Aurora Azul escrita por Dauntless


Capítulo 29
Capítulo 28 - 2/4


Notas iniciais do capítulo

O próximo livro que vou sugerir vai ser Os Instrumentais Mortais: Cidade dos Ossos. É o primeiro livro de uma saga e envolve Shadowhunters, ou seja, Caçadores de Sombras que matam demônios.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/234916/chapter/29

É claro que em hipótese alguma, iria considerar a sugestão de Tereza.

Eu não sabia o que ela tinha na cabeça, mas não gostava do rumo que aquela situação estava seguindo. Provavelmente levara um bom tempo discutindo com ela sobre o quão perigoso era se meter nesses assuntos e o quão infantil ela estava sendo. Era como nos velhos tempos, mas eu não cedi como faria antigamente e ela entendeu que eu realmente havia mudado. E aquilo parecia decepcioná-la de alguma forma.

Eu não podia dar a velha Danna para ela porque eu não sabia mais como ser ela, ou agir como ela, ou pensar como ela ou tomar alguma decisão difícil como ela.

Por um ano eu fui treinada para pensar astutamente. Aprendi principalmente, a ser fugaz.

E agora que ela sabia da minha existência, faria de tudo para me vigiar vinte e quatro horas, assim como Eric. Depois da minha discussão, ele me puxou para um canto isolado do quarto do hotel e me alarmou.

–Eu acho que estava certo esse tempo todo. - ele balançou a cabeça e contorceu o maxilar - Eu te avisei que Will era perigoso e que não era uma boa ideia se meter com ele. Agora olhe em volta e me diga que estou errado.

Eric estava me dizendo uma coisa sem nexo, o que eu seria se não fosse pelas coisas que Will me mostrara?

–Você sabia da agência não sabia? Eu queria abordar esse assunto com você faz tempo, mas não tive uma... oportunidade.

–Do que você está falando? - ele franziu o cenho.

–Estou dizendo que você treinava com Will, não é verdade? Vocês não se conheceram no FBI. Eu sei muito bem que leva tempo para entrar em uma corporação dessas e você conseguiu.

Observei-o enquanto sua expressão o entregava.

–Seu pai me ofereceu um futuro melhor e eu o aceitei. Você faria o mesmo se estivesse no meu lugar. - de repente ele ficou pálido.

–Eric, você aceitou a ajuda de um estranho. - ele arregalou os seus olhos, que eram tão verdes quanto os meus. Por um momento, ele pareceu encantador, como antes, porém em um fração de segundos, ele voltou ao seu estado pálido.

–É complicado, eu não vou discutir isso com você agora.

Eu entendi a sua mensagem. Ele não queria discutir na frente de um público.

–Essa conversa ainda não acabou. - alertei-o e finalmente estava em seus braços.

Ninguém mais discutiu ou fez perguntas, todos estavam com olheiras e com os músculos tensos. A exaustão não demorou muito para chegar e logo caímos num sono. Bom, nem todos tiveram essa sorte, eu não consegui fechar as pálpebras de jeito algum. Aquilo de não dormir á noite estava virando rotina e afetava um pouco o meu cérebro.

Com tantas coisas acontecendo, como eu poderia dormir?

Enquanto Tereza estava jogada em cima do sofá e Eric na poltrona, Will estava ao meu lado sentado no chão. Ele segurava a minha mão e parecia estar detonado. Uma hora antes, ele acompanhou Zoey para o seu quarto e tratou de despreocupar a mãe. Demorou mais do que o esperado, eu nunca vi Will se socializar com Brittany, já que na maior parte do tempo ele estava ''trabalhando''.

Me lembro de uma vez quando ele me dissera que seus pais eram ausentes. Talvez esse fosse o problema de tudo e, havia se acostumado em não ter a companhia deles.

–No que está pensando? - sussurrou

–Por que não está dormindo?

–Você também não está dormindo. - Ele levantou a cabeça e me fitou.

–Eu não consigo.

–Danna, seus pensamentos parecem saltar de sua cabeça, mas sua pele não está deixando. O que está armando?

