Amor À Toda Prova escrita por Mereço Um Castelo
Jane e Alec sumiram em alguns minutos para o ônibus. Lucy também já havia desaparecido de lá alguns minutos atrás e Alice ficaria um tempo sozinha com Gertrudes para aprender sobre o funcionamento da casa.
Logo que entraram, Jane olhou para o irmão com aquele brilho no olhar que sempre o assustava e significava confusão na certa.
- Tenho uma ideia genial, irmãozinho!
- E qual seria? – ele perguntou incerto, virando o rosto para a rua numa tentativa vã de ignorá-la e ser deixado de lado por ela.
- Vamos mostrar para o papai toda essa nossa indignação com o fato de termos uma babá e será agora!
- Agora? – ele a olhou confuso, esquecendo o plano inicial e caindo na armadilha. – Como?
- Você tem acesso remoto ao servidor da Eurisko, certo? – ela cochichou, bem pertinho dele. – Podíamos barrá-lo na porta! Acho que ele ficaria revoltadíssimo em ser barrado, o que acha? – e ela sorriu maleficamente ao final.
- O que eu acho? Acho uma péssima ideia! – ele criou coragem para dizer, mas as feições da irmã mudaram para algo nada agradável.
- Você não acha nada, vai fazer isso agora e pronto. Ou...bem, eu terei aquela conversinha com papai e, puxa – ela se fez de triste – seria tão ruim se ele visse todas aquelas provas, não acha?
- Eu estou sem telefone! – ele tentou se esquivar.
- Sem problemas! – mas ela tirou o dela do bolso e colocou em sua mão – Apenas faça isso logo!
- Sério mesmo?
- E eu tenho cara de quem está brincando? Ou você faz isso já, ou sofrerá as consequências mais tarde. Decida-se! – ela disse decidida, encarando para esperar a resposta.
Frustrado e sem saída, Alec pegou o aparelho da irmã para fazer o que ela pedia. Porém, a pressa da irmã o fez correr com o que fazia. Já que ela bufava e rolava os olhos com reclamações de “está demorandooo”, cantaroladas ao seu ouvido.
- Sabe, em minutos estamos na escola e ele dentro da empresa! Apresse-se! – ela deu seu ultimato.
Sem saída, ele fez o que pode correndo e a devolveu o aparelho.
- Está feito...
- Ótimo! – ela sorriu. – E chegando a sala vamos ter uma conversinha, ok? Vou mantê-lo a par de quais são as ordens do dia, irmãozinho.
E não demorou para que o ônibus chegasse, para a tristeza de Alec, e logo sua irmã o puxava para a sala da primeira aula. Mesmo que ainda faltasse 15 minutos para o sinal.
- Sente aí. – ela apontou para carteira de Heide, que era logo ao lado da dela. – E agora eu vou lhe falar o que tenho em mente para mais tarde.
- Não podemos ver isso depois, não? – ele ainda tentava inutilmente esquivar-se, mesmo que as desculpas não fossem as das melhores. – Temos prova hoje e eu preferia esse tempo para repassar a matéria.
- Deixa de ser nerd pelo menos uma vez na vida! – ela disse histérica, mas tentando conter o tom da voz.
Alec suspirou e encarou a mesa frustrado. Ele estava extremamente irritado com o comportamento da irmã, mas sabia que não adiantaria falar nada para o pai, pois Jane iria se fazer de vítima e talvez sobrasse para ele. Principalmente nesta semana, onde ele teria tudo para ser o errado.
- Ah é...acho que você já deixou, não é? – Jane sorriu maléfica. – E, bem, acho que quinze minutos não vão salvar sua pele em nada, irmãozinho. Sinto em lhe informar. Aliás, quer saber? Sinto nada! É bom ver seu brilho todo ofuscado. Assim, quem sabe, percebem que o garotinho brilhante da casa não é perfeito. – ela disse convicta e levantando o nariz, na maior pose de superior. Depois, ela se debruçou na carteira e sussurrou. – Realmente estou pagando para ver sua queda, sabia?
- Jane?! – era Heide, que acabava de chegar.
