Aurora Azul escrita por Dauntless


Capítulo 16
Capítulo 15 - Vida no colegial


Notas iniciais do capítulo

Hey! Eu não poderia fazer esse dia passar sem uma comemoração! Hoje, dia 13/01 é o aniversário da Danna! Aquele que ela deixou passar por estar em treinamento, então a fic está adiantada no tempo.
Mas mesmo assim, parabééns para ela que faz 19 anos O/
Aproveitem o capítulo.



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–Postura! - ordenou me circulando com um cabo que deduzi ser de uma vassoura. - Ombros firmes para trás - Robert pegou os meus dois braços e os afastou colocando o cabo entre eles e minhas costas. - barriga para frente, queixo erguido - ele endireitou meu queixo com os dedos e se pôs de frente para mim me observando. - Agora, caminhe até o final da quadra como se fosse a coisa mais importante do mundo. - falou.

A quadra de treinamentos estava bastante iluminada, com os mesmos artefatos, como armas e objetos mortais de todos os tipos. Observei em uma linha reta até a parede branca do outro lado da sala e apenas olhei reto, sem desviar o olhar caminhando em passos firmes com os pés um na frente do outro.

Quando cheguei até a parede, dei um giro no calcanhar de cento e oitenta graus. Esse exercício não era fácil, o cabo fazia com que meus braços doessem e que a pele se esticasse, minha coluna também reclamava.

O estranho daquele momento era que... meu avô não estava mais lá. Aliás, o local inteiro estava diferente, agora o ambiente estava escuro, as paredes foram pintadas em vermelho, as luzes estavam mais fracas e haviam vários espelhos colados no teto, olhei para cima e observei meu reflexo, ainda estava com o cabo de vassoura suspensa em meus braços. De repente, pelo mesmo reflexo, avistei uma criatura de capa preta bem na minha frente, abaixei o olhar para ela e a capa desaparecera. Já tinha sido arrancada do corpo daquele estranho não tão estranho.

Era George.

Rapidamente retirei a vassoura e a coloquei em posição de ataque virando a ponta para ele, caso tentasse alguma coisa.

A criatura sorriu.

–Por que você está aqui? - perguntei dando um pulo para trás.

–Por que você está aqui? - repetiu a minha pergunta zombando - Por quê? Por quê? Ora, - levantou uma de suas mãos que estava escondida nas costas e a arma prateada cintilou na pouca luz que iluminava a sala - porque você está sozinha. Sozinha - riu.

Me afastei mais alguns passos e acabei tropeçando em alguma coisa, batendo de bunda no chão.

George iria me matar?

A arma em sua mão apontava para o chão e ele a arguei até a sua cabeça, mirando para a si mesmo.

Arregalei os olhos e George puxou o gatilho explodindo a sua cabeça lançando pedaços de miolos no chão. Seu corpo foi caindo lentamente e ouvi o barulho do impacto ecooando e pairando na sala. Aquela cena fez com que minha barriga se revirasse e a comida chegasse até o meu pescoço.

Sozinha... Sozinha... Sozinha.

Olhei ao redor apavorada, e percebi que os espelhos pareciam estar prestres a desmoronar. As paredes, não estavam pintadas de vermelho, aquilo era sangue, que estava começando a virar algo líquido e a escorregar para o chão, se juntando ao corpo de George.

A primeira placa de vidro caiu, se chocando no chão de concreto bem ao meu lado esquerdo e o segundo, bem á minha direita. O barulho de estilhaços eram ensurdedor, os cacos saltavam para o ar, arranhando a minha pele fria. Eu não estava sentindo dor, nem mesmo pontadas.

A música do despertador do meu celular sooava mais e mais alto. Enquanto 4 minutes tocava na minha mesa de cabeceira, minha respiração começou a desacelerar pelo fato do sonho ter sido muito assustador e estranho. Parte dele era verdade, realmente tinha treinado a ter a postura correta, mas George não estava lá na vida real. Isso não foi exatamente um sonho e sim, um pesadelo. O que ele queria dizer com sozinha? E por que diabos atirou na própria cabeça explodindo o próprio cérebro?

Ás vezes sonhos, eram avisos, na maioria das vezes, sobre coisas que aconteceram enquanto estivemos acordados. Meus últimos dois dias realmente haviam sido pesados, o que pensando bem, devia ser a razão deste pesadelo.

O medo de que algo errado aconteça ainda estava dentro de mim, eu realmente queria enfrentá-lo, sentia que estava plenamente preparada, porém eu não tinha um plano e nem sabia como poderia chegar nele. Robert me alertara que ele era a menor das preocupações, como que poderia dizer isso? Como esse homem que tentou me matar era a menor das preocupações?

Todos, todos me alertavam sobre Zachary Hill. Mas quem era esse homem na verdade? Eu nunca tivera a chance de conhecê-lo ainda, mas sabia que quanto ele, quanto eu, estávamos curiosos para nos encontrar. O famoso pai da Crystal, a garota simpática que sempre me tratara bem, que sempre andava com aquele sorriso doce e olhos azuis brilhando que nem as estrelas. Se ele era esse monstro, seria ela, a garota doce, sua filha?

Quando a música se repetiu pela milésima vez, tive o impulso de desligar o celular. Eram apenas seis da manhã, o pesadelo realmente havia atrapalhado meu descanso, mas por um lado, estava feliz que não tenha me acordado muito tarde. Dei um pulo para fora da cama e me movi lentamente até ao banheiro para tomar uma ducha.

