Amor À Toda Prova escrita por Mereço Um Castelo


Capítulo 46
Capítulo 46 - Ameaças


Notas iniciais do capítulo

Capítulo de hoje fresquinho :D



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Alice chegou aos risos com Esme em seu apartamento. Logo que passaram pela porta, encontraram Rafael e Bella conversando, ela estirada em um dos sofás, com os olhos fechados, e ele sentado em uma das poltronas sem fazer nada.

- Gente, tem televisão aqui, sabiam? – Alice brincou, enquanto se aproximava do namorado para lhe dar um beijinho. – Sentiu minha falta?

- Claro! – ele respondeu sorrindo.

- Bella deu trabalho? – ela perguntou apontando para a amiga.

- Não... – ele começou, mas a própria Bella decidiu falar.

- Dei sim, tentei fugir o dia todo e ele não deixou. – ela falou se sentando em seguida – Rafael como babá sabe fazer marcação cerrada.

  

Alice e Esme começaram a rir da cara de desgosto da amiga, enquanto Rafael levantava as mãos para o alto se declarando inocente.

- Hei, eu só estava tentando fazer com que alguém não fosse trabalhar. Não sou o vilão da história. – Alice segurou o riso e abraçou o namorado, que já estava em pé ao seu lado naquele instante.

- Você é fofo, não é o vilão da história. Obrigada por cuidar da minha amiga maluca, amor.

- Opa, opa... antes que comecem a se pegar aí, Bellinha e eu estamos na sala, tá? – Esme disse os provocando – Aliás, Rafael, bom ver que você está vivo, sabia? Eu já achava que teria que procurar nos necrotérios. Você sumiu! E acredite quando digo que dona Sarah não está nada feliz, viu?

- Desculpe... não foi intencional. É que a Bella não me deu um minuto de descanso, eu piscava e ela já estava grudada no parapeito tentando fazer bungee jump para fugir!

- Essa Bella? – Esme apontou para a amiga ainda estirada no sofá – Sei...imagino o trabalho que uma semi-morta dá. Imagina quando vocês forem pais então? Ele vai viver reclamando Alice! – ela cutucou a amiga, que pareceu não ficar confortável com a brincadeira.

- Bem, eu estou cansada. Preciso tomar banho, ok? – ela deu um selinho no namorado e saiu em direção ao próprio quarto.

Esme ficou sem entender a reação súbita, mas logo teve que deixar o assunto para lá, pois Bella estava de pé ao seu lado, com o cabelo mais bagunçado do que se estivesse em um furacão.

- E eu que me achava a rainha do drama, Bella... Você ganhou amiga!

- Ah Esme, eu vou para a minha cama, estou um trapo. Boa noite para vocês dois.

E após eles lhes responderem, ela seguiu tropeçante pelo corredor.

- Irmãozinho, só uma coisa... O que vai fazer amanhã? Vai cuidar da Bella? – Esme perguntou, ainda vendo a amiga seguir pelo corredor, até entrar na porta de seu quarto.

- Bem, eu espero que não... Embora tenha lá minhas dúvidas! – ele disse a última parte após perceber que ela quase tropeçou na porta do quarto – Por quê?

Esme bufou, frustrada, medindo o como diria aquilo. Afinal, aquela situação era ridícula demais ao ver dela. E, bem, já era para ter um ponto final naquilo tudo há muito tempo.

- Rafa, maninho, você sabe o quanto eu te amo, mesmo que implique com você, certo?

- Também te amo, - ele riu - está carente hoje? Quer um abraço, é? – e ela sorriu com aquilo, o abraçando mesmo e tomando fôlego para seguir.

- Em todos os momentos da minha vida em que eu precisei de sua ajuda, você sempre estava lá. E, bem, eu queria compartilhar minha felicidade com você também, sabia?

- E quando diz isso, – ele estreitou os olhos, a encarando – estamos falando exatamente do que?

- De você e do Carlisle. – ela respondeu e ele revirou os olho. – Não faça essa cara. Vocês eram amigos, muito amigos. Eu não queria estar entre a amizade de vocês e se realmente pudesse escolher por quem me apaixonaria, se soubesse que isso te chatearia, juro que teria escolhido outra pessoa. Por você. Não quero que fique zangado comigo.

- Esme, eu não estou bravo com você. Ok, talvez eu tenha ficado magoado pela forma como descobri. Mas eu quero sua felicidade acima de tudo. Se isso levou ao que levou, por mim tudo bem, ok? – ele diz acariciando os cabelos dela.

