Amor À Toda Prova escrita por Mereço Um Castelo


Capítulo 28
Capítulo 28 - Pai Exemplar


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo está cheio de emoções!
E espero muito um feedback em troca, ok?



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Carlisle abriu o programa de controle de estudantes e residentes para certificar-se dos nomes e da condição dos alunos, enquanto Vladmir aguardava para começar as perguntas.

- Olha, até mesmo o programa cooperou sem travar.

- Estamos com sorte então – Vladmir, que já estava calejado com o sistema, brincou. – Mas não vamos abusar da sorte, vamos começar a procurá-los já. A primeira da lista é Katherina Denali.

- Katherina era uma boa aluna, deixe-me ver como ela foi em sua residência como um todo – Carlisle vasculhou no computador e logo respondeu. – Apenas ótimas notas, alcançou mais que o planejado, porém ela teve uma pequena advertência por deixar um cão guia entrar em um quarto... Mas, cá entre nós, cães guia são necessários para cegos e ela agiu correto a meu ver.

- Gostei dessa, Katherina parece uma pessoa decidida, estará na seleção com certeza. Agora, tenho este nome aqui Maggie Roman.

- Hmm... Não lembro bem dessa, espere um minuto... – e após digitar algumas letras. – Maggie é... Digamos... Inapta.

- Ok, qual o crime desta? Matou alguém? Ou algo mais grave, hein?

- Bem, na verdade nada sério. Ela apenas não cumpriu nem metade das exigências de residência, na verdade ela repetiu o último período, não deveria estar à procura de emprego.

- Ah, que safadinha, não? Vamos mostrar à senhorita Roman que é necessário cumprimento de regras, vou chamá-la só para deixar isso claro – ele respondeu aos risos.

- Não seja cruel com a moça.

- Eu? Cruel? Oras... Ok, sei que me conhece, mas gosto de apavorar às vezes. Mas vamos ao próximo, Rafael Holdford. Esse, aliás, é filho de Nathaniel, não? Eu me lembro de estar no batizado desse menino... Ou era de sua irmã? Enfim, o que pode me dizer dele?

Carlisle estava atônito, ele não esperava que o amigo estivesse na lista e tentou se recompor.

- Bem, Holdford? Ah, sim é filho do senhor Nathaniel sim... Ele se aposentou aí, não?

- Foi sim, faz dois anos já. Aposto que a filha dele ainda anda dando trabalho... Como era mesmo o nome daquela menina? Ela era uma ruivinha, a cara da mãe...

- Esme – Carlisle respondeu automaticamente, mas depois reparou que falou demais – Digo, eu creio que é Esme, não? Lembro de tê-la visto uma vez ou duas... – ele tentou desconversar.

- Isso! Era Esme mesmo! Lembro um dia que ela veio atrás do pai e quase vomitou no Pronto Socorro quando viu um rapaz chegando ensanguentado após um acidente. As enfermeiras não sabiam se acudiam ela ou o acidentado. Uma tragédia, sabe?

- Imagino...

- Mas o que tem para me dizer do rapaz? Ele não vomitaria num paciente, não? – Vladmir brincou.

E Carlisle estava preso naquele momento onde não sabia o que dizer. Se falasse algo para Rafael perder a entrevista estaria traindo sua amizade, mas se falasse bem demais, ele sabia que o amigo seria contratado e talvez nunca pudessem desfazer o mal entendido entre eles. Sem contar que, certamente, as coisas ficariam estranhas com Esme.

“Será que fiz uma boa em não atender as ligações mesmo? Droga”, ele se questionava incessantemente enquanto pensava no que poderia dizer sem piorar ainda mais a situação.

* * * * *

Jasper chegou na escola dos filhos rapidamente, afinal, eram apenas algumas quadras da empresa. Ele estacionou e entrou no prédio, dando de cara com uma das inspetoras, que o acompanhou até a diretoria. Aliás, ele mesmo pensou na ironia de que nunca havia acompanhado uns inspetores até a diretoria até que se tornasse pai de alguém.

Jane e Alec estavam sentadinhos em um sofá, enquanto a diretora falava com sua secretária com alguns papéis na mão. Jane, aliás, estava realmente pálida e aquilo o preocupou. Ele chegou ao lado dela, se abaixou e tocou em seus cabelos.

- Oi, o que está sentindo, lindinha?

Mas Jane não respondeu, e Alec decidiu tomar a palavra.

- Ela disse para mim que vomitou ontem de noite, mas ficou com medo de contar e hoje estava mau de novo.

A diretora chegou perto deles, e Jasper levantou. Com seu ar autoritária, ela logo veio o repreendendo.