Ontem, quando havia falado para que agissemos como há dois anos atrás era no intuito de continuar com o desfarce. Era arriscado ele estar na mesma que a minha, mas eu tinha que manter meus olhos nele, para que ambos, estejamos fora da zona do inimigo. Dois adolescentes em um colégio com mais de mil outros adolescentes, quem iria suspeitar?

–//-

O sol não estava dando uma trégua, continuava a esquentar as ruas de Phoenix com seus trinta e dois graus, um calor que Nova Iorque não tinha. Virei o volante do Toyota para a direita, entrando dentro do estacionamento do Arcadia. Lá no fundo da pista das vagas, havia um local onde uma árvore cobria o asfalto fazendo sombra. Carros assim, eram fáceis de conduzir e estacionar, tirei a chave da ignição e sai junto com a minha bolsa.

Agir como eu agia quando tinha 17 anos hã? Então vamos lá.

Coloquei os óculos escuros e caminhei entre os grupos de pessoas que conversavam em volta dos carros, alguns olhavam para mim e estreitavam o olhar, outros olhavam e cochichavam no ouvido de outro. Passei por todas as fileiras até chegar a entrada principal, eu tinha que encontrar Peter e pedir desculpas por tê-lo deixado sozinho com Master. Ele parecia bastante confiante ao dizer que cuidaria do nosso bebê e até tinha jeito para carregá-lo.

Eu nunca cuidei de uma bebê de verdade antes, mas sabia como as coisas funcionavam pois sempre brincava de boneca quando criança e sempre via programas sobre esse assunto. Cruzei as grandes lápides e olhei ao redor do pátio.

–Ei garota sumida! - Jimmy soou atrás de mim.

–Oi - falei simpática

–Você ainda fala comigo, isso é bom. Então, você acha que é coincidência faltar no mesmo dia que o senhor bonitão ali - disse indicando a cabeça para o outro lado do pátio onde Will estava conversando com outras garotas. - Sou um super observador e notei que o senhor bonitão tem alguns arranhões pelo corpo, principalmente no pescoço. - Jimmy me cutucou levantando as duas sombrancelhas.

–Não sei de nada sobre ele, faltei porque tive algumas coisas para resolver - disfarcei sooando tranquila.

–Coisas para resolver tipo... chupões? - olhou para o meu pescoço.

–O quê?

–Você está com dois chupões no pescoço, senhor bonitão também. - Droga.

Olhei-o de cima a baixo, Jimmy vestia uma calça skinny e uma blusa social branca, usava uma boina francesa e um lenço envolvia seu pescoço. Num rápido movimento, tirei-o do pescoço dele e o envolvi no meu.

–Isso vai ficar comigo um tempo - falei terminando o nó.

Jimmy continuou a me olhar com os dois olhos arregalados.

–Já ouviu falar em sanguessugas?

–Agora você está me dizendo que um vampiro sugou seu sangue? Qual é, senhor Edward é vegetariano, vai, abre o jogo, eu sei quando uma pessoa está mentindo e sei detectar um casal junto. - revirei os olhos.

Agarrei os ombros dele com minhas duas mãos e o encarei.

–Você pode esquecer isso? Por favor?

–Sim, por enquanto. Sei que tem algo entre os dois, e eu vou descobrir.

–Ótimo! Agora, - soltei-o e caminhamos juntos em direção das mesas para sair de baixo do sol - me conte sobre o trabalho de biologia... como está indo as coisas com a Lauren?

–Como você acha que está indo? - olhou de relance para mim - O boneco nem nome tem... Ela quer Laura, eu quero Demetria. - soltei um riso. - O quê?

–Vocês dois são tão criativos... E onde está o bebê agora?

–Com a loira oxigenada - revirou os olhos - e falando nisso, Peter Mayer estava louco procurando por você ontem.

–Eu sei, irei falar com ele depois.

–Ou você pode falar com ele agora. - Peter vinha em nossa direção com Master no colo, sorrindo.

–Eu vou para o banheiro - Jimmy saiu de fininho em passos largos.

–Hey - disse me surpreendendo com um abraço - como está?

–Estou bem, e você? - Peter ainda estava me abraçando, mas o afastei lentamente porque Master estava me furando com seu dedo.

–Hum... com sono mas quando te vi meus olhos se recusaram a se fechar - peguei Master de seu colo com as duas mãos e o ergui no ar. - Eu cuidei dele é... direito.

–Sim você cuidou - sorri - Olha, me desculpe, ontem realmente... não foi um bom dia para mim e...

–Não se aborreça com isso Dianna, - ele me chamando assim, me fez ficar mais acordada e alerta - Você está aqui agora e Master está inteiro.

–Obrigado - mordi meu lábio inferiror - Eu prometo que irei compensá-lo por ter ficado com ele o dia inteiro, sério.

–Bem... tem uma coisa que você poderia fazer para mim - apertou o olhar.

–Diga. - Master se mexeu um pouco no meu colo e mudei a posição dos meus braços

–É, bem... eu tenho ensaio hoje á tarde e... pensei que podia me acompanhar se... - Peter tossiu com o punho sob a boca.

–Claro, mas eu estaria interompendo vocês não?

–Ah não não, você nunca interrompe, seria até uma boa se desse a sua opinião sobre as músicas que estamos compondo é... é isso, já falei com eles e já está tudo bem.

