Amor À Toda Prova escrita por Mereço Um Castelo


Capítulo 27
Capítulo 27 - A Peculiar Entrevista de Emprego


Notas iniciais do capítulo

Oieeeeeeeee gente!
Capítulo novinho para vocês.
Espero que gostem...



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Ellen levou Alice à sala de reuniões e lhe ofereceu uma cadeira.

- Sente-se, a senhorita Whitlock chegará em breve. A propósito, poderia lhe oferecer um café? Ou quem sabe um chá ou água com açúcar? – ela disse com uma cara levemente preocupada.

- Obrigada, Ellen, não se preocupe – ela disse fungando ainda levemente.

Ellen se aproximou de Alice e pegou sua mão.

- Santiago é um idiota, mas não vai mexer mais com você, ok? Agora, se quiser lavar o rosto e refazer sua maquiagem, aquela portinha ali dá em um banheiro, ok?

- É muito gentil de sua parte, agradeço muito mesmo. Tanto a você quanto ao Edward.

Ellen sorriu com aquilo, ela havia gostado de Alice de primeira e se perguntava quanto tempo ela duraria com os terríveis filhos de Jasper. Até mesmo chegou a perguntar-se mentalmente se Edward não poderia contratá-la para algo após ela correr da casa do sócio...

- Eu direi a ele, sem problemas, ok? A propósito – ela tentou se mostrar casual, – você trouxe algum currículo?

- Oh, sim, trouxe sim... Eu deixei um na porta com aquele homem outro dia, mas eu trouxe outros aqui...

- Poderia me dar um para questões de arquivo? – ela pediu, tentando não parecer interesseira.

- Oh, sim, claro – Alice pegou um dos envelopes em sua valise e a entregou a Ellen.

- Obrigada, agora sinta-se à vontade. Assim que Lucy chegar, eu a trarei aqui, ok? Qualquer coisa pode me chamar no corredor ao lado, sim?

- Obrigada por tudo... Eu realmente acho que vou ao banheiro.

- Fique à vontade.

Ellen saiu da sala e seguiu até sua mesa, enquanto Alice realmente foi ao banheiro avaliar o estrago em sua maquiagem após algumas lágrimas. Por mais que tentasse falar com Santiago, o cara parecia raivoso e nada disposto em deixá-la entrar, mesmo que ela afirmasse que tinha hora marcada.

Edward havia acabado de falar com Lucy ao telefone e já esperava por Ellen em sua mesa.

- Acha que ela vai correr dali em quantos minutos? – ele brincou, embora estivesse meio nervoso.

- Eu aposto que em menos de cinco – Kelly disse, entrando no clima.

Ellen pegou o envelope e guardou em sua gaveta antes de responder.

- Não sejam maus, embora Santiago seja um idiota, ela vai ter mais motivos é para correr de outro lugar quando encontrar as crianças... – mas embora tenha diminuído o tom no decorrer da frase, ela não teve coragem de completá-la.

Edward e Kelly concordaram com a cabeça, realmente Ellen estava certa em pensar isso, já que Jane e Alec não eram fáceis de lidar.

- Aliás, eu vou guardar o currículo dela, já que me parece uma boa pessoa. Afinal, nunca se sabe quando precisaremos de alguém, não? – ela sorriu.

- Uma boa ideia, Ellen, é por isso que você ganhará o prêmio de minha secretária do mês – Edward brincou. – Mas a deixemos correr de lá antes de tentarmos trazê-la ao lado negro da força, ok?

- Sim, senhor – ela fez um movimento de continência.

- Ha, ha. Muito legal da parte de vocês, me excluindo das coisas assim, isso me deixa triste, viu? – era Kelly quem se fazia de chateada.

- Bem, acerte as coisas com seu chefe, ué? – Edward deu de ombros. Mas depois se arrependeu e disse sem graça. – Bem, eu acho que vou trabalhar um pouco...

- É, vá mesmo! Tem uma pilha de papéis na sua mesa e não quero ter que repreendê-lo de novo, viu mocinho?– Ellen disse em tom de zombaria, tentando fazer com que o ar não pesasse tanto.

* * * * *

Nesse momento, Lucy chegou ofegante no prédio da Eurisko. Rapidamente  estacionou, ignorando por completo Santiago e os demais, apenas correndo até Ellen desesperadamente para saber se a nova candidata ainda estava por ali.

Ao se deparar com Ellen, um pavor imenso tomou conta de si, e ela logo queria saber da moça, mesmo sem dar-se conta que não ao menos havia a cumprimentado ainda.

- Por favor, diga que ela não fugiu de nós... – ela disse suplicante.

