Aurora Azul escrita por Dauntless


Capítulo 15
Capítulo 14 - Mancha de sangue


Notas iniciais do capítulo

AI MEU DEUSS, FINALMENTE ESTOU COMPARTILHANDO ESSE CAPÍTULO COM VOCÊS!
(Gostaram da capa nova que eu fiz??)
Não sabem o quão duro foi escrever ele, minha cabeça estava querendo explodir para colocar todas as minhas idéias. Passei 2 semanas para escrevê-lo, por isso a demora, passei dias e dias acordada até ás 4h na madrugada para desenvolver e escrever. Apaguei muitas partes um milhão de vezes, reescrevi e reescrevi.
Agora são 00:36, comecei a revisar ele ás 22h e ainda sinto que falta algumas coisas, não estou satisfeita.
E o resultado final? 32 páginas... Estou com medo de mim agora.
Mas queria postar antes do ano novo.
Não tem como lhes sugerir uma música, o cap passa muitas emoções e escutei muitas músicas de estilos diferentes!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/234916/chapter/15

Mesmo estando de olhos fechados, eu sentia meus olhos lacrimejando fazendo com que minhas pálpebras tivessem um pouco de dificuldade para se abrirem. O ambiente estava calmo, apenas sentia o barulho da minha respiração e suspirei. Mas conseguia ouvir uma outra respiração. Rapidamente me lembrei de quem era e do que havia acontecido.

Meu sono foi tão profundo que nem ao menos minha cabeça teve energia para sonhar. Porém minha mente produzia vozes, muitas delas, perguntando o que diabos tinha acontecido. Por que eu o ataquei? Essa pergunta não era difícil de se responder. Ás vezes eu ficava fora de mim e simplesmente fazia o que minha mente ordenava, sem pensar sobre.

Meus ossos não estavam mais doloridos, nem meus braços e pernas, apenas a minha cabeça latejava e transmitia pontadas de dor. Eu sabia que Will estava me observando dormir, pois sempre temos aquela sensação de quando alguém está nos encarando. Eu iria dizer pra ele. Eu precisava. Do mesmo jeito que ele errou, eu também errei. A raiva que sentia pelo meu avô estava diminuindo, certamente porque eu não tinha certeza se era verdade e precisava ouvir a sua versão. A partir de agora, iria investigar antes de fazer qualquer coisa que ele mandar e o vigiaria.

Levei os dedos das minhas mãos até os meus olhos e os esfreguei antes que eu os abrisse. Ao levantá-los, minhas pálpebras sentiram o choque do cansasso. Suspirei me ergui apoiada nos cotovelos.

–Oi - disse Will com os olhos um pouco arregalados e dando meio sorriso. Observei o por um momento e percebi que não havia trocado de roupa, seus músculos estavam tensos e haviam alguns arranhões por todo o corpo.

–Oi - respondi. Eu também estava com as roupas acabadas, minhas botas de cano baixo estavam sujos de poeira e misturado com algo estranho. Meus jeans e regata estavam rasgados, mas ela, estava incomparável. Meu cabelo estava bagunçado também, senti os fios loiros todos cheios de nós e pairando bem no alto. Em relação aos meus hematomas e arranhões, eles desapareceram. - tudo bem? - perguntei me referindo aos seus.

Will olhou para mim com cara de ''como é que é?'' e começou a rir. Sua risada era contagiante e acabei rindo com ele. Oh, eu senti falta disso. Seu sorriso era lindo e mostrava dentes certos e brancos.

–O quê?

–É a pergunta mais ridícula que você poderia perguntar após tentar me matar. - continuamos a rir - Estou mais que bem - respondeu. - Você está com sede?

Fiz que sim com a cabeça e ele saiu do quarto.

Essa cômoda estava arrumada, não foi atingida, estava do jeito que eu me lembrava. Me levantei meio zonza e cambaleei para me sentar na cama de novo. Minhas pernas estavam moles e fiz um esforço mais uma vez. Que horas são? Caminhei para fora do quarto e avistei o corredor cheio de furos nas paredes com balas e cápsulas no chão. Se ele estava desse jeito... Lentamente andei até a escada e tive uma visão privilegiada do nosso show.

Os sofás estavam furados e de cabeça para baixo num canto da sala, um dos vidros laterias estava quebrado, a TV foi parar na cozinha, os quadros estavam todos caídos no chão, a mesa de centro virou estilhaços de vidro, as flores estavam esmagadas, as cortinas totalmente destruídas... se eu queria ver como a cozinha estava? Não obrigada.

Will apareceu de repente abaixo de mim com um copo d'água.

–Esse é o copo mais intacto que encontrei - levantou o copo de vidro para eu ver que estava quebrado. Ele subiu e ficou do meu lado me entregando o copo.

–Obrigado - falei encostando minha boca na parte não quebrada do copo. - Eu posso te ajudar a limpar toda essa bagunça.

Will bufou.

–Você acha que eu vou limpar isso? - brincou - Os empregados limpam.

Por um momento tinha me esquecido que vivia á base de mordomia. Eu também poderia viver com isso, mas nunca iria me acostumar com pessoas trabalhando para mim.

–E eles não vão ficar assustados com isso? - levantei um sombrancelha terminando a água.

–Eles são pagos pra limpar, é o trabalho deles.

Olhei novamente para baixo me lembrando das cenas de ontem?! Acho que ainda estávamos no mesmo dia. E... eu o beijei. Sim, eu o beijei, não ele, mas eu. E agora? O que éramos nesse momento? Voltarmos a ficar juntos iria contra as regras.

–Que horas são? - perguntei me desviando dos pensamentos.

–Cinco da tarde. - murmurou

–Perdemos o colégio hoje. - eu estava evitando olhar em seus olhos, ou até mesmo para seu rosto porque sentia estar corando.

–Quem liga pro colégio? - ironizou - Só estou matriculado lá por causa de você Danna. - Will pegou meu queixo e virou meu rosto para que eu o encarasse. - Seu beijo ainda paira nos meus lábios.

–O seu também - falei sem acreditar no que disse. Meu coração começou a acelerar. - Mas eu já te disse, nós não podemos.

–Você, não pode, eu posso. - sorriu com o canto da boca ainda me encarando.

–Você não iria querer ficar comigo depois de descobrir o que eu fiz. - mudei a direção do meu olhar.

–Então é esse o seu medo? - seu rosto se aproximou do meu. Eu não podia...

–Estive com outra pessoa. - soltei prendendo a respiração.

Will parou e ficou congelado olhando para mim um momento. Eu sabia que ele iria me odiar...

–O quê? - perguntou. - Quem? - seus olhos ficaram escuros de repente.

–Primeiro, não estávamos mais juntos...

–Você pensava que não estávamso juntos, mas estávamos. Estamos - Oi? - Eu lhe disse que te deixaria em paz se dissesse que ainda não sentia nada por mim. Só acaba quando um dá um ponto final. E nenhum de nós deu.

Eu pensei ter dado, mas ele tinha razão. Todos pensavam que eu estava morta.

–Você procurou por mim? - minha boca estava com pó de mico.

–Claro que procurei Danna, por dias... meses...

–Hayden.

–Hayden?

–Tive um caso com ele. - minha respiração ficou fraca e estraguei o momento.

–Aquele bastardo sabia? - falou em pânico e com raiva, os olhos ardendo em fogo - Ele sabia que você estava viva? Filho da puta traidor, da próxima vez que eu o encontrar...

–Eu te avisei que você não iria querer mais ficar perto de mim, e também disse que lhe contaria tudo o que aconteceu comigo. - Me abaixei e me sentei no topo da escada. Olhei para cima e Will continuava pálido. - É uma história bem longa, então acho melhor você se sentar - sooei autoritária.

Will se sentou do meu lado sem olhar em minha direção, pensativo.

–Quando sai do seu carro para ver o incêndio, e depois de encontrar Rogers, fui atrás de Xavier por respostas - ele continuava em silêncio - e ele me deu algumas respostas - Comecei a falar sobre aquele dia para ele, cada detalhe e sentimento. - Quando ele me mostrou o video onde seu pai estava falando com você sobre me matar... meu mundo desmoronou mais ainda.

Ele finalmente olhou para mim.

–Danna, eu nunca planejei a sua morte. - seu olhar era de dor e compreensão.

–Eu... , bem - decidi pular essa parte - dirigi em direção á casa de praia e enquanto minhas mãos estavam no volante, vi o anel que você tinha me dado.

–Você ainda o tem? - perguntou

Olhei para o meu dedo e pela primeira vez, percebi que o círculo personalizado não estava mais lá. Em um rápido movimento, Will se levantou e entrou no quarto. Ouvi o barulho de gavetas sendo abertas e fechadas, depois de cinco minutos ele volta com um saquinho de veludo vermelho. Will o abriu e tirou o meu anel de dentro.

–Achei isso no seu Homecoming. - falou me entregando o pequeno arco. - é seu.

Encarando o anel, peguei-o e coloquei no lugar que ele pertence.

–Como você foi parar lá?

–Investigações. Quando você era a ''loira misteriosa'', eu queria te matar, então te persegui.

Comecei a rodar o anel no meu dedo, refletindo sobre o quanto ele sabe de mim. Porém as outras coisas eram apenas detalhes, a coisa mais importante ele já descobrira. Seus dedos quentes roçaram meu rosto e colocou o tanto de cabelo da frente para atrás da minha orelha. Virei para encará-lo e toda a tensão em seus olhos estava sumindo.

–No momento eu estava morrendo de raiva de você e quando voltei meus olhos de volta para a estrada, o caminhão estava bem a minha frente e... bem, você sabe. - suspirei acabando com o seu ato romântico e desviando o olhar para as minhas botas. Por que ele estava fazendo aquilo? - Fiquei inconsciênte até despertar em um lugar parecido com uma sala de cirúrgia. Só que o teto era bem mais alto, e a sala só tinha uma maca, a que eu estava em cima. O ambiente também era oval e bem iluminado. - pausei - E meu avô apareceu para falar comigo.

Will se agitou um pouco e parecia franzir o cenho.

–Robert Walker? Pensei que ele estava morto. Aliás, todos pensam que ele está morto. - Oh, então Will sabia do meu avô, ele parecia saber muita coisa...

–É impressionante, mas ele está vivo. Foi ele que me treinou, e é ele que me dá ordens sobre os ataques.