- Oi Heide! – ela sorriu, como se estivesse em uma conversa casual com o irmão até então, mas que não convenceu a amiga.
- Tudo bem Alec? – ela perguntou, ignorando a amiga por alguns minutos.
- Tudo, e, não se preocupe, já estou de saída do seu lugar... – Alec se levantou e seguiu até sua própria carteira, que ficava exatamente do outro lado da sala, a maior distância possível de sua irmã.
- É, deixe o nerd lá na frente. – Jane diz. – Afinal, ele precisa mesmo prestar atenção, não é irmãozinho? – mas ele a ignorou.
Felix, que já estava na carteira de trás da de Alec, o viu chegando cabisbaixo.
- Qual é a da peste da sua irmã desta vez?
- O de sempre... – ele respondeu curtamente e se sentou em sua cadeira, virado para frente, mas o amigo não lhe deu chance e continuou falando.
- Se fosse “o de sempre”, acho que você estaria um pouco mais comunicativo.
Alec virou para o amigo com cara de poucos amigos.
- Felix, por favor, diga que pelo menos tentou fazer as perguntas do teste...
- Ah, é isso... – ele riu sem graça e olhou para as próprias mãos.
- Eu sabia que não... – Alec disse frustrado. – Sabe, eu lhe ajudo estudar se for o caso, mas eu não posso mais ficar fazendo as suas provas, ok? Não dá tempo de eu fazer por nós dois.
- Desculpe... – Felix respondeu com sinceridade. – Eu não queria te prejudicar, é sério...
- Olha, tudo bem, ok? Mas, a partir desta semana é melhor você ir na minha casa e eu te ajudar... Ou sua mãe não será a única a dar chiliques, viu? A hora que meu pai ver minhas notas eu estou ferrado, e Jane está adorando isso.
- Sem ofensas, mas sua irmã é uma vaca...
- E eu não sei? Mas o importante é que ela não sabe o que fizemos, senão nós dois seriamos expulsos, viu? E se formos expulsos nunca entraremos numa faculdade descente.
- Eu sei...
- Então, se sabe, é melhor começar a estudar, ok?
- Mas eu tento, juro mesmo, mas cálculos não entram na minha cabeça e...bem, aturar minha mãe me enchendo o dia inteiro também não ajuda. Aliás, sorte você...não... – mas ele foi diminuindo a velocidade das palavras com o tempo e parou antes de concluir o pensamento, antes que falasse o que não devia, afinal Maria havia morrido há pouco tempo e aquilo não seria a coisa mais educada a se dizer. E, bem, ele gostava da mãe do amigo, ela era atenciosa até mesmo com ele quando ia na casa deles. – Desculpe!
- Tá, eu sei que não foi por mau. Agora, vê se lê algo aí e tente fazer o máximo que puder hoje.
- Ok... Torce para ser de assinalar.
- É, eu vou...pelo menos assim não temos que trocar as provas.
E Alec virou para frente, apenas alguns minutos antes da professora de estatística entrar na sala de aula com um envelope pardo na mão, que com certeza continham as provas.
Logo a sala se encheu com os demais estudantes e Alec se encolheu na carteira. “Eu preferia que ela deixasse para corrigir isso outro dia... Tinha esperança de fazer a prova de física hoje, sem saber a nota dela...”.
Heide havia encarado Jane por uns minutos, e mesmo com a professora em sala, ela não se conteve.
- Porque você fez isso? O que está havendo?
- Hum... – ela começou a lixar as unhas, como se estivesse em casa e não na sala de aula – Nada demais. Só parece que finalmente meu irmão esta tirando notas como todos nós. Ou seja, ele não poderá mais ser o garoto maravilha, o gênio da família.
- Não entendo de onde vem essa raiva com ele...
- Escuta! – Jane apontou a lixa para Heide – Você é minha amiga. Deixe o traste do seu meio irmão ser o amiguinho dele, ok? Ou está com ciúmes e quer ir lá, hein?
- Eu sou sua amiga, Jane, mas não entendo porque odeia ele. Eu mesma não odeio meus meio irmãos, porque você age assim?
