“Kristen? fudeu” - girei os olhos.

-sim Molly, Kristen - bufei disfarçadamente pra ela não perceber - eu preciso da tua ajuda - ah não, outra entojo não.

-claro querida - fechei os olhos me controlando - o que você precisa? - essa sou eu querendo dar uma machadada em alguém secretamente.

-Georg já te contou da nossa viagem certo? - ela perguntou animada e imaginei a guria saltando feliz da vida.

-sim, e o que tem? - olhei para minhas unhas.

-eu mal tenho roupas - ahum, aposto que a vadia tem um closet cheio de roupa de marca - está afim de vir ás compras comigo amanhã? - respirei fundo, o que eu não faço por aquele cabeludo, hein?.

-claro querida - fingi empolgação - quando? - ela pareceu pensar um pouco.

-amanhã antes do almoço, assim almoçamos juntas e você me conta mais sobre o Georg - riu e neguei com a cabeça cansada - você tem carro? - murmurei um “ahum” - passa aqui em casa então, pois eu não tenho a carteira, sabe como é? Acho que o instrutor não foi com a minha cara - falou com nojo na voz e ri, a guria não sabe pegar um volante a culpa é do coitado do instrutor.

-claro, hum…eu pego o endereço com o Georg, tchau linda, beijo… - desliguei o celular antes dela falar alguma coisa e saí do quarto indo até a cozinha aonde Georg estava.

-o que você ‘tá fazendo aqui? - ele riu bebendo cerveja, minha cerveja

-bebendo - girei os olhos e ele riu - não queria ficar lá enquanto você falava no telefone - assenti rindo e abri a geladeira.

-pois fique sabendo que falava com sua amada - me olhou confuso - é, a Kristen - coloquei a lata de RedBull* em cima da bancada - vamos sair amanhã para fazer compras - fiz uma voz fininha e feliz, ele riu e abri minha lata.

Conversamos mais um pouco e ele foi embora quando Bill ligou pra ele.

*

12ºDia:

*

Acordei e eram 08h da manhã, levantei sem vontade e me arrastei até o banheiro. Tomei um banho e saí para me vestir: peguei umas calças de couro pretas com uma blusa larguinha preta com uma cruz branca no meio, tênis supra brancos que eu amava e uma maquiagem escura para acompanhar a ocasião, peguei uma malinha pequena acinzentada e olhei no relógio, 09h57.

Saí do quarto pegando o endereço da casa dela, que estava em cima da mesa aonde Georg o deixou, saí de casa e ela me ligou quando estava abrindo o carro.

-Molly! - gritou animada, ri.

-oi Kristen - entrei no carro.

-você já está vindo. Não é? Eu já estou pronta - girei os olhos.

-sim, estou saindo de casa. Te vejo em… - olhei o endereço da casa dela, era um pouco afastada e com o trânsito de Domingo não dava ara calcular - mais ou menos 30minutos - ela bufou do outro lado, credo - tchau - desliguei o celular rápido e dei partida com o carro.

O único shopping aberto no dia de Domingo era do outro lado de Berlim, íamos demorar uma eternidade só pra essa criatura comprar uma pouco de pano rosa.

Cheguei na casa dela 35minutos depois, buzinei na frente da mansão e lhe mandei uma mensagem.

“desce, já cheguei”

Eu nem passei pelos portões, fiquei longe da mansão gigantesca. Não demorou muito e ela apareceu nos portões cansada.

-devia ter entrado, assim eu não andava até aqui - fez um bico enorme e girei os olhos. Bateu a porta do carro e me olhou de cima a baixo - segui teus conselhos - ergui uma sobrancelha.

-que conselhos? - ela sorriu mexendo no cabelo.

-olha - passou a mão sobre o corpo, ela usava uma blusa clara larga com duas cruzes em preto uma calça jeans preta de cintura subida/alta e uns sapatos de salto alto pretos assim como a mala - o Georg disse que gostava do seu estilo de roupa - sorri - então resolvi tentar ele em mim, mas não uso tênis nem que me paguem - girei os olhos.