[FLASH BACK]

–Que bom que acordou querida, temos muito a conversar - disse ele parado em frente a Danna.

Ela estremeceu com o tom de sua voz que era tão fria... e tentou olhar em seus olhos, mas a luz forte das armas dos homens a impedia. O senhor de meia idade lhe ofereceu suas mãos para ajudá-la a se levantar, como ela não tinha muitas escolhas, colocou a palma de sua mão na dele. Seus dedos eram duros e frios e o toque de suas mãos fez com que todo o sangue de Danna fervesse. Quando ela se pôs de pé, teve a coragem de perguntar:

–Que-quem é você? -sua voz falhava e mal podia ser ouvida além do velhinho.

Ele não respondeu, nem mesmo largou sua mão toda arranhada, apenas a abraçou nas costas e a conduziu para fora daquela sala. Ao cruzar aquela porta camuflada, sentiu um ar quente em seu rosto, Danna piscava sem parar para clarear a sua visão. O local onde estava era parecido com a A.A.S.S. Será que estava em uma? Pensava sem parar e bastante confusa. Aquilo podia ser um sonho, por isso deixava o homem guiá-la para onde quer que fosse, até mesmo se fosse para o inferno. Seu mundo havia sido desmoronado, não tinha mais o que fazer nesse lugar.

A diferença do ambiente era que as pessoas vestiam uniformes de tons de cores diferentes. O terno das mulheres era cinza e com detalhes avermelhados. O mesmo com os homens. A grande sala continha vários computadores como a da agência. Será que Xavier havia seguido-a e tinha a salvado do acidente? Mas era improvável já que o senhor que estava a conduzindo não era ele.

Depois da central de computadores, eles atravessaram um corredor bem iluminado, passando por salas e salas com números na porta. Com certeza não era a agência que conhecia. A cabeça de Danna começou a girar e percebendo que talvez sua neta pudesse cair, Robert chamou o soldado mais próximo para tomá-la no colo. Ela não tinha muitas forças, então descansou a cabeça no ombro daquele homem alto e bem armado. As duas mãos dele estavam a carregando como se fosse um peixe, um estava abaixo do seu joelho e o outros nas suas costas atravessando o suvaco.

Momentos depois, Danna sentiu a maciez de um colchão sustentando-a. Enfim estava em uma cama, o homem estava sendo bondoso, mas aliás, quem era? Sua consciência não parava de torturá-la com essa pergunta.

–Descanse um pouco mais minha filha - o homem da voz fria soou bem ao seu lado - Quando acordar, conversaremos.

E ela realmente apagou.

Vinte horas depois de se mergulhar em um sono profundo, talvez o mais profundo deles, Danna desperta com a imagem do Will na cabeça. Ela não acreditava ainda no que havia visto naquele video, será que era falso? Será que alguém dublava as vozes? Será que era jogo de tecnologia? No momento, ela queria estar com ele e enfrentá-lo. Se isso tudo fosse apenas sua imaginação, a odiaria para sempre, queria ser mais corajosa e mais forte para enfrentar esse tipo de coisa, mas agora Danna conseguia ver que não estava preparada para nada daquilo.

Não teve dificuldades em abrir seus olhos, as luzes estavam totalmente apagadas e o ambiente estava meio frio. Ela se sentia totalmente renovada, seus ossos não doíam tanto quanto antes, sua cabeça estava mais do que em perfeito estado, e se sentia mais viva por dentro. Danna se levantou da cama em que deitaram-na e se sentou olhando melhor o ambiente ao redor. Parecia uma... cabine. Pelo que saiba, estava em uma daquelas agências... Como o ambiente não possuia janelas, ela abriu a porta e se deparou com várias poltronas. Estava em um avião? Como estava em um avião? Como a levaram para lá? Se perguntava. O sono foi tão profundo que não percebera nenhum tipo de movimentação. Em umas das seis poltronas brancas estava aquele homem de meia idade, ele estava com as pernas cruzadas e lia um jornal, o famoso The New York Times.

Será que ainda estavam em Nova Iorque?

–Bom dia querida. - murmurou o homem a surpreendendo abaixando o jornal e fechando-o.

–Onde estou? - perguntou ela inocentemente

–Estamos a caminho de Phoenix, sua casa. Está se sentindo melhor? - mandou lhe um sorriso simpático.

–Quem é você?

–Sente-se que lhe direi - ele apontou com seu dedo para a poltrona paralale á dele.

Danna hesitou mas se sentou. O homem á frente lhe mandava um sorriso amigável e familiar. Ela começou a sentir calafrios e se abraçou. Quem era aquele homem?

–Não tenha medo de mim - falou percebendo sua expressão de medo - Nunca tivemos a oportunidade de nos apresentar antes, mas por irônia do destino... - seus olhos brilhavam - meu nome é Robert Walker, seu distante avô.

Os cabelos de Danna começaram a se arrepiar e seu coração começou a bater mais forte.

–Meu avô? como? Não tenho parentes vivos. - franziu os cenhos.

–Isso porque minha morte foi decretada há anos atrás, bem antes de você nascer. Ninguém sabe sobre mim.

Danna olhou para fora da janela redonda, as nuvens estavam cobrindo a vista de baixo. Seu avô? Vivo? Um parente vivo? E por que não se sentia feliz?

–Você... você me resgatou... você... estou muito confusa. - sua cabeça dava voltas e voltas por causa dessa revelação.

Não pense demais, isso pode explodir a sua mente– continuou - A vida de ninguém é segura, desde quando você nasceu, monitoramos seus movimentos, e quando você sofreu aquele acidente, tivemos que salvá-la - isso fez com que Danna pensasse em Xavier.

–Xavier mencionou você... é... é você que tem controlado a outra parte da empresa?

–Eu nunca perdi a outra. - piscou pra ela - eu criei uma, e sempre será uma. Apenas me roubaram o controle da tal.

Danna olhava para o seu avô?! podia o chamar assim? Com um olhar duro e desconfiado, por que ele não fez nada desdo início?

–Xavier é um homem muito fiel, minha mão direita para falar a verdade. - Robert descruzou as pernas alcançou o a taça bem ao seu lado para beber um gole de vinho.

–Mas ele não sabe que você ainda está vivo. - os olhos dela começaram a arder por ficar tanto tempo sem piscar.

–É para o próprio bem dele. Temos que proteger os nossos amigos mais queridos.

–Por que agora? O que você quer de mim? Por que não me deixou morrendo naquela batida? Acabaria com isso tudo pra mim! Se você quer que eu assuma alguma empresa ou o que diabos seja, não obrigado, minha vida já está bastante complicada e confusa, e fiquei sabendo que nasci tendo inimigos. Estou apenas cansada disso tudo, aconteceu tão rápido, eu nem tive tempo para parar e pensar so...

–Acalme-se - Robert disse e Danna percebeu que seu batimento cardíaco devia estar lá em cima, além de também, estar gritando -Eu não disse que queria que assumisse. Eu disse que vim ajudar. - seu avô falava na maior tranquilidade possível. - Sua vida sempre foi uma e sempre será. Você tem meu sangue, um sangue bastante raro e caro. Sei que quer justiça, vingança por tudo o que aqueles covardes fizeram á nossa família, e sem você, não poderemos ter o que queremos, estou ficando velho minha filha.

Danna começou a ficar inquita e a bater seus pés que estavam descalços. Só agora percebera que estava com uma blusa diferente, a antiga regata, virou outra bem limpa. Quem havia trocado sua roupa?

–Depois do seu acidente, a nossa equipe a resgatou, e a levaram para a base de NY. Certamente sabe sobre seu chip certo?

–Depois de levar um tiro e a ferida sarar em um dia, claro que sei - revirou os olhos

–Não seja sarcástica comigo - mesmo dando bronca, aquele homem parecia calmo. Danna estremeceu e fez que sim com a cabeça. - Esse chip é uma das minhas criações mais valiosas. Ele mexe totalmente com o sistema do ser humano, fazendo suas células agirem mais rápido do que o normal... - Robert estava com um olhar encantado e sua voz continha uma pontada de orgulho. Era como se estivesse contando um conto de fadas. - seu sistema... - fez outra pausa - fazendo com que qualquer imperfeição se torne uma perfeição novamente.

–Por que você plantou essa coisa em mim? - cruzou os braços fazendo uma carranca.

–Por que você é foi predestinada a isso - Danna franziu o cenho - Você é a minha neta e precisa de proteção. A regra era que quando algo grave acontecesse com você, o chip seria automaticamente ativado. No início, eu testei isso em macacos, por ter uma estrutura parecida com a do ser humano. Três falhas e finalmente a perfeição foi atingida. Logo após você sair do útero de sua adorável mãe, inseri-o dentro de você - agora Danna se perguntava por onde ele tinha inserido essa merda - pela sua boca. - respondeu percebendo sua expressão de dúvida.

–Continuo sem entender - se pronunciou sem olhar para Robert.

–Porque você não entende. Com o tempo, entenderá.

–E o que você quer que eu faça? - perguntou.

No fundo, Danna estava com raiva dele. Raiva por ter feito sua mãe passar pelo que passou, por ter a deixado fugir para as ruas sem ao menos saber se iria sobreviver. Mas naquela época, tanto ir pra casa como ficar na rua, significava morte para ela. Mas aí veio Rogers e tudo mudou. Danna podia ter tido uma vida igual a daquelas meninas do ensino médio. Roupa bonita, sapatos bonitos e cabelos e unhas todos bonitinhos. Porém foi bom ter passado por tudo aquilo, pois a solidão a ensinou as regras do mundo a fora. Ela começou a pensar em como sua vida seria se ainda vivesse com seus pais, vivos.

Pensou sobre aquelas brigas de mãe e filha por causa de alguma besteira, das broncas que seu pai a daria se chegasse tarde em casa, o modo protetor dele em protegê-la dos partidores de corações. E se lembrou do dia em que Rogers a encontrou.

''O ar frio estava entrando pelas suas narinas e resfriava seus pulmões. Nova Iorque era uma cidade de gelo nessa época do ano, mas de jeito algum voltaria para a casa e viveria com aquele celeiro de lixo. Há uma semana atrás, sua mãe havia falecido e desde então, não viu mais motivos para continuar. Havia chorado todos os dias desta última semana e só agora havia parado por conta do frio. Danna vestia apenas sua blusa de manga comprida e um suéter por fora, em seu pescoço, havia um cachecol que era da sua mãe. Suas mãos estavam cobertas por luvas e apenas estava com um jeans. Resumindo, se não encontrasse um lugar quente, iria morrer ali mesmo.

