Aurora Azul escrita por Dauntless


Capítulo 30
Capítulo 29 - O primeiro lado da moeda


Notas iniciais do capítulo

O próximo livro que vou indicar se chama Divergente.
É um livro distópico, e o filme baseado no livro estréia em março nos EUA e em abril aqui no BR. Vale muito apena ler e ver o filme!



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Eu senti o mundo ao meu redor parar.

Os paramédicos largaram uma maca ao seu lado e imobilizavam-o com o maior cuidado possível.

–Vocês não podem ficar aqui - um policial interferiu o meu caminho mas o ignorei como todos ali.

O sangue escorria de seu tórax em um fluido vermelho escuro, que não parava de pulsar para fora. Os paramédicos estancaram a abertura com algo que eu não conseguia distinguir o que era. Me senti zonza por um momento e Will me contornou com os seus braços, rígidos como pedra. Seu punho estava tão cerrado que a qualquer momento podia atingir alguém. Estava tão frustrado quanto eu. Os paramédicos ajeitaram uma máscara de oxigênio em cima de seu rosto e seu corpo reagiu com um lento movimento de respiração. Ele não estava morto.

Naquele momento, eu não podia fazer nada a não ser esperar pelo trabalho dos paramédicos. Me sentia impotente por não poder fazer nada além de olhar. Mas havia algo de errado, uma peça do tabuleiro que estava fora de seu lugar.

–Aonde está Tereza? - perguntei e mais um frio na barriga, se alojou no meu estômago me fazendo estremecer. Eu estava pensando no pior e não descartava a ideia de que ela também estava ferida, ou pior.

–Preciso checar as câmeras de segurança e descobrir o que diabos aconteceu aqui, mas não quero deixá-la sozinha.

–Vá. - Insisti, séria.

–É muito arriscado. - seu tom era de aflição. Will tentava ficar calmo para me acalmar também. De repente, ele tirou um celular do bolso e o ergueu até o ouvido, mandando quem quer que fosse do outro lado da linha, que verificasse as câmeras de segurança. - Cheque os circuitos internos e externos, quero que verifique a vigilância de outros prédios e da avenida, tente descobrir algum carro suspeito ou van. Ligue se conseguir alguma coisa.

Ouvi um sussurro que acabou comigo mais uma vez.

''Ele não está resistindo, a respiração voltou a ficar fraca, se não chegarmos no hospital a tempo...''

–Eu não posso sair de perto dele... eu... tenho que ir com ele pro hospital. - minha voz falhou e encarei Will.

–Danna, eu não posso te deixar, sabendo que dois homens psicopatas estão planejando a sua morte. - sua voz era firme e ele abriu os olhos a fim de me fazer compreender.

–Eu quero que você vá, não confio em mais ninguém para resolver isso, por favor, vá antes que seja tarde demais.

Will balançou a cabeça e tentou hesitar, mas afaguei o seu braço sabendo que talvez ele concordasse comigo. Agora eu soava mais firme, não porque eu queria bancar a corajosa, mas tinha que demonstrar segurança num momento como esses, antes de agir sem pensar. As coisas estavam bastante delicadas, ainda mais agora.

Ele finalmente balançou a cabeça e plantou um beijo nos meus lábios antes de sair.

–Me liga assim que souber de alguma coisa.

–Está com o seu celular?

Então percebi que meu celular estava num mundo onde os celulares costumam a se esconder, quando o largamos em algum lugar. Não importa se ele estiver no nosso nariz, nunca o encontramos a não ser que, outra pessoa nos diga onde está. Porém no meu caso, ele estava – perdidamente - perdido.

–Droga - grunhi

Will entregou o seu para mim, e o guardei no bolso do short.

–Vou ligar. Tome cuidado está bem? - ele me olhou profundamente. Olhos castanhos com os verdes. Daria uma bela cor se misturássemos.

