Pov. Nico

Passou uma semana e cinco dias, ou seja, amanhã eu vou embora. Nesses dias eu percebi que não é tão ruim ser baba de crianças. Posso ate dizer que eu sou bom. Mais ou menos. Se você acha ser bom colocar elas para ver TV ou jogar jogos de tabuleiro ser bom. Sei la. Mas não quer dizer que eu vou seguir essa carreira ou admitir que não seja tão ruim assim. Vou manter a mesma opinião.

Enfim nesses dias eu me diverti com as garotas. Na medida do possível. Lucas não saiu do quarto dele todos esses dias. Será que é porque ele esta pensando na minha proposta ou porque ele pegou o gene de ficar trancado no quarto no computador. Bem se fosse a minha casa e eu não  tivesse que cuidar de crianças eu faria a mesma coisa.

Será que ele já decidiu? Bem... Eu dei bastante tempo para pensar. Acho que ele tem a minha resposta ou deveria ter. Vou perguntar pra matar minha duvida. Entrei no quarto dele e avistei-o ainda no computador.

-- Sabia que esta na hora de dormir? – falei divertido.

-- Sabia que eu não ligo. – devolveu.

-- Sabia que se você não for pra cama por bem você vai por mal?

-- Sabia que eu duvido que você faça isso?

-- Ahh é?

-- Aham.

Desliguei o computador, o carreguei no colo e joguei na cama.

-- Ei, não é justo!!! Faltava pouco para eu passar o recorde!!

-- Para de drama. Amanha você passa o recorde. – falei e ele assentiu a contra gosto.

Ajeitei-o na cama.

-- E ai maninho? Já decidiu?

-- O que? – falou. Rolei os olhos.

-- A proposta.

-- Ahh... Isso.

-- Você sabe que amanha eu vou embora. Eu preciso da resposta.

-- Posso te dar a resposta amanha?

-- Claro. – falei e baguncei os cabelos dele.

Fui para o meu quarto arrumei as minhas coisas. E dormi.

No dia seguinte...

Acordei com a campainha tocando. Quem será essa hora? Perai que horas são? Vi no meu iPhone. 08h45min da manha. Enfim fui rastejando ate a porta. Tocou de novo.

-- Já vai!!! – gritei.

Abri a porta e era os Collins. Quale eles não podiam chegar mais tarde.  Sei la meio dia. Deixei-os entrarem.

-- E ai como foram às férias de vocês?

-- Foi ótima. – falou a Sra. Collins olhando para os dois lados.

-- Cadê meus filhos?

-- Dormindo. – Como eu queria estar fazendo agora. Não que eu seja dorminhoco. Mas quale num domingo acordar as 08h45min? Quem faz isso em pleno domingo? Loucos? Provalvemente. Normalmente acordaria as 13h00min da tarde. Ok, eu sou dorminhoco. Mas não to nem ligando.

-- Ainda? – Que horas ela acorda? Cinco da manha? Ta eu to achando que ela é louca. Mas quem liga? Acho que ela é uma daquelas pessoas que acorda cedo e com bom humor. Bem para mim isso seria
impossível. Acordar cedo de bom humor. Sou boêmio, admito. E com orgulho. Kkkk(risos mentais)

-- Aham.

-- Vou acorda-los. – falou subindo as escadas.

Esperei alguns minutos. E depois desses minutos apareceram três crianças descendo as escadas correndo molhados e gritando. Já da ate para imaginar o que ela fez com eles. Conseguem imaginar? Eu ri com uma sobrancelha levantada.

-- O que aconteceu?

-- Ela jogou um balde de água na gente só porque a gente não acordou de imediato e mandou nos virmos pra ca. – falou Lucas.

-- E os gritos?

-- Você não sabe como a água estava fria!!! – falou. Eu ri.

-- Ei, não ria da desgraça alheia.

-- Ah... Mas é divertido.

-- E se fosse com você seria divertido?

--Não. Mas não aconteceu comigo então...

-- Aff.

-- Nem vem se você tivesse no meu lugar estaria gargalhando.

-- Como você sabe?

-- Com qualquer um seria assim. – falei. E ele rolou os olhos.

Sentei-me à mesa para o café da manha.

