Amor À Toda Prova escrita por Mereço Um Castelo


Capítulo 3
Capítulo 3 - Inanimado


Notas iniciais do capítulo

Desculpe o sumiço! Lá vai o capítulo novinho! Me digam no final o que acharam, tá?



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Edward estava conversando com Ellen, sua secretária, no corredor. Eles chegam à sala da recepção e encontram Kelly, a secretária de Jasper, sentada e tremendamente pensativa. O que não era usual, uma vez que a garota falava pelos cotovelos normalmente.


– Bem, os papéis a serem assinados são esses... Mas, eles são urgentes, pois a reunião acontece em meia hora, senhor...


– Obrigado, Ellen. Mas, pode me responder uma coisa?


– Sim senhor, pergunte.


– Kelly está bem?


Ambos viram a secretária que empalideceu minutos depois.


– O que eu fiz?


– Nada, é que você está aí tão quieta... Está bem?


– Sim, senhor, estou...


– Certeza?


A secretária deu um sorriso.


– Estou sim, é que estou esperando Maria sair da linha e Jasper me chamar para dizer de que ela se queixou de mim de novo.


Edward e Ellen começaram a rir.


– Você ainda vai comprar uma briga séria com ela, Kelly! – Ellen advertiu.


– Eu só cumpro ordens! – ela deu de ombros.


– Sorte eu não ter ninguém pra me ligar. – Edward brincou. – Imagina, se a Ellen pede a conta? Eu me esqueço até de pagar a força da minha casa!


– E iria me ligar no meio da noite perguntando, certo?


– Bem por aí... Só se você, por um acaso, não lembraria onde eu deixei antes de sair...


– Bem, provavelmente, eu não atenderia, senhor.


– Eu não ligo, iria na sua casa perguntar! – Edward sorriu, enquanto Ellen bufava e revirava os olhos.


– Eu sei que iria...


Kelly também começou a rir da reação da amiga.


Afinal, Ellen havia se apaixonado já várias vezes e em todas pedia a conta. Edward sempre pedia para ela voltar no dia seguinte, pois não achava ninguém que pudesse substituí-la. Além do mais, seus romances não passavam de uma semana e ela sempre se via sozinha e sem ninguém para desabafar. Aí corria para Kelly.


– A verdade é que você nos ama! – Kelly disse.


– Sabe, eu também comecei a acreditar nisso...


Edward pegou os papéis e começou a andar para a sala de Jasper.


– Vou te salvar do sermão, Kelly. Aliás, melhor eu sair antes que comecem a falar mal das pessoas comigo ao lado.


Elas atiraram bolinhas de papel em um Edward que tentava desviar.


– Hei, eu sou o chefe! – ele brincou.


– E daí?! – ambas gritaram entre risos.


Edward abriu a porta sem bater e esperava encontrar Jasper ao telefone, mas o que viu foi o amigo desesperado.


– O que houve? Esse lugar está um caos.


– Perdia a porcaria da minha chave!


– Chave? Do carro?


– É!


– Essa? – Edward pegou-a da mesa.


– Sim!


Jasper tirou da mão do amigo sem cerimônias e começou a andar em direção a porta, com cara de poucos amigos.


– Vai sair?


– Não tenho tempo para conversar Edward, Maria precisa de mim.


– O que houve?


Jasper parou, ele deveria sim uma resposta ao amigo, afinal, Edward sempre apoiava ele e Maria, em tudo, e era o primeiro a incentivá-los a qualquer plano que tivessem – até babá de seus filhos o amigo já havia sido quando Maria precisava arrastar Jasper para lhe dar um apoio em um caso complicado.


– Eu estava falando com Maria e acho que ela sofreu um acidente.


– Um acidente? Onde?


– Em Palo Alto.


– E você vai lá? Assim?


– Claro! Quer que eu a deixe lá?!


– Mas... Você ao menos sabe onde ela está? Chamou uma ambulância? Sei lá!


Jasper parou naquele instante. Com tanto desespero, ele não havia pensado em nada disso e apenas encarava Edward.


– Ok, eu sei o que fazer.


Edward seguiu até a mesa de Jasper e começou a mexer no computador.


– A Maria ainda usa o mesmo número?


– Sim... – foi tudo o que ele pode falar.


Edward havia desenvolvido um software de localização para o governo. O sistema usava os números de celulares para localizar o usuário. Embora ele houvesse bloqueado seus números, ele tinha a senha para desbloquear e localizar os números em caso de emergência. A senha, aliás, ele não compartilhava com ninguém.


– Achei! Vamos, enquanto você liga para a ambulância e dá esse endereço, eu dirijo.


– Não, Edwad, eu dirijo.


– Nem ferrando, Jasper. Já basta Maria ter batido o carro, seus filhos não tem como sobreviver com os dois pais do hospital!


Não havia como discutir com Edward. Logo, os dois saíram a passos largos da sala. Ellen tentou entender o que se passava.


– O que houve, senhor?


– Desmarque a reunião Ellen, é uma emergência.