- Precisa ficar de olho na saúde de seus filhos, senhor Whitlock. Não pode deixar que alguém doente venha à escola.

Embora ele quisesse falar meia dúzia de verdades para mulher, ele olhou para Jane que parecia realmente mau e decidiu encurtar a conversa lhe dando razão.

- Bem, eu sinto muito por isso. Vou levá-los para casa. Eu realmente não vi que ela estava doente...

- Pois deveria ter visto.

- É, eu sei. Me desculpe mesmo, mas agora preciso levá-los, se não se importa – ele tentou parecer sério, embora estivesse se irritando com a mulher.

- Na verdade, quero que compareça na escola amanhã para falarmos sobre as atitudes de seus filhos e... – mas ele a cortou.

- Ok, eu virei amanhã. Agora – ele pegou a mão de Jane, – estamos de saída e eu vou cuidar da minha filha. – E antes que a mulher pudesse se queixar novamente, ele olhou para Jane e perguntou. – Está bem para andar, princesa?

A menina apenas concordou com a cabeça e Jasper saiu com ela da sala, sendo seguido por Alec. Sem saber o que fazer, ele decidiu que o melhor era levá-la ao Pronto Socorro, ou a empregada surtaria ao vê-la assim.

* * * * *

Lucy levou Alice até a casa da família Whitlock, tomando o cuidado de apenas querer saber coisas sobre ela e não mencionar o trabalho até lá. Ela tinha uma tática em mente, tentar trabalhar o psicológico da menina para que acreditasse que faria um bem em ajudar com aquelas crianças, recém órfãs... E só Deus sabe o quanto ela torcia para que seu plano surtisse efeito.

Alice ficou impressionada ao chegarem a casa e quase acreditou que aquilo só poderia ser um engano, quando Lucy a puxou pelo pulso para entrarem. A loira pediu para que uma senhora, na qual chamou de Gertrudes, trouxesse chá para elas, que conversariam na sala.

Após se sentarem, Alice decidiu por si que era a hora de tentar descobrir de vez o que se passava ali, pois a curiosidade a consumia ferozmente.

- Desculpe, mas... Estou um pouco confusa. Achei que a entrevista seria na empresa e... Bem, para quê mesmo estou sendo entrevistada?

Lucy ia dizer algo quando a empregada chegou com o chá e ela logo pôs-se a servir, assim ganharia um pouco de tempo para responder a garota. Quando não havia mais o que enrolar, ela sorriu e decidiu começar.

- Sei que você é formada em algo, Alice. Vou ser sincera em dizer que não analisei seu currículo e aceitarei uma recusa sua se assim quiser. Mas, apenas lhe peço para que me deixe explicar o tipo de serviço que procuro de alguém...

Alice ficou pasma, aquele tipo de conversa soava que algo ilícito ao imoral era o ponto no qual Lucy queria chegar. Ela ia questionar, mas foi interrompida por Lucy novamente, que decidiu contar logo sem dar brechas.

- Você reparou naquele quadro ali? É lindo, não? – ela apontou a uma pintura no qual a família do irmão toda estava reunida.

- Bem, sim – ela virou para se ver. – É uma bela pintura de família sim... – Porém ela se voltou a Lucy pronta para questionar e descobrir de vez o que fazia ali. – Mas, eu gostaria de...

Lucy pegou um dos porta retratos na mesinha da sala, à frente delas, ao lado de onde o bule de chá descansava e deu suspiro, que fez com que Alice não lhe perguntasse o que queria.

- Essa moça na foto é Maria, e essas crianças com ela são meus sobrinhos. Ela era minha cunhada, sabe? Meu irmão é o rapaz com ela... Eles eram casados e bem, ela faleceu esses dias e precisamos de ajuda com esses dois anjinhos...

Ela entregou a foto para Alice, que por mais tempo do que deveria ficou observando o pai das crianças e não a mãe ou os filhos. Até que voltou a si e processou aquela informação que lhe foi dada.

- Bem, espere um minuto. Você quer uma babá? É isso? Isso é uma entrevista para ser babá?

Lucy apenas concordou com a cabeça e após um suspiro de pesar, altamente teatral e aprendido nos tribunais para impressionar os expectadores, ela voltou a falar.

- Entendo que deva realmente ser formada em algo, que tenha seus sonhos. Mas você me pareceu uma moça tão boa aquele dia e, bem, é temporário – depois ela pegou as mãos de Alice e lhe olhou nos olhos de forma suplicante. – Por favor, Alice... Me ajudaria tanto...

* * * * *

Vladmir achou que Carlisle estava tendo dificuldades na busca e decidiu que talvez aquele era um caso a se perguntar mais tarde.