Assenti e o eco do sinal soou bem ao nosso redor. Desviei meu olhar para onde Will estava e deduzi que me observava. Andamos pelo mesmo caminho até as escadas e paramos enquanto vários estudantes esbarravam para poder passar.

–Andar com ele o dia inteiro? Da vontade de jogá-lo dentro do armário e só pegar no final do dia. - falei

–Leve Master até o Hutman, tem um berçário no laboratório já que ouve um quase protesto ontem.

–Ok, an... é dia de exercícios, te vejo na arquibancada. - subi um degrau.

–Não vai participar? - Peter perguntou franzindo o cenho.

–Eu não sou boa - menti, ele me mandou uma piscadela e subi os lances até a sala de Hutman.

Enquanto caminhava pelos corredores, olhava de soslaio para baixo e assistia ao Master fechando e abrindo os olhos. Eu era a mãe, e sinceramente não estava agindo como uma, abri um largo sorriso no pensamento da possibilidade do bebê ser real um dia. Era óbvio que pensava em ter filhos, mas vai levar um tempo para isso acontecer. Quando toda essa neblina for embora e todas as coisas estarem resolvidas, talvez pense em entrar em algum relacionamento sério. Porém era inevitável pensar em ficar com alguém sem pensar no Will. Não tinhamos um futuro juntos, isso estava mais do que na cara, ou num outdoor bem grande com o seguinte: ''Danna Walker nunca poderá ficar com William Palmer. Seus sangues são letais, seus sobrenomes, mortais''.

Poderia apostar cinco anos nisso, ou até mais para tudo se resolver. Essa batalha havia começado há duas gerações anteriores e pretendo terminar nessa geração, toda essa porcaria de briga pelo poder era uma droga.

Ao entrar pela porta, me deparei com vários outros alunos segurando bebês no colo, todos da aula de biologia, inclusive Lauren. Ela vestia um vestido solto laranja, com um cinto fino branco preso na cintura, e como sempre, com um salto de quinze centímetros nos pés. Lauren olhou para mim depois desviou o olhar, e olhou para mim de novo.

O bebê sem nome que estava carregando vestia um macacão rosa choque e tinha o cabelo loiro preso por duas chuquinhas, rosas.

–O que você está olhando? - perguntou com a cara emburrada.

–Seu bebê.

–Você quis dizer Laura. Sim, eu sei, ela é linda, isso porque puxou tudo de mim. - apertou o bebê contra seu peito.

Atrás de Lauren, Barbara segurava Barbie entre os braços e conversava alguma coisa com a boneca.

–Não foi o que Jimmy disse. - contrariei

–Laura não tem pai, ela nem sequer pode chegar perto daquele ser humano... - trincou os dentes - ou ele pode infectá-la com a doença que tem.

Eu não entendia como alguns seres humanos podiam ser tão ruins.

–Lauren, uma pessoa gay não é uma pessoa doente, por favor coloque isso na sua cabeça - de vento - Ás vezes você tem que aceitar ela do jeito que ela é, e vai poder ver que são pessoas tão boas como todas as outras.

–Agora você está sendo boa comigo e me dando lição de moral? - riu - Por que não pega esse tempo e vai pintar o cabelo? Essa guerra ainda não acabou.

–Eu queria entender o por quê dessa coisa de ''eu sou a única pessoa loira da escola''.

De repente Jimmy entrou na sala correndo e se pôs a três passos de distância de Lauren, que aposto ser ordens dela.

Ela o olhou de relance pelos ombros e em seguida encarou Hutman.

–Nós queremos divórcio! - falaram juntos.

–Por quê? Sabem que com o divócio, os dois ficarão com notas insuficientes. - O professor estava sentado em sua cadeira e como sempre anotava na sua prancheta.

–Isso não é um casamento, isso é o inferno!

–Bem, casamentos são um inferno - murmurou Hutman baixo demais para que qualquer um pudesse ouvir. Será que ele estava com problemas matrimoniais?

–Nós queremos divórcio! - falaram novamente.

–Tudo bem tudo bem, me entreguem o bebê que os deixarei livres.

–Olha sr. Hutman, eu posso cuidar de Laura sem a ajuda desse ai - desviou a cara novamente para Jimmy - quero a guarda da minha filha, assim, não vou ter todos os pontos anulados.

–E eu? - Jimmy interferiu.

–Cinco letras, Z-E-R-O.

–São quatro letras - Dimitri a corrigiu.

–Ninguém te pergutou! Tanto faz, mas eu quero a guarda dela e ponto final. - Sem ao menos dar a chance para sr.Hutman falar, Lauren saiu da sala batendo com os saltos no piso liso.

–Tenho a pequena impressão de que esse trabalho não está dando muito certo... - sussurrei.

–Você acha srta. Banister? Eu tenho certeza - franzi os cenhos - Desculpe, não quis em momento algum, ser grosso, mas estou com a cabeça cheia, então por favor, diga que não veio aqui para pedir divócio também.

–Não, eu só vim deixar...

–Maravilha! - me interrompeu tirando Master dos meus braços. - Pode se retirar.

Olhei para Jimmy e ele também retribuiu o olhar dando de ombros saindo pela porta. Barbara continuava a conversar com Barbie e se aproximou da mesa de Hutmam quase tropeçando.