–Eu preciso falar com o Xavier. - notei a sua expressão de dúvida e esclareci - Will, precisamos da aliança dele - percebi que cada vez mais a nossa voz diminuía. - Não posso confiar em mais ninguém para trazer reforço a não ser ele.

–Eu te entendo. Estamos em um triângulo de cabeça pra baixo. - Seu peitoral estava tenso, Will não vestia nenhuma camisa, permitindo que eu o deslumbrasse. - Estamos no topo, mas eles estão em maior número.

Ele se referia ás duas partes da A.A.S.S.

–Você realmente confia no Xavier? - ele perguntou. Mas eu queria lhe perguntar o mesmo.

–Eu acho que ele é neutro. Mesmo recebendo ordens do meu avô, não acho que vá cumprir mais alguma depois se saber a verdade.

Que verdade? Perguntei pra mim mesma.

–Você precisa dormir. Não quero você desequilibrada por aí.

–Acha que eu sou desequilibrada? - larguei a sua mão como punição pelo que disse.

–Ás vezes - ele riu - Eu sei que, - Will voltou a segurar a minha mão, e dessa vez, girou o corpo para ficar de frente pra mim. - não devo ficar no seu caminho quando está irritada.

E ele me puxou para perto pressionando os seus lábios nos meus. Seus dedos passaram pelo meu braço e sua outra mão pressionou o meu quadril. Precisamos de um lugar privado, mas agora não. Eu desejava por ele, naquele exato momento em que seu toque fazia o meu corpo estremecer. Todavia, o sol nascia por trás dos edifícios da cidade e para a minha surpresa, foi ele quem desgrudou a sua boca da minha. Tentamos ser cautelosos para não acordar Eric e Tereza.

–Ás vezes eu só quero fugir e te levar para uma ilha deserta onde ninguém possa nos incomodar.

–//-

Will vestiu a camisa depois de sair do banho e andou silenciosamente até a porta, onde eu o esperava. Fechei-a cuidadosamente para que não fizesse barulho e seguimos para o elevador. Escrevera um bilhete e grudara na geladeira com um ímã explicando o porquê do sumiço repentino.

Tereza tinha algumas roupas na mala, mas eram todas apertadas, principalmente o short jeans que indicava dois números a menos que o meu. E para o meu azar, ela calçava um número de sapato diferente, e minha única opção foi o salto que usara ontem. Na parte de cima, eu usava uma blusa branca simples e um cardigã cúprico longo.

Na rua, caminhamos de mãos dadas como se fossemos um casal normal. Não me lembro de ter feito isso com ele antes e por um momento, fingi que éramos pombos apaixonados seguindo com a vida sem olhar para trás.

Até que os olhares caírem em cima de Will. Eram aproximadamente duas da tarde e me esqueci que Will era bonito e gostoso o suficiente para atrair olhares indesejáveis de outras garotas, principalmente adolescentes.

–Não gosto disso - sim, era ciúme e apertei ainda mais forte o seu braço.

–Também não gosto disso - ele olhou de cara feia para um homem que estava falando no celular e logo em seguida, para um homem de dreads que assobiou. - Não me surpreenderia se eu tropeçasse quando preciso tirar os maus olhares da minha garota. Acho que vou te enrolar em uma cortina.

Logo achamos uma rua pouco movimentada e Will fez o trabalho sujo. O carro dele ainda estava no hotel, mas era bom revesar de carro quando se está circulando por uma cidade cercada por câmeras e quando se tem um carro rastreado. Com um movimento hábil e rápido, o carro fez um clique e as portas destravaram. Era um SUV prateado com janelas escuras.

Enquanto Will estava no volante, senti a falta de um objeto que eu nunca largava. Meu celular. A essa altura do campeonato, eu não fazia ideia da onde estava.

Will dirigiu por ruas que eu conhecia bem, até desviar do percurso.

–O que está fazendo?

–Precisamos de energia.

–Não estou com fome.