Assenti e ele se apressou pela porta. Eric finalmente estava em cima da maca e o segui junto com os paramédicos para fora. Com tantos movimentos, eu não conseguia chegar perto dele, apenas quando foi posto na ambulância que, precisei mentir para o policial. A menos que eu seja parente, eu não poderia subir para dentro. Me sentei ao seu lado e logo o motorista deu partida. Alguns paramédicos que estavam na ambulância, estabilizavam a sua respiração, alterando cada vez mais a máquina respiratória. Peguei na sua mão cheia de sangue e notei alguns hematomas nos punhos.

Alguém tentara alguma coisa e Eric dera um soco na pessoa. Mas não foi o suficiente. Tudo isso era culpa minha. Em menos de vinte quatro horas, duas coisas ruins aconteceram. Em menos de vinte e quatro horas! Aquilo era surpreendente e pude perceber que aqueles filhos da mãe não estavam para brincadeiras. Logo, entrarei para a partida com as mesmas cartas na manga.

Eu estava totalmente arrependida pelo o que eu fiz. E o pior é que eu sabia que os colocaria em risco, como eu fui tão idiota? Eric estava na minha frente lutando pela vida, e por minha causa! Me odiei por aquilo e me odiei ainda mais por ter sido tão egoísta. Eu praticamente tracei o destino deles depois de revelar que Danna Walker estava viva, e uma lágrima quase caiu dos meus olhos. Quase.

–Fique forte, por favor.- acariciei a sua pele fria. - Eu sinto muito.

Eric estava com alguns arranhões na lateral do rosto e seu lábio inferior estava cortado. Aquela parte estava tão danificada, que eu conseguia ver a sua carne rosa banhada por sangue. Já a sua testa, estava roxa por causa de um hematoma e seus olhos pareciam cansados e grudados com cola. Seus braços tinham ferimentos leves com hematomas pretos e quando movi os olhos mais para o lado, notei seu dedo mindinho sem o pedaço de unha. Contorci o rosto com a visão e senti a sua dor ao ter aquela unha retirada.

De fato, não havia mentido para o policial. Eric era a minha família e eu era a dele. Mas aquele simples pensamento me fez perceber que famílias não abandonavam uma ás outras. Famílias eram unidas e passavam por situações ruins juntas. Mas ao mesmo tempo, famílias faziam sacrifícios para proteger seus membros. Eu havia feito o meu sacrifício, mas quebrei-o e percebi realmente o quão egoísta eu sou. Minha vontade era de me tacar contra uma parede, até ela se quebrar.

Eu sabia que a partir de agora, iria proteger a minha família.

Os paramédicos se agitaram e então fui tirada do meu torpor. O som da máquina cardíaca estava se alterando e os números pareciam estar em queda livre.

–Atenção, o paciente está sofrendo um ataque cardíaco. - um paramédico gritou e me afastou com o seu corpo, rudemente.

Ele pegou os dois desfibriladores com as mãos, enquanto uma outra paramédica cortava a blusa ensanguentada de Eric com uma tesoura. Tudo aconteceu num piscar de olhos, os dois braços com os dois aparelhos ligados por um fio em cima de seu peitoral.

–Prontos? - Perguntou o paramédico que segurava o desfibrilador - Aumente e... - um som se aumentando - pra trás.

O corpo de Eric deu um salto para cima, mas os números não tiveram alterações.

–Aumente a potência! - Haviam três paramédicos na ambulância e o outro também era homem. Ele mexeu no desfibrilador e ouvi outro barulho de choque. Eu sabia exatamente o que eles estavam fazendo, no meu treinamento de primeiros socorros, tive a sorte de experimentar um desfibrilador de perto, e realmente, não era bom ficar próximo.

–Está se estabilizando. - o som da máquina foi se acalmando e os números começaram a subir. Setenta e dois. Depois sessenta e oito e sessenta e cinco... - De novo! Prontos? Pra trás.

Eu estava tentando manter a calma, me segurando firme no aço frio em que estava sentada. Eric deu outro salto e finalmente seu coração cooperou. Resista por favor, resista!