- Já sei, não passaram os registros do rapaz aí no sistema, certo? Essas secretárias, sei bem como é, já estive em seu lugar – ele tentou se demonstrar compreensivo. – Bem, podemos ir ao último então, o... – mas Carlisle o cortou.

- Ah, não, está tudo aqui sim, fui eu quem em confundi com o sobrenome – ele tentou pensar em uma desculpa para seu drama na resposta. – E, bem, na verdade ele é exemplar, cumpriu a todo cronograma e passou com menção honrosa. Não tenho nada de ruim para dizer do rapaz, deve ser o orgulho do pai, hein? – ele tentou soar descontraído, embora completasse mentalmente “não tenho nada a dizer mesmo, fora o fato de ele ser já ‘meu funcionário’ e querer uma boa desculpa para ele sair procurando outro lugar para trabalhar, eu não tenho nada a dizer mesmo...”.

- Bem, outro que chamarei para a entrevista então. E o último, porque sei que já te ocupei demais, é Liam Norbert. O que me diz?

Mesmo que quisesse encerrar logo aquela ligação e acertar as contas com o irmão de Esme, Carlisle tentou soar despreocupado ainda e sorriu.

- Sem problemas. Bem, Liam Norbert também foi bem exemplar... Tirando o fato de que ele teve uma suspensão no terceiro ano.

- Suspensão?

- Eu acho que foi desacato a uma professora... Mas era a senhora Tamisa...

- Essa velha caquética ainda está por aí? Ninguém pensou em dissecá-la para testes não? – Carlisle riu, afinal ele lembrava o quanto os dois se implicavam. – Gostei desse Norbert, se ele teve um desentendimento com Tamisa, já tem pontos comigo. Agora, melhor voltarmos ao trabalho, não? Foi bom falar contigo, amigo.

- Digo o mesmo. Bem, até algum dia – eles terminaram de se despedir e Carlisle ficou olhando o teto por alguns minutos ainda, até que decidiu que iria ligar para Rafael ele mesmo.

* * * * *

Jasper chegou ao balcão do hospital e conversou com uma das atendentes, que graças a Deus não era a que estava no hospital no dia que Maria morreu. Ele tinha péssimas recordações de colocar os pés em um ambiente hospitalar, mas não sabia o que fazer. A secretária marcou alguns dados e mediu a febre da garota. Como Jane estava com febre e visivelmente iria vomitar de novo, ela deu um jeitinho de passá-la na frente.

- Sente com ela só uns minutinhos, eu vou falar com a pediatra rapidinho para passá-la na frente, ok?

Ele agradeceu a secretária e se sentou com Jane em uma das cadeiras de espera. Alec, por outro lado, estava com fome e pediu para ir a cantina comprar algo enquanto eles passavam na consulta.

Prometendo não demorar muito, ele perguntou a uma das moças onde ficava a cantina e ela disse que o encaminharia. Jasper não queria deixar o filho circulando pelo hospital, mas não poderia deixar Jane sozinha ali também. Sem saída, ele deixou que o filho fosse.

A atendente retornou assim que Alec virou o corredor, chamando Jasper e chame para a sala da doutora Landresk. A médica se apresentou e pediu para que Jane sentasse na maca para ser examinada.

- Sabe, isso aqui é gelado, mas juro que será rápido, está bem? – ela disse sorrindo para Jane, tentando ganhar alguma confiança. Mas a menina estava tão ruinzinha que não esboçou reação positiva. – Hmm, só pelo comportamento ela já não me parece boa. Vamos ver o que se passa...

A doutora continuou examinando Jane e falando com Jasper, algum tempo depois ela lhe entregou a receita, explicou sobre os remédios e pediu que retornasse com ela caso não melhorasse até o dia seguinte. Mesmo sob protestos de Jane, ela lhe deu uma injeção na hora para que a febre e os vômitos cessassem.

Quando saíram da sala da médica, Alec já estava os esperando com um tubinho de M&M’s na mão. Como Jane estava com cara de choro, logo ele suspeitou que a irmã tivesse tomado injeção e pensou em brincar com o fato, mas ao ver como o pai estava preocupado, ele desistiu.

* * * * *

Era a terceira vez que ele ligava e o telefone dava ocupado. Carlisle agora via o quanto era irritante não ser atendido quando precisava urgentemente falar com alguém. Como o telefone da casa não saía do ocupado, ele pensou em ligar no celular de Rafael, mas não teve uma sorte maior, já que o aparelho estava desligado.

- Boa hora para dizer que o feitiço virou contra o feiticeiro... – Carlisle sussurrou para si mesmo... – Eu mereço isso.

Sem saída, ele decidiu que era melhor ligar depois para Rafael, e torcer para que ele o atendesse.

