Acordei de manhã com o barulho da chuva na janela e da minha coruja lá embaixo. Eu sabia que era a minha coruja, pois eu a amava mais que tudo e tinha comprado quando era um filhote e lhe ensinado tudo.

Levantei-me e coloquei meu cardigã mais velhinho. Tinha dormido com uma camiseta e uma bermudinha antes dos meus joelhos. Meu cardigã era cinza clarinho, até os joelhos e eu o amava. Coloquei o sutiã sem tirar a camiseta e desci bem devagar as escadas, arrastando meus pés. Cheguei na cozinha e vi minha linda coruja albina ali.

-O que foi, Lua? – sim, o nome da minha coruja era Lua. Porque ela era branquinha como a lua cheia em algumas noites – Cartas para mim? Bianca lhe mandou, provavelmente. Que bom!

Fui até ela, peguei as cartas e olhei para o relógio: 6h da manhã. Quem acorda às 6h de uma manhã de férias?

Fiz um chocolate quente, me sentei numa poltrona da sala e abri a carta. Tinha uma foto da Bianca me mostrando a língua, típico.

“Gostosa, como está?

Eu vou viajar amanhã, e minha mãe disse que um dos lugares é Paris, mon amour! Aliás, vou te trazer um presente de lá, ok?

Eu vi o que o Sirius fez na plataforma, respondendo a sua carta, mas não sabia que estava na casa dos Potter! Quem diria, Lils? Você na casa que James Potter cresceu. Por favor, tenha juízo e use camisinha.

Vamos nos encontrar umas duas semanas antes do fim das férias? Podemos comprar o material juntas e etc. Aaah, não se esqueça de me mandar uma foto do seu quarto novo!

Cada cidade que eu passar, te mando uma carta. Mas não se esqueça de mandar algumas também, besta! Gosto da Lua, hehe. Te amo, se cuida aí sem mim!

Aproveita bem, se é que me entende.

Assinado: Bia

Xoxo”

Bianca não existe. Ela simplesmente não existe. Dei algumas risadas lendo a carta e resolvi escrever mais tarde, quando tivesse algo mais pra contar além do quarto. Daqui a uma semana, talvez. Ela iria me matar, mas sim.

Fiquei ali, sentada e bebendo chocolate quente. Levantei-me e fui até a cozinha. Lavei o que tinha sujado e, pra tentar agradar a Sra.Potter, fiz alguns cookies. Aliás, eu fiz  o café inteiro!

Fiz café, chá, torradas e os cookies. Pus a mesa e estava tudo cheirando muito bem. Mas sou muito devagar na cozinha, então já eram 8h quando eu terminei. A primeira a descer foi ela.

-Bom dia, querida! – era uma fofa. Já estava arrumada. Os cabelos negros bem penteados e presos num rabo de cavalo. Estava de camiseta e calça, com um cardigã também. Ela era uma mulher linda.

-Bom dia, Sra.Potter!

-Fez o café? Não precisava, Lilly... – eu a tinha dito pra me chamar assim – Huum, mas o cheiro está delicioso. Que tal acordarmos os homens dessa casa pra tomar café conosco?

-Claro, vamos sim.

-Okay. Você acorda os meninos, que tal? Eu vou acordar meu marido.

Eu subi, guardei a carta da Bia no meu criado e fui até o quarto dos meninos. Lembrei-me de James de cueca e bati três vezes na porta.

-Meninos, o café está na mesa. – falei pelo lado de fora da porta.

James a abriu. E sim, ele estava de calça e camiseta.

-Huum, que cheirinho bom! – ele me deu um beijo na bochecha – Bom dia, Lílian. Lindinha, viu? – e sorriu enquanto descia.

-Foguetinha! – Sirius gritou. Ele veio até mim correndo. Estava só de calça de moletom, sem camisa. Ok, desde quando tenho um amigo tão gostoso?

-Cabeludinho! – baguncei o cabelo dele e ele me pegou no colo – Que isso, Sirius?

-Vou te levar assim até a cozinha! – ele riu alto. Nossa, isso era tão melhor que a minha casa!

Eu ri e nós chegamos na cozinha onde ele me deixou no chão.

-Nossa, mãe! Que delícia. – James disse

-Não fui eu, James. Foi a Lilly! – ela disse sorrindo e olhando pra mim.

Ele ficou com uma cara de espantado e olhou pra mim.