As palavras gritavam na minha cabeça, sem sucesso em se formar para fora. Gotas de suor começaram a surgir e quando o coração dele marcava oitenta e nove, descansei a minha alma.

A porta se abriu abruptamente ao meu lado e os paramédicos saíram para o encontro de outros médicos, agora vestidos de jalecos. Um carrinho estava a sua espera e eles o tiraram de dentro da ambulância. Sai no mesmo instante e acompanhei-os apressada para dentro, quase tropeçando nos saltos. Naquele ponto, eu não dava a mínima para os meus pés, tudo o que me preocupava era se Eric ficaria bem e se Tereza também estava bem.

Eles continuaram a empurrar Eric por várias portas de plástico transparente, até que entramos em uma sala chamada ''Sala de Cirurgias''.

–Senhorita, você não pode ficar aqui - alguém empurrou os meus ombros e quis revidar aquele ato. Ninguém iria me impedir de ficar com Eric.

–Mas... - Porém, o meu subconsciente disse que era errado e eu não o fiz.

O médico com uma toca branca e máscara me deixou á uma distância da porta e a fechou, assim, acendendo a luz vermelha acima da porta. Me abracei, mas não era frio. Era outra coisa. Medo. Um outro tipo de sentimento, algo como uma mistura de vários temores, uma espécie de cruzamento entre os sentimentos de ódio e medo. Eu estava mais do que me sentindo ameaçada.

O corredor de repente me pareceu silencioso. Aquela confusão toda da ambulância até aqui pareceu se evaporar no ar. O extenso corredor com uma iluminação branca, mas que de alguma forma me parecia meio verde azulado, era a minha única companhia. E oito cadeiras, duas fileiras de quatro eram paralelas. Eu não iria sair dali até Eric acordar e Will teria que me ligar em algum momento.

Apoiei a minha testa na parede fria por alguns minutos, com os braços ainda cruzados. Fiquei ali por menos tempo que eu pensei, até finalmente resolver me sentar.

Peguei no celular e tentei por um tempo adivinhar a sua senha. Uma combinação de quatro números com infinitas possibilidades. Estava tentando me distrair, mas a luz vermelha não parecia deixar. Will parecia ser aquele tipo de pessoa que colocava datas como senhas, então tentei a do meu armário. 5712. Funcionou. Então eu tinha certeza de que aquele dia, foi realmente significante para ele, mesmo depois de tudo, Will não desistiu de mim como tinha dito. Meu coração relaxou um pouco e sorri tristemente. Um sorriso que cobria a tristeza.

Eu sabia que não era certo fuxicar nas suas coisas, mas a curiosidade falou mais alto e entrei na pasta de fotos. Engraçado, Will não tirou nenhuma foto, ou havia apagado. E o que eu esperava? Fotos comprometedoras dele pelado? Não seja boba. Entrei na lista de contatos, muitos nomes que eu desconhecia, então liguei para Hayden. Não tive notícias dele depois que foi embora do evento.

Ele atendeu no sexto toque.

–Estou indo para o hotel, Will. Aconteceu alguma coisa? Está em todos os noticiários...

–Hayden - o interrompi e ele ficou em silêncio - sou eu.

–Por um momento pensei que Will queria me sacanear. - revirei os olhos e o ignorei. - Você está bem?

–Hayde, eles atacaram Eric e Tereza. Estou no hospital agora, sai mais cedo para resolver uma coisa com Will e quando voltei... Eric estava no chão á beira da morte e Tereza está desaparecida. - meu sangue ferveu. De novo. Ai meu Deus...

–Mas o que... eles não dão trégua? Nem por um dia? Eric está bem?

–Ele está na sala de cirurgias. Foi baleado, Will está tentando descobrir sobre Tereza. - e eu estava tentando manter a calma, mas por dentro, eu sabia que estava enlouquecendo. - Eu juro que se algo acontecer com ela... - soltei um ar de cansaço e apoiei a minha cabeça na mão, que estava com o cotovelo apoiado no braço da cadeira - Aliás, por onde esteve? - falei com um tom surpresa acusador.