- "Ela não fugiu de nós" – Ellen disse séria, como se apenas repetisse seu comando.

- Ok – Lucy disse após um suspiro longo, – agora me diga a verdade.

- Ela não fugiu mesmo, apenas está na sala de reuniões... A propósito, Edward lhe contou sobre Santiago, não? A coitadinha ficou arrasada, os olhos dela estavam até lacrimejando. Por isso, deixei-na sozinha para espairecer um pouco.

Lucy tocou o próprio peito com a mão e ficou ainda mais pálida.

- Deus, e eu querendo causar uma boa impressão e achando que se a mandasse num escritório de advocacia ela fosse entender tudo errado...

- Mas fique fria, ela está bem, tenho certeza.

- Oh Deus, por favor, que dê certo desta vez... – Lucy diz antes de seguir para a sala. – Me desejem sorte, meninas.

- Torcemos por você – Kelly disse.

- Sim, e se não der certo, roubamos ela para a empresa – Ellen brincou.

Lucy sorriu e seguiu para a sala, tentando estar confiante dessa vez e torcendo imensamente para que tivesse de fato encontrado alguém para cuidar daquelas crianças, mesmo que a confiança toda lhe faltasse um pouco ao saber que a moça quase chorou por conta de Santiago.

Ao abrir a porta e deparar-se com Alice, Lucy sorriu da ironia de lhe vê-la ali e ser justamente ela a candidata.

- Oh, oi! Moça que não se dá bem com papéis – ela brincou.

Alice levantou da cadeira e sorriu do comentário ao reconhecê-la também, e depois ficou cheia de vergonha por sua gafe ser lembrada.

- Você é a Lucy Whitlock? Meu Deus, acho que não serei contratada então, né? – ela tentou soar brincalhona, embora realmente temesse a resposta.

- Não se preocupe, não vou fazê-la mexer com papéis... – ai ela se fez de pensativa por um tempo, afinal, quem sabe ela não ajudasse Alec na escola já que as notas do sobrinho andavam mal e Jasper ainda desconhecia o fato. – Talvez apenas com um ou outro esporadicamente – e ela piscou em tom de brincadeira.

Alice relaxou com a personalidade de Lucy, era realmente fácil interagir com ela e com certeza aquele seu pequenino deslize havia sido perdoado.

- Que bom... Digo, bem... Se você diz... Ah... – e ela do nada percebeu que poderia ter soado como se não quisesse trabalhar e não sabia como voltar atrás.

- Relaxe, Alice. Aliás, odeio reuniões assim e essa sala é muito grande e dá até eco! Porque não vamos dar uma volta e conversamos?

- Bem, por mim está ótimo – Alice respondeu pegando sua bolsa.

- Aliás, veio de carro para cá?

- Bem... Não...

- Mas sabe dirigir, certo?

- Sim, sei sim. Só não tenho carro... – ela disse em tom de desculpas.

- Mas tem carta, já é metade do caminho andado – ela disse enquanto abria a porta para Alice passar.

Logo, ambas estavam no corredor e se depararam com as secretárias as olhando curiosas, ambas com cara de quem achava que a entrevista deveria ter acabado mau, já que durou tão pouco. Lucy sorriu da situação e se despediu delas, mostrando que estava tudo bem.

- Meninas, Alice e eu vamos dar uma volta, tomar um cappuccino e deixarei vocês aí com inveja da situação – ela brincou. – Até mais tarde.

Elas se despediram e Ellen olhou para Kelly pasma:

- Aposto que ela não contou das crianças ainda.

- Também aposto que não, aliás, ela que dê muito cappuccino e chantili para a moça, senão ela nem vai cogitar a possibilidade de conhecer os monstrinhos, hein?

- É, não mesmo... Aliás, quanto tempo?

- Dou duas horas depois que ela pisar na casa – Kelly sentenciou.

- Bem – Ellen pensou um pouco, – eu aposto uma hora após conhecer Jane, isso sim.

- Que feio – elas ouviram uma voz chegando, – apostando sobre babás e crianças... – era Edward que chegava de fininho. – Vou dedar ao chefão. Ops, não, espera, eu também sou um dos chefões – ele parou, se fazendo de pensativo.

- É sim, mas graças a Deus não saiu espalhando monstrinhos por aí... – Ellen disse.

- Não que a gente saiba, né? – Kelly brindou.

- Meu Deus, eu não imponho moral em ninguém, que bunda mole eu sou... Vou chamar o Santiago para dar a bronca em vocês então. Por que ele vocês respeitam, né? – elas o olharam pasmas, mas ele riu. – É sacanagem. Mas, de verdade, acham que a garota vai durar tão pouco assim? Eu tentei conversar com Alec e Jane por algumas vezes. Eu quero acreditar que eles estão começando a entender a situação... Não acham?