-Se superando e me surpreendendo, Lílian... – ele riu e eu também. Sentamos-nos e tomamos um café delicioso. Eu insisti em ajudar com a louça, mas a Sra.Potter encantou tudo e deixou ali lavando.

Os pais de James eram bem jovens, isso era muito legal. Nós fomos aos quartos, eu arrumei o meu e tirei a foto para a Bia. Alimentei a Lua e fui até o jardim cuidar da minha vassoura. Eu amava voar, portanto minha vassoura sempre estava gasta. Graças a Merlim tinha um estojo para consertá-la e repará-la. Parecia outra.

-Você daria uma ótima jogadora de quadribol – ouvi James atrás de mim.

-Você continua com essa mania de surgir do nada e atrapalhar meus pensamentos – eu me virei.

-Sabe, acho que batedora – ele me ignorou e veio caminhando e pegou sua vassoura, que estava encostada na parede externa da casa.

-Ei, que tal uma corrida? – o olho dele brilhou. Como bom Maroto, eu sabia que o James não resistia a uma competição. Só uma coisa o deixaria mais tentado...

-E quem perder? – ...uma aposta.

-Hm... – eu me levantei e peguei minha vassoura. Mas sem joguinhos com ele – Quem perder...

-A gente podia apostar assim: se você perder, tem que me beijar.

-E se eu ganhar?

-Eu te beijar não vale, né?

-Não!

-Se você ganhar, eu não faço mais isso com você.

-Isso o que? – ele se aproximou com aquele sorriso, colou o corpo no meu e sussurrou no meu ouvido.

-Isso.

-Feito – eu sussurrei de volta

Eu me distanciei, peguei meu estojo de reparo da vassoura e entrei na casa falando.

-Corrida às 18h, Potter. Dou tempo pra você se preparar. A gente vai até a igreja trouxa do bairro vizinho e volta. Sirius é juiz.

Eu entrei e fui direto pro quarto dele. Chamei Sirius pro meu quarto e contei tudo. Ele ria muito, mas gostou da ideia de ser juiz.

-Fogueta?

-Que?

-Acho que você só perde nessa aposta.

-Ah, claro! E eu amo o James sussurrando no meu ouvido, né?

-É!

-Sirius! – eu joguei um travesseiro nele.

-Você gosta, Lilly! Admite logo!

-Eu não gosto do Potter, Sirius!

-Tá bom, não tá mais aqui quem falou...

Fomos interrompidos pela Sra.Potter gritando que o almoço estava pronto. Descemos e comemos. Os pais dele não sabiam sobre a aposta, claro. E ele estava bem nervoso.

-Com medo, Potter? – eu disse depois do almoço, baixo pra que só ele pudesse ouvir.

-Nunca.

--

18h

Os pais de James tinham saído para comprar algumas coisas da casa. Eu estava na minha vassoura e James na dele. Sirius estava no ato já, ele não iria voar, mas ficaria nos observando.

-JÁ! – ele gritou e eu disparei. Potter veio atrás, mas logo estava chegando mais perto. Claro, o melhor apanhador da escola!

-HAHA, VAI PERDER, LÍLIAN! – ele gritou enquanto disparava na minha frente.

Eu dei um impulso muito forte e voei na frente dele. Cheguei até a igreja antes e voltei mais rápido. Passei por ele, mas logo que olhei pra trás vi que já estava voltando da igreja. Apertei e continuei.

Cheguei antes e Sirius gritou “LILLY!”.

James chegou emburrado e com uma cara amarrada.

-Chupa, Potter! Ganhei! – eu gritava e pulava

-Okay, Lílian!

-Agora sem mais aquela putaria! Uhuuuu! – eu subi na vassoura e dei umas piruetas no ar.

Desci da vassoura, cheguei perto dele.

-Nunca mais, Potter. – eu sorria daquele jeito.

-Uma última vez? – que cara é essa que ele fez? Meu Deus, parece um filhote. Ah, caralho! Eu assenti. Ele colou o corpo no meu como nunca, cada centímetro estava no corpo dele; chegou perto do meu ouvido e eu sentia seus batimentos e a respiração.

-Sabe, Lilly – droga, ele estava me arrepiando toda. E me chamando de Lilly, ai senhor – Eu sei que você vai sentir falta. Tudo bem. Continuo aqui. Qualquer hora, qualquer lugar.

Aí, eu enlouqueci. Aquela voz rouca e grossa do James no meu ouvido, o corpo dele no meu. Eu não resisti.

Eu beijei James Potter.