O beco era sujo, mas o mais limpo que havia encontrado. Duas caçambas estavam em sua frente e resolveu entrar para dentro delas se juntando ao lixo. Fedia muito mas Jim parecia feder mais e o lugar era um pouco mais quente.

Um tempo depois, a tampa se abriu de repente e um homem de cabelos escuros apareceu sobre ela.

–Olá docinho - disso o desconhecido

Danna não conseguia responder, apenas continuava a tremer de frio e seus dentes trincavam sem parar.

–Venha, vamos para um local mais quente - disse o homem e Danna não pensou duas vezes, segurou na mão dele que estava estendida e saiu da caçamba sendo conduzida por ele.''

–Aceitaria ser treinada? - Robert falou cautelosamente observando cada reação de sua neta.

–Como?

–Para apenas aprender a se proteger. Eu lhe estou fazendo uma proposta, treine por um ano e se decidir se juntar a mim estarei sempre a sua espera, se não quiser, respeitarei sua decisão e poderá seguir sua vida com toda a fortuna do seu pai - Era uma oferta e tanta.

Danna começou a sentir o choque daquela proposta e vários pensamentos pairaram em sua mente fazendo com que ficasse confusa. Seu avô estava lhe oferecendo um treinamento para se proteger... tudo indicava que sua vida estava em risco... como Will dissera, como Xavier dissera...

–Terei que abrir mão de tudo? - perguntou respirando pela boca

–Todos os laços que tem criado nesses anos. E não é por causa de você e sim deles. - Robert estava com as sombrancelhas levantadas ancioso por uma decisão.

Temos que proteger os nossos amigos mais queridos– citou a frase que seu avô havia mencionado no início. Ele estava certo. No momento em que estiver perto deles, eles poderão ser feridos. Danna não conseguia parar de pensar em Will e no video...

–Soube sobre seu pequeno caso com o filho de George Palmer. - sussurrou bebendo mais um gole do vinho - Garoto esperto, mas você é boa demais para ele. Você é boa demais para qualquer um. - suas palavras não transmitiam emoção agora. - Sangue Walker e sangue Palmer, oh, uma combinação muito perigosa de dois sangues poderosos.

O que ele queria dizer com ''poderosos''? E por que falava nessa palavra toda hora?

–Você está dizendo que não somos compatíveis? - perguntou mordendo o lábio inferior em sinal de dúvida.

–Querida, seus sangues são mais compativéis do que imagina, tão compatíveis que pode ser perigoso. - sorriu com o canto da boca. - Will vilão, Danna heroína. - Robert fez uma metáfora. Ela pensou mais uma vez sobre o video. Ele queria matá-la... queria... era difícil refletir isso, ainda mais depois de um acidente e em frente á esse homem intimidador. Danna não podia mais fugir mais, desde quando começou, nunca mais parou de torturá-la e foi como um vírus, transmitindo cada vez mais rápido. Não havia mais saídas. Já foi tentada uma vez e não podia deixar isso acontecer de novo. Agora ela queria estar preparada para o que der e vier, para quem quizesse matá-la.

–Eu aceito - falou de imediato sem hesitar.

–Magnífico! - sorriu o avô, agora mostrando os dentes. - Tenha certeza que será uma das escolhas mais importantes da sua vida.

–E como iremos começar? - perguntou falhando com a voz. De uma maneira, estava animada.

–Está disposta a fazer todo tipo de treinamento? - Robert soou preocupado dessa vez.

–Eu an... - Danna pensou em como esses treinamentos seriam... e se fossem muito pesados? Iria conseguir? Ao menos teria que tentar. - sim - disse finalmente.

–Esplêndido! - sorriu outra vez animado - Estamos em Phoenix, pousaremos daqui há quinze minutos. Entre esse espaço de tempo, deseja fazer alguma coisa? vejo que as feridas estão saradas.

–Preciso de um banho, mas tenho algumas perguntas - Ela começou a morder os lábios tirando pequenas peles secas.

–A vontade - respondeu se enrijecendo. Robert tossiu com o punho próximo a boca e olhou em direção á Danna.

–Como exatamente meu pai morreu? Xavier dissera que Joseph fora assassinado e que minha mãe se suicidou. - Seu avô a analisou com um olhar duro.

–É verdade. Mas prefiro não entrar em detalhes sobre isso - Danna percebeu que seu avô não gostava de comentar sobre este assunto.

O silêncio se apoderou do lugar e sua barriga começou a roncar mas apertou seu estômago o ignorando. Ela se levantou pedindo licensa e voltou para o quarto tentando absorver tudo o que acabara de descobrir. Seu avô era um zumbi que queria treiná-la. Para o quê ainda não sabia, mas parecia ser parte de uma vingança. Dentro dela, havia um chip sinistro que curava qualquer ferida. Que dia era hoje exatamente? Por quanto tempo ficou desacordada e faz quantos dias desdo dia do acidente? Queria voltar para a sua cama familiar em seu apartamente no Brooklyn e enfiar seu rosto no travesseiro como sempre fazia. Queria sentir aquele cheiro de lavanda do banheiro, do perfume que usava e que recheava o quarto com o cheiro... Mas tudo se fora.

Ela teria que se esconder por um ano, se afastando de tudo o que contruira e receber de bandeja a mordomia. Será que iria aguentar? Danna se sentou em cima da cama do quarto apertado e enterrou seu rosto em suas mãos. Queria pelo menos vê-los por uma última vez... Conversar com sua amiga maluca sobre isso tudo... mas não podia. Isso era muito até para ela, o único que entenderia era Will, mas simplesmente não podia confiar nele. Danna inspirou um ar bem longo para o pulmão e o soltou lentamente.

Era essa a sua decisão, pois mais cedo ou mais tarde, teria que enfrentar os demônios do passado.

–//-

Quando Danna saiu pela escada do avião, percebeu ser um jato. Estavam em uma pista de pousos e decolagens, imediatamente percebeu a diferença do clima quente. Uau, era mesmo quente como diziam que era em Phoenix. Seu avô a conduziu para descer as escadas e uma BMW preto os esperava à poucos metros dali. Era tudo tão novo para ela que demoraria a se acostumar. ''Milhões não são nada em comparado a isso, bilhões chega perto, mas trilhões mais ainda'' quando seu avô disse isso, imediatamente arregalou os olhos ao pensar no tanto de zero que aqueles nomes indicavam, Danna nunca sequer tocou em um número com cinco casas, imagina sete, oito... nove... era muito dinheiro, poderia comprar o mundo com isso.

Ao invés de pensar em como gastar o dinheiro, pensou em como ajudar outras pessoas com ele. Há dias atrás nem sequer tinha noção sobre sua posse em uma quantia tão alta e se tivesse pelo menos um décimo disso, compraria uma casa e um carro. Outras pessoas precisavam disso também, mas ela não passava fome, outras pessoas passavam.

Danna se abaixou para entrar naquele carro alto e sentiu o gelado do banco de couro. O ambiente estava bem mais fresco por causa do ar condicionado. Robert fechou a porta para ela e se dirigiu para o outro lado do carro abrindo a porta para se sentar no assento ao lado.

–Não terá mais que trabalhar duro, agora terá as coisas na palma das suas mãos - ela não gostou dessa expressão.

Danna não respondeu, eles apenas seguiram quietos em direção á algum lugar desconhecido. Trinta minutos depois, o carro entrou em uma rua com um asfalto estreito subindo para um morro dando voltas em uma montanha. Nunca havia visto um lugar desses, apenas na teve, o tráfego estava tranquilo e ao passar por bares viu que os relógios indicavam duas da tarde. Ao terminar a escalada, avistou uma casa branca e grande bem na frente. Era uma casa de artistas de Hollywood, bem construída e bem moderna. Por fora, conseguia ver que era equipada com bastante segurança, não haviam aquelas janelas que precisavam de um apoio de maderia ou ferro. Era um pedaço do vidro inteiro que deveria ser de correr.

O motorista que dirigia era totalmente discreto e não dera um pio. Virou o carro para a esquerda e com um controle abriu a porta da garagem. Mas Danna percebera que não era um controler qualquer, que você apertava e a porta abria. O motorista havia apertado uma senha.

–Essa é a sua casa, ao menos era aqui onde você nasceu e morou por um tempo. - Danna arregalou os olhos e se encolheu no banco.

–Eu nasci aqui? Em Phoenix? - perguntou cansada - como eu não sei do próprio lugar que nasci? - tentou ironizar mas se lembrou do alerta de seu avô. Acabara de perceber que passava muito tempo com Tereza... OH.

–Você se mudou logo no primeiro mês. - sorriu.

Quando o carro entrou por completo, o motorista saiu e abriu a porta de Robert primeiro já que estavam do mesmo lado, depois o do lado de Danna. Ao colocar o primeiro pé para fora do carro, sentiu outra onda de calor.

–Venha - disse seu avô abrindo a porta branca da garagem e fez uma movimento com a cabeça para que o seguisse.

A casa era tão graciosa por dentro quanto por fora, seus móveis eram exatamente como ela havia imaginado antes de entrar, tudo com um toque moderno, primeiro deu de cara com a cozinha que era uma contemporânea com armários grudados na parede, sua textura era lisa e dava para ver seu reflexo nele. Sempre sonhara com uma cozinha dessas. Havia uma bancada em frente á ela e notara que não tinha nenhuma mesa de jantar.

–Mandei reformarem essa casa com o máximo de segurança e sofisticação possível. Todos os mobiliários foram elaborados e desenhados somente para a tal, então tudo o que tem aqui é uma exclusividade. Seu material também é o melhor deles, a madeira dos móveis foi importado da Ásia, especificamente da Índia. - Robert andou pelo ambiente que era grande demais para ser uma cozinha, raios de sol iluminavam a cômoda e da grande janela conseguia ver o céu azul - A TECA é um tipo de madeira bem resistente, e de grande durabilidade além de ser ecológico.

Danna percebera que seu avô era um grande contador de histórias e que não era diferente de outros velhos. Adoravam falar.

