi estilhaçado quando uma rocha caiu sobre ele.

As rochas começaram a desprender do teto. Shane e Briana passaram pela entrada da caverna. De repente, os jovens olharam para trás, tendo Jayden como o último estudante a sair de lá com vida.

Rapidamente a caverna se transformou em rochas amontoadas e galhos retorcidos. E do lado de fora, dava-se para ver apenas sangue nos escombros e o que seria um braço totalmente ensanguentado. Por um segundo, um dos dedos estremeceu, parando em seguida.

Todos olharam para Chase. Ele ficou ali de frente à caverna, boquiaberto. Os oito olhava fixos para a nuvem de poeira que subia e desaparecia nas folhagens secas das árvores. Logo a terra estremeceu novamente e puderam ver uma parte da colina deslizar sobre a enorme caverna, deixando-a quase inalcançável.

Os jovens recuaram.

— Espera, como você soube que ia acontecer? – Allison encarou o amigo.

Chase permanecia com uma expressão incompreensível. Não sabia se ele sentia medo ou culpa por não conseguir retirar mais jovens da caverna a tempo de não serem soterrados.

A única pergunta que pairava em sua mente era:

 Eu realmente vi isso acontecer ou será um sonho?

 


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de comentar.
Obrigado por lerem! :)
Até o próximo capítulo.