Parou num drive thru e pediu comidas gordurosas. Ele sabia que eu não resistiria a asinhas de frangos crocantes. Eu me tornava uma criancinha feliz quando recebia prêmios como esse, como se fossem doces. Acontecia o mesmo se eu recebesse doces.

–Isso é golpe baixo. - ele me ignorou e cerrei os olhos enquanto lhe dava batata frita na boca. Eu estava gostando daquilo.

Quando chegamos em um galpão, eu sabia que aquele era uma outra base escondida. Will não sabia sobre ela.

Minhas mãos estavam gordurosas.

–Obrigado por me dar comida na boca - disse sorrindo mostrando os seus dentes.

–De nada bebê.

O galpão era enorme, mais alto do que qualquer outro galpão e certamente, galpões não tinha portas de ferro deslizantes. Lá dentro, só havia uma entrada para o subterrâneo e era bastante larga, o suficiente para notar que somente um carro caberia ali. Will acelerou e descemos pelo túnel escuro. A lanterna iluminava o nosso caminho, mas mesmo se ela estivesse desligada, sabia que o caminho era reto, já estive lá dentro uma vez

–Isso é fantástico - ele disse.

–Você ainda não viu nada. - eu estava tirando vantagem da sua reação. - Quando você enxergar uma luz vermelha, desligue o motor.

Quando Will fez aquilo, o carro continuou descendo e uma outra porta se abriu revelando uma sala com uma ilusão de ótica. Mesmo parecendo não ter paredes, ela tinhas e estavam mais próximos do que imaginávamos. Para se ter uma ideia, ao tentarmos abrir a porta, provavelmente quebraríamos ela. Experiência própria.

–O que é isso?

–Eles estão nos escaneando, logo tudo vai desaparecer.

Tudo era a ilusão de infinito. O ambiente era azul escuro e parecia que flutuávamos em um lugar sem fim, depois do azul, havia mais azul.

–O que vocês estão fazendo aqui? - era a voz de um computador, e era rouca.

–Queremos falar com o Capitão Xavier. - uma mera formalidade que os computadores necessitavam.

–Vocês não são bem-vindos.

–O quê? - perguntou Will.

–Você William Palmer, não é bem-vindo. - ele estava prestes a falar algo insultante, até que eu o interrompi.

–Xavier, eu sei que você está vendo isso. Will não vai fazer nada, só queremos conversar.

Esperamos por alguns minutos.

–Sigam as nossas instruções na tela - letras digitais iluminadas de computador apareceram bem na nossa frente.

Está ilícito a entrada de qualquer tipo de instrumento mortal.

Está ilícito a entrada de algum objeto explosivo.

Está ilícito a entrada de qualquer indivíduo com intenções pravas.

E por fim:

Após seguir as regras, saia imediatamente do carro.

Um cronômetro fez uma contagem de dez segundos e não pensamos duas vezes antes de empurrar a porta e nos jogar para fora. O meu braço reclamou quando bati com a lateral do meu corpo no chão. Olhei em direção de Will e ele estava com uma expressão de raiva. Provavelmente por causa da perna mal cicatrizada.

O carro foi erguido por um elevador, desaparecendo no teto branco. Era sim uma sala, mas era um pouco mais espaçosa.

–Você está bem?

Assenti engolindo um seco e me erguendo com a palma da mão.

–E você?

Ele fez uma careta e balançou a cabeça.

A iluminação ficou azul e de repente, fumaça.

–//-

Eu estava extremamente irritada.

Ele não podia ter usado cloroformio para nos sedar, era totalmente desnecessário. Porém precauções eram precauções. Eu reconheceria aquele cheiro de qualquer lugar, pois havia usado muitas vezes nas antigas missões. Antes mesmo de começar com a minha vingança, fiz um treinamento de captura e cloroformio era a arma secreta.

Eu tinha certeza que a minha bunda estava dormente por estar sentada em uma cadeira sólida e fria. Abri os meus olhos com a visão ainda turva e vi sua figura na minha frente. Xavier estava ereto e pensativo na minha frente, ao meu lado, Will também estava acordando. Tentei mexer os meus braços, mas estavam presos por algemas no metal da cadeira.