- Só não odeia eles porque não convive com eles. – ela deu de ombros e voltou a lixar a unha.
- Não é verdade e... – ela levantou e puxou a lixa da amiga – Pare com isso, aqui não é lugar pra fazer isso.
- Aff, Heide, até você?
- Comporte-se! – ela sussurrou, virando-se para frente, após ver Jane bufar com os braços cruzados.
* * * * *
Edward havia apertado a campainha e esperava impacientemente a porta se abrir. Ele não entendia como alguém poderia demorar tanto para abrir uma porta... Afinal, ele estava com pressa e já havia achado a casa em tempo recorde, porque a pessoa não poderia cooperar e abrir a porta rápido, não? Aliás, ele pensava que justamente Rafael poderia abrir a porta, assim economizaria tempo para ele.
Sarah estava atarefada na cozinha, preparando bolinhos de arroz e falando ao telefone ao mesmo tempo. Após gritar um “já vai” para a porta, ela cutucou a filha no sofá que tirou os fones do ouvido.
- Esme, meu bem, atende a porta pra mamãe, ok? – e ela nem esperou a resposta e voltou para a cozinha, retornando a se concentrar em seus bolinhos e na ligação.
Sem saída, Esme levantou, jogou os fones e o ipod no sofá e foi até a porta. Ela justamente a abriu quando Edward estava pronto para apertar a campainha mais uma vez.
- Pois não? – ela disse após avaliá-lo com o olhar e constatar que ele não se aparentava com um vendedor ou testemunha de Jeová.
- Oi, eu estou procurando o doutor Holford. Ele mora aqui, não é? – ele a olhava com curiosidade, pensando se a moça à sua frente seria a tal namorada de Rafael.
- Mora sim, mas meu pai não está...
- Pai? Ele é seu pai? Mas ele parece tão...novo...pra ter...uma filha assim... – ele foi pausando as palavras, tentando conter o espanto inicial e deixando escapar seu comentário.
Esme o olhou por alguns minutos antes de responder, rindo ao final.
- Acho que não estamos falando do mesmo doutor Holdford, não?
- Existe mais de um? – Edward perguntou incerto, pensando consigo como ele poderia ser tão azarado.
- Bem, meu pai é Nathaniel Holdford, e é médico, aí também temos meu irmão, Rafael Holdford, que, olha só que incrível, também é médico! – ela brincou.
- Ah, isso explica tudo... Então, você não é a namorada dele?
- Do Rafael? Ai que horror, claro que não! – ela disse risonha.
Edward não conseguiu se segurar e acabou rindo também do comentário dela. Afinal, agora ele se perguntava como pode pensar que aquela garota pudesse ser filha de Rafael se parecia ter apenas um ou dois anos a menos que ele.
- Mas, enfim, seu irmão está?
E ela parou de rir e fez um beicinho.
- Desculpe, mas ele também não está. Na verdade, ele nem dormiu em casa hoje... Sabe, – ela disse mais para si do que para Edward – se as coisas continuarem assim, acho que serei tia em breve...
Edward não sabia o que falar após aquele comentário, mas ele tinha que saber se poderia achá-lo ou não.
- Bem e... sabe quando ele volta? Ou o celular dele?
- Não sei quando ele volta. Mas quanto ao celular, ele esqueceu o dele em casa. Então, sinto muito, acho que não deve ser seu dia de sorte. – ela comentou sincera.
Mas aquelas palavras não poderiam ser verdade para o determinado Edward. Ele tinha plena convicção que era sim seu “dia de sorte” e que mesmo que não atingisse seu objetivo, ficaria até a meia noite tentando – se necessário.
Ele agradeceu Esme e voltou para seu carro com uma ideia na cabeça: encontrar Luiza. Sim, porque ele não iria deixar uma “demissão” ou um “esquecimento de celular” – o segundo ele entendia ser bem providencial para quem passou pelo primeiro – estragar seu dia.