Robert seguiu para outro corredor e Danna o seguiu. O espaço era extremamente aberto e bem grande. Ela percebera que o chão e o teto tinham a diferença aproximadamente cinco/seis metros. Um grande lustre pairava no centro com o que pareciam ser diamantes caindo envolta dele.

Se era aqui onde ela ficaria, com certeza daria um toque neste lugar. Sem luzes com diamantes.

Ao redor, viu os sofás de cor bege e no grande espaço, formava um C em frente a vista panorâmica para o cidade de Phoenix. Um vidro estava no lugar de uma parede, um vidro oval e tinha cortinas da cor amarelo escuro sobre ele.

–Minha segunda parte favorita da casa - Seu avô disse arfando observando junto com ela.

–E qual é a sua favorita? - nem nessas horas, ela podia deixar de ser curiosa.

–Venha, lhe mostrarei - Danna era alguns centímetros mais alta que ele e conseguia ver sua nuca.

Seguindo o por outro corredor largo, Robert de repente parou e tirou o quadro ao lado, revelando um painel com dígitos.

–É a parte mais valiosa da casa, e a mais divertia - sorriu como uma criança ancioso para entrar em um parque de diversões mas mantendo a postura de homem poderoso. - 1-4-8-0-7-7 - falou os números os digitando ao mesmo tempo. Danna apenas o observava e absorvia o que podia. Mal conseguia esperava para começar a treinar.

A parede era uma porta que abriu deslizando para o lado fazendo um barulho de máquina operando. Esse lugar era realmente surreal, o que mais tinha escondido? A batmóvel?

–Bem-vinda ao mundo. - murmurou ele e entrou na sala se sentando em frente á um computador meio esquisito. Danna percebeu que era um daqueles computadores sinistros da agência. - Venha, eu sempre quis lhe mostrar isso. - Danna se aproximou dele e ficou bem ao seu lado.

Robert digitou a senha de acesso tão rápido que ela nem pode gravar.

–As portas para o mundo a fora.

Seu avô começou a lhe mostrar todos os truques que ela necessitava saber, ensinou para ela a conectar com as câmeras de segurança, arquivos secretos como a conta bancária de alguém, o histórico da pessoa ao digitar apenas o nome completo, a rastrear placas de carros, enfim, se conectar com o mundo. Danna apenas o observava e estava surpreendida pelo que aquela máquina podia fazer, nunca tivera um computador só seu depois que fugiu de casa, mas era esperta nesta área. No final, Robert pediu para que Danna repetisse todos os processos e ela o fez sem nenhuma dificuldade.

–Está no sangue - Ele sorriu e agora mostrando os dentes brancos e bem alinhados. - Você está sempre me impressionando filha, vi o tiro que deu quando visitou a A.A.S.S. pela primeira vez. Ótima mira - piscou para ela.

Danna mandou lhe meio sorriso e continuou a mexer no computador, fascinada com tudo aquilo. Robert cedeu a cadeira para que ela continuasse a se aventurar naquilo, e percebera que ninguém tinha privacidade no mundo. Será que seu avô a vigiava também? Claro que sim.

–Amanhã começaremos se não se importar - Danna assentiu - então guarde suas energias porque nada será fácil.

(O primeiro treinamento)

Danna não teve a dor de cabeça de se preocupar com roupas, no quarto em que estava, o closet estava cheio de peças com gostos diferentes. Ela não pode evitar aquele sorriso de quem está sendo mimado e escolheu algo básico, já que iria fazer exercícios. Uma calça legue preta na altura dos joelhos e uma blusa sem manga junto com um moletom. Seu avô não morava aqui, pelo que sabia, ele tinha seu próprio lugar e deixou a chave de um carro para que ela fosse sozinha á agência. ''Aperto o número um do seu GPS que ele irá te guiar para lá, isso também será um teste, e mais uma coisa, considere ele como seu''.

Era muita confiança depositada sobre ela, mas ele sabia que sua neta não ousaria fazer nada, porque se ousasse, ele saberia. No meio da noite, sem conter a curiosidade, Danna foi para a garagem e viu um conversível da BMW sem teto da cor azul escuro e pela primeira vez em muito tempo, sentiu uma alegria diferente florar dentro de si.

Colocou rapidamente o tênis e se jogou para dentro do carro. Hoje de manhã quando foi preparar o café, se deparou com a geladeira cheia de comida de muitas diversidades e de marcas boas. No apartamento no brooklyn, tudo o que comprava era o básico pois sempre pedia pizza. Durante toda a noite, ela tentou afastar os pensamentos de NY e focar no agora, precisava deixar as coisas antigas de lado e viver o presente. Sua cama era uma cama de casal com um colchão macio e tudo cheirava a coisa cara. Dois símbolos $ se formaram em cada olho seu.

O conversível era diferente, a marcha, o painel... percebera que não sabia exatamente como dirijir aquele carro. Na primeira tentativa, ela jogou o carro para trás quase chocando contra a parede. Na segunda, o automóvel morreu logo quando ligou com a chave. Na terceira, ela conseguiu mas o carro não seguia a alguns comandos por causa da marcha.

Danna passou meia hora tentando aprender os controles do carro e quando saiu para a estrada se tranquilizou um pouco pelo motor não ter falhado. O sol estava forte e logo esquentou a sua cabeça, ela apertou o ''um'' e seguiu os comandos da voz feminina do GPS.

Quem diria que ela estaria dirigindo um coversível que tem GPS?

O calor percorreu pelo seu corpo e ao parar em um sinal, tirou o moletom. Meu Deus, ainda seguia os costumes de NY... lá ela sempre levava casaco para os lugares.

A voz da mulher do GPS continuou a instrui-la e quarenta minutos depois parou... no meio do deserto?! O carro havia seguido por um estrada deserta onde nenhum carro trafegava e sentiu o ar extremamente húmido. A garganta de Danna começou a arranhar pelo clima totalmente diferente que estava acostumada e sua respiração fluía em fluxos diferentes. Desligou o carro e observou ao redor e se deparou com várias fileiras de saguaros de aproximadamente cinco metros de altura. Cacete! pensou.

O que o avô dela queria? Testar seus níveis de horror? Danna imaginou um cacto daquele cair em cima dela com todas as espinhas. Um treco daqueles pesavam aproximadamente uma tonelada então logo afastou os próximos pensamentos para procurar a agência. Danna sabia que ela estava econdida e algo camuflava o lugar para que nenhum mortal normal descobrisse. Provavelmente estava embaixo dela mas não... o epaço era muito quente... tinha que estar na superfície.

Os matos cresciam ao redor desses saguaros e resolveu olhar ao redor. Não, ela não iria falhar agora. Dez minutos dando voltas no lugar fez com que ficasse um pouco tonta, onde diabos aquilo estava? Danna suspirou e limpou o suor da testa com as costas das mãos. Será que o que diziam sobre os desertos causarem ilusões era verdade? Pois conseguia ver uma montanha de formato triangular bem na sua frente. Era bem alta e o cume era pontudo. A vegetação árida percorria toda a linha daquele gigante de pedras.

Danna andou até lá chutando os matos para o lado e percorreu ao redor. Nada.

Andou mais uma vez e tropeçou em algo duro caindo de cara no chão. O capim estava quente e acabou deixando seu rosto vermelho. Ao olhar para trás, avistou uma alavanca, ela estava camuflada por várias folhas e era quase invisível. Danna sentiu que estava no caminho certo. Pegou na ponta da alavanca e puxou para baixo com o máximo de força possível, mas nada acontecia, a alavanca não saía do lugar.

–Que droga! - pigarreou e bateu com as mãos para soltar a sujeira.

Tentou mais uma vez mas, nada.

–Pense pense pense! - sussurrou para si mesma andando prá lá e pra cá. Observou a alavanca mais uma vez e pensou. - Claro que não seria tão fácil, até parece que essa alavanca abriria alguma coisa de mão beijada.

Danna puxou todos os matos que camuflavam o objeto e sentiu a alegria fluir pelo seu copo ao ver um painel em baixo. Havia um botão vermelho e ela apertou-o surgindo várias teclas para uma senha.

–Isso é uma palhaçada - tapou o rosto com as mão arfando. - existem trilhões de possibilidades para essa porra de senha! - gritou na esperança de que a ouvissem.

Ok, isso é um teste, ele só está te testando e tinha que provar ser capaz.

Apertou vários números aleatórios e o painel fazia o barulho de nhé. Danna colocou datas e mais datas, seu aniversário, data em que fugiu de casa, o aniversário do pai, da mãe, dos amigos e percebeu não saber a do seu avô. Após uma hora sentada naquele sol, pensou que iria desmaiar, tentou mais números aleatórios e nada.

Meia hora mais sentada esperando, uma barulho soou ao seu lado e percebeu ser uma pedra sendo arrastada com pedra. Um pedaço de pedra da montanha começou a se abrir como muitas das portas falsas que tinha visto e a figura de Robert apareceu.

Danna ficou mais vermelha ainda com a raiva e se levantou num pulo.

–Estou morfando aqui fora faz duas horas! Minha garganta está extremamente seca e estou ardendo por causa do sol! - explodiu ela.

–Parabéns, passou de fase - sorriu ele

–O quê? - arregalou os olhos

–Teste da insistência, você continuou tentando acertar a senha, e mesmo neste calor, não desistiu e nem foi embora. Parabéns filha, estou orgulhoso. Venha, entre.

Danna relaxou o corpo e sua respiração estava acelerada. Sua pele estava toda suada, principalmente na parte do pescoço e no decote Y da regata. Ela seguiu sem avô sem dar um pio. O ambiente dentro era mais fresco e fechou os olhos aproveitando aquela sensação boa.

–Vi os códigos que digitou - Robert olhou para ela andando ao seu lado na mesma velocidade. - Mas nunca pense que algum código meu será datas . Eles são lógica, números tirados de fatos e histórias.

Danna ignorou-o e abriu os olhos percebendo o túnel cavernoso. Logo outra porta dupla parecida com as do elevador apareceu em sua frente. Precisavam de outro código para entrar.

–Qual é a história desse código? - perguntou ela.

Ele digitou a senha e os dois entraram no elevador quando elas se abriram.

–A evolução de Xavier durante suas provas de resistência. Escala de dois, subindo para cinco, dez, quarenta e sete, sessenta e finalmente, cem. - a voz daquele homem continuava calma como as ondas do mar.

–Irá me contar sobre a história de vocês dois?