–O que... o que é tudo isso? - perguntei sentindo o cloroformio no meu sistema respiratório e tossi algumas vezes para expulsar aquele tipo de substância do meu corpo.

–Me certificando que vocês estão bem. - ele encheu o pulmão e cruzou os braços por cima, pensativo.

–Não pensei que fosse tão vingativo Xavier. - tossiu Will - Cloroformio é tóxico.

–Não se preocupe William, vocês estão fora de risco.

Will se virou para mim e senti seus olhos apertarem ao tentar me ver melhor.

–Perdoe-me Danna, ainda estou surpreso por saber que esteja sã e salva. E pelo ocorrido de ontem...

Olhei para ele de relance.

–Você mudou. O que houve nos últimos meses? - ele parecia atento para o que eu iria falar, nenhuma demonstração de curiosidade ou interesse.

–Você sabia... - foi Will quem me cortou, seu tom era de espanto.

Xavier pegou uma cadeira e se sentou.

–Não, eu não fazia ideia - se desviou para mim e então passou a mão pelo queixo. Um gesto casual que passaria por despercebido se não o fizesse há cada cinco minutos. - Na verdade, eu tinha algumas suspeitas. - seus olhos eram do tom mais escuro possível, como se toda aquela escuridão fosse um acúmulo de coisas ruins que já fizera. - Sabe, você deu o que falar quando começou a atacar as agências. Muito esperta na verdade, derrubou todas as menores para atingir os grandes. Como se estivesse tirando as patas de uma centopéia e a deixando aleijada. Na verdade, é impressionante.

–Mas você não acha que foi eu quem pensou nisso tudo não é? - surpreendi-o - Consigo ler um pouco suas expressões. - sorri sarcásticamente.

–Isso é interessante. Agora me diga, por onde andou?

–Isso é um interrogatório? Não vim para ser interrogada.

–Eu aposto que fizeram coisas ruins com você. - disse acendendo o meu senso mais raivoso por dentro. - Não foi fácil não estou certo? Fizeram você sofrer para ter disciplina e testaram seus limites até que você se tornou uma máquina. - olhei confusa para ele, tentando entender o que aquilo significava.

–Danna, ele está tentando mexer com você, não abra brechas para permitir isso. - a voz de Will não passava de um sussurro distorcido.

–Eu pensei que quisesse me ajudar. - rangi

–É por isso que veio? - agora ele parecia surpreso.

Enquanto a minha cabeça estava abaixa, pensei cuidadosamente no que dizer.

–Eu vim negociar.

Xavier se acomodou na cadeira se preparando para ouvir a minha proposta.

–Eu não sou idiota. - falei, e ele deixou bem claro o que eu já suspeitava - Eu sei que você sabia muito antes dos meus ataques. Você vigia tudo, não é? Tem câmeras por todos os lados e... - joguei as costas para trás cruzando as pernas - Você não suspeitava, você já tinha ideia. E, sabia que meu corpo não poderia ter desaparecido assim. Um guerreiro nunca é mais astuto que seu mestre. Pois bem, - clareei a garganta - nesse caso seu mestre é o meu mestre.

Desviei o olhar para Will e ele parecia pensativo. E finalmente, havia matado a charada.

–Eu sei que antes, você queria me ajudar, me oferecendo um lado da empresa, e eu não aceitei. E agora que tudo está um caos, você não seria estúpido para deixar tudo nas minhas mãos. - ele passou a mão no queixo mais uma vez - Não foi coinscidência eu ter tirado a máscara na frente de todos. Eu queria que soubessem que estavam em perigo e queria deixá-los assutados. Meu plano nunca foi esse sabe, Robert Walker - me surpreendi com a firmeza do meu tom quando disse aquele nome. - estava me usando para realizar os seus desejos. Ele queria tanto quanto eu destruir George e Zachary, mas de uns tempos para cá, tudo não passou de um jogo doentio. Você quer ouvir o meu plano Xavier? Então aqui está o meu plano: Eu vou juntar todas as quatro partes divididas do agência e tornar em uma. E depois? Pode soar egocêntrico, mas depois teremos tudo sobre o nosso controle. Ninguém mais tirará vantagem do poder.