- Não quero vocês brigando. E, bem, ele tem tentado falar com você, por que não atendeu?

- Atender? Esme, desculpe, mas eu liguei várias vezes para ele, é Carlisle quem não me atende. E, desde ontem eu estou sem o celular, ele ficou em casa. Com os problemas de Bella, eu acabei ficando direto...

- É, entendo... Aliás, soube por cima que o cão sarnento que ela namorou a ameaçou, é isso?

- Exato... E, bem, me preocupa deixar as duas sozinhas aqui.

- Entendo, você é fofo demais para abandonar donzelas em perigo! – ela brincou e depois se fez de séria. – Mas prometa que amanhã irá falar com Carlisle, ok? E sem telefones desta vez, eu quero que conversem cara a cara de uma vez. Aproveite que ele está no hospital e vá lá.

- Se não me barrarem, por mim tudo bem. – ele deu de ombros.

- Se te barrarem você me liga, porque aí eu vou colocar os pontos nos ‘is’ com ele também. Eu não quero dois dos três homens da minha vida brigando, ok?

- Vou fazer esse esforço por você.

- Obrigada. – ela fez uma mesura solene. – Agora, vamos embora?

- Bem... eu vou falar com Alice antes, saber se ela prefere que eu fique... Não sei.

- Pelo menos passe em casa, ou dona Sarah ficará piradinha de preocupação!

- Ok, me espere, eu já estou indo. Vou deixar o carro com a Alice então e vou com você. Qualquer coisa ela pode nos ligar e voltamos correndo.

Ele estava seguindo pelo corredor quando Esme se atirou no sofá, mas ainda assim mexeu com ele.

- Não vá agarrá-la no chuveiro, hein? Sou nova demais para ser tia!

- Vou ignorá-la, ok? – ele disse enquanto chegava ao quarto de Alice – Amor, já está no banho?

- Oh, já... – ela respondeu após um tempo, e ele decidiu falar na porta mesmo.

- Esme quer que eu volte em casa, por causa da minha mãe... Bem, eu vou lhe deixar meu carro, ok? Se precisar de algo, qualquer coisa, por favor me ligue. Mas, se quiser eu posso ficar...

- Oh, não, tudo bem por mim. – Alice disse tentando demonstrar alegria na voz – Apenas me ligue quando estiver lá, ok? E... porque me deixar o carro?

- Não quero você andando sozinha por aí tão tarde. E como não me ligou, entenda como uma medida preventiva. Quer que te espere sair?

- Não amor, podem ir. Eu preciso relaxar um pouco, ok?

- Tudo bem... Então, eu espero você ligar, assim você não sai correndo do banheiro e corre o risco de fazer algo digno de Bella.

- Ok, - ela sorriu sem muito humor – eu ligo. Boa noite, amor.

- Boa noite e, se precisar de algo, ligue! Independente da hora que for, ok?

- Ligo sim e, eu te amo tá?

- Também te amo. Até mais.

E mesmo que cogitasse a hipótese de esperá-la terminar, Esme já estava de braços cruzados na porta do quarto, pronta para arrastar o irmão dali. Não havia mesmo muito o que fazer a não ser seguir com a irmã após deixar a chave do carro na penteadeira de Alice, e foi exatamente o que Rafael fez antes de sair.

* * * * *

Edward chegou em casa e acabou por encontrar seu amigo Royce, estacionado na frente de sua casa, o esperando.

- Desculpe a demora, não achei que estaria aqui...

- Não tem problema. Na verdade, eu decidi vir até aqui para conversamos antes e decidir como contar para “você sabe quem”.

- Não sabe o quanto tenho me descabelado mentalmente com isso... Bem, mas vamos entrar. Assim já conversamos sobre isso e você me conta o que descobriram.

Eles passaram pela porta e seguiram até a sala.

- Bem, tecnicamente eu não estou com o caso. Eu estou ainda concorrendo como investigador, mas estou ajudando. É que o delegado achou que era melhor que eu mesmo falasse com vocês ao invés de um desconhecido.

- Eu espero mesmo que passe nisso, mas, enfim... realmente prefiro saber por você do que por qualquer outro. Digamos que, por mais que me esforce, não consigo pensar em ninguém que pudesse querer o mal dela.

- Bem, eu esperava por isso. Achamos que é algo ligado a algum caso que ela defendeu ou acusou, entende? Eu trouxe todos os boletins que ela abriu desde... – mas Edward o parou.