* * * * *

Aliás, a incomunicação de Rafael não era planejada, não por ele, pelo menos. Já que ele não havia visto que seu celular estava sem bateria e no telefone residencial era sua mãe quem estava pendurada há um bom tempo. Sarah estava toda animada em um bate papo com a cunhada, que contava sobre as preparações para o casamento da filha em breve.

Como no andar de cima Esme ouvia música em volume máximo em seu quarto enquanto “estudava” – coisa que Rafael achava impossível de ser feita com um som naquela altura, ele não teve outra saída a não ser descer. Já fazia um bom tempo que ele estava sentado no sofá da sala lendo uma revista sobre pesquisas médicas para passar o tempo.

A verdade é que ele estava curioso quanto a entrevista de Alice e a cada momento olhava para o relógio da parede perguntando-se quando ela iria dar sinal de vida.

Mas Alice não ligaria tão cedo, já que Lucy estava mesmo disposta a fazê-la aceitar o emprego a todo custo. Afinal, ela queria uma única noite de sono sem preocupações em sua própria cama há dias, e não desistiria tão cedo de contratar alguém para poder curtir seu canto de novo.

Ela havia mostrado alguns álbuns de foto e falado várias coisas boas sobre Alec e Jane, sobre o como eram estudiosos e amáveis, mas como estavam passando por um grande problema para aceitar a perda da mãe.

- Sabe, eles sempre foram boas crianças, aposto que vai gostar de conhecê-los e quem sabe até se deem bem – disse esperançosa.

Alice olhava para uma foto onde Alec e Jane estavam abraçados com Maria em um circo. Ela podia notar a verdade naqueles três sorrisos e imaginava o quanto aquelas crianças estariam realmente sofrendo.

Ela suspirou, tentando criar coragem e uma forma de dizer que não estava apta, mas logo a voz de Bella lhe rondou os pensamentos “aceite o emprego que lhe oferecerem, mesmo que seja fora da área. Mais para frente, quem sabe não surge uma oportunidade?”

- Sabe, Lucy – ela começou a dizer sutilmente, ainda encarando a foto em suas mãos.

Lucy só faltou desmaiar, de tão branca que estava. Aquela seria mais uma das candidatas que não dava certo, mas diferente das demais, essa nem ao menos havia conhecido as crianças.

Alice não viu o estado dela, já que encarava as próprias mãos em busca de coragem para continuar.

- Não quero parecer uma pessoa ingrata, eu juro. Na verdade eu tenho é que lhe agradecer imensamente pelo convite. Agradeço de coração por ter pedido por mim na agência, mesmo que nós não tenhamos tido a melhor das apresentações, não é?

Alice tentou sorrir e só então olhou para Lucy, que como ela se levantava da poltrona naquele instante, já esperando pelas palavras finais de Alice.

“Oh não, mais uma...”, Lucy pensava triste e com olhar suplicante. Porém, desta vez a candidata não havia nem ao menos encarado os sobrinhos e já abria mão de tudo. Ela imaginava o quanto seria impossível achar alguém. “Realmente elas cumpriram com a exigência e reclamaram na agência”, ela concluiu.

Alice lhe estendeu a mão e prosseguiu, tentando não perder o último fio de coragem que tinha. Afinal, ela tinha que admitir que tinha um fraco por duas coisas: crianças e filhotes, mas ela tinha que tentar não se deixar levar tão fácil.

- Me desculpe, mas acho que isso não é para...

Mas naquele instante a porta se abriu e tudo que Alice sentiu foi alguém abraçada na parte de trás de suas pernas, e perdeu o fim da meada do que dizia ficando atônita. Sem saber como reagir, ela olhou para Lucy e a encontrou com um mesmo olhar de espanto. Seja quem fosse que estava abraçado a ela, realmente havia deixado até Lucy pasma.

Assim, Alice engoliu em cedo, pronta para se arrepender do que faria e virou sutilmente a cabeça para ver quem a segurava, deparando-se com olhinhos azuis suplicantes...

“Ai meu Deus”, foi tudo o que todos pensaram naquele instante, tanto Alice, quanto Lucy, quanto a pequena pessoinha abraçada a ela. Aquilo realmente não estava nos planos de nenhum deles...


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Notas finais do capítulo

Gente eu vou ser sincera em dizer que ainda não tivemos tempo de fazer o capítulo seguinte dessa fic, nem da família... Porque estamos fazendo uma fic E Se que pediram muito para nós e, bem... em breve ela aparecerá.
Mas, enfim, quero muito saber o que acharam desse capítulo, pois particularmente eu achei que ficou bom, mas quem manda são vocês, né?
Beijokas!