Amor À Toda Prova escrita por Mereço Um Castelo


Capítulo 45
Capítulo 45 - A Mentira Tem Perna Curta


Notas iniciais do capítulo

Hum... será que Jasper vai desmascarar seus filhos agora??
Só lendo para vocês saberem, né?



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Tudo o que Alec não queria uma hora dessas, era a irmã em seu quarto. Ele havia ficado tão feliz com a companhia de Alice em seu quarto, pois assim acreditava que Jane manteria distância, que quase podia aceitar o fato de ter alguém especulando se ele estava ou não fazendo tarefa de fato.

Jane esperou que a babá saísse com um grande sorriso no rosto, um dos mais falsos e angelicais de toda a sua vida. Tudo o que não precisava agora era que alguém a atrasasse, pois logo seu pai perderia a paciência com ela e viria atrás.

Alec a encarava, já sentindo toda a dor de cabeça que se anunciava. Praticamente dois minutos após Alice fechar a porta, Jane mudou totalmente.

- Alec! Você vai ter que me ajudar e é agora! – ela disse, sem pensar na altura de sua voz.

- No que agora? Porque, se não percebeu, eu tenho tarefa para fazer, ok? – ele voltou a se virar para sua mesa.

Jane ficou possessa por ser ignorada, ela foi até a mesa do irmão e puxou suas folhas.

- Me dá isso aqui! Dane-se essa sua matéria de recuperação. Se você não me ajudar agora mesmo, eu vou contar ao papai disso aqui, ok? Não vou me ferrar sozinha, entendeu?

Alec bufou em frustração e se virou para a irmã.

- Vai Jane, diga logo...

- Você vai ter que me ajudar! Papai está possesso! – ela dramatizou.

- Claro, você esperava algo diferente? – ele diz sem humor.

- Acontece que eu assumi sua culpa, ok?

- Sua culpa, né Jane? Não minha. Eu disse que era uma má ideia, mas você... – mas ela não o deixou terminar e cortou-o sem dó.

- Tá, tá, tá, eu já sei! Você vai dizer que é o santinho e eu sou a má. Tudo bem! Dane-se. O fato é que nenhum de nós quer uma babá, isso é deprimente! Se não adiantou tudo o que fizemos até agora nós temos que mostrar nossa indignação de alguma outra forma. E não há forma melhor do que ele sentindo na pele.

Alec voltou a se virar para a sua mesa, pronto para ignorá-la, mas aquilo a irritou tremendamente.

- Eu estou falando com você, Alec!

- E eu estou ouvindo. – ele respondeu tranquilamente. – Mas não preciso ficar olhando para você para ouvir. Sabe, olhos e ouvidos são independentes em algumas pessoas.

- Olha a palhaçada! Eu aqui salvando o seu couro e você sendo engraçadinho.

- Não precisa me salvar de nada...

- Ah, não? Imagina só o que o papai vai achar se descobrir que o lindo filhinho dele anda tirando as piores notas da sala, hein? – ela o fez bufar. – E para completar, que ele ainda anda invadindo sistemas. Sabe, isso é mau. Deveria me agradecer por eu ser tão bondosa, sabia?

- Por que você não diz logo o que quer e deixa dessa ladainha, hein?

- Simples, você me mostra como fez aquilo de manhã, eu assumo sua culpa e tudo fica certinho para o seu lado, simples! – ela disse sorridente.

Alec se virou novamente para ela e se preparou para um longo diálogo sobre como as coisas eram, mas por mais que Jane fosse encardida e o colocasse em uma enrascada maior que a outra, ele tentava acreditar que ela estava fazendo aquilo por bondade, mas aquilo não colava.


- Jane, isso não é tão fácil assim. – ele se resumiu ao dizer, embora na verdade pensasse “você não tem capacidade para entender o que eu fiz”.

- Não deve ser tão difícil, vai! Me ensina Alec, por favor! É pra te ajudar, vai? Olha como eu sou uma irmã de ouro, não?

- Sabe, me custa muito acreditar nessa sua generosidade...

- Quer saber? Que você se ferre! – ela disse brava e estava pronta para sair do quarto quando ele a parou.

- Espera! Ok, ok, eu deixo na tela de entrada e você diz que entrou ai. Ok? Só precisa digitar a senha e mais nada!

-E a senha é?? – ela cantarolou. – Porque se não percebeu, eu não sei.

- A data de casamento dos nossos pais.

- Sério? E como descobriu? – ela diz lhe entregando o celular.

- Testando todas as datas importantes... – ele disse como se fosse óbvio, já mexendo no celular dela.