–Minha queridinha, mamãe irá para o trabalho e voltará mais tarde tudo bem? Agora você ficará com o titio redondo, então se comporte, te amo muito - em um gesto carinhoso, deu um beijo na bochecha da boneca e a entregou para Hutman que estava com os olhos arregalados de pavor.

–//-

Esportes nunca foram o meu forte, ao menos nunca me destaquei como uma boa jogadora ou uma jogadora ruim, sempre fui aquela que passava de despercebido. O único campo de futebol americano ficava bem atrás da estrutura do Arcadia e tinha toda a estrutura necessária, como um painel eletrônico, vários holofotes, uma arquibancada etc.

Subi degrau por degrau até chegar ao último andar da arquibancada, onde ninguém poderia me incomodar enquanto escutava música ou lia um livro. O sol estava extremamento no topo, então levei um guarda-chuva para me proteger, como muitos dos outros alunos. O metal em que estava sentada podia fritar um ovo em alguns segundos de tão quente que estava.

Enquanto tirava as coisas da bolsa, observei um grupo de jogadores se aquecendo para começar uma partida e ocasionalmente meus olhos foram parar nele. Arregalei os e continuei a observar seus movimentos. Will colocava os protetores nos joelhos, era impressionante o quão ridículo ele ficava com aqueles dois ombros gigantes, ele e todo o resto. Seus olhos chegaram aos meus me observando e soltando um leve sorriso, imediatamente desviei e continuei a tirar as coisas de dentro da bolsa.

Haviam três modalidades para poder praticar, a primeira, era o futebol americano, que somente homens podiam jogar; a segunda, equipe de líderes de torcida, ou melhor líderes do clube das idiotas; a terceira era o atletismo, que incluiam corridas e saltos. Eu não conseguiria fazer nada debaixo desse calor infernal, nada de corrida, nada de saltos, principalmente quando era ao ar livre.

Os dias que incluíam vôlei eram os melhores, nada de calor de mais de trinta graus já que as quadras internas tinham ar-condicionado.

–Vai ficar apenas aí parada? - a voz da última pessoa que queria ouvir soou bem ao meu lado.

–Sim, o que você quer? - perguntei para ele que se sentou há centímetros de mim.

–Apenas me sentar - respondeu Phillip - Eu jogo, mas apenas futebol, esse... jogo de idiotas não é a minha praia. - sorriu sem mostrar os dentes - Então você e o meu irmãozinho estão mesmo... juntos?

–Por que você quer saber? - me afastei um pouco para que o calor dos nossos corpos não me fizesse derreter ou até mesmo desmaiar.

–Curiosidade. Espero que sejam felizes, adoro ver finais felizes - ironizou

–Pare de implicar com ele por favor. Se vocês dois tem alguma coisa contra o outro... se resolvam.

–Aí está você - uma voz familiar com um ser familiar apareceu na minha frente me causando uma pontada de alívio. Dimitri Slater, eu te amo.

–Eu tenho algumas coisas para fazer, conversaremos em um outro dia - me mandou uma piscadela e desceu de dois em dois degraus.

Jimmy franziu o cenho e o observou descer, depois se sentou bem ao meu lado.

–O que ele queria? - perguntou

–Tirar meu tempo?

–Ele é esquisito. Adora assustar as pessoas por aí com esse cabelo vermelho arrepiado parecido com um galo. Não caia na onda dele querida. - esticou as mãos para olhar as unhas.

–O nome dele é Phillip e ele é meio irmão do Peter. - murmurei

–Wowowowww como é? - se curvou para me olhar.

–Eu não sei da onde ele é mas Phillip está se mudando para cá, sua mãe se casou com o pai do Peter. Não tente tirar mais informações de mim, isso é tudo o que eu sei.

–Isso é um babadão! - falou alegramente - Não está quente aqui para você? Porque sinto que vou virar fritas aqui em cima. Eu vou para a biblioteca me refrescar, amo estar ao seu lado, mas virar fritas não é comigo.

–Eu vou com você - falei e comecei a colocar as minhas coisas dentro da bolsa outra vez.

Ao terminar, me virei de costas para ver se não tinha deixado alguma coisa para trás quando um objeto duro e pesado atingiu a minha cabeça fortemente. Meu primeiro impulso foi cair e rolar por todos os degraus, mas seria vergonha demais para a minha parte, apenas me ajoelhei e me segurei em Jimmy.

–Auu! - gritei.

–Você está bem? - ele pegou na minha mão e me pôs de pé.

–Eu vou matar o filho da mãe desgraçado que fez isso.

Virei de frente para o campo e me deparei com todos os olhares em mim, enquanto Lauren sorria com o canto da boca em minha direção.

–Oh você vai pagar. - rangi entre os dentes, de repente uma forte dor de cabeça surgiu e terminei com as duas mãos entre meu crânio. - Au! Para uma magrela, ela teve forças o suficiente para me causar uma enxaqueca de dois dias!

–Mas o problema é que não foi ela. - Jimmy murmurou ao meu lado segurando meu braço.

–O quê?

–Foi o seu amiguinho Mitchell.

No mesmo momento a raiva subiu dentro de mim e a dor havia passado como um passar de um vendavál. Desci todos os degraus furiosamente e caminhei até Will que estava sem reação, apenas segurava o seu capacete debaixo dos braços e percebi que estava em uma partida.

–VOCÊ. FICOU. MALUCO? - gritei na sua cara apontando o dedo no seu peitoral.