–No meu cafofo. Neste exato momento, estou virando a rua em direção ao hospital. - sua voz soou longe agora.

–Não precisa vir pra cá, só quero que você ajude Will. Já era pra ele ter me ligado.

–E onde ele está?

Eu não sabia se poderia contar para ele.

–Olha... vá para a base de três.

–Base três? Não sei se sou bem-vindo lá, quero dizer, não depois de ter me retirado, que seria a mesma coisa que traição.

–Agora você é. Hayden, Will e eu tomamos o poder daquele lugar. - senti seu ar de surpresa do outro lado da linha.

–O quê? Como isso aconteceu?

–Essa não é uma boa hora para contar histórias. Só... ajude ele e peça para me ligar. Tudo bem?

–Pode deixar.

Desliguei imediatamente.

A minha relação com Hayden era bastante variada. Eu não sei como cheguei no ponto de confiar nele. No início, ele era apenas o meu supervisor no treinamento, que por parte, era sua responsabilidade. Aquilo que tivemos... não foi nada. Não significou nada. Estávamos chapados e foras de consciência, e acabou no mesmo instante. Depois de um tempo, ele revelou que estava me espionando e que me traia pelas costas. Nesse espaço de tempo, ele se provou digno da minha confiança. Eu gostava de trabalhar com Hayden, ele não levava as coisas para o lado pessoal e fazíamos uma boa equipe. Ele era tão bom quanto eu, até melhor, já que era veterano no assunto. E eu gostava de sua companhia, por incrível que pareça, nada do que eu fazia parecia incomodar ele. Naqueles tempos em que eu me isolei do mundo, ele fora o meu único amigo e me sentia menos sozinha. Hayden também era a minha conexão com o passado.

Quem iria adivinhar que chegaríamos até aqui, naquele dia em que o conheci?

Passaram-se uma, duas, três horas e a luz ainda estava acesa. Me senti afundando num sono com a cabeça escapando das minhas mãos. Precisava de cafeína. Logo na entrada, havia uma máquina de café.

Eric iria ficar bem se eu saísse por uns cinco minutos. Me levantei da cadeira e virei os corredores que me lembrava. Alguns pacientes e enfermeiros passavam por mim, sem me olhar na cara, e os que olhavam, era por causa da minha roupa. O que eu não daria por um par de calça e um sapato mais confortável?

A sala de espera era um lugar bem grande, alguns familiares estavam sentados juntos em sofás brancos de couro diferentes. Me aproximei da máquina de café, e apertei nas opções onde marcava o tipo de café e, se eu queria açúcar. Apertei em todas que me ofereciam café puro e forte. Encaixei o copo no seu lugar e o café saiu acompanhado por linhas de fumaça que logo desapareceram.

Então me virei. E quase esbarrei em alguém.

Esse alguém era Peter.

Então meu coração acelerou.

Ele também ficou parado na minha frente por um momento e com os saltos, estava quase mais alta que ele. Nossos olhos estavam em uma linha reta, e os meus quase queimaram com a intensidade com que os dele me encaravam.

–Oi. - consegui dizer. Muita coragem da minha parte, ainda mais naquele momento.

Por que diabos ele tinha que estar no hospital? Numa hora dessas? E com quem?

–Oi. - foi só o que disse e seus olhos redondos continuaram a me encarar. Depois, ele desviou o olhar para analisar o meu corpo. - O que... você está fazendo aqui? - ele franziu o cenho e foi a primeira expressão dele.

–Um amigo muito próximo meu está ferido... ele... levou um tiro e está na sala de cirurgias. - revelei mais do que devia. Mas olhando para ele, eu tinha vontade de lhe contar tudo e muito mais.

–Hum... legal. - olhei para ele confusa - Quero dizer... arf - Peter passou a mão pelo rosto - desculpe, só estou surpreso por te ver aqui. - nas últimas vinte e quatro horas, ouvira muitos ''estou surpreso(a)''.