Edward ainda precisava voltar a empresa e tentar falar com Jasper para tentar descobrir sutilmente se ele tinha algo a ver com a má sorte o doutor. Mas, no momento, ele resolveria a sua prioridade: descobrir algo mas sobre Bella. Rafael teria que esperar um pouco, “e, bem, ele nem sabe, então não vai se importar”, ele deu de ombros sozinho após o pensamento e deu partida para enfim correr atrás de sua última chance: Luiza.
* * * * *
Jasper chegou a empresa e se deparou com as secretárias na porta de entrada. Logo ele reparou a longa fila de funcionários se acumulando e estranhou o fato. Ele cumprimentou todos com palavras de “bom dia” e acenos de cabeça enquanto chegava a portaria.
- Kelly, Ellen, o que houve? – ele perguntou confuso.
- Os cartões de identificação não estão passado, estamos todos aqui barrados... – Kelly respondeu-lhe sem graça.
- Aposto que o telefone não para de tocar e eu aqui... – era Ellen, que já estava com cara de choro, tremia e fungava como se o mundo fosse acabar por ela estar longe de sua mesa.
- Calma, eu dou um jeito nisso, ok? – Jasper se apressou e chegou até o porteiro. – José?
- Bom dia senhor Whitlock. Mas, porque entrou por aqui?
- O portão não abre e...bem, essa fila chama a atenção. O que houve?
- Eu não sei ainda, senhor. A equipe técnica chegou agora a pouco e eu não consigo liberar a passagem da maior parte das pessoas, pois o cartão dá como inválido. Mas, deixe eu testar o do senhor.
Jasper deu o cartão para José passar, mas o resultado também não foi bom.
- Negado, senhor...
- Sério? Mas... – Jasper olhou incrédulo. – Vai mesmo me barrar? Não posso entrar na minha própria empresa? – ele perguntou sorrindo de nervosismo.
- Bem, desculpe, mas e quanto ao senhor Masen? Onde ele está? – José mudou o rumo da conversa, tentando se salvar de uma bronca ou de ter que chamar a segurança para o próprio chefe.
- Ocupado... Mas, não mude de assunto. José, vai mesmo me barrar aqui?
O porteiro deu de ombros, sem saber o que dizer e apontou para a parede, para uma placa colada na parede com dizeres bem claros de como proceder.
- “Entrada somente para pessoas com autorização” – Jasper leu. – Perfeito... Eu estou trancado para fora da minha própria empresa! – ele riu da ironia, passando a mão no cabelo e pensando no que fazer.
- O que vamos fazer agora? – Kelly, que ainda tentava acudir Ellen questionou-o.
- Nós vamos entrar – ele respondeu, retirando o celular do bolso.
- E como? – Ellen continuava tentando falar, mesmo chorosa.
- Em um minuto você verá, minha cara – ele tentou transparecer confiança para ela, mesmo que achasse que poderia demorar. – Aliás, depois temos um pessoal da equipe técnica para mandar embora.
Jasper tentou entrar no sistema da empresa pelo celular, mas, como o esperado, a senha dele estava negada.
- Adoraria descobrir quem aprontou isso... – ele sussurrou para si e digitou a senha de Edward, que foi aceita. – Isso!
Ellen e Kelly chegaram mais perto dele esperançosas. Ele entrou na tela de autorizações e todos os funcionários que haviam sido contratados por Jasper estavam bloqueados, inclusive o próprio. Porém, aqueles que eram relativos a Edward estavam com o passe livre, como se a sociedade tivesse sido desmanchada ou tentassem fazer com que essa fosse a ideia.
Logo ele olhou para as secretarias curioso. “Afinal, porque ambas estão aqui se uma delas trabalha para Edward?”, foi seu pensamento.
- Eu contratei ambas? – ele perguntou incerto.
- Sim, senhor. Edward estava em viagem quando eu entrei... – Ellen respondeu em meio a mais uma fungadinha.
- Ah... Está explicado...
Ele voltou-se para a tela do celular e depois falou para José passar seu cartão novamente. Mesmo incerto, o porteiro obedeceu e a autorização finalmente estava concedia. O que fez o pobre homem suspirar aliviado.
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Aí está pessoal!
Se forem bem legais e comentarem, teremos uma one shot surpresa na semana que vem! :)