Voz escrita por Nata_haruno


Capítulo 3
Terceira Parte




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Mesmo depois de tanto tempo eu ainda estava nesse maldito sonho, parecia que toda noite eu era teletransportado para outra dimensão, arrastado sem escolha pra uma realidade fantasiosa da minha mente. Eu percorria um caminha sem volta, apesar de que para mim não existia um lugar certo pra voltar. Qualquer lugar servia pra mim, apesar de que nenhum desses lugares eu poderia chamar de casa.


A minha casa não existia mais. Eu estava só nesse imenso mundo, envolto por um mundo egoísta e podre. Um mundo que me transformou em algo igual a ele.



Você nunca esteve sozinho Sasuke-kun


O que você sabe sobre mim Sakura? O que você sabe sobre meus sentimentos, medos e principalmente, o que você sabe sobre solidão? Você sempre teve tudo que eu quis. Teve pais amorosos, uma família completa, sem desfalques, você não teve que descobrir tudo sozinha. Eu não tive ninguém pra me levantar quando eu cai. Ao contrário de você.



Eu não sei sobre solidão? Eu sou você Sasuke-kun.

A parte de você que deseja respostas. Você está cansado, você mesmo admitiu isso.



Eu estou cansado de você. Da sua presença indesejada. Vá embora e me deixe aproveitar meus últimos dias em paz.



Não. Você não está cansado de mim. É muito o contrário disso. E sobre paz...

Não conseguirá ter paz até que me responda o porquê de eu está aqui?



Eu não sei. Para me atormentar talvez. Fazer da minha vida um inferno. Ou talvez ser meu purgatório particular. Eu não sei. A única coisa que sei é que não quero você aqui, na minha mente. Quando vai entender que você é uma intrusa no meu mundo?



Você poderia ter escolhido qualquer coisa, mas não, você escolheu a mim para está aqui.

Eu quero saber por quê. Por que você insiste em me ter por perto?


Eu... Eu não quero você perto de mim. Você é apenas uma irritante idiota, apenas isso. Nada mais que isso.


E eu não escolhi você, até por que se eu pudesse escolher você não estaria aqui. Ninguém estria aqui. Gosto da minha solidão.



Estou aqui para aliviar seu cansaço. Tirar esse peso das suas costas e fazer você encontrar as resposta que tanto procura e assim poder se libertar de toda essa dor.



Resposta que eu procuro? Do que você está falando agora? Eu não procuro resposta nenhuma, não estou sentido nenhum dor. A única coisa que me irrita e me faz ter essa agonia no peito é você. Você é que está brincando comigo. Está criando esse labirinto de sentimentos dentro de mim.


É por causa de sua presença que sinto meu coração palpitar e meu corpo ficar sem forças. Sua maldita voz faz meu copo se arrepiar, penetra minha alma de uma forma que não consigo me proteger. Acaba com minhas defesas. Eu não sei me proteger de você e é por isso que quero você longe de mim.


Afaste esse corpo morto e pálido de mim, pare de falar com essa voz gélida e vaga. Tire essa sensação de perda de mim, afaste esse sentimento de culpa e de remorso.


O vento frio me atingiu. Parecia uma fala muda, um jeito de se comunicar com meu corpo errante. Não aguentei e cai no chão. Juntei minhas pernas contra meu tórax, coloquei minha cabeça contra as mesmas e joguei minhas mãos aos ouvidos.


O que estava acontecendo comigo? Que respostas eram essa que ela dizia? E que peso é esse que sinto agora? Que dor é essa no peito?


Por que estou chorando?



Por que sou tão importante para você? Tão importante a ponto de você precisar de mim para vê o que sente?



O que sinto...?


Meu corpo foi puxado violentamente e jogado no chão. Abri meus olhos e estava na cela, olhei raivosamente para o homem que estava na minha frente e que muito provavelmente tinha me empurrado.


–Levanta Uchiha. Seu dia chegou. – Com uma felicidade não contida ele me avisou que o dia da minha morte havia chagado e por mais que eu soubesse que era hoje e tivesse tido tempo de me preparar, eu não pude evitar. Estava com medo.


Aquele vento novamente atingiu meu corpo.



O tempo está acabando Sasuke-kun...



Mais uma vez tive a prova que todas aquelas sensações e aquela voz eram da minha imaginação. Aquele homem se manteve intacto ao vento gélido, sua pele não se arrepiou como a minha e aquela voz não causou o mesmo impacto que causou em mim.


Aquele ser imprestável que era aquele ninja de Konoha jogou seu pé contra meu estomago com força suficiente para provocar um quase vomito. Apesar de isso ter me irritado eu não fiz nada. Levantei e grande foi minha surpresa ao ver Naruto encostado na porta da cela com o olhar fixo em mim.


Eu nunca tinha visto um olha assim no rosto dele. Ele me odiava, eu sabia. Ele estava se contendo para não me bater com toda força, isso eu também eu sabia. O que aquele ódio causou em mim foi horrível, e bem, isso eu não sabia.


–Naruto...– minha voz se perdeu no ar. Observei seu punho fechado e as veias do local se sobressaírem na pele. Não sei por qual motivo ele está se segurando, mas caso ele avançasse e me batesse eu não revidaria. Aquela dor no olhar dele ardia minha pele. Eram chamas lançadas sem piedade ao inimigo. É, parece que depois de tudo eu consegui ter o ódio dele.


Então por que estou vacilando? Por que estou arrependido? Será ela que esta fazendo isso comigo? Aquela maldita voz estava mexendo com meus sentimentos ao ponto de me fazer isso?


–Traga-o. – a voz fria do cara que era sempre alegre preencheu aquele ambiente úmido e escuro. O ninja idiota que me empurrou colocou algemas nos meus braços. Pobres idiotas! Realmente achavam que elas podiam me deter? Se pensam assim são muito ingênuos. Mesmo com os selos e no cansaço físico e mental em que me encontro eu seria capaz de vencer, com exceção de Naruto. Criou que essa sim seja o verdadeiro guarda da minha excursão a morte.


Caminhamos por alguns corredores escuros, geralmente em silêncio, só tínhamos o som de alguns presos que quando me viam gritavam ou faziam algum murmúrio com outro preso.


–Sabe o que mais me irrita? É não poder fazer nada agora. –ele por alguma razão rompeu o silêncio. – Nunca pensei que isso fosse terminar assim. Apesar de tudo eu achava que tudo ia dá certo.


–Pode me bater agora se quiser. Na verdade pode me matar. No momento não tenho condições de te vencer.


–Não posso. – confesso que aquilo me surpreendeu. Virei meu rosto rapidamente para ele o olhando curioso. – Não faço isso por Konoha ou por você. Faço por ela. – ela...Sakura. Algo pareceu palpitar no momento. Mencionar ela na vida real era tão...doloroso. – Sabe o que ela me disse na nossa última conversa? – um silêncio se fez presente no local. Ele queria minha resposta? Era óbvio que eu não sabia.


–Não.


–Ela disse que te amava e nunca ia desistir de você.


Diferente de todas as sensações que já sentir naquele dia, meu corpo aqueceu. Meu coração cansado bateu mais forte, mas dessa vez de alegria. Aquela sensação de exaltação emergiu do meu ser, eu estava feliz; feliz por ela me amar.


Eu não sabia o porquê, mas estava com um sorriso no rosto e um olhar perdido como se estivesse imaginando que tudo poderia dar certo agora.


Só que tudo se desmoronou quando o choque de realidade me atingiu. Nunca poderia dar certo, ela estava morta.


E um rosto alegre se transformou em um rosto de tristeza e amargura. No caso, o meu rosto.



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