-- Lucas vem aqui pegar sua toalha.

O resto do café da manha foi tranquilo. Lucas saiu antes de todo mundo às pressas pro quarto. O que será que ele vai fazer que tem que correr? Sera que ele vai bater aquele recorde idiota? Sei la. Quem sabe?

Fui pegar minha mala. Estou no meu quarto agora. Peguei minha mala quando estava indo para sala novamente. Duas garotinhas me atrapalharam.

-- Num vai embora!!! – falou Ana grudada na minha perna direita.

-- Porque você vai embora? – falou Sofia grudada na minha outra perna.

Coloquei minha mochila nas costas.

-- Porque meu trabalho acabou aqui. – falei pegando elas no colo.

-- Num é justo!!! – falou Ana.

-- O que?

-- Estava tão divertido com você aqui. – falou Ana.

 -- Porque você num pode ficar aqui? – falou Sofia.

-- Porque essa não é minha casa. – falei meio inseguro.

Fizeram biquinho.

-- Vamos meninas!!!! Eles devem estar esperando por nos.

Carreguei-as ate a sala. Deixei-as no chão. E me aproximei do Collins.

-- Parece que elas gostaram de vocês.

-- é o que parece.

-- Obrigada novamente. Aqui esta o seu dinheiro.

Peguei o dinheiro e guardei. Cocei a minha nuca.

-- Então...

-- Você pode vir nos visitar de vez em quando.

-- Obrigado.

Agora me direcionei as garotas.

-- Acho que esta na minha hora de ir. – falei.

-- Promete que vai nos visitar? – perguntou Sofia.

-- Prometo. – Não vai custar nada visitar elas de vez em quando.

E demos um abraço forte.

E agora? Lucas ainda não me deu a resposta. Será que ele não quer morar comigo? Seria tão bom ter alguém comigo. Sei la as vezes
me sinto sozinho. Já que minha única família mora no mundo inferior. Achei que podia ser diferente.

Peguei minha mala e estava começando a sair da casa.

-- Espera, espera, eu vou junto!!!!!! – gritou Lucas arrastando sua mala pela escada.

Parei.

-- Vejo que já tem a resposta da minha proposta. – falei divertido.

-- Eu disse que ia te dar a resposta hoje. – falou já do meu lado.

-- Que proposta? – perguntou Sr. Collins.

-- Eles sabem? – cochichei só para Lucas ouvir.

-- O que? – falou. Olhei-o com meu olhar de você-sabe-o-que.– Ah... Isso. Sabem.

Ufa!!! Assim fica mais fácil.

-- Bem a proposta era de ele vir morar comigo. Já que ele não se encaixa aqui e que eu também sou filho de Hades.

-- Você é como ele? – falou surpresa a mãe dele.

-- Não nota a semelhança? Olhos e cabelos pretos?

-- Eu tava  tão apressada naquele dia que nem reparei.
          -- Tudo bem.

-- Lucas, você tem certeza? – perguntou Sra. Collins.

-- Absoluta. Eu não me encaixo aqui. Quero ficar com meu irmão.

-- Ah... Tudo bem.

-- Ei, a gente sempre vamos te visitar. Você sabe que você foi como uma mãe pra mim, mas agora eu quero saber mais sobre o meu mundo e conhecer melhor meu irmão.

-- Tudo bem. Eu entendo. Eu resolvo com a papelada de adoção. – falou secando uma lagrima que caiu. Bem não deve ser fácil. Ela praticamente o criou junto com a família.

Despedimos-nos de novo e fomos embora.

Estamos no carro agora indo para o aeroporto.

-- E conhecer melhor meu irmão. – falei imitando a voz dele.

-- Ah... Cala boca.

-- Só não me conhece melhor porque fica trancado naquele quarto. – falei divertido. Ele rolou os olhos.

-- Ah como se você não fizesse a mesma coisa.

-- Como sabe que eu faço a mesma coisa?

-- Chutei. – deu de ombros.

-- Você é muito parecido comigo quando tinha sua idade.

-- Hum... Eu vou poder conhecer papai?

-- Claro. Um dia desses a gente vai visita-lo. -Ele assentiu com um sorriso.

Ate que fim eu não vou ficar sozinho. Sorri com esse pensamento.