Meu dedo começou a doer quando percebi que ele estava bem equipado, em ótima segurança.

–Não era para te acertar, na verdade, não era para acertar ninguém, apenas errei a minha mira. - me deu meio sorriso - desculpe. Quer que eu a leve para a enfermaria?

–Na próxima vez, vou te fazer engolir essa bola! - ouvi o ''uhhhh'' das pessoas ao redor.

–Chega! - alguém apitou ao nosso lado. Um homem de meia idade apareceu entre a multidão ao redor vestido com uma camiseta azul escrito ''Titans'' debaixo do short, ele também usava um boné e tinha um mustache. - Senhorita...

–Banister! - gritei sem querer

–Se acalme, e por favor, eu mesmo a levarei para a enfermaria. - suspirei e o treinador me guiou para fora da multidão que formava um círculo entre nós.

A sala de enfermagens não era longe, o pequeno lugar ficava bem ao lado da arquibancada, tudo era uma questão de infraestrutura. O homem me deixou aos cuidados de uma mulher de cabelos grisalhos, vestida com um jaleco branco e que analisava meus olhos com uma lanterna sem parar.

–Nada grave, mas recomendarei que não se agite tanto porque pode causar algumas pontadas de dor. Tomando alguns comprimidos de Tylenol lhe fará ficar melhor amanhã.

Mal sabia que tinha algo que me fazia curar...

–Obrigada. - respondi com um saco de gelos na cabeça.

–Esqueci dos relatórios na recepção, não demorarei para ir buscar, aproveite este tempo e deite um pouco. Já volto.

A mulher se levantou e saiu pela porta. A pior coisa que uma pessoa com dor de cabeça podia fazer era se deitar então pressionei o gelo mais forte contra o calo enorme.

–Da licença - alguém bateu na porta. Will. Ele não estava mais de uniforme, vestia apenas a roupa com que veio, uma camisa de mangas e um jeans.

–Veio me dar outra bolada na cabeça?

–Não, eu vim ver se você está bem. E mais uma vez, não foi a minha intenção, me desculpe. - Não o respondi e um silêncio se estendeu ao longo do tictac do relógio - Acho que não fomos apresentados ainda, eu sou Mitchell Palmer - estendeu a mão para mim se sentando na cadeira. Certo, ele estava realmente levando essa coisa a sério. Então eu também vou.

–Dianna Banister, muito prazer. - apertei sua mão.

–O prazer é todo meu srta. Banister. - sorriu maliciosamente- você está realmente bem? - agora ele sussurrava perto de mim como se já fossemos íntimos.

–Vai passar.

–Você também é nova aqui hã? - relaxou o corpo para trás.

–Sim Mitchell, eu sou. - sooava tão estranho o chamando assim.

–Então, me diga, da onde uma menina tão gata veio? - naquele momento senti uma enorme vontade de rir, mas me contive.

–Na verdade, só estou de volta para casa. Eu nasci aqui e cresci em Nova Iorque. - olhei-o de relance.

–Nova Iorque? - Will fez ar de surpresa - Eu sou de lá. Esse mundo é realmente pequeno?

Realmente, quem poderia imaginar que estaríamos tendo essa conversa? Começando da estaca zero e nos conhecendo como perfeitos estranhos. Para nós, era simplesmente uma segunda chance para que tudo se resolva e que desse certo.

–Cavalheiro, o que está fazendo aqui? - a mulher de meio idade apareceu de repente na porta com vários papéis na mão.

–Vim apenas checar se a srta. Banister estava bem. Aliás, o motivo dela estar aqui foi por causa de um erro meu. - Will se virou para encarar a enfermeira.

–Muito cavalheirismo da sua parte. Bem, você já está liberada querida, qualquer dor anormal que sentir nos próximos dias, poderá voltar a me procurar.

–Obrigada. - sussurrei.

–Venha, vou te ajudar a chegar na próxima aula, ou prefere ir embora? - Will se levantou e passou o meu braço direito sobre seu ombro.

–Eu já disse, vou ficar bem.

–Venha. - Will estava realmente sendo um cavalheiro comigo.

Saímos da sala tranquilamente e senti o ar quente bater no meu rosto de novo.

–Não precisa me carregar, é a minha cabeça que está doendo, não meu pé. - resmunguei.

–Como quiser, mas se ficar tonta e cair, irei te pegar. - falou me soltando e sorriu - então, posso saber se a senhorita está comprometida?

Virei a minha cabeça para cima e apertei meu olhar.

–Primeiro, me chame pelo meu nome, segundo, estou solteira. – Sim Will, acabei de dizer que estou solteira.

–E aquele garoto que você estava conversando essa manhã? Não tem nada com ele?

–Para um estranho, você está fazendo muitas perguntas. Peter é meu parceiro no trabalho de biologia, isso é tudo.

–Esse Peter olhava para você com tanto ardor. - Onde ele queria chegar?– Mas se você está dizendo que não tem nada com aquele sujeito, tentarei minhas chances.

Andamos um ao lado do outro até ao início das escadarias. Nos encaramos por um breve momento e subi alguns degraus, percebendo que ele também estava me acompanhando.

–Eu não quero ser grossa, mas só porque você me atingiu não quer dizer que precisa bancar a babá. - na real, ainda falava com ele como Will, não Mitchell - Obrigado, posso dar conta a partir daqui. - a batida devia ter sido tão forte que estava mexendo com os meus hormônios.