As duas fizeram movimentos negativos com a cabeça e Edward suspirou. Era verdade, os dois não estavam a fim de entender nada e se Alice aceitasse o serviço não deveria durar muito por ali mesmo.

- Sabe, uma pena isso... Ela parece legal. Acho que seria uma boa babá – Kelly disse.

- Vamos torcer por uma luz cair na cabeça dos meus sobrinhos e fazê-los se comportarem então... – Edward deu de ombros e estava pronto para deixar o cômodo quando se lembrou que havia ido ali por um propósito. – Ah, quase me esqueci, preciso do relatório da reunião de hoje, Ellen.

- Oh! É mesmo! Desculpe-me! – Ellen pegou os papéis e entregou com pressa para o chefe, se desculpando incessantemente.

- Será que Jasper fará parte? – Kelly decidiu se manifestar, mas Edward também não lhe tinha respostas e ela teve que ver por si só indo à sala do chefe.

* * * * *

Kelly criou coragem, respirou fundo e após alguns toquinhos na porta, ela entrou na sala de Jasper. Porém, logo viu que ele não estava em sua cadeira, mas em pé e parecia estar de saída.

- Senhor, participará da reunião hoje? É que tenho aqui os papéis das pautas, mas Edward pediu para que lhe perguntasse... – ela tentou explicar-se, antes que ele pudesse se irritar. Aliás, vê-lo em pé quase a animou, afinal quem sabe ele não estaria mais pró-ativo hoje, não?

- Reunião? – mas isso fez o sorriso dela sumir, pois ele pareceu perdido e após passar a mão no cabelo se desculpou. – Na verdade, não vou poder, Kelly. Me desculpe por não avisar antes... Eu realmente esqueci.

- Bem, eu avisarei Edward então. Mas há algo que eu possa fazer para ajudar então? O senhor parece preocupado...

- Bem, não. Eu realmente estou de saída, acabaram de me ligar da escola. Parece que Jane não está bem, então terei de buscá-la e levá-la para casa. Eu até iria ligar para Lucy fazer isso por mim, mas ela está ocupada, então... Bem, peça desculpas ao Edward por mim, por favor.

- Tudo bem, eu avisarei Edward então – ela tentou sorrir solícita. – E espero que sua filha melhore. Bem, com certeza não é nada grave – ela tentou soar confiante.

- Assim espero... Bem, qualquer coisa me ligue. Se não for mesmo nada, eu a deixarei em casa com Alec e Gertrudes, e tento voltar a tempo para a reunião.

- Sim, senhor...

Após despedir-se, ele saiu em disparada para a garagem. Antes de Kelly entrar em sua sala, ele havia conversado com a diretora do colégio dos filhos que havia lhe dito que a filha estava vomitando e que se queixava de dor de cabeça.

Mesmo que Jasper quisesse achar que era manha da filha, ele supunha que vômito nunca era uma coisa boa. Sendo assim, pediu que liberassem Alec também, prevendo que Gertrudes não conseguiria ficar de olho na menina caso ele precisasse voltar à empresa. Assim, Alec poderia pelo menos mantê-lo a par de como Jane estava e chamá-lo novamente caso ela não melhorasse, sem que a empregada enfartasse de preocupação com a casa e Jane.

* * * * *

Rafael havia tentado mais uma vez falar com Carlisle pelo celular sem sucesso. Ele já havia aceitado o fato de que não havia outra coisa a se pensar, não voltaria mais ao hospital pelo que dependesse do ex-amigo.

Mesmo assim, queria acreditar que haveria uma saída válida em breve e tentava se sentir confortável ao saber que seus currículos já estavam distribuídos. Era preciso agora acreditar no tempo, mesmo que por um momento vacilasse nessa confiança que tentava ter.

“Afinal, algo haveria de dar certo, não?” ele pensava. E quem sabe não pudesse dar a sorte de encontrar logo um novo emprego, sem ter que revelar que havia perdido o anterior. Se não demorasse, poderia até dizer à mãe que saiu por vontade própria, dando-se ao luxo de dizer que teve apenas uma oferta melhor.

Naquele momento, ele pensava em Esme, sua irmã, e como ela não precisava saber a verdade. Rafael não queria que ela sofresse, que chorasse por sentir que havia o colocado em uma situação ruim e inevitável.

Logo, ele imaginava que talvez sua amizade com Carlisle não fosse algo tão real. “Talvez ele já estivesse de olho em Esme há tempos, quem sabe?”