–Um dia. Tudo em seu tempo.

Danna sentiu o elevador subir rapidamente e a porta se abriu em um ambiente frio. Oh, ela sentiu o paraíso bater nela. Queria se jogar no chão e sentir todo gelado que poderia fornecer a sua pele, mas percebeu o lugar cheio de agentes. Eram funcionários e se movimentavem para lá e pra cá com o mesmo uniforme que vira antes.

–O trabalho dessas pessoas é essencial para tudo acontecer. - Danna observou o amplo lugar cheio de computadores modernos e piscou várias vezes para ver mesmo se era tudo real.

Robert a conduziu para outra porta e em outro em outra até chegar em uma quadra. Tudo era tão claro e branco... O espaço tinha vários equipamentos, na parede, várias armas estavam dentro de vitrines e outros objetos perigosos que não sabia o nome.

–Treinarei você eu mesmo. Será uma garota muito mais disciplinada e competente.

Danna não sabia o que fazer, apenas ficou ali parada, observando e pensando na loucura que havia se metido.

Seu avô estava de costas para ela, e se virou rapidamente apontando um revólver em sua direção.

–O que você está fazendo? - gritou Danna espantada. Ela sentia pavor de uma arma.

–Sempre terá que estar preparada. - abaixou a arma - a primeira regra de todos os jogos.

Robert jogou uma arma em sua direção e Danna pegou sem jeito quase a deixando cair. Seu avô prendeu seu olhar a mostrando a como equipar ela e a como devia segurar.

–Tudo será sobre testar seus limites. Está realmente preparada para o que te aguarda? Sem hesitar?

Era a pergunta final que ele tinha para ela, pois aquilo será muito mais do que imaginava, chegaria a um certo ponto que testará coisas doentias. Um ano era pouco demais para aprender tudo, mas Danna tinha tudo em seu sangue, apenas precisava despertar aquelas habilidades.

–Responda Danielle - chamou-a

Danna encarou-o sem acreditar no que acabou de ser chamada. Danielle era seu nome de nascença que sua mãe havia a batizado por causa de sua descendência francesa. Dora na realidade era francesa. Danna se lembrou das palavras de sua mãe lhe contando sobre como conhecera seu pai. ''Éramos muitos jovens na época, seu pai estava viajando por outros olhos pela França e diz ter se encatado comigo passeando pela rua. Viajou para Bordeaux e se chocou de propósito comigo. Eu fiquei tão encatada com a sua beleza e seu cavaleirismo que nos casamos com apenas dezessete anos e levou toda a minha família para a América''. Ainda conseguia lembrar do brilho no olhar quando sua mãe contava.

E largara o nome inteiro depois que se mudou para Nova Iorque. Sempre perguntara para a mãe o porque tinha escolhido Danna invés de Ella, mas Dora sempre dizia a mesma coisa: ''Quantas Dannas existem no mundo comparado com as Ellas?''. Com o tempo se acostumara com Danna mesmo e nunca mais foi chamada de Danielle. Até agora.

–Por que me chamou assim? - sussurrou

–Usando um talismã antigo para te mover. Terá que fazer isso com coisas do passado que odeia e transformá-las em motivações, forças. A morte de seus pais pode ser um deles. - ele se moveu rapidamente para trazer um grande muro com bolinhas pintadas em diversos lugares.

–Primeira coisa de todas, testaremos sua mira, que eu acredito ser muito boa. - Robert fez um gesto para que ela prosseguisse com isso.

–Não me chame assim de novo - murmurou. - cadê os óculos protetores?

–Estou te treinando, não lhe ensinando a atirar. Vamos, atire. - ordenou - Bem de onde está.

Danna fez o que ele pediu e mirou em uma bolinha preta do muro.

Não acertou.

Mirou outra.

Não acertou.

–Concentre-se, ou nunca irá acertar. - Robert soou o mais paciênte possível.

Mirou outra vez.

Passou raspando.

Danna suspirou e estava quase perdendo a paciência. Fechou mais o olho esquerdo e se focou na mira.

Atirou.

Acertou.

Atirou de novo.

Acertou

Novamente.

Acertou.

–Por enquanto está fácil. - sorriu com o canto da boca.

–Você irá me ensinar tudo o que Will sabe? - Danna o perguntou.

–Nunca se compare com um Palmer, você será muito mais educada do que ele, acredite nisso.

Eles passaram o mês inteiro treinando mira e Danna estava craque nisso agora. Até atirava de olhos fechados e acertava perfeitamente o alvo. Dominada pela curiosidade, ela havia entrado num site de notícias nova iorquino e haviam matérias sobre seu acidente. Ficou surpresa quando leu sobre o que os jornalistas postavam e uma das matérias lhe chamou a atenção. Era uma relação com a morte de seu pai, levantando fatos antigos.

''Será algo genético?'' falava o site. Danna se irritou e decidiu não ler mais nada.

No segundo mês o treinamento era com pedaços de ferros e de madeira. Seu avô continuava a ser o mesmo velho calmo e sempre a contrariava. Ele mostrara para ela a como controlar as contas bancárias, criando uma no nome dela e no de uma outra pessoa. Robert pedira para pensar em um nome falso se quizesse ter uma vida social, já que ninguém poderia descobrir sobre o seu paradeiro, nem ao menos desconfiar.

Danna não queria um nome muito diferente do seu pois corria o risco de não atender aos chamados das pessoas, então acrescentou um ''i'' no nome depois do D. Não era um nome diferente, muito pelo ao contrário, era um nome bastante usado. O sobrenome também não foi difícil em pensar. Apenas imaginou figuras de pessoas do seu dia-a-dia do cheese&ham. Procurou dentro da sua mente os tantos sobrenomes que já ouvira e se lembrou de John Banister. Um dos mais velhos clientes da lanchonete, John ia todos os dias pedir uma torrada junto com um ovo frito ainda com a gema intacta. Tinha aproximadamente sessenta anos e era viúvo, ele também era o que mais dava gorjetas. Uma vez, na semana de ação de graças, deixou cinquenta pratas para ela e outra nota para Tereza.

Danna se lembrou de como o velho era ás vezes mal humorado e vivia reclamando sobre os encanamentos de seu apartamento. ''Não tenho filhos, não tenho parentes próximos, e dinheiro eu tenho até último dia da minha vida. Mas e quando eu morrer? O dinheiro vai para o governo, prefiro gastá-lo agora do que entregar pra esses muquiranas''. Tereza sempre cochiva no seu ouvido alguma coisa sarcástica sobre o jeito que ele falava.

No ano passado, John sofreu um infarto em sua própria casa e ela fez questão de ir ao seu enterro. Pobre John... que esteja resmungando no céu onde o encanamento deve ser muito melhor que o do seu apartamento.

–Tenho um desafio para você. - disse no meio do aquecimento. Ele a ensinava a fazer bananeira e a dar estrelas.

–Adoro desafios. - falou

–Hum. Um alguém muito especial se juntará a nós. - Robert assoviou e uma cabeça loira entrou na quadra. - Tenho certeza que vocês já se viram antes.

Danna arregalou os olhos sem acreditar na figura que parou em sua frente sorrindo sem mostrar os dentes.

–Hayden? - perguntou largando o pedaço comprido de ferro

–Em carne e osso! - ele vestia apenas uma calça leve de ginástica. Nada de blusa, nada de sapatos.

Danna trocou olhares com seu avô e ele acenou com a cabeça se retirando da quadra. Robert iria deixá-la sozinha com Hayden?

–O-o-o que você está fazendo aqui? - gaguejou com o coração começando a acelerar.

–Calma, só eu sei que está viva bonitinha. Serei seu parceiro, vamos treinar juntos. - Hayden agora mostrava os dentes. Danna estava torcendo para que ele não tocasse em assuntos do passado, pois estava começando a superar aquilo.

–Por que você? Eu mal o conheço - atacou-o

–Por que seu avô confia em mim e sou bastante experiente, nisso e entre outras coisas.

Hayden pegou o cilindro fino e comprido de ferro, fazendo movimentos circulares e rápidos com as mãos.

–Este é um objeto muito interessante - enterrou com a ponta no chão e ficou ereto. - Postura. Sem ela, você poderá se machucar.

Danna continuou ali parada, olhando-o com uma sombrancelha levantada e seus braços cruzados. De jeito algum treinaria com aquele sujeito. Mas talvez este seja outro dos testes de seu avô. Trabalhar com uma pessoa que não gostava apenas para o seu bem e favor. Olhou para cima, para uma janela inclinada onde havia uma sala e seu avô a observava. Tinha razão, era um teste, outra para testar seus limites.

–Então... por onde começamos? - suspirou pegando novamente o ferro.

–Você tem o tal do chip mutante então... - num movimento rápido, pegou o cilindro e se abaixou batendo nas costas das pernas de Danna a jogando de cabeça no chão.

–VOCÊ QUER MORRER? - gritou gemendo de dor pela cabeça com um calo gigantesco na nuca.

–Sou masoquista mas não a ponto de querer morrer - Hayden se posicionou novamente em seu lugar segurando aquele pedaço de ferro.

Danna rolou para o lado e enterrou o seu ferro no chão assim ajudando a se levantar. Ela ficou tonta no início, mas logo havia passado.

–Conheça os pontos fracos de seu inimigo antes de tentar alguma coisa - falou batendo com o cilindro no chão - Foco. - Inclinou o ferro e o apontou para Danna mirando as suas estranhas. - Equilíbrio. - Hayden tentou derrubá-la de novo mas Danna deu um pulo. - Isso.

Nas outras semanas, foi testado seu equilíbrio. Hayden passou a ensiná-la tudo isso, foco e equilíbrio, o que não estava sendo tão desconfortável quanto pensava que fosse. Robert disse que iria treiná-la ele mesmo, mas havia esclarecido estar velho demais para fazer certos movimentos.

No final do mês, o limite foi parar nas alturas. Uma corda bamba foi conectada de um cume para o outro e outra corda em cima. Danna treinou seu equilíbrio e teve que andar todo o trajeto da corda sem reclamar ou desistir. Para a própria segurança, um colete foi colocado em volta de sua cintura com um suporte para a corda de cima, caso perdesse o equilíbrio. Talvez nem sobreviveria se caísse esses dois quilômetros de montanha. Para Danna, aquilo era um pouco mais complicado do que parecia, no início, ela só caía mas lembrou se do foco.

FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO FOCO...

Seu avô instruiu-a de escrever isso em um caderno para nunca esquecer, e nunca mais esqueceu. Depois de bastante tentativas, conseguiu atravessar até o outro lado, sem cair nenhuma vez.

–O que houve com Scarlett? - Danna perguntou com curiosidade.

Hayden fez cara feia e se virou.

–Ela era muito mandona. Não gosto de mulheres mandonas.

Ele havia contado para Danna como havia parado na A.A.S.S. Há um tempo atrás, ele era um garoto bastante violente na escola e o escolheram por esta mesma razão. O disciplinaram e fizeram dele um profissional. ''Eles conhecem e vigiam mais pessoas que você possa imaginar bonitinha, eles souberam de mim, me observaram e me levaram para me fazer de um agente. Ninguém é bom o suficiente até que eles te digam ou te escolham.''

Xavier havia dito isso para ela.

Nos próximos meses, o treinamento começou um revezamento, tiro, foco, equilíbrio, tiro, foco equilíbrio. Até a noite de Natal, quando eles fizeram uma ceia, apenas Danna e seu avô, na grande casa que agora era dela. A mesa nunca estera tão cheia á sua disposição, Robert havia contratado várias pessoas para prepararem a comida e a casa. Danna pensou que nunca acabariam com aquela comida e que poderiam levar para alguma fundação e entregar as pessoas carentes.

A casa soltava seus próprios fogos de artifícios de cores diversificadas, roxos, brancos, vermelhos, amarelos, verdes, laranjas, rosas e até um arco-íris.

Danna também havia ultrapassado os limites e ligado as câmeras para ver o natal de seus amigos. Tereza estava em sua casa com sua mãe e Eric. Ela parecia tão feliz... será que já superara sua morte? Eric estava sorridente e dava beijinhos na bochecha de Tereza.

Em outra câmera, visitou Will. Ele não parecia muito feliz, olhava furioso para George que sorria para Britt. Zoey estava sentada no jardim e jogava pedrinhas na fonte de água iluminada com as cores de Natal. Suas expressão erão diversas, e percebeu que estava pensando, Danna estava morrendo para saber onde seus pensamentos haviam parado. Ela começou a rir quando Zoey fez uma expressão esquisita de ''NÃÃO, CRUZES! ECA'' e em outra ela sorriu e lágrimas começaram a rolar de seus olhos. Danna também ficou com vontade de chorar, e chorou. Ela sentia saudades, muitas muitas muitas. Mas prometera depois dessa vez, nunca mais olhar o passado.

Zoey beijou dois dedos da sua mão e olhou para o céu lançando o beijo para lá. E sorriu outra vez. Danna não aguentou e desligou o computador. Conhecera tantas pessoas legais durante sua vida... e abriu mão! Ela estava morrendo de raiva e pensou no culpado disto tudo. O próprio pai de seus amigos, George. Ela queria acabar com aquele sujeito, mas seu avô tinha outros planos. Danna queria acabar logo com isso e voltar para eles... Tereza, Eric e Zoey.

Seu avô havia deixado Danna de folga já que treinava todos os dias da semana e o ano novo era apenas cinco dias depois. Robert levou-a para as Bahamas ver os fogos mais espetaculares dos EUA. Todos os anos passados via a bola descer na Times Squared mas 2013 havia começado com o pé direito para ela. Uma semana de férias nas Bahamas era do que precisava, Danna comprara várias trajes de banho e havia pego uma cor com o sol. Depois de cinco meses de treinamento, havia pego também pedaços de músculos, ela não era mais um palito e seus braços, pernas e barriga estavam definidos. Finalmente conseguia sentir a força.

Quando deu meia-noite no horário das Bahamas, os fogos iluminaram o céu escuro e Danna fez vários desejos abraçando seu avô em cima das areias. A multidão ao redor vestia branco e gritavam como doidos, provavelmente turístas pois os americanos não tínham esse ar de empolgação.

–Obrigado - sussurrou no ouvido de Robert.

–Pelo quê? - perguntou retribuindo o abraço.

–Por isso, está sendo um ótimo avô. Será que posso te chamar assim? Vô? - Danna tinha lágrimas nos olhos

–Claro que sim minha filha, fico muito feliz com essa palavra - sorriu e afagou suas costas.

Danna sentia uma gratidão por ele no momento.

Dois meses mais tarde, os treinamentos continuavam os mesmos, tiro, foco equilíbrio, tiro foco, equilíbrio. Mas essas habilidades já estavam perfeitas e ao perceber isso, Robert seguiu mais um passo. Danna deixara passar seu aniversário, preferiu não comemorá-lo pois não sabia o que comemorar já que não estava em um clima muito bom para isso. No meio da tarde, ele chamou-a para lhe mostrar sobre o passado e lhe contar a verdadeira história para que tivesse mais raiva e tivesse mais sede por vingança.

–Na minha época, a segurança era pouco valorizada. A violência estava em alta nos Estados Unidos e causava ondas de pavor por todos os bairros. Então, decidi fazer algo a respeito, passei para Harvard e estudei política econômica. - Robert era um ótimo contador de histórias e Danna estava sentada o observando falar - Quando terminei, acolhi algumas pessoas e comecei com o pouco dinheiro que meu pai havia me emprestado. Zheng era um amigo meu que conheci em Harvard, era um chinês imigrante que sabia artes marciais, então o convenci de treinar as pessoas. No começo estava complicado em relação á falta de tecnologia da época, mas com os nossos serviços capturando bandidos, o governo passou a nos pagar. Foi aí que entra Xavier. Um dia, sua mãe estava o levando para a casa do patrão já que trabalhava de empregada e negros não tinham direitos na época e no caminho, assassinaram a pobre mulher. Os malfeitores quase assassinaram Xavier mas eu os impedi.

Danna ficou boquiaberta.

–Acolhi o menininho de dois anos e ele acabou se tornando leal a mim.

–É por isso que ele é meio...

–Frio? Talvez - cortou Danna - Mas ele também tem seus próprios motivos. Xavier não é quem ele parece que é.

Danna assentiu e deixou seu avô continuar.

–Quando o empreendimento começou a dar certo, vieram inimigos atrás do meu sucesso. Mas eu já estava casado e com seu pai.

Ela começou a se lembrar das coisas que Xavier dissera naquele dia. Seu avô saiu do mapa...

–Zachary foi o primeiro. Aquele bastardo tentou de tudo para derrubar a agência, mas sempre fracassava. Por ser um homem influente, conseguiu o apoio de George.

–Você está me dizendo que Zachary é mais fanático que George? - perguntou

–Ambos são espertos, mas Zachary é o Alfa. - Robert mexeu no computador e depois parou - Quando os dois se aliaram, meus planos tiveram que dar uma pausa e quando seu pai entrou para assumir, fugi com a sua avó. - Danna abriu os olhos e percebeu que ninguém nunca havia lhe contado sobre a avó paterna.

–O que houve com ela?

–Stace foi morta em uma das vezes que nos descobriram... na Carolina do Sul. - sua voz era fraca e Danna percebeu que isso o afetava. O homem que para ela, parecia o mais forte do mundo estava com a testa franzida.

–Como ela era? Tem alguma foto para me mostrar? - Robert virou a tela e mostrou a fotografia da falecida esposa á neta. A foto cobria a tela do computador inteira e os olhos de Danna ficaram cheios de lágrimas ao perceber a beldade que era a sua avó.

Seus olhos eram verdes e seu nariz era bem definido, na foto, Stace aparecia sorrindo, mas sem mostrar os dentes, seus traços lembravam muito os traços dela e de seu pai. Os lábios eram pequenos e carnudos com um tom rosado. Seu cabelo era de um vermelho castanho.

–Mesmo sem conhecê-la, sinto algo faltando no meu coração - Danna levou suas mãos até o peito.

–Minha amada era uma mulher muito extrovertida. E tenho certeza que ficaria encantada ao te conhecer.

Danna percebera que essa era a outra parte de sua vida que foi sacrificada, não por ela, mas por seu avô. Um aperto dentro dela fez com que quizesse chorar e queimar de raiva.

–Teremos que controlar isso. Sua sensibilidade, mas isso é um dos últimos testes. - piscou.

–Olha... eu não vou embora, mesmo se eu quizesse, isso é parte da minha vida, da minha história... preciso enfrentá-la, quero acabar com todas as infelicidades. Então quero que me diga, o que quer que eu faça. Eu o farei.

Robert sorriu com o canto da boca. Era exatamente isso o que queria que ela fizesse.

–Você me deixa tão orgulhoso...

–A guerra tem que acabar em minha geração. Se eu tiver filhos um dia, não irei querer que enfrentem tudo isso. - Danna deu um suspiro e memórias voltaram como vultos á sua mente.

–Uma vez me disseram que a melhor maneira de acabar com uma pessoa, é atingindo de dentro para fora. - Robert se levantou da cadeira e caminhou pela sala, o olhar de Danna o seguiu. - Vamos primeiro acabar com seus bens, depois daremos um fim neles.

Era uma idéia brilhante. Mas ela estava com dúvidas sobre ''como acabar com os bens''.

–Então é isso o que faremos. Por onde começamos?

–Terminando o seu treinamento. Seus limites, lembra? Minha querida, você tem uma capacidade muito forte de fazer as coisas, talvez tenha puxado esse lado da sua mãe. - Robert pegou uma lupa e a olhou através da grande lente. - Seu último limite, o que testara todos os seus sentidos, fazendo até desligar algumas de suas emoções para cumprir o dever. Está pronta?

–Mais que pronta.

Foi exatamente isso o que Robert preveu que sua neta diria. Então estendeu sua mão para levar Danna á sala dos últimos limites. A sala da cadeira elétrica.

Quando ela atravessou e viu aquela cadeira cheia de fios e com um capacete, seu coração queria pular pela boca a fora. Danna sentia a pulsação de sangue por tudo o corpo e conseguia ouvir o próprio coração. Seu rosto começou a queimar e seus braços ficaram gelados cheios de calafrios.

Aquilo era mais que testar os limites para ela. Aquilo era a beira da morte. Sua respiração começou falhar e começou a sentir também, cada nervo de seu corpo.

–Não aguentarei - falou apressadamente pensando em sair da sala. - Irei morrer.