–Te vejo por aí. - foi só o que disse e seguiu caminho para o outro lado.

Fiz toda a subida novamente até a ala do meu armário e acabei percebendo que minha bolsa estava com Jimmy. Andei pelos corredores a sua procura mas não obtive sucesso. Enquanto voltava para a direção contrária, vozes sussurravam de dentro de uma sala com a placa ''Almoxarifado''. Eram vozes masculinas e femininas, ambos irritados. Aproximei meu ouvido da porta e consegui captar algumas das falas.

–Eles puniram a gente por tentar fazer isso, e não faremos de novo! - uma voz masculina murmurou.

–Você acha que eu sou burra? Dessa vez teremos mais cuidado e temos pessoas para culpar. Não será igual ao da última vez - Lauren.

–Dianna? - uma voz perguntou atrás de mim. - Você está bem?

–Oi Jimmy - me recompus ajeitando a minha roupa.

–Sua bolsa - entregou-a para mim

–Obrigada, estou melhor.

–O que você está fazendo?

–Vamos - peguei sua mão e nos afastamos da porta. - Eu estava te procurando e ouvi vozes atrás da porta. Tenho noventa e nove por cento de certeza que quem estava lá dentro era Lauren...

–Por favor não toque nesse nome, estou com nojo, muito nojo desse nome - Jimmy fez careta.

–...mais um garoto - terminei.

–James eu acho. Os dois estão meio que juntos.

–Eles estavam conversando sobre ''ter mais cuidado'' e ''não faremos de novo''.

–Dianna Banister, ouvindo por trás das portas, isso é muito feio! - fez um barulho com a língua. - sério que você não tem idéia do que eles estavam falando? - levantou as sombrancelhas para mim e eu o fiz parar perto de uma janela.

–Sim, mas se fosse sobre sexo, não teriam falado ''Eles puniram a gente por tentar fazer isso'' ''Dessa vez teremos mais cuidado e temos pessoas para culpar. ''. Agora tem alguma idéia do que é?

–Oh porra...

–O quê? - perguntei o mantendo parado na minha frente.

–Olha, eles são repetentes. Mas você não acha coincidência que todas as líderes e jogadores de futebol tenham repetido? Ano passado, eles destruiram a vida dos professores. - fez uma pausa - destruiram as famílias e colocaram fogo nos carros. - arregalei meus olhos - virou caso para as autoridades e tiveram que pagar alguns meses de ajuda humanitária, assim, faltando a boa parte do ano.

–Mas, por quê?

–Vingança. Recuperação no meio do ano é a pior coisa que pode existir aqui no Arcadia, acredite em mim, perder festas de natal... ano novo... Por isso que ninguém ousaria se meter no caminho deles, e você foi a primeira que teve a coragem de fazer isso.

Essa resposta poderia explicar muito das reações das pessoas que faziam ao me olhar.

–Isso é ridículo.

–Eu sei, mas... tome cuidado, só por precaução.

–//-

No final da tarde, quando algumas nuvens cobriam um pouco o manto azul, percorri algumas lojas do centro da cidade para comprar coisas para Master já que o meu filho dormia em uma caixa praticamente. A lentidão de carros fazia com que minha cabeça desse voltas e mais voltas, não pela pancada que recebera e sim pelos engarrafamentos. A avenida principal estava praticamente parada. A verdadeira culpa desse alvoroço entre os carros era a incompetência dos motoristas barbeiros.

Nem sempre a seta era ativada quando algum dos idiotas queria virar, tornando as ruas ainda mais perigosas.

Cerca de vinte minutos depois, sai da principal para a rua 5, estacionando na porta da loja. Por fora, parecia bem casual, mas por dentro era enorme. Havia passado por ela antes, quando ainda estava em treinamento, e o nome me chamou a atenção .

''Independence of the babies''

Me lembrando claramente do dia da independência daquele ano de Nova Iorque. Aquele dia não foi apenas o dia da independência para mim, onde fogos azuis, vermelhos e brancos eram lançados no céu, aquele, foi o dia em que perdera a minha virgindade. Na verdade, foi na madrugada seguinte, porém percebera estar apaixonada por alguém.

A loja toda tinha um ar rústico e era bastante ampla com dois andares. Da quantia que tinha na minha conta bancária, poderia comprar essa loja toda e mais as outras unidades pelo país. ''Quinhentos milhões de dólares para a sua diversão, mas por favor, gaste com moderação'' foi o que Robert havia dito.

Poderia encomendar tudo em ouro, mas seria esquisito demais, apenas comprei um mini berço montável bem prático da cor azul, algumas chupetas, mamadeiras, brinquedos que faziam barulhos e roupinhas. Para não demorar ainda mais, paguei sem olhar duas veze e entrei novamente no carro.

Dirigi em direção para as periferías onde moravam a maioria da população de Phoenix. Peter iria me levar para a casa de um dos integrantes da banda para ver o ensaio. Apenas aceitara para ter uma tarde normal de diversão com a minha segunda vida.

–Eu pensei que não viria - disse surpreso me recebendo dentro de sua casa. Peter estava com outra roupa e estava cheirando a sabonete de amêndoas.

–É o mínimo que eu posso fazer. Ah, venha comigo pegar as coisas de Master no carro. - me virei descendo do deque da varanda.

–Que coisas? - perguntou.

