Capítulo 2:

Hermes nos teletransportou para a colina meio sangue. Ele nos acompanhou até a Casa Grande. Dionísio já estava sentado, jogando cartas com o Quíron. Ele olhou para nós e resmungou algo como “Ficariam melhor como lombrigas”. Revirei os olhos.

–Olá Quíron. – Disse Hermes – Trouxe duas novas semideusas. Mas eu tenho que ir agora. Não vou poder acompanhá-las.

Quíron acentiu. Hermes desapareceu em uma nuvem de fumaça. Quíron largou as cartas na mesa, levantou-se, aparecendo em sua forma de centauro. Ele veio até nós e começou a falar:

–O Sr D já me deixou a par de toda a situação. Então temos novas campistas no chalé de Poseidon e no de Atena.

–Isso mesmo. – Falei.

–Quais são seus nomes?

–Sou Marcela, filha de Atena.

–E eu sou Maria Luísa, filha de Poseidon. Mas pode me chamar de Malu.

–Muito bem. – Disse ele. – Vou arranjar alguns campistas para mostrar o acampamento a vocês.

Ele nos guiou até duas pessoas que nos esperavam. Uma, era uma garota alta, loira, com olhos cinza. Ela vestia uma calça jeans e uma camisa laranja do acampamento. Com certeza era Annabeth. O outro era um garoto, de uns dezesseis anos. Tinha cabelos escuros, como os meus; olhos verdes. Era o Percy.

–Bom. Esses são... – Começou Quíron.

–Nossos meios-irmãos. – Falei.

–Percy Jackson e Annabeth Chase. – Completou Marcela.

Eles nos encararam surpresos. Talvez imaginando como nós soubéssemos disso, ou pelo fato de que eu disse que éramos meios-irmãos.

–Sou Marcela, filha de Atena. E esta é Malu, filha de Poseidon. – Marcela estava calma depois de ter se cansado tanto no nosso ataque no Olimpo.

–Posso me atacar agora? – Perguntei a ela.

–Vamos assustá-los assim. – Ela me alertou.

–Nós assustamos os deuses. – Falei rindo.

Ela me olhou como se me dissesse para não fazer isso.

–Tá bem. – Resmunguei.

–Como assim assustaram os deuses? – Perguntou Percy.

Eu fui até ele e dei um tapa. Não ficou marcado. Ainda bem, porque acho que a Annabeth não ia gostar muito disso.

–Por que você fez isso? – Perguntou ele, quase gritando.

–1º Você é meu irmão. Nunca tive um irmão para bater. 2º Você demorou muito para se declarar para a Annabeth. Ela teve que te esperar muito. 3º Você foi um lerdo quando disse que Apolo é quente porque é o deus do sol. 4º A Marcela não me deixou ter um ataque por conhecer vocês, então tenho que expressar minha felicidade de alguma forma.

–Batendo em mim? – Perguntou ele descrente.

–Ah e você é tão lerdo que só ouviu a última justificativa. – Completei.

Annabeth estava rindo a essa altura. A Marcela também. O Percy ainda esfregava a área do seu braço na qual eu havia batido. Ah, qual é? Eu nem tinha batido forte, nem tenho força para fazer alguém sentir dor. A menos que a maldição de Aquiles o deixe mais frágil, vai saber.

–Vamos conhecer o acampamento? – Perguntou Annabeth.

–Claro. – Disse Marcela.

Nós os seguimos e fomos para o nosso tour pelo acampamento. Vimos os campos de morangos, a rede de vôlei, o pavilhão, o arsenal, a forja, a parede de escalada, os chalés. Enfim. Conhecemos todo o acampamento e por último, fomos para a gruta onde a Rachel morava na sua época de férias da Academia de moças que o chato do pai dela a havia matriculado.

Aproximamos-nos e eu comecei a ter outro ataque: fiquei pulando que nem uma louca. E a Marcela me acompanhou. Percy e a Annie ficaram olhando para nós. Rachel chegou junto de nós e antes que ela perguntasse o que estava acontecendo, dei um tapa na cara dela.

–Você comemora com tapas? – Perguntou Percy.

–Rachel, não é nada pessoal. – Falei enquanto a Marcela dava um abraço no oráculo. – É que você quase roubou o Percy da Annie. Mas tirando isso, eu gosto muito de você.

Dizendo isso corri e a abracei. É. Eu sou bipolar. Não ficou marcado. Acho que o Percy exagerou porque eu não tenho força. Eu a larguei e ela disse que tudo bem. Já sabia os meus motivos. Coisa de oráculo.

–Esqueceu-se de dizer que você tem ciúmes do Apolo. – Disse a Marcela.

–E você cora com uma cantada barata do deus que mais tem filhos nesse acampamento. – Falei.

–O Apolo tem mais filhos. – Disse ela.

–Não. É o Hermes. – Provoquei-a – Ele viaja mais. Conhece mais pessoas. Consequentemente mais mulheres. Consequentemente tem mais filhos.