- Não isso, o que quero saber é como descobriu qual foi a data que eles se casaram?

- Li na certidão de casamento deles, oras. Qual a dificuldade nisso? – ele diz lhe devolvendo o aparelho – É só dar enter. Sabe fazer isso ou quer que eu desenhe?

- Seu sem graça...

- Agora, me deixe estudar, ok?

- Ok! – ela disse animada, saindo pela porta, deixando de lado o fato de que queria dar uns tapas na cabeça do irmão por sugerir que ela fosse burra no comentário anterior.

***********

Jasper havia puxado uma Alice revoltada escada abaixo alguns minutos atrás, logo quando Jane havia ameaçado sair do quarto.

- Você deveria ter dito algo. Entrado lá, não sei... – ela diz enquanto ele a arrasta para o escritório.

- Acredite em mim, foi melhor não interferir. Eu tenho a confirmação que precisava disso e... Alice, você tem carteira de motorista?

- Tenho, mas eu não teria tanto sangue frio para... – mas ela parou no meio do raciocínio, ao pensar na pergunta que ele a havia feito e ela até já tinha respondido – Mas por que quer saber se eu sei dirigir?

- Porque a partir de amanhã, você vai levá-los à escola e buscá-los, ok? Pode fazer isso?

- Sim, eu... Mas... eu não...

- Bem, - Jasper começou sem jeito – eu preciso que faça algo para mim, ok? Preciso que tire a limpo essa história sobre meu filho. Acho que a diretora deles não vai muito com a minha cara e... bem, você é... a babá! Quem esconde algo da babá? – ele disse sem saber exatamente que tipo de comentário cretino era aquele, se chutando mentalmente por não ter nada bom o bastante para argumentar.

- E quem conta tudo a uma babá, hein? – ela perguntou cruzando os braços.

- Bom argumento, mas... Bem, então eu poderia simplesmente supor que meu filho tem notas ruins e merece um castigo? – ele estreita os olhos e a encara, vendo que ela não gostou daquilo.

- Mas ele queria estudar, coitado! Gente, eu sou a única pessoa aqui que vê o lado bom dessas crianças? – ela diz bufando em frustração, o que fez Jasper rir.

- Na verdade, - ele encarou a mesa - confesso que achei que chegaria em casa e não a veria mais por aqui. Eles são um pouco, digamos, impulsivos...

- Eles são crianças! – Alice levantou as mãos para o alto e disse frustrada. – E se comportam como tal. Parece que todo mundo esquece que já passou por essa fase aqui, meu Deus... – e depois de dizer aquilo ela olha sem graça para Jasper, afinal, havia acabado de contrariar o chefe e logo no primeiro dia – Quer dizer...

- Você tem um ponto de vista interessante. Mas é que ainda não os conhece... Jane estava ocupada demais aprontando comigo hoje para ter feito algo contra a senhorita.

- O que ela fez de tão grave? – Alice estreitou os olhos em desafio, já se sentia a ponto de ser mandada embora mesmo, para que se segurar agora, não? – Colou chicletes na sua cadeira? Apagou sua agenda do celular?

- Um pouco mais grave que isso... – ele disse sutilmente.

- Grave o bastante a ponto de comprar uma briga com seus filhos? Não sei se reparou o que ela disse lá em cima. Eles querem chamar a sua atenção, ter você por perto. Eles só estão carentes, só isso. Talvez se parassem de se atacar e conversassem, isso tudo pudesse tomar um rumo melhor, sabe?

Jasper não conhecia aquela garota realmente, ele só a havia visto algumas vezes e a primeira impressão não havia sido a melhor lembrança de sua vida. Talvez fosse a emoção do momento ou a forma que ela estava vestida antes, mas ele podia jurar que ali havia outra semelhança gritante com Maria: ela nunca iria admitir que somente as crianças estivessem erradas. Ele iria até comentar, mas logo alguém abriu a porta sem se anunciar e entrou. Claro que ele esperava pela filha, então logo que ouviu o barulho na porta se calou. Infelizmente, não era Jane que chegava ali, mas alguém que ele não queria ver tão cedo.

- Então está aí? – era Nettie, que fazia um beicinho de chateada, embora estivesse tremendamente irritada na verdade – Nossa  Alice, achei que iria avisar que eu estava esperando o senhor Whitlock.

- Desculpe, eu... – Alice começou, mas Jasper a parou.

- Eu explico, sem problemas. Alice veio me dizer algo, eu não a dei chance porque precisava que ela fizesse algo para mim amanhã e... bem, pelo horário, eu não a veria mais hoje, não? Afinal, você tem que ir, não é Alice?