–Coisas para o nosso filho - abri o porta-malas e tirei o caixote do berço de dentro.

–Não precisava comprar todas essas coisas.

–Claro que sim. Nosso filho deve viver no melhor conforto possível - sorri.

–Mas porque não me avisou Dianna? Eu poderia ajudar com o dinheiro.

–Não se preocupe com o dinheiro, não foi nada caro, e nada que eu não possa pagar.

Peter me deu um sorriso tímido e levou parte das coisas para o seu quarto. Quando meu porta-malas ficou vazio começamos a arrumar e montar.

–Eu nunca imaginei que meu quarto teria um berço. - falou

–É só até amanhã, porque a tarde virei buscá-lo. - Os três dias passaram rápidos demais. - Onde está a sua mãe? Notei que ela não está aqui.

–Sim, paz em casa - riu e ri junto com ele - Ela está no tribunal.

–Aprecio o emprego dela... fazendo justiça.

O berço ficou bem ao lado da cama do Peter já que fizemos algumas mudanças na posição dos móveis. As roupas e brinquedos foram posicionados em um canto, perto da porta para ter um fácil acesso.

–Vamos? - perguntou segurando o violão que estava dentro de uma capa preta.

–Tem certeza que não vou atrapalhar? - hesitei.

–Eles disseram que estava tranquilo, então está tudo bem. - sorriu.

Seguimos em carros iguais, no meu carro. Deixei que ele dirigisse já que eu não sabia exatamente onde era.

–Minha mãe apenas me liberou o carro por um tempo, ainda estou de ''castigo'' - falou fazendo aspas com uma das mãos e revirando os olhos.

–Por quê?

–An... - seu rosto ficou tenso de repente. - coisas da minha mãe.

Continuei o olhando esperando uma respostas.

–Para impressionar você - soltou num suspiro.

–Hum... - sorri - Vai me contar sobre a sua jornada em Londres? E tudo o que aconteceu?

–Ok, vou tentar fazer um resumo para você. Eu e mais três caras da minha idade fugimos para Londres sem a permissão dos nossos pais e ficamos por lá por um ano tentando achar uma gravadora e quando achamos, fomos impedidos de assinar um contrato por falta de escolaridade, é isso. - Peter soltou rapidamente tudo de uma vez.

–Por isso teve que voltar para terminar esse ano...

–Isso quer dizer que sou mais velho, tenho dezoito anos. - Oh, e eu tenho dezenove.

Como conseguiram se sustentar todos esses anos?

–Nosso bateirista vem de uma família rica, então... dormir em um quarto com uma triliche não foi a pior coisa do mundo.

Olhei para a frente e Peter deu uma freiada brusca no sinal vermelho.

–Você quer que eu dê uma porrada naquele Mitchell? Depois da bolada que... levou?

–Isso não será necessário Peter, eu sei me defender sozinha.

–Disso eu não tenho dúvidas. Ele parece ser igual a você - o sinal foi para o verde e ele acelerou - Roupas maneiras e tudo mais.

–Mas isso não define quem a pessoa é. Humildade acima de todas as coisas.

–Tem razão. Eu acho que preciso de um emprego temporário.

Continuamos a conversar até que eu perdesse a noção do tempo e percebesse que havíamos chegado. A casa de Patrick era grande e tinha muros cheios de folhas com um portão enorme antes que pudessemos entrar. Peter parou em frente ao portão e apertou o interfone na parede lateral. Uma câmera no alto do muro nos vigiava se movimentando e dando zoom. Essa mansão me lembrava um pouco com a dos Palmers.

–Cara, abre o portão aí - falou pelo interfone grande.

De repente as portas de ferro se abriram e Peter pode seguir em frente com o Toyota.

–Bela casa. - murmurei.

–Os pais de Patrick não gostam de economizar. - comentou

–O que eles fazem?

–São engenheiros civís ou algo do tipo, nunca me interessei em saber de verdade.

No caminho para a porta da mansão, observei a beleza que era o jardim, ele estava recheado de rosas vermelhas e azuis. Quando Peter parou o carro em frente a porta, um homem velho e com os cabelos brancos vestido feito um mordomo abriu a porta para que eu saísse.

–Obrigado - falei.

Ele me mandou um sorriso e foi para o lado do motorista. Quando Peter saiu, entregou a chave ao homem e se pôs ao meu lado me conduzindo para entrar na casa.

Por dentro, seus móveis eram modernos com um pouco de sofisticação, uma grande escada de pedras dominava parte da sala de estar e um grande lustre estava acima de nossas cabeças, oferecendo brilho para todo o ambiente.

–Os ensaios são no porão - disse Peter pegando na minha mão instantaneamente me levando para a cozinha e depois para uma porta, tão rápido que não conseguira ver claramente os detalhes dos cômodos.

Uma escada de madeira marrom escuro estava presente na minha frente e Peter fez sinal com a mão para que eu descesse primeiro. O ambiente era fresco, por incrível que pareça e bem aconchegante. Ao descer todos os degraus, três pares de olhos se fixaram sobre mim. Peter veio em seguida.

–Pessoal, Dianna Banister. - me apresentou

–Oi - murmurei sem graça.

–Finalmente ele te trouxe, estávamos cansados de ouvir ele falando de você sem ver a própria - um garoto alto com as roupas e cabelos bagunçados, alto, falou. Ele estava de frente para um teclado e tinha os olhos e cabelos castanho claros - Chase, mas pode me chamar de Duck. - ele se aproximou de mim e beijou a minha mão.