–CONSEQUENTEMENTE O APOLO É O MAIS TARADO!

–CONSEQUENTEMENTE O HERMES JÁ NO PRIMEIRO DIA QUE NOS VIU, SOLTOU UMA CANTADA DE CAMINHÃO!

–CONSEQUENTEMENTE O APOLO NÃO TIROU OS OLHOS DE VOCÊ!

–-CONSEQUENTEMENTE! – Gritei antes de me dar conta de uma coisa. – Eles estão vendo a gente brigar.

–CONSEQUENTEMENTE... Você tá certa. – Disse ela.

Dei um tapa na cara dela e ela deu um na minha.

–Estamos quites. – Falei.

–É. – Concordou.

Percy, Annie, Rachel e mais alguns campistas que estavam passando, pararam o que estavam fazendo e ficaram nos encarando. Vi que eram filhos de Dionísio e de Ares. Eu não gosto deles (com exceção da Clarisse). Então virei-me para eles e gritei:

–VOCÊS NUNCA VIRAM DUAS AMIGAS BRIGAREM NÃO? CIRCULANDO! CIRCULANDO!

Eles me olharam como se eu fosse louca.

–NÃO OUVIRAM NÃO? – Essa foi a Marcela – CIRCULANDO! NÃO TEM NADA PARA VER AQUI! O SHOW ACABOU!

Ela deve ter se estressado muito, porque os campistas saíram correndo. Percy, Annie e Rachel ficaram nos encarando. Como se fôssemos o que somos de verdade. Loucas.

–Percy você pode me levar até o chalé? – Pedi – Quero guardar as minhas coisas. E também preciso de um copo d’água.

–Idem. – Disse Marcela.

Segui Percy até o chalé de Poseidon. Alguns dos campistas que tinham presenciado a pequena discussão minha e da Marcela me encaram ao entrar no chalé. A Marcela foi com a Annie para o chalé de Atena. Coloquei minha mochila em cima da cama e bebi o copo d’água que o Percy me trouxera.

–Onde arranjo uma camisa do acampamento? – Perguntei.

–Pode pedir aos Stoll. – Falou o Percy dando de ombros.

Pensei por um instante. Queria saber quem conhecer primeiro.

–O Grover está no acampamento?

–Não. Está recrutando alguns meios-sangues. Da última vez que tive notícias, ele estava pelo lado da Flórida.

–Bode de sorte. – Falei e o Percy concordou.

–Então deseja mais alguma coisa vossa majestade? – Perguntou Percy, fazendo uma mesura de brincadeira.

–Gostei do vossa majestade. – Disse – Ei! Você pode ser o meu vassalo!

–Nunca! – Protestou ele.

–Ok. Depois eu vou conhecer a Sra. O’Leary. Vou passear com a Marcela, aproveito e deixo o acampamento de cabeça para baixo enquanto você arranja uma camisa para mim.

–Por que eu iria fazer isso? – Protestou ele.

–Porque eu sou sua irmãzinha mais nova e querida. – Falei usando vozinha de criança – E porque o papai vai te deixar de castigo se não fizer.

–Quem disse isso?

–Eu disse. – Voltei a usar a minha voz normal. – Xau Percy. Não se esqueça da camisa.

Sai do chalé e fui atrás da Marcela. Ela estava no chalé de Atena. Discutiam sobre qual cidade grega tinha melhor arquitetura. Sentei-me ao lado da Annie e falei:

–Eu gosto da arquitetura de Atenas. – Elas me encararam de uma forma estranha. Com exceção da Marcela.

–O que foi? – Perguntei.

–É que você é filha de Poseidon. Eles são lerdos e não gostam de Atena. – Disse um garoto.

–1º eu não sou lerda. 2º Atena é uma das minhas deusas preferidas. 3º Já ouviu falar que existe uma linha tênue entre o ódio e o amor?

–O que quer dizer? – Perguntou ele.

–Quero dizer – Falei atraindo a atenção de todos que estavam no chalé – que Atena e Poseidon vão ficar juntos. Quero uma nova madrasta.

Se você pensava que filhos de Atena nunca se surpreendiam, se enganou. Todos ficaram de boca escancarada até uma garota ao lado da Annie dizer descrente:

–Você quer juntá-los? E quem seria louca o bastante para te ajudar?

–Eu não preciso fazer nada. Mas a Afrodite pode fazer este favorzinho para mim, isto é se eles precisam mesmo de algum empurrãozinho. – Continuei depois de ver a cara deles - Ah, qual é? Se a Annie pode aguentar o Percy, nada impede de que o meu casal preferido se junte!

Puxei a Marcela. Saímos do chalé de Atena rindo das caras que aqueles campistas haviam feito.

–Vamos enlouquecer mais alguns campistas? – Perguntou Marcela.

–Claro! – Falei. Fomos saltitando para o chalé de Ares.