Xavier estava surpreso.

–O que houve com aquela menina com temores á tudo?

–Aquela menina frágil? - soprei uma mecha loira do meu cabelo para cima. - Você está olhando para ela neste exato momento.

–Meu mestre treinou uma ótima guerreira.

–Disso eu não posso discordar.

–Você está se tornando tão doente quanto ele. - seu comentário foi inesperado. Ele se levantou e começou a andar de um lado para o outro. - Mas não irei te impedir. Você pode tomar tudo. - seus olhos fitaram Will - Isso é um jogo tão doentio que criaram um dilema. Nunca cruzar um de sangue Walker e Palmer– citou. Já ouvira sobre isso antes. - E aqui estamos nós. Os dois juntando forças. Se eu não fosse tão agnóstico, diria que é o destino fazendo o seu trabalho. - depois seus olhos pararam nos meus - Vocês não fazem ideia do que acontecerá, não é?

–E você sabe? - sibilou Will

–Esperei isso por um bom tempo, e estou surpreso por estar acontecendo tão rapidamente. Não quero ficar no caminho de vocês, as consequências são ruins demais para suportar.

–Arcaremos com as consequências.

–Arcarão? Não tenha tanta certeza Danna. Há muita coisa que os dois não sabem, principalmente você Danielle Walker. Seu passado ainda tem uma história para ser contada.

–O que você está querendo dizer com isso? - ataquei-o com um tom ameaçador.

Ele sorriu. Como se pensasse ''pobre menina''.

–Vocês são jovens demais para compreender. Com o tempo, descobrirão e arcarão com as consequências. Só quero que parem de pensar que essa grandiosidade envolve somente vocês e não á de milhões vidas. Essa companhia não é para satisfazer desejos adolescentes, é preciso saber lidar com a segurança de outras pessoas, é o que fazemos agora, protegemos a sociedade dos males de terroristas e bandidos. Então que esteja claro, não estou apto para me envolver em vingancinhas contra ou não Robert Walker.

Parei para pensar no que ele queria dizer. Ele tinha toda a razão. Meu avô criara tudo isso para garantir a segurança mundial.

–Você sabia sobre Robert, não sabia? Mas não quis me contar, você sabia que eu tinha uma família viva e não me disse.

–Oh Danna, você está completamente errada. É um cúmulo sair essas palavras de sua boca.

–Então acho que posso colocá-lo como o vilão da história não é? - desafiei-o.

–Me coloque como antagonista ou como você desejar. Se me afastei de Robert foi por uma razão e seria uma pena você descobrir da maneira trágica. Essa será a última coisa que direi.

–Espere, me diga o que é Xavier, você está fazendo aquilo de novo, e você não está tirando as minhas escolhas como acha, você pode mudá-la se me disser pra que caminho correr sem ter que sofrer uma tragédia. Como você fez com a minha mãe. - eu não iria chorar. De repente, comecei a gritar com ele. - Ela morreu porque não restou opções e você podia ter lhe dado uma saída! Minha mãe podia estar viva! Você mais do que ninguém devia entender como é perder alguém assim!

–Ele te contou sobre mim?

Não respondi.

–Está tudo bem. Não me lembro de mais nada, passei pelo mesmo que você. Só tomem cuidado, as estradas estão cheias de armadilhas hoje em dia. Será a última coisa que direi. - ele fez uma pausa e se virou para Will - Já estava me esquecendo. Feliz aniversário adiantado. - ele piscou e senti outra bufada de fumaça.

–//-

Então demos um passo para a frente.

Metade da agência estava nas nossas mãos.

No momento em que acordamos dentro de um Honda CR-V preto, tentei processar a ideia de que estávamos mais fortes.