–E o que você está fazendo aqui? Está tudo bem? - era um hospital. Se ele estava ali, alguma coisa não estava bem. Peter desviou o olhar.

–Minha mãe torceu o tornozelo. - disse descontraído - Coisas de mulher, usou um salto que não devia. - e ele olhou para os meus. - Dia... quero dizer, Danna - falou com cautela - por onde esteve? Eu procurei por você e... você sumiu por quase duas semanas! - E eu não devia falar com você de jeito algum.

–As coisas estão complicadas. - minhas mãos estavam alternando o copo para não se queimarem. E de repente senti que não precisava mais dele para me sentir acordada.

–As coisas com você sempre parecem complicadas. - ele sorriu discretamente. E eu quis também, mas eu não me esqueci que Eric ainda estava em cirurgia e que Tereza estava desaparecida.

–Eu sei...

–Você não tem ido ao colégio e...

–Peter, eu preciso ir. - Era apenas uma desculpa para não enrolar mais. Me virei para voltar ao corredor. Se ficasse com ele ali por mais tempo, iria enlouquecer. Quando cheguei na ala de cirurgias, percebi que ele me seguia e apertou a sua mão nos meus pulsos me fazendo parar. Ainda não tinha tomado um gole do café.

–Você não pode fazer isso de novo. - parecia decidido com o que estava dizendo. Eu estava com medo de me virar. - Eu te esperei. Antes de dormir, eu continuo dizendo para mim que você irá me ligar no dia seguinte, mas isso nunca acontece e você nem atende mais as minhas chamadas. Eu até te procurei, voltei para o lugar da explosão e tudo...

–Peter, você não devia. - Então me virei e ele parecia triste e frustrado - Não me procure. Você só vai se machucar mais e mais.

–E você acha que já não estou? - riu sem graça. A sua testa suava e alguns pingos de suor deslizaram para o chão. Seu olhos estavam perfeitamente redondos e arregalados, revelando sua íris cinza. Ele estava lindo de qualquer maneira.

–Não diz isso... - ele abaixou a cabeça. Estava triste. E eu estava começando a ficar também. - Peter, pessoas perigosas estão nessa cidade e essas pessoas são terrivelmente más. Elas atiraram no meu amigo. E elas querem me matar, se descobrirem que eu tenho algum tipo de ligação com você, significa que você também é uma pessoa morta. Elas vão usar você para me atingir, como naquela vez em que te sequestraram. - seus olhos eram de pura compreensão. Então, eu soube que devia dizer a verdade para ele, com o verdadeiro intuito de afastá-lo. -Sua mãe ainda está no hospital?

–Por quê?

–Porque eu vou te contar uma história.

Peter pareceu pensativo.

–Acabamos de chegar, acho que ainda vai levar um tempo.

Andei até as cadeiras e me sentei, tomando pela primeira vez um gole do café já gelado.

–Sente-se.

Ele me obedeceu.

–Vamos começar desde o início. - clareei a gargante e tomei mais um gole. Peter se sentou na cadeira na minha frente. - Meu avô, muito antes de eu nascer, criou uma empresa de segurança secreta, sim, como aquelas que você vê em filmes, mas como o nome já diz, é secreta.

''Então a sua empresa fez sucesso e outras pessoas resolveram tentar tirar essa, vamos dizer, dádiva que meu avô criou e foi aí que tudo começou.Essa empresa, tinha o objetivo de proteger as populações de todos os perigos do mundo oculto. O nome do primeiro que tentou um golpe, é Zachary Hill e o segundo, que se aliou à ele, George Palmer. Ele também é o pai de Will. Eu não fazia ideia disso tudo, até conhecê-lo e até há um ano e meio atrás, eu pensava que meu pai havia se suicidado e que minha mãe e eu falimos por causa disso. Na verdade, meu pai fora assassinado pelos dois e para me proteger, minha mãe teve que se casar com um homem nojento como um disfarce, para que eles não desconfiassem da onde estávamos. Nos mudamos para Nova Iorque então. Ele... esse homem... chegou a fazer coisas ruins para mim, mas não quero falar sobre isso. Minha mãe morreu quando eu tinha quatorze anos e eu fugi de casa.