- É, sim, eu tenho. – ela disse ao olhar o próprio relógio – Bem, até amanhã... – ela disse incerta, e acabou correndo porta afora.

- Bem espontânea, não? – Nettie disse ao vê-la sair.

- De fato, mas... o que queria mesmo? – Jasper perguntou incerto de que queria aquela resposta naquele instante, mas não havia volta mesmo.

- Paaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiiiiii! – e ele ouviu a voz que tanto queria antes que Nettie pudesse falar qualquer coisa.

Jane entrou correndo no escritório, toda entusiasmada, até parecia uma garotinha de três anos de novo.

- Oi tia! – ela disse, não ligando para a conversa que havia interrompido, e indo até o pai em seguida – Papaizinho lindo, nós temos aquele negocinho para tratar, né?

- Ah, sim, temos sim...

- Sozinhos, né? – ela disse com cara de cachorrinho que caiu da mudança.

Jasper olhou suplicante para Nettie, que não teve outra saída a não ser concordar e sair. Definitivamente, ela não conseguiria nada ali naquele instante.

- Bem, eu já vou. Nos falamos amanhã... Boa noite. – ela disse contrariada.

Mas Jasper e Jane responderam de forma entusiasmada, como se não houvessem reparado na leve birra dela. Ela, aliás, não esperou nem ao menos Nettie sair e já correu ao lado o pai com o telefone.

- Está aqui, certinho, o que acha? – ela disse triunfante ao entregar o aparelho para o pai.

- E você entrou aí como? – ele a olhou incrédulo.

- Ah, pai... Faz parte do jogo não contar, né? – ela deu de ombros.

- Sei... – ele pegou o aparelho e voltou à tela inicial. – Mas não precisa contar não, apenas entre lá de novo, mas sem sair da sala, ok?

- Ah... – ela pegou o aparelho. – Bem... De novo? – e ela deixou as palavras no ar.

- Sim, Jane. – ele disse de braços cruzados, esperando para ver quando ela iria admitir a verdade...

Vendo que Jane não diria mais nada, ele tentou incentivá-la a confessar, pelo menos uma vez, que não havia sido bem ela quem fez aquilo. Embora ele soubesse que algo daquele tipo só sairia mesmo da mente diabólica dela.

- Bem...eu acho que estou sem bateria! – ela desligou o aparelho e sorriu amarelo.

- Jane, – Jasper se abaixou na frente dela e disse calmamente, com uma paciência que ele nem ao menos sabia ter – não minta para mim, ok? Eu sei que não foi você.

- Como você sabe? – ela perguntou pasma, tentando se corrigir depois – Quer dizer, porque acha que não fui eu?

- É que essas coisas a gente simplesmente sabe, minha princesa. – ele bagunçou o cabelo dela – Mas, o que me deixa pasmo é o fato de você ter feito seu irmão colaborar.

Alec estava descendo as escadas após perceber que Alice não voltaria mais para o quarto. Ele queria seguir para a cozinha e esquecer o fato de que a irmã estaria tentando enganar seu pai, mas ele não conseguiu, pois não aguentaria sua consciência culpada depois. Quando deu por si ele já estava na porta, bem no momento em que Jane tentava se explicar por algo que nunca saberia o que era.

- Eu não...eu não fiz... – ela tentou se explicar. – Não foi ele, pai... – ela respondeu por fim, tentado dar veracidade em suas palavras. – Fui eu mesma, mesmo que não acredite, ok?

- Na verdade, - Alec começou, mas se arrependeu quando os dois olharam para ele. Ele tomou a última coragem existente e completou a frase encarando o chão – ela só me pediu e eu fiz. A culpa é de nós dois.

- Dos dois? – Jasper disse incerto – Ela te convenceu como?

- Temos o mesmo interesse! – Jane respondeu antes, já zangada com o rumo da conversa.

- E ele seria? – Jasper a encarou.

- Não queremos ninguém aqui pensando que pode bancar a babá pra cima de nós! – ela gritou histérica.

- E desde quando vocês decidem o que querem ou não?

Aquilo era para ser uma pergunta retórica, claro, e Jane não teve coragem de responder, pois temia acabar chorando e não iria dar o braço a torcer que estava magoada.

- Nunca decidimos, claro... Mas achamos que talvez importasse o que queremos ou não, não acha? Para a mamãe sempre importou, pelo menos... – Alec disse meio sem pensar, se arrependendo no segundo seguinte.

Jane quase podia respirar mais aliviada, mesmo que tentasse, ela não estava conseguindo o que queria, mas Alec sempre dava um jeito.