-vamos, o shopping é longe - assentiu sorrindo e saí dali. Ela falava em um alemão rápido e coisas sem nexo, falava sobre o pequeno cachorro que tinha em casa e sobre a mãe, disse que o pai mal estava em casa, mas que sempre lhe dava dinheiro para compras. Ela tem uma vida miserável, tenho certeza que o pai nunca aparece e a mãe tem mais olhos para os cartões de créditos ou os vasos da sala de jantar do que a própria filha.

Depois de quase uma hora no maldito trânsito chegamos no shopping. Ela era quem comprava tudo, como é óbvio, acho que ela não olhava os preços das coisas, pois na sacola havia uma blusa de 300euros. Pois é, outra: haviam dois homens com a gente e eu não fazia a mínima de onde eles saíram, só sabia que carregavam sacolas.

-o que você acha desse? - ergueu um vestido no ar e respirei fundo.

-é bonito - olhou torcendo o nariz para o vestido e levou, como óbvio. Paramos para comer e depois fomos para a casa dela, contra o meu gosto. Aquilo parecia mais um palacete do que uma casa, subimos para o quarto dela e aquilo devia ser do tamanho da minha cama. Os homens colocaram as 300 sacolas em cima da cama e saíram, ela fechou a porta e tirou os saltos altos sorrindo.

-gostou do meu quarto?- olhei á volta, se você imaginou um quarto luxuoso com cores claras e uma cama de casal com lençóis branquinhos você pensou errado. O quarto era tão rosa que me deixava tonta, parecia a terra da barbie e para completar tinha um pôster gigante da Polly na parede, aí não é Barbie não, é Polly mesmo.

-você gosta da…Polly? - ela sorriu satisfeita para a boneca na parede.

-eu gosto, porque você acha muito infantil? - neguei rápido.

-claro que não ela é…linda e…loira e… - apontava para a foto - sim, muito legal - ela sorriu e começou a abrir as sacolas.

”espera só o cabeludo lá saber que a menina gosta da Polly Pocket” - ri.

-o que foi? - neguei.

-nada não - passei o resto da tarde ali e só saí na hora do jantar, com muito custo e pedidos para ficar e jantar também.

Estacionei o carro em frente ao meu prédio e suspirei, eu precisava descansar mas, ainda preciso fazer as malas. Saí do carro com uma sacola e nela estava um par de tênis que eu achei lindos e Kristen fez questão de me dar. Estava atravessando a rua quando alguém me agarrou por trás e levei um susto.

-socorro! - a rua estava deserta, a pessoa tapou minha boca rindo e me virou, era Gheorge. Ele destapou minha boca rindo e dei um tapa no peito dele - ‘tá doido, eu pensei que você era um psicopata qualquer - ele riu mais ainda e fomos para a calçada.

-desculpa - me deu um selinho rápido. É, a gente não era namorados mas tinha uma intimidade que era uma beleza - não queria te assustar - assenti com cara de brava - desculpa - me deu outros selinhos - me desculpa agora? - assenti sorrindo.

-vamos entrar, eu preciso conversar com você - subimos para meu apartamento e fomos para meu quarto, tirei os tênis e fui para a sala com ele.

-o que aconteceu? - nos sentamos no sofá e respirei fundo, eu estava cansada.

-eu vou de viagem - mordeu o lábio inferior, droga! - eu sei que…sei lá eu devia ter dito antes, mas só fiquei sabendo ontem - assentiu e beijou minha bochecha.

-tudo bem, linda - sorriu e fiz o mesmo - só se você prometer que vai voltar pra mim - semicerrei os olhos rindo.

-bobo - ele negou me dando um selinho.

-você não entendeu - ergui uma sobrancelha e ele riu - você vai, como é óbvio, mas tem que voltar sendo minha e ir também se for possível - eu continuei não percebendo ou querendo perceber”ele ‘tá te pedindo em namoro anta” - então?

Milhões de coisas passaram na minha cabeça, uma delas foi o pedido de namoro do Georg e o de casamento, me lembrei que de todas as maneiras ele já não era meu, mas queria aproveitar o tempo que me restava com ele aqui.

-eu… - sorri pensando na melhor forma de dizer aquilo…