Então Rogers, um traficante daquela região me abrigou e sobrevivi com a sua ajuda. Tudo ficou embaraçoso quando conheci Will por acaso quase quatro anos depois, e as coisas vieram para mim como um tsunami, fortes demais com grandes estragos. Eu descobri então essa agência secreta, e que George e Zachary haviam conseguido uma parte e que minha mãe se matou e não morreu por tuberculose. As agências entram em constantes disputas de poder. Como se o lema de proteger um ao outro nunca tivesse existido. E tudo realmente desmoronou, quando ouvi Will dizer que queria me matar. Sofri um acidente de carro e tudo mudou. Meu avô me resgatou, e disse que eu podia conseguir a minha vingança para os meus pais e todas as coisas ruins que aconteceram, por isso vim para Phoenix, foi aqui que eu nasci e então, fui treinada por todo esse tempo. E todos pensavam que eu estava morta, comecei a causar alguns estragos e Will descobriu que eu estava viva.

Descobri que meu avô me usava esse tempo todo e que me espionava, até tentou me matar. Então, coisas ruins realmente começaram a acontecer quando George e Zachary apareceram aqui. Tinha uma coisa chamada Protocolo D, que sempre me aterrorizou por ser algo grande e mais uma vez, me enganei sobre o que era. Esse Protocolo na verdade sou eu. Quando eu nasci, eles implantaram um chip dentro mim, esse que chamam de Protocolo D, ele tem tecnologia que afeta o meu corpo, para que eu me cure rapidamente e coisas que me fazem desafiar a gravidade, tem até um localizador, então eles sempre sabem aonde eu estou, essa descoberta foi recente e, quando soube que eu não podia tirar por estar arriscado explodir... eu me revoltei e ontem, me revelei para todos que estava viva. E agora olha o que tudo causou. Um tiroteio no evento, uma invasão no hotel de Eric... minha amiga Tereza está desaparecida... Tudo por causa de mim. Eu não quero você em perigo também, Peter.''

Ele parecia assustado e nesse tempo todo que eu falava, ele me encarava. Tomei um gole do café e chequei a luz, que ainda estava vermelha.

–Aonde Dianna Banister se encaixa nisso tudo? E... porque diabos eu fui sequestrado?

–Dianna Banister é o meu disfarce para a minha segurança, desse jeito, eu posso andar por aí com uma identidade falsa e... - toquei no meu cabelo - com um visual novo. Eu não sou uma loira natural. Pode me chamar de loira oxigenada se quiser.

Agora ele realmente parecia ainda mais aterrorizado.

–Me desculpe. Para falar a verdade, você não estava nos meus planos. Eu não pretendia me envolver com você, Peter. E uma vez que criei sentimentos por você, meu avô mandou te sequestrar por falta de disciplina da minha parte. Ele suspeitava que eu estava trabalhando com Will, que era para ser o nosso suposto inimigo.

–Então, eu sou o seu disfarce? Foi isso esse tempo todo?

Eu estava com medo de responder. Eu podia lhe dizer que sim, para que ele sentisse raiva de mim e nunca mais me procurar. Mas me faltava coragem.

–Você sente... alguma coisa por mim...?

–Não vamos falar sobre isso.

–E do que você quer falar?! Ainda estou tentando processar tudo o que você me disse. Eu nunca pensei que...

–Por isso que você deve se afastar. Senão coisas ruins vão acontecer com você e eu não quero perder mais ninguém. Te contei tudo isso para que você veja o quão perigoso é estar perto de mim e estou te dando motivos para que nunca mais volte a me procurar. Será que você não dá valor para a sua própria vida?

O celular dele tocou e demorou uns instantes até que tirasse o aparelho do bolso para atender.