–Não, você não irá - Danna ficou com medo, na verdade, estava morrendo de medo. - Faltam cinco meses para completar um ano, e você aceitara todo o tipo de treinamento.

Mas aquilo não era treinamento.

–Isso é demais. - tremeu - eu... não vou aguentar.

–Esse é o último teste para que possa entrar na simulação. Vamos, não irá te matar.

Danna sentiu muita confiança em sua voz. Com as pernas bambas, quase caiu se não fosse os treinamentos de equilíbrio. Seu avô pegou sua mão e a conduziu até a cadeira, que era gelada. Robert começou a prendê-la com o alumínio e finalmente colocou o capacete em sua cabeça. Danna estava sem reação, estava perdida. Pensava na morte agora e na dor que sentiria ao ser eletrocutada.

–Feche os olhos - ordenou, mas ela não conseguia, estava em estado de choque. - imagine todo o mal que nossa família já sofreu pense em vingança. E em todas as emoções misturadas.

Danna continuava sem emoção e quando Robert apertou um botão no painel, a sala branca já não era mais branca, Danna via tudo escuro e aquela agonia que sentia dentro era anormal. Seu corpo começou a ter convulsões e ela começou a gritar, os choques pareciam vir de todos os lugares, do acento, do bracelete que prendia suas mãos, dos pés, e principalmente da cabeça. Lágrimas começaram a rolar de seus olhos, o que a fez sentir mais choque ainda. Quando finalmente parou. Sua respiração estava perturbada e sentia que iria desmaiar.

Ao olhar para seus braços, viu seus pelos espetados para cima. E mais uma vez, a onda desprazerosa rodou seu corpo. Mas desta vez tentou controlar, sem sucesso. Seus gritos eram cortantes e arranhava a sua garganta. Quando a onda parou, se sentiu mais fracas e todo o seu corpo começou a formigar.

–Pense Danna, pense nos males sofridos por nossa família, nas mentiras que tem ouvido durante todos estes anos, no abandono, nos maltratos, nas traições, em todas as vezes que chorou, imagine tudo isso acabado. - Seu avô gritava.

O choque veio novamente ao seu corpo sentindo tudo se intesificar. Nesta terceira vez, perdeu a conta de quanto tempo havia estado lá tomando choque. Porém ela pensou. Em tudo o que ele havia dito, ela pensou. O tempo parecia ter parado e Danna parou de gritar percebendo estar rouca. O lugar estava com barulhos iguais aos da abelha só que mais alto e forte. Os zuuzzzzs das energia pararam e Danna foi finalmente solta.

Os cabelos de todo o seu corpo estavam arrepiados e nenhuma lágrima ousou rolar de seus olhos. Danna se jogou no chão e começou as convulsões novamente, só que com menos intensidade. Robert se agachou e segurou a neta entre os braços, beijando a sua testa.

–Está tudo bem, acabou acabou. Agora acabou. - Robert fez sinais de shhhhhh e colocou a cabeça de Danna entre suas mãos.

O velho olhou em seus olhos com seu rosto tremendo e viu as duas órbitas de escuridão.

~Uma semana depois~

Robert estava na quadra com sua neta, lutando contra ela com cilindros de ferro finos e percebera a diferença que esses meses de treinamento fizera para ela.

Tentou acertar sua cabeça, mas ela se abaixou.

Tentou acertar as costelas mas ela deu um mortal para trás.

Tentou acertar o pescoço mas ela o impediu com o próprio ferro.

Danna o acertou no tórax sem piedade e seu avô adorou isso. Ele sorriu para ela e com um movimento que conhecia na palma da mão a fez rolar no ar e cair de barriga para o chão gemendo não de dor agora, mas de raiva. A cadeira elétrica realmente fez efeito. O hábil senhor de cabelos brancos cravou a ponta do ferro entre as espinhas da coluna vertebral da neta e perfurou girando dentro dos músculos. Danna soltou um urro e rangeu entre os dentes.

–Você não devia ter feito isso! - reclamou e ele pegou outro cilindro batendo em cada osso de suas pernas cravando na coluna vertebral dela como fez com o outro, fazendo de Danna um suporte para ferros.

Danna virara uma máquina de matar, Robert conseguia ver a intensidade de deu olhar ao matar os soldades falsos no campo de simulação. Havia ensinado todos os truques à neta e estava mais orgulhoso do que ficara quando ensinou Joseph.

Ela se parecia com uma fera depois de desligarem todas as luzes da simulação, Danna sempre parecia estar fora de si, até matar uma pessoa.

A disciplina vinha á base de um erro e matar pessoas não estava em sua natureza. Quando se descontrolou no campo de batalha, ficou parada, agachada em cim de sacos de areia. Um dos soldados da A.A.S.S. se aproximou dela para tirá-la do campo, mas ao tocá-la - o que foi um grande erro - Danna pulou em cima do inocente homem cravando a faca em seu pescoço.

Ao perceber o que havia feito, o animal dentro de si se foi e arregalou as grandes órbitas de desespero misturado com ódio. A faca havia atravessado o pescoço do soldado e a ponta estava á mostra no outro lado. O sangue começou a jorrar em cima da sua cara, escorrendo pela sua blusa e suas mãos estavam cobertas por sangue. Um sangue inocente.

O trauma veio logo em seguida, mas Robert sabia da solução. Nada que uma outra dose se choque não apagasse.

~Dois meses depois~

Era final de abril, Danna estava sentada em cima de seu telhado olhando a cidade abaixo com um olhar sem emoção, apenas observando as luzes que brilhavam ás oito da noite. Era um momento de tranquilidade para ela já que seus dias eram sempre agitados, então fechou os olhos para ouvir o nada sooando e cheirando o ar das flores da primavera.

Mal fechou os olhos para aproveitar que duas mãos a empurraram do assento fazendo a cair direto para as plantas de seu jardim lateral.

Danna não emitiu algum som apenas soltou um ar furioso para cima ao se levantar e perceber que era o desagradável do Hayden.

–Você tem cinco segundos para fugir até eu subir aí e te matar.

–Hey, vim na paz - Hayden fez o sinal da paz com as mãos e se sentou - era pra ter te assustado, mas você caiu... - coçou a nuca.

–Acredite que se fosse um susto, teria sido pior - falou Danna limpando o traseira apalpando na calça jeans. - O que você quer?

–Bem, já faz meses que estamos treinando... e pensei em... sabe... sair para distrair um pouco... - falou discontraidamente para parecer natural.

–Então vai se divertir. Sem mim!

–Qual é? Você vai ficar maluca assim - o corpo que apenas vestia uma regata, uma calça jeans e um all-star pulou do telhado em encontro com o dela- Só hoje. Para onde você quiser ir. Já me diverti muito nessa cidade... se quiser sugestões...

Danna o olhou com uma expressão de raiava mas aliviou depois que Hayden fez o que sempre fazia de melhor. Olhar de um cachorro abandonado. Ela não havia pensado em nenhum momento sobre sair para se descontrair, muito menos com Hayden...

–Tudo bem, mas só por uma hora, depois voltamos - Danna apontou para ele com o dedo indicador.

–É isso aí! - comemorou - Onde? - ele parecia animado e alegre.

–Casa noturna? - sugeriu Danna com dúvidas se era uma boa idéia.

–Feito! Conheço uma muito boa, vamos, eu dirijo. - Hayden desapareceu para a frente da casa e ela ouviu um barulho de chave e motor sendo ligado.

Danna olhou para si e viu que não estava adequadamente vestida para dançar... se era isso o que iria fazer, a calça jeans, a bota, a camisa social branca... Mas iria voltar em uma hora então foi em direção do Honda preto de Hayden.

Os dois seguiram em direção ao centro de Phoenix entrando em ruas de grandes e altos prédios fazendo curvas para um bairro cheio de bares com luzes neon nas vitrines. Danna percebeu que nunca havia saído da rota de casa-agência, agência-casa e percebeu ter de conhecer mais a cidade em que nasceu. Hayden parecia animado ao seu lado e percebeu que vestira uma blusa xadrez de manga curta, parecia... mais adequado. Ele começou a desacelerar atrás de uma fileira de carros e parou desligando-o.

–Não vai estacionar? - perguntou ela.

–Já está estacionado bonitinha. - puxou a chave da ignição e o guardou no bolso. - Vamos.

Hayden abriu a porta e saiu, Danna fez o mesmo olhando ao redor e fechou a porta. Não era difícil para ela identificar uma boate, já fora em muitas delas e uma fila de pessoas se formava em volta de um prédio feito de pedras com uma placa pendurada escrito ''Night Club Rock Bomb''. Todos pareciam ser adolescentes com trajes ousados. Danna se lembrou dos dezenove anos que não comemorara e pensou em soltar tudo aqui.

–Vai demorar para entrarmos - sussurrou ela ao lado de Hayden. Ele inesperadamente colocou os braços ao redor de seu ombro e a puxou para perto.

–Não esquenta, já sou vip. - ele a conduziu para uma outra entrada da lateral do prédio e poucas pessoas estavam lá. O segurança cumprimentou Hayden com a cabeça e os deixou entrar.

Logo na entrada, o gelo seco começou a envolver seu corpo a fazendo sentir a fumaça gelar sua pele. A música estava extremamente alta e tocava Ke$ha com um remix animado. Ao atravessarem todo o corredor com a iluminação rosa-alaranjada desceram para um corredor do segundo andar. Dali, Danna conseguia ver a pista de dança bem abaixo do seu queixo.

–Não se preocupe com as coisas quando estiver aqui, hoje é noite para soltar o animal de dentro, certo? - Hayden gritou em seu ouvido. Danna não concordou nem discordou, apenas desceu as escadas e seguiu para o balcão do bar.

–Um martini por favor - gritou para o homem barrigudo.

–Olha só quem decidiu beber... - Hayden soou ao seu lado se sentando.

O barman voltou com uma taça com o martini e com uma azeitona dentro. Danna bebeu tudo em um gole e limpou a boca com as costas das mãos.

–Que saudades... - murmurou ela pedindo mais um, se virou para olhar Hayden e ele também bebia um martini.

Após a outra rodada da bebida, ela pediu a famosa tequila. Aquilo fez Danna se sentir adolescente outra vez, época em que se divertia com os fedelhos do colegial, por que não fazer isso agora outra vez?