* * * * *

Alice estava andando em direção ao ponto de taxi quando ouviu alguém buzinar. Ela não queria olhar para os lados e apenas seguiria firme para frente, mas logo reconheceu a voz da pessoa mexendo com ela.

- Psiu! Nossa que menina séria, meu irmão vai ficar feliz com isso, viu? – E Esme começou a rir.

- Sua louca, eu aqui achando que era um serial killer! – Alice riu dela.

- Aliás, só pra constar... Cadê meu irmão? Vocês não brigaram e ele te fez voltar a pé de sabe-se-lá-de-onde, né?

- Não, claro que não. Eu estava trabalhando...

- Sério? – ela perguntou parando de rir. – Aliás, entre e me conte enquanto eu te levo para casa, quero detalhes!

* * * * *

Bella estava totalmente frustrada, ela já havia bebido mais refrigerante do que o normal, comido um monte de porcarias e nada a estava deixando mais confortável. Ela estava totalmente irada por perder mais uma partida naquele jogo, pronta para desistir de vez e ir dormir cedo.

- Isso não vale! Jogamos dezoito partidas de War e o mais perto que cheguei de ganhar foi quando eu escondi metade das suas peças em baixo do tapete enquanto você foi ao banheiro! Isso é revoltante!

- Você roubou de mim naquela jogada? – Rafael se fez de revoltado.

- Claro, né? E você percebeu, pode parando com o drama! – ela apontou a caixinha de dados para ele, antes de jogar suas cartas na mesa e se atirar no sofá – E, quer saber, minhas costas estão reclamando desse chão já...

- Eu perguntei se você queria a mesa da cozinha, você preferiu a mesinha de centro da sala. – ele comentou, recolhendo as cartas que ela havia deixado pela mesa.

- Culpa minha, eu sei... – ela admitiu. – Mas, não teria ai nada para dor escondido não, doutor?

Rafael olhou para Bella, a verdadeira personificação de uma pessoa “morta no sofá” e suspirou.

- O que exatamente dói, senhorita Swan? – ele cruzou os braços enquanto a encarava.

- Do dedinho do pé até minha anteninha de barata mais levantada, tudo! – ela respondeu com uma careta de dor.

- Imagina se estivesse trabalhando, hein? – ele disse seguindo para a cozinha, e falou alto de lá – Você não estava com dor antes porque ainda estava sob efeito da medicação do hospital.

- E como eu saberia que iria doer tanto? Hein? – ela disse quando o viu chegando com um copo de água na mão.

- Não saberia, claro. Mas foi teimosa o bastante para tentar ir trabalhar.

- Ok, eu admiti que errei já, quer o que mais? Que eu faça uma carta à impressa? – ela brincou, se sentando e pegando a água e o remédio que ele lhe dava.

- Não precisa tanto, só não tente fugir de um atestado da próxima vez.

- Certo, doutor. Aprendi minha lição. Agora, se não se importa, vou ficar semi morta aqui uns minutinhos. – ela disse se aconchegando as almofadas.

Rafael deu risada da cena de Bella, ela agia como uma criança quando estava com dor e esse pensamento lhe lembrou de Alice. Ele olhou para o relógio e constatou que já era tarde, porém ela não havia ligado para casa. Aquilo o deixou preocupado... “Será que eu deveria ir atrás dela?”, e o fez se lembrar que estava sem celular... “Bem, não seria inteligente, eu não teria como saber a hora que ela aparecesse... Maldito esquecimento, esse meu”.

Sem muito o que fazer, ele decidiu esperar por mais algum tempo ali, continuando a guardar as peças do jogo de tabuleiro na caixa. Porém, ele já havia decidido que se Alice não voltasse em meia hora, acordaria Bella e daria um jeito de encontrá-la.


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Notas finais do capítulo

Ah um detalhe, antes que vocês saiam daqui frustradas, o spoiler de Edwar e Bella é para o capítulo 47, este aqui foi o 45, então... segurem seus coraçõezinhos, mas não percam a capinha que mudamos em homenagem ao momento, ok?
E como a Má disse da outra vez: vários comentários podem nos fazer postar mais de um capítulo por semana, além disso temos duas one shots sobre a Maria quando adolescente, que talvez vocês gostem, ok?
Então, dedinhos aos trabalho e nos digam o que acharam, ok?

Ps: agora é oficial, nossa terceira autora finalmente creditada na capa, vamos dar as boas vindas a ela, né gente? Afinal, ela nos ajuda desde o cap 20 e pouco, se me lembro bem.

Beijinhos e, quem sabe, até essa semana, hein? Depende de vocês :D