–Oi mãe... não... ainda estou aqui... sim... pra dar uma volta... tudo bem. - ele desligou - Vou ter que ir embora. - ele hesitou - Eu... não sei o que dizer Danna, eu realmente não esperava que sua vida fosse tão complicada, e por mais que eu gostaria que acabasse com os meus sentimentos, não mudou nada. - Ele se levantou - Gostaria de conversar com você outra vez. - Ele olhou mais uma vez para os meus saltos.

–Eu não tive muito tempo de me vestir direito.

–Você me prometeu um encontro. - disse me surpreendendo.

–Não me lembro de...

–É claro que não - ele riu sarcasticamente. - Mas não tem problema, eu te lembro. Naquela noite que invadimos o parque, eu te convidei para comer naquele restaurante mexicano, e você disse que, talvez um dia. - estava me recordando.

–Eu não posso sair com você, não quando... - mordi o lábio inferior pensando no que dizer para convencê-lo - Dianna Banister aceitou sair com você, não Danna Walker.

Ele me olhou semicerrado.

–Mas que bosta, vocês são a mesma pessoa! Eu não vou aceitar um não como resposta, por favor, eu te peço.

Olhei para ele e seus olhos estavam esperançosos.

–Só um almoço. - ele sorriu para mim.

–Então tá... Segunda que vem, pode ser?

–Tudo bem.

–Tchau.

–Tchau.

Ele acenou antes de sair.

Eu iria me arrepender de ter aceitado. Mas eu não iria desperdiçar aquela última oportunidade com ele. Will iria entender, ou assim espero. Peter me deu ótimos momentos, aqueles que pensei que nunca viveria outra vez no ensino médio. Invadimos um parque juntos e nos beijamos no telhado. Ele cantara para mim em seu quarto e no bar, e aqueles momentos eram tudo o que uma garota sonhava em ter. Eu podia escolher, na verdade, já tinha feito a minha escolha. Eu escolhi Will. Por mais que eu quisesse uma vida absolutamente normal, eu não podia fugir daquela que fui predestinada. Mas com certeza, não olharia para trás se fosse deixá-la.

Já era tarde quando chequei o celular e, quando menos esperei, a luz vermelha se apagou e dei um salto da cadeira. O doutor com cabelos grisalhos que apareceu na porta, retirou a máscara do rosto e suspirou. Hospitais tinham cheiros estranhos. Esperei por seu comunicado, mas ele não disse nada de imediato.

–Você é parente do nosso paciente?

–Sim. - Ele não duvidou.

–Bom, a cirurgia demorou mais do que o esperado, mas felizmente foi um sucesso. A bala foi retirada do local atingido e logo ficará bem. Mas o verdadeira motivo da demora é o que descobrimos pelo seu corpo. O nosso paciente não foi apenas atingido por uma arma de fogo, como sofreu graves lesões pelo corpo, principalmente na região do estômago e do crânio, o que causou um traumatismo craniano. Temo que demore de três há quatro dias para ele acordar. Isso é tudo o que pudemos fazer.

–Muito obrigado por ter salvado ele. - sorri para ele aliviada, por enquanto.

–Senhorita, o paciente teve também uma grande perda de sangue, que será necessário ser reposto para que se recupere bem. Porém o seu tipo sanguíneo é extremamente raro no nosso estoque e precisamos repor o quanto antes, já que seu sistema recusou o sangue O negativo. - raramente um corpo negava o sangue universal - Creio que sendo uma familiar, poderia ter o mesmo tipo de sangue compatível. Se for o caso, precisamos que doe dois litros para a próxima cirurgia de recomposição.

Minhas mãos nunca pareceram tão geladas. A verdade virá à tona.

–An...

–Senhorita, o seu tipo sanguíneo é AB negativo? - então veio o alívio.

–Sim. - nunca pensei que ficaria tão aliviada em saber que meu sangue estava colaborando.

–Ótimo, as nossas enfermeiras lhe mostrará o caminho para a sala de coleta. E, suponho que tenha mais de dezoito anos?

–Sim.