–Uma lagoa azul com bastante vodka - gritou pro Barman sem necessidades. Ela iria dançar, mas primeiro tinha que matar a saudade de seus amiguinhos.

Um copo com um líquido azul cheio de gelo parou na sua frente e Danna bebeu tudo em um gole só. Ela observava Hayden ao seu lado bebendo as mesmas coisas que ela pedia. Depois dos três lagoas, saiu da cadeira cambaleando em direção á pista de dança. O DJ que estava em um palco estava soltando músicas eletrônicas de vários hits misturados e ao se juntar as pessoas sentiu todo aquele calor humano.

Não demorou para Danna também entrar no ritmo mexendo todo o corpo e dançando com as mãos levantadas. Hayden apareceu um tempo depois e se juntou á ela se movimentando em sua frente calado ao seu corpo. As flashes de luzes coloridas estavam piscando sem parar na pista e Danna fechou os olhos sentindo a música a influenciar. Mal via o rosto das pessoas, nem a de Hayden mas sentia os corpos se movimentando ao redor dela. Uma fumaça de cheiro estranho e gelada pairou ao redor deles e alguém argumentou em seu ouvido.

–Dizem que essa fumaça é mágica - era Hayden.

Os dois corpos continuaram a dançar e Danna não pensou mais em nada na noite além de como voltaria para casa... AH JÁ DEVE TER PASSADO UMA HORA.

Ela parou de repente mas se sentiu meio grogue. Será que era a fumaça? Danna puxou a camiseta de Hayden e sussurrou em seu ouvido que era hora de ir, ele concordou com a cabeça e os dois saíram de lá de mãos dadas. Ao sentirem a tranquilidade do lado de fora, os dois começaram a rir. Danna ainda conseguia sentir a música alta soando em seu ouvido.

Hayden também estava meio grogue e tinham dificuldades de achar o carro. Na verdade, perdera a chave na pista de dança.

Sem equilíbrio, os dois foram parar no meio da rua e pararam um táxi. No trajeto inteiro os dois não paparavam de gargalhar, o que não pareceu encomodar o taxista acostumado com esse tipo de gente.

Quando o taxi parou em frente a casa, Hayden puxou um bocado de notas de dez dólares e entregou ao taxista sem ao menos se importar com a quantia. O taxi se foi e os dois riam enquanto chegavam na porta da casa, que estava destrancada. Danna empurrou-a e acabou caindo no chão, Hayden apontou para ela e começou a rir junto. Os dois estavam foras de si e ele fechou a porta se juntando á ela no chão.

Ambos ficaram deitados no chão por um longo tempo, até que a onda de gargalhadas começou novamente. Danna se rolou para o lado na tentativa de se levantar mas não conseguia, até parar em cima de Hayden. Os dois se entreolharam e começaram a rir mais uma vez, alto como dois loucos.

[n/a: quem não gosta de cenas quentes, pode arrastar a página lá pra baixo ou esperar pelo próximo capítulo. (Acho que nenhum de vocês vai fazer isso, só acho rs)]

Logo quando ficaram de pé, Danna observou seu parceiro de baixo para cima, sem conseguir ver nitidamente e sentiu um desejo muito forte de... beijá-lo. Ele pareceu sentir o mesmo e pegou Danna pela cintura chocando seus lábios nos dela. Ele cheirava a álcool e ela também. O beijo foi estranho no início mais foi ficando feroz, sem desgrudar um do outro, Danna tirou a camisa xadrez de Hayden e depois a regata. Ele fez o mesmo com sua camisa social, a deixando somente com um sutiã na parte de cima.

Eles entrelaçaram suas línguas mais uma vez e Hayden escorreu suas mãos até o botão e o zíper do jeans dela. Danna fez o mesmo só que mais necessitada, logo ambos estavam com apenas roupas íntimas. Risos vinham entre os beijos e Hayden carregou-a até o sofá. Pressionando seu corpo contra o dela. Os dois estavam necessitados, mais pela solidão do que qualquer outra coisa.

Danna tocou seu peito e arrastou a mão até os músculos do abdômen, e depois passando as unhas pelas suas costas o arranhando de prazer. Hayden foi para o fecho do sutiã de renda dela e o arrancou fora. Ele pressionava cada vez mais seu corpo contra o dela e sentia mais a onda de prazer fluir em seus hormônios.

–Bonitinha - Ele começou a mordiscar os lábios dela.

Ela gargalhou e ele também. Danna alcançou o elástico de sua cueca boxer e o arrocou com a mesma ferocidade que ele tinha despido seu sutiã. Ao mesmo tempo, ele arrastou a parte de baixo dela para baixo.

A troca de carícias continuou e juntos gemeram de prazer.

A noite terminaria apenas quando um deles se cansar, o que não demorou muito.

–//-

Danna sentiu uma pontada de frio percorrer seu corpo e se abraçou percebendo que não vestia nada e que seus seios estavam á mostra. Em um pulo, ela se levantou percebendo estar nua e que outra criatura na sala também estava.

–QUE PORRA É ESSA? -chingou acordando-o que deu um pulo para frente..

Mas já era tarde, eles já haviam batizado o sofá.

~Um mês depois~

Faltavam apenas um mês para terminar o treinamento.

Danna estava sentada no escritório de seu avô na A.A.S.S. discutindo sobre o que faria depois que tudo acabasse. Não restaram muitas alternativas, Danna de um modo ou de outro queria acabar com aqueles infelizes. Mas não podia ser identificada então precisava de um disfarce para fazer suas missões.

–Pelo visto, acho que Dianna Banister terá que agir. - falou ela brincando com a tampa de um caneta.

Seu avô parecia pensativo e apoiava seu queixo nas mãos com os dedos entrelaçados formando um triângulo.

–Você fez um grande avanço filha - disse ainda se concentrando no pensamento - Hum - soltou sua famosa expressão de pensador - O que me diz em voltar para o colegial?

–O que foi?

–Voltar para o colegial e ter aquele último ano querido que sei não ter tido.

Danna arqueou uma sombrancelha e se imaginou em um colegial outra vez.

–Sem chances - falou de primeira.

–Leve isso como outro teste então. Não há muitos disfarces para você Danna, ou é isso ou ficar invisível. - Talvez ela preferisse a segunda opção. - Torne-se Dianna Banister. Se torne a pessoa que sempre quis, pinte o cabelo, corte-o ou até raspe-o. Entre nessa nova pessoa e não levantará surpresas. Phoenix é grande. A América é grande.

Robert não estava dando escolhas para Danna, o que a sufocava um pouco, mas ele era o esperto da história, ele sabia das coisas e nesses últimos meses, Danna depositou toda a sua confiança nesse velho.

–Loiro. Quero meu cabelo loiro.

~~~~~~~~

Contei toda a história para Will que estava me observando com os olhos arregalados e sem expressão. Sua boca se abriu por um instante mas nada saiu de dentro. Encolhi mais minhas pernas para o meu pulmão e as abracei. Se fosse comigo, também ficaria sem reação ao escutar uma história tão longa, quanto tempo estiveram sentados no topo da escada? Apenas via pela janela, o céu escuro.

Cerca de meia hora depois, ainda estávamos sem palavras, eu queria dizer alguma coisa, queria arrancar alguma coisa de Will, mas percebi que estava processando todas as minhas informações. Sua cara tinha ficado pálida quando contei sobre o pequeno incidente com Hayden e eu fiquei envergonhada.

–O que eles fizeram com você? - finalmente falou rouco por ficar tanto tempo sem falar.

–Eu sei - concordei apoiando a minha cabeça nos joelhos. - Pode jogar tudo para cima de mim agora. - me levantei e fui para o banheiro, liguei a torneira e uma lágrima saiu dos meus olhos. Com um pedaço de papel higiênico, limpei-o e a água que escorria das minhas narinas.

–Não seja dura consigo mesma - Will estava bem atrás de mim. - Danna, por favor...

As lágrimas rolaram em meus olhos e arranquei mais papel na intenção de não deixar ele ver.

–Eu não ganho nada com isso, nada! Eu... não sei o que falar. Me sinto usada e... feita de marionete.

–Olhe para mim - Will me girou com as mãos na minha cintura e levantou meu rosto para que eu o olhasse. - Não é culpa sua, você não sabia, ok?

–Eu acho que sabia, eu aceitei, eu - gaguejei - aceitei. - e comecei a soluçar.

Will me puxou para fora do banheiro e me sentou em cima da cama, ele se agachou e segurou nas minhas mãos.

–Naquela época, todos nós éramos ingênuos, mas agora - parou para limpar a sujeira no meu rosto - sabemos das coisas. Estamos mais fortes e maduros. Vamos passar por isso ok? - beijou minhas mãos.

–Eu não queria que fosse assim. - dei um grande suspiro - Não queria que me visse desse jeito... chorando...

–Quantas vezes já a vi chorar? Você não pode ser forte o tempo todo, ás vezes temos esses momentos para afastar todas as vezes que fingíamos ser fortes.

Absorvi suas palavras e me acalmei me sentando novamente no chão ao seu lado.

–O que faremos agora? - perguntei

–O que sugere que façamos?

–Que esqueça desse momento, e que sigamos nossos planos.

–Tudo bem. - falou tranquilo

–Tudo bem? - questionei-o - eu quero dizer que... continuemos as coisas como estão até surgir uma idéia melhor.

–Eu entendi perfeitamente. Vamos brincar de casinha - brincou - Eu sendo Mitchell e você Dianna certo?

Sorri para ele.

–Sejamos como tivéssemos dezessete anos - sussurrei soluçando. - Pararemos quando for necessário.

–Quer mesmo que eu seja quem eu era no colegial? Pode ser um pouco difícil para você observar o galã aqui ser tarado - brincou. - Vou tentar. E quanto a você? Vou conhecer seu eu do passado?

–Incorporar o personagem, lembra?



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gente, obrigado por terem lido!
Queria desejar um feliz Natal atrasado e um feliz ano novo para todos, esse será o último cap do ano :(
Eu amei esse ano, vocês fizeram ela ter um gostinha a mais, obrigada!
2013 será outra batalha, e que esse ano me aguarde!!
Gostaram desse cap? Das revelações? Quem diria que a Danna se chamava Danielle né? E quem diria que o avô dela fosse tão psicopata assim... Mas ainda terá muitas maluquices dele!
Por favor mandem seus reviewssss!
Até a próxima.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Aurora Azul" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.