- Boletins? Ela recebia ameaças?

- Bem, – ele deu de ombros e o entregou uma pasta – muitas... pelo visto.

Edward pegou os papéis e começou a folheá-los. Nunca havia ficado sabendo que a prima tivesse recebido algum tipo de ameaça, afinal, Maria parecia sempre tão feliz, nunca demonstrava que poderia estar tensa ou preocupada.

- Mas - ele acabou deixando seu pensamento escapar, – ela nunca pareceu ter medo de...

- Eu sei... Ela sempre disse que não queria preocupá-los, então imaginei que desconhecesse o fato.

- Espera, você sempre soube disso?

- De certa forma sim. Você sabe o quanto éramos amigos.

- Eu sei, mas... Ela não deveria ter escondido isso do Jasper ou de mim...

- Ela dizia que tinha tudo sob controle e, bem, se tratando dela, tínhamos que acreditar, não acha?

- Sempre achei o excesso de seguranças exagero, mas ela dizia que era apenas por causa de espionagem industrial e eu engoli fácil... – Edward desabafou.

- Entendo, mas o fato é que vou precisar de sua ajuda, Edward. Temos que descobrir em quais casos ela estava trabalhando e quais foram finalizados recentemente. Eu tenho um mandato para recolher o material, mas não quero invadir a empresa dela, entende? Quero cooperatividade e não causar mal estar.

- Bem, eu falarei com as antigas sócias dela... Não se preocupe.

- Acha que elas são confiáveis?

- Você as conhece, eram líderes de torcida também, Natalie, ou melhor, Nettie, e a Lucy.

- Lucy? A Lucy Whitlock? Prima do Jasper?

- Na verdade, irmã dele...

- Mas sempre disseram que eles eram primos!

- Isso é uma longa e desimportante história agora.

- De fato, e, bem, eu preciso ir. Heide está sozinha.

- Ok, e bem, por favor, me mantenha informado.

- Manterei sim, e assim que fizermos o levantamento no antigo escritório dela, podemos avisar a Jasper o que se passa.

- Ok.. – e embora ele tenha respondido afirmativamente, Royce sabia que não estava nada bem, e pegou no ombro do amigo de forma companheira.

- Vamos investigar isso, Edward. Eu falo com Jasper, ok? Só preciso ter plena certeza das coisas.

- Eu entendo.

- Agora vá descansar, ok? Deixe que daqui para frente eu assumo, apenas peça autorização para suas amigas.

- Falarei com elas amanhã mesmo, não se preocupe.

E após se despedirem, Edward desligou as luzes, mas não teve coragem de ir a seu quarto. Ele voltou ao sofá, se deitou e ficou encarando o teto, sem conseguir se concentrar em nenhuma linha de pensamento, até acabar desabando no inconsciente, devido a sua canseira.

* * * * *

Era realmente cedo para os padrões de Alice, mas ela era o tipo de pessoa que cumpria promessas, e se aquele era seu dever, não havia escapatória. Ela havia deixado Bella e Luiza no trabalho e seguido para pegar as crianças, que incrivelmente estavam prontas e de braços cruzados à porta, a esperando.

- Oh, bom dia. Me desculpem, mas... eu me atrasei? – ela perguntou, saindo do carro e seguindo até Jasper e as crianças.

- Bom dia, Alice. Não se preocupe, você está no horário. É que sem telefone, computador e qualquer outro equipamento eletrônico, eles são mais rápidos.

Alice olhou para as duas carinhas descontentes e seu coração ficou pequenininho, não iria aguentar deixá-los sem nada do que amavam tanto fazer.

- Bem, você pode deixar seu carro na garagem e pegar um dos meus, ok? Eu estou de saída para a empresa e, qualquer coisa que eles aprontarem, me ligue, ok?

- Sim, senhor...

E assim que Jasper saiu, Alice correu para trocar de carro, ficando impressionada com os carros na garagem. “Deus... eles tem carros a escolher e eu pegando o do Rafa emprestado. Que mundo injusto esse!”, ela pensou boquiaberta.

Como não tinha muito tempo para pensar, ela optou por aquele que parecia menos caro. “Sim, porque vai que eu bato, não? Melhor garantir que eu arrume um empréstimo para pagar!”, ela tentou justificar-se a si mesma.

Jane e Alec a esperavam, e realmente não pareciam ter melhorado o humor depois de Jasper ter saído. Alice pensou em tentar puxar algum assunto com eles, mas nada lhe vinha em mente naquele instante.