Ele coçou a cabeça e bufou frustrado, pensar aquele monte de coisas não ajudaria em nada e o não atendimento de suas ligações também não.

Carlisle, por outro lado, encarava o aparelho que parava de tocar mais uma vez. Outra ligação que ele não atendia propositalmente. Ele bufou levemente, tentava acreditar que havia feito uma escolha sensata ao optar por não atender o amigo mais uma vez, mesmo que parecesse muito errado para a amizade deles. Ao mesmo tempo, ele tentava se manter firme na escolha e não vacilar antes do planejado, pois não haveria volta mesmo.

Ele se lembrava do plano inicial e de como coagiu a menina dos pagamentos a ligar a Rafael e lhe dar alguns dias de folga. Tudo planejado, claro. E sim, mandá-lo voltar no sábado foi intencional de sua parte.

Carlisle sabia que Rafael não viria, que não apareceria antes do domingo. Aquele detalhezinho estava no contrato, até mesmo no de estagio, e Carlisle sabia bem disso. Rafael não trabalharia aos sábados de modo algum, bem como Nathaniel Holdford nunca o fez. Era um hábito peculiar daquela família, ele tinha que concordar, mas ele já o conhecia.

Qualquer um dos Holdford viria trabalhar sem queixas em um feriado, nos domingos, em seus próprios aniversários ou em datas tão familiares, como até mesmo na virada de ano ou no Natal se preciso, mas aos sábados nunca. Não importava se lhe dessem plantões de quatro dias seguidos, se não houvesse um sábado no meio, eles não questionariam e fariam o plantão sem questionamentos.

Quando planejou dar uns dias para Rafael, Carlisle acreditou que o amigo não questionaria a moça. Mas, quando ela ligou, ele percebeu que ele foi um pouco resistente sim, não com relação à volta, porém... Embora estivesse apenas ao lado dela e só soubesse o que se passou por suas respostas, ele sabia que o amigo a havia questionado e só parou com um “por favor” sofrido da garota, que dava a entender que cumpria ordens apenas.

Carlisle balançou a cabeça tentando espairecer um pouco e espalhar os pensamentos de remorso no momento em que viu que seu telefone tocava e que desta vez era outra pessoa, seu antigo mentor e chefe de outro hospital. Ele sorriu e atendeu animado:

- Doutor Johnson, quanto tempo, não? – ele se adiantou ao cumprimento.

- Carlisle, meu melhor aluno. Trate de me chamar de Vladmir, agora somos colegas e não mais professor e aluno – ele se fez de irritado. Depois, voltou a falar calmamente, – mas e como você tem passado.

- Muito bem, Vladmir, e por aí? Como andam as coisas?

- Sempre corridas, meu amigo, mas andam muito bem sim – ele respondeu sorridente.

- Aliás, a que devo a honra da ligação? – Carlisle decidiu perguntar, já com curiosidade aparente em sua voz.

- Bem, acontece que eu tenho em minhas mãos uns currículos de recém formados que fizeram o período de residência por aí. E, bem, você sabe, eu gostaria de saber o que acha deles e se posso ou não contratá-los? Afinal, às vezes você tem planos para alguma vaga por aí, ou eu estou com sorte, não é? – Vladimir disse tranquilamente, fazendo Carlisle sorrir.

Aquele tipo de ligação era constante na verdade, desde que ele havia se tornando o chefe do hospital de residência da faculdade. Era assim que muitos de seus bons alunos conseguiam indicações para trabalhar em hospitais da região. Carlisle estava com seu corpo médico completo no momento e não via problema em ajudá-lo a selecionar os próximos entrevistados do antigo mentor.

- Você está com sorte! – ele sorriu. – Meu corpo médico está completo e tenho tempo livre para lhe falar agora quem merece passar pela seleção e quem eu não recomendaria com tanta certeza assim.

- É assim que se fala, meu aluno. Então, vou pegar os nomes aqui e lhe dizer, caso não se lembre de alguém, o que eu duvido que aconteça, te retorno depois.

- Sem problemas, pode me dizer todos agora, eu tenho acesso ao banco de dados, as notas e os relatórios dos professores e supervisores agora, tudo que preciso são os nomes mesmo.


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Notas finais do capítulo

Agora que você leu esse capítulo feito com tanto amor e carinho, que tal uma retribuição, hein? Diga-nos o que achou dele. isso nos serve de incentivo e nos faz querer continuar e sem comentários...snif...é o oposto. Então faça-nos felizes, como tentamos fazer com vocês.
Beijinhos!