E assim mais um dia estava se passando. Dentro do carro, havia um disco fino que se abria e quando levantei a tampa preta, a cabeça de Xavier se projetou em uma luz tridimensional para dar uma mensagem. Não sabia qual era o seu problema em dopar as pessoas.

''A partir de agora, está tudo nas suas mãos. Como um pedido informal, tornei-o formal e todos os nossos agentes foram orientados para seguir suas ordens. Não sou idiota – recitou as minhas palavras anteriores - em deixar tudo na mão de vocês. Estou partindo para um lugar desconhecido, onde ninguém me encontrará e espero que tenha um pouco de paz por um tempo. Não tentem me contatar, estarei ocupado.

Se cuidem.''

–Tocante. - murmurei.

–Não acho que ele esteja partindo para um lugar desconhecido, como diz na gravação. - Will estava voltando de seu torpor. - Depois de todos esses anos, ele não nos daria uma coisa de mão beijada. - seu braço estava apoiado no volante. O Honda ocupava uma faixa da autoestrada. - O que ele disse sobre a segurança mundial é verdade. Estamos com uma dupla responsabilidade agora.

–Nós vamos conseguir e... Xavier está sempre de olho, eu sei disso. - apertei os seus dedos dentro dos meus - Vamos voltar para o hotel.

Ele assentiu e os pneus cantaram.

O aniversário de Will era em quatro dias, quinze de novembro, e apesar de não ser uma boa época para qualquer celebração, queria fazer alguma coisa. Agora que Tereza e Eric estavam em Phoenix, teríamos um motivo a mais para celebrar.

O nosso próximo passo seria tentar derrubar George e Zachary. Estava pensando em encurralá-los mas não era um bom plano. Eu teria mais alguns para pensar. A ideia de fazer os dois sofrer por tudo o que fizeram, gritou dentro da minha cabeça. Seria mais doloroso e menos misericordioso. Seria exatamente o que mereciam.

–Você se saiu muito bem. - e eu estava no carro novamente. Estremeci com o cheiro da vida real, mais conhecido como fumaça poluída e tentei sorrir, mas falhei. - Você me deixou surpreso na verdade.

–Como é que é? Will se sentindo constrangido em me dizer isso? É sério mesmo? - brinquei com a sua cara.

–Aquilo foi incrivelmente sexy, sabia? Adoro mulheres que desafiam o perigo. - ele disse sorrindo - Perigos não mortais.

–Eu desafiei o perigo uma vez, chamado William Palmer, é por isso que ele deve gostar tanto de mim?

–É, deve ser.

Jogamos conversa fora até avistar viaturas policiais estacionados em frente ao hotel. Olhei alarmada para Will. Alguns policiais da Phoenix PD estavam anotando o testemunho de pessoas enquanto outros falavam no rádio. Will parou o carro uma quadra antes e caminhamos para lá com o coração acelerado. Ele segurou o meu braço para me acalmar, o que funcionou.

O que eu estava pensando? Que alguma coisa aconteceu com Tereza e Eric? Era um hotel, pessoas de todos os lugares se hospedavam aqui, não apenas eles.

Me tranquilizei com esse pensamento e passamos pela multidão em frente até chegar no hall principal, e antes mesmo de subir no elevador, tivemos que passar por uma identificação policial. Não levou muito tempo para Will se apresentar como agente do FBI e que estava na área do Arizona para ajudar. Demorou um pouco, porém subimos.

E foi pela terrível imagem do corredor lotado de peritos florense, e da porta caída no chão que eu soube.

Alguma coisa tinha acontecido com os dois. Me soltei de Will e corri para ver o que tinha acontecido, ele não ficou para trás e me acompanhou. Mesmo sendo barrada, os empurrei para longe e me joguei para dentro.

Uma poça de sangue.

Um corpo.

Eric.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O Peter não sumiu, aliás, logo ele vai aparecer. E esse acontecimento terrível é o que vai levar a fic pro seu clímax ;)
Anotem porque a lista de pessoas mortas no final vai ser grande.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aurora Azul" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.