Somente três por cento da população mundial tinha esse tipo de sangue e não sabia se me sentia feliz por isso.

Enquanto o sangue era puxado para fora do meu braço, senti náuseas extremamente desconfortáveis que, refletiram em uma dor de cabeça. Isso porque eu não tinha comido muita coisa no dia.

Quando a última gota atingiu o segundo saco, cambaleei para fora da sala depois de assinar numa prancheta. As duas bolsas iriam para a segunda cirurgia e parei na mesma cadeira de antes, encostando a cabeça na parede com o meu pescoço curvado para trás. Will ainda não ligara. E o corredor não pareceu mais vazio quando, a sua silhueta criou forma no início do caminho. Will estava com roupas diferentes, era tudo preto e tinha um saco de papel marrom nas mãos. Juntei um pouco de força para me levantar e andei em sua direção, caindo em seus braços.

Ele me apertou bem forte. Seus abraços eram o melhor conforto, porque eu me sentia protegida, como se eles fossem uma capa que desviava qualquer mal que tentasse me atingir. Descansei a minha cabeça em seu ombro e inalei o seu cheiro. Era o mesmo de sempre. Ele ajeitou o meu cabelo, penteando com os dedos e abraçou a minha cintura, também enterrando o seu rosto entre a minha cabeça e o ombro.

–Por que você não ligou?

–Desculpe, não queria falar com você sobre esse assunto no telefone. - ele se afastou de mim e acariciou o meu rosto, que estava entre as suas palmas. - Eric está bem?

Fiz que sim com a cabeça.

–Acabei de doar dois litros de sangue para ele.

–Danna, você precisa comer. Não quero te dar notícias com a barriga vazia. - Ele me entregou o saco - É donuts. Eu sei que você gosta daqueles bem recheados. - Beijei-o rapidamente para lhe agradecer, mas eu ainda não estava satisfeita. Queria saber de Tereza.

–O que você descobriu?

Will olhou para o chão antes de responder.

–As câmeras de seguranças foram corrompidas antes mesmo de tudo acontecer. Mas de acordo com testemunhas, três homens de capus saíram do hotel em uma caminhonete preta com um saco grande nas costas.

Ele não precisava dizer mais nada. Eu sabia o que aquilo significava. E tudo o que eu havia presumido de ruim, era verdade. Só que ela não pode estar morta. Minha melhor amiga não pode estar morta.

Se fizerem alguma coisa com ela, o inferno subiria para a Terra e as coisas ficariam feias.

Will parecia apreensivo e seus olhos não paravam de encarar o nada.

–O que você não está me contando? Foram eles não foram? - Mas aquilo eu já sabia - Will, o que você não está me contando?

–Não tem nada com o que se preocupar, eu vou cuidar de tudo. Está tudo sob controle. - ele continuou a acariciar a minha bochecha - coma logo ou você vai desmaiar.

–Por favor, a última coisa que eu quero é você escondendo alguma coisa de mim. - segurei o seu rosto para que me encarasse e juro que suas pupilas estavam obscuras.

–Eu disse, eu vou cuidar de tudo. Não se preocupe, nós vamos achá-la.

–Não, não vamos achá-la se não me contar o que que você descobriu de tão ruim.

Estava começando a me estressar. Eu era a culpada, eu tinha o direito de saber.

–Will, você vai me contar, ou eu termino com você agora mesmo! - agora eu estava sendo injusta. Ele pareceu ainda mais apavorado, e enfrentava uma batalha por dentro, até que não conseguiu mais lutar.

–Eles deixaram um bilhete colado em uma faca. - Will ainda resistia para me contar. O que quer que fosse, estava tentando me proteger de saber.

–O que dizia o bilhete?

–Eles... Mas que droga Danna! - ele se soltou de mim, e virou de costas, exaltado, bagunçando os próprios cabelos para trás. Então Will se virou e me encarou com os dois olhos arregalados e assutados. - Eles querem você, em troca de Tereza.


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Notas finais do capítulo

Vai começar minha gente.



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