–Não assuste a garota com seus gestos meio românticos Duck, todo mundo sabe que você não é - disse o outro dando um soco no braço de Duck - Eu sou Scott, e como pode ver, toco baixo e guitarra. - me mostrou a guitarra preta em suas mãos.

E sem tempo de poder falar, Duck abriu a boca novamente.

–Também conhecido como Donald - piscou - Todos nessa banda tem apelidos. Mas apenas nós, os íntimos nos chamamos assim. - Donald era um pouco mais baixo que Duck, loiro e tinha os olhos cinzas.

–Duck Donald [n/a: Pato Donald]? - perguntei

–Sim, por que os dois vivem grudados um ao outro. - riu Peter atrás de mim.

–Peter é o playboy que pelo nome já sabe... vive com as garotas.

–Cala a boca Duck, ou vou ter que te calar eu mesmo? - Peter fuzilou Duck com os olhos.

–Cadê o seu violão? - Duck retrucou parecendo não ligar.

Peter tocou nos ombros e percebeu que não estava lá.

–Esqueci no carro - sussurrou - eu vou pegá-lo em um minuto.

–Não se preocupe, não temos pressa - cruzou os braços.

–Não é com você que eu me preocupo - Duck estava o encarando e de repente virou o olhar para mim.

–Ah, relaxa mano! Mete logo o pé pra pegar o violão, não faremos nada, já somos todos grandinhos.

Me virei para ver a reação de Peter e ele já corria para o topo.

–Sinta-se em casa. Eu sou Patrick - o mais mal humorado me encarou - Sente-se por favor, qualquer coisa que quiser, é só dizer. - Patrick era forte e grande.

–O apelido desse durão aí é potato, por causa da careca - E Duck abre a boca novamente.

Os três estavam posicionados nos devidos lugares com seus intrumentos. A sala meio neon, com as paredes de madeiras cheias de posters de outras bandas e apenas uma lâmpada incandescente iluminava o ambiente. Um sofá meio furado vermelho estava em frente aos integrantes e me sentei em cima dele, dentro de um enorme buraco.

–Então... já rolou? - Dessa vez foi Donald quem se pronunciou.

–O quê?

–Vocês já deram aquele passo do beijo para...

–Não! Não, o quê? - franzi o cenho em negação. - Nós somos amigos.

–Aham, acreditamos. - Duck saiu de trás do teclado e se direcionou até a um frigobar escondido no canto do porão. - Não me leva a mal, mas o cara mudou desde quando começou a falar contigo.

–Deixa a menina em paz - Potato deu lhe um golpe com uma baqueta, fazendo o gemer de dor.

Coé mermão, você já notou que eu sou apenas osso? - Duck tirou quatro latinhas de refrigerante do frigobar e jogou uma para mim. - O negócio é, Peter Mayer nunca foi tão atencioso com uma menina, antes era pegar e chutar, agora com você... tem algo em que mexe com ele. - balançou a cabeça.

–Talvez porque eu tenha me fechado por um ano e seja um pouco difícil... - murmurei para que apenas eu conseguisse escutar.

O clima estava estranhamente familiar comigo e com os três homens na mesma sala. A banda era como uma família, uma família mais próxima do que a própria família de sangue. Uma família íntima em que todos compartilhavam uma paixão e que todos brincavam sem ser nada sério. Percebi que isso não tinha preço, era muito mais do que apenas uma união, que essa união era mais importante que qualquer obstáculo porque não importava o quão longe teriam que chegar, eles chegariam lá juntos. Os observando da maneira que agiam, sabia que era uma amizade profunda e verdadeira.

Patrick era durão, ainda mais com aquela careca, mas era uma boa pessoa. Ás vezes, no meio do ensaio, sorria discretamente por causa de alguma palhaçada de Duck. Donald era quieto mas era sempre influênciado de alguma forma a falar alguma palhaçada ou qualquer outra coisa. Duck era o sincero, que mais fazia palhaçadas, sempre zoando alguma coisa sobre qualquer coisa. Peter era... Peter. O mesmo garoto que havia conhecido no primeiro dia, aquele que teve coragem para vir falar comigo, mesmo sabendo que estava em zona de perigo por causa do meu cabelo. Ele era aquele que corria atrás de mim para conversar, aquele que eu pegava de vez em quando me olhando, que sempre sugeria ir a algum lugar, que vivia dizendo que estava mudando. Ele era o que sempre me mandava sorrisos mesmo não merecendo e o que me fazia elogios toda hora, Peter foi aquele que tocou meus ouvidos com uma música pessoal. E também aquele que todos criticavam por estar mudando, o que eu entendia perfeitamente. Eu o ignorava esse tempo todo, por orgulho ou por outra coisa que não sabia, eu não tinha parado para pensar nisso, mas sentada no sofá de couro rasgado, vendo os fazendo o que gostavam de fazer fez eu perceber. Como eu não pude notar isso esse tempo todo?

E o que mais me assombrava, era também estar sentindo o mesmo por ele.



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Notas finais do capítulo

Gente, ela percebeu! Milagres acontecem!
Agora vamos esperar para ver o que ela vai fazer hohohoho
Mandem seus reviews por favorrr!!! Obrigado.
(Ah e obrigada pelos reviews positivos do capítulo passado! Eles me deixaram extremamente feliz!)



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