– Emergência?


– Sim, explico depois.


– Está bem...


Kelly e Ellen se olhavam sem entender enquanto os dois seguiam para o estacionamento do prédio.


Ainda no corredor, Jasper ligou para a emergência do Hospital Central Palo Alto. Para seu alívio, ao solicitar uma ambulância ao acidente, ele descobriu que Maria já estava a caminho do hospital; um dos envolvidos no acidente havia contatado a emergência e todos os feridos já estavam a caminho.


Mas Jasper estava longe de estar aliviado quando chegou com Edward no estacionamento. Algo não parecia certo, era como se no fundo ele sentisse que alguma coisa não estivesse em seu devido lugar e uma agonia apertava ainda mais em seu peito.


– Fique calmo, chegaremos lá o mais rápido possível.


***


Maria se sentia estranha, possuía uma grande tontura, náuseas e pontos de dor em todo seu corpo. Não conseguia se mexer ou falar o que se passava. E dormir parecia algo tão convidativo a se fazer.


“Mas estava tudo tão bem, não é?”, ela pensou, se esquecendo em seguida do que o pensamento se tratava.


A dor era grande e quando sentiu-se ser retirada do lugar que a estava machucando tanto, pensou que se sentiria aliviada, mas a dor aumentou ainda mais. Aos poucos, dormir parecia ser algo tão bom novamente.


Ela se entregou ao sono e a seus pensamentos. Logo, via sua pequena Jane e seu pequenino Alec brincando de correr na escada de sua casa. Ela pensou em repreendê-los e dizer que iriam se machucar, mas eles passaram por ela sem nem ao menos notá-la.


“Ah, essas crianças...” foi o que pensou e seguiu aos risos para a sala, atrás de seus pequenos.


Alec estava montando um grande castelo de cartas, enquanto Jane brincava com sua Barbie. E como em um filme, logo a cena mudou, e seus pequenos voltavam a ser os adolescentes que ela havia deixado na escola nesta manhã.


“Hmm... que estranho!”, ela se tremeu toda ao constatar que poderia estar tendo apenas uma lembrança de dias passados.


Desta vez, Jane estava sentada ao sofá pendurada ao telefone com uma amiga – a cena mais típica a se acontecer. Alec, por outro lado, estava lendo. Maria chegou ao seu lado e tentou acariciar os cabelos de seu filho, mas não conseguiu.


“Mas o que...?”, era como se sua mão não fosse sólida e ela não fosse ela mesma.


Alec olhou para sua direção após tremer.


– Acho que a janela ficou aberta...


Jane não respondeu nada ao irmão e continuou ao telefone super concentrada com sua amiga em falar como a última aula havia sido chata, e o pessoal da escola deveria ter deixado-as ir treinar alguns passos para a nova coreografia das líderes de torcida.


Alec foi até a janela, estava fechada. Maria o observava distante, atônita com o que aconteceu consigo. Algo parecia muito errado.


Ela começou a olhar para sua própria mão e depois ao redor. Percebeu que não estava mais em casa. Desta vez, estava em outro local, um local bem conhecido, o escritório de Jasper.


Havia fotos em pequenos porta retratos de vidro por cima da mesa. Ela se lembrava de tê-los comprado e a exata ocasião em que cada uma dessas fotos fora tiradas. Todas retratavam dias felizes e os rostos de seus filhos e o dela estavam em cada uma das imagens.


Como em sua casa, ela tentou, mas não conseguiu pegar nenhum dos objetos a mesa. Não demorou para que Kelly entrasse a sala para deixasse alguns papéis em cima da mesa. Maria tentou chamá-la, mas ela também pareceu não vê-la.


Após a secretária sair, Maria tentou voltar-se para a porta, faltava alguém ali, seu marido, Jasper. Onde ele estaria?


Ela gostaria de poder perguntar, já que se lembrava de estar falando com ele enquanto dirigia e depois... E depois nada. Ela não sabia dizer o que houve depois, mas sabia que Jasper poderia explicá-la.


Foi aí que ela sentiu um baque. Uma forte dor tomou conta de seu peito e ela pode ver que não estava mais no escritório. Mas, desta vez ela estava em um hospital.


Ela caminhou até os médicos que circundavam uma mesa. Maria podia ver que havia alguém deitada naquela mesa de cirurgia, mas quem?


Seria Jasper?! Seu coração doeu ainda mais com essa possibilidade. Jasper teria que estar bem. Ela deu um passo à frente e pode ver um corpo ali, cheio de sangue e a aparência pálida da pele. A pessoa ali deveria estar sem vida e o grande espaço de tempo entre a batida do coração, segundo informava aquele barulho do monitor cardíaco, indicava que a figura estava desistindo de lutar.


Ela deu mais alguns passos e pode ver... Aquele corpo inanimado era o dela mesma.





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Notas finais do capítulo

Acho que por essa ninguém esperava, né?
Até eu, que sou a Alice, fiquei triste por matar a Maria.
Mas, e aí? O que acharam?
Beijinhos!