Eles seguiram a maior parte do caminho sem dizer nada, mas Alice tinha certeza de que aquela era a sua chance para tentar conquistá-los e ela não abriria mão disso.

- Sabe, acho que vou pensar em algo para fazermos quando vocês voltarem. – ela começou, mas notou pelo retrovisor que Jane revirou os olhos e virou a cara. – Ok, vamos ao ponto, eu não concordo que tirem as coisas de vocês...

- Por que você não para? – Jane perguntou zangada.

- Desculpe? – Alice ficou confusa.

- Para de tentar bancar a pessoa legal, tentar ser a boazinha! Para de tentar parecer que se importa, ok? Nós não precisamos da sua falsa piedade. Você está aqui pelo dinheiro, e daí? Não tem que conversar conosco, na verdade, nem deveria estar aqui porque não queremos uma babá, entendeu?

Alice sorriu nervosa, ela não esperava aquilo de Jane, não mesmo. Em sua mente, a imagem daquela doce garotinha abraçada em suas pernas ainda era muito forte. Ela não conseguia crer que era exatamente a mesma menina falando ali.

- Não vamos facilitar, – Jane continuou - se quer saber. Aliás, porque você não some de vez, hein? Afinal, é sua chance de sair inteira, porque quando jogamos é para ganhar e não medimos as consequências.

- Não, você está só dizendo isso para tentar me desestabilizar, não vai conseguir. – Alice tentou mostrar confiança, mesmo não a tendo – Sei que quando nos conhecermos melhor vamos nos dar bem. Acredite!

E definitivamente, ali, na frente da escola, Alice sentia que a conversa iria mesmo acabar, quando Jane respirou fundo e a encarou pelo retrovisor.

- Não vamos nos conhecer melhor, então perca logo essa sua esperançazinha. Nós estamos decididos e vamos até o fim, mesmo que seja o seu fim! – dito isso, ela saiu do carro e fechou a porta com força.

Aquilo era uma ameaça, e embora viesse de uma garotinha de 13 anos, chegava a ser assustador o suficiente para Alice. Mesmo que ela quisesse correr atrás da garota, ela ainda estava paralisada no banco, com as mãos fechadas com força no volante.

- Se quer nos ajudar, – ela ouviu Alec falar e se virou para ele – peça a conta.

E ao final daquela frase, ele também estava fora do carro. Embora não demonstrasse tanto ódio quanto a irmã, ela sabia que ele realmente estaria ajudando-a após aquela frase. Alice teve que estabilizar sua respiração antes de tomar qualquer atitude que fosse.

Ela não queria ligar para Jasper, “a ideia de vê-lo bravo com as crianças não me parece boa”; também não iria ligar para Lucy, “ela é só a tia deles, tem seus próprios problemas e eu não posso incomodá-la”. Ela saiu do carro e respirou fundo, dando alguns passos em círculo e parado encostada ao lado do veículo.

Em seguida, quando viu que não havia mais sinal de criança nenhuma ali, ela deitou a cabeça nos próprios braços após se debruçar no teto do carro. “Não vai dar certo, não vai...”, ela pensava consigo mesma. “Mas pode ser sua única chance...” uma voz tímida no fundo de sua mente sussurrava.

Mesmo nervosa, Alice tentou regularizar sua respiração. “São só crianças, só crianças”, ela falava para si mesma em um mantra mental. Aos poucos ela foi sentindo o nervosismo deixar seu corpo.

Embora ainda estivesse assustada, e levantar sua mão a fez constatar que ainda tremia um pouco, ela decidiu alarmar o carro e cumprir com sua tarefa. “Preciso achar a diretora. E ela tem razão em uma coisa, eu estou aqui pelo dinheiro... Depois do que Esme aprontou, só Deus sabe o que será do emprego do Rafa... Controle-se Alice, controle-se e não reclame para ninguém. Você consegue”.

Aos poucos ela seguiu até a diretoria, tentando focar-se em seu objetivo principal. Ela precisava saber qual era o poder de Jane sobre o irmão e talvez, só talvez, ela pudesse libertá-lo de algo e tê-lo ao seu lado. “Acho que vale a pena tentar”, ela pensou consigo e sorriu para cumprimentar a secretária da diretora. “Certo, a hora é agora!”


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Notas finais do capítulo

Quem gostou diz pra nós, vai...
Custa nada não e nos deixa felizes a beça :D