Assim que cheguei na porta já o vi, Rebeckah me olhou de lado e foi pro lado esquerdo da biblioteca, atrás dos livros mas, dava pra escutar um pouco a conversa.

–Trouxe reforços. – Emmett disse sarcástico.

–Não, você sabe que ela tem exercício de redação. – Sentei-me mesa frente a frente com ele.

–Foi bom ter me lembrado isso, tenho que fazer hoje.

–Hum, é. Agora você fala?

–Você sabe Rose. Sempre soube que somos melhores á sós.

–Não! Você é melhor á sós. – Retruquei.

–Mas, que diabos você tem? -Perguntou.

–Só por que cansei de ser idiota? Ah, foi efeito da reação.

–De quê você está falando? Está se sentindo bem? – Ele me olhava confuso. Sínico né, só pode.

–Sim, Emmett. Eu estou muito bem. De você me evitando, me tratando como uma qual quer, não atendendo minhas ligações, passando dias sem dá sinal de vida e dando em cima da Olivie na minha frente, são poucos motivos? Eu tenho mais alguns se quiser.

–Minha vida é complicada, você sempre soube. Principalmente agora, com meu pai afastado da delegacia, as pessoas vêm se queixar pra mim das ocorrências. Eu não tenho culpa, e não estava dando em cima de Olivie nenhuma. – Ele se explicava, jurando que eu estava caindo em seu papo.

–Claro que estava. Eu vi como olhava para as pernas dela, então quer dizer que não pode ver um par de pernas bem torneadas que eu já sou colocada para o escanteio?

–Foram meus instintos masculinos, eu olhei só por olhar.

–Também piscou só por piscar, sorriu só por sorrir. Sei como é isso, são seus instintos de idiota aflorando.

–Você só pode está de TPM, você não fala assim.

–Emmett eu não estou de TPM! – Gritei, levantando-me da mesa e apoiando o braço em uma das prateleiras de livros.

–Desculpa, não está. Mas, não tem motivos pra ficar agindo assim. – Ele se levantou também, me olhando.

–Emmett, eu estou á 6 meses me escondendo de toda a cidade, 2 anos gostando de você e você mal olhando pra minha cara, você me evitando a dias, e suas mudanças de humor que são um fracasso, acabam com qual quer bom humor.

–É o meu jeito, eu não sabia que te fazia tão mal.

–Sim, você sabia. Mas, queria me colocar na sua coleção de enfileirados, mas, para mim chega! Eu não quero ser mais uma, ou melhor, eu já virei mais uma.

–O que quer dizer? Está terminando?

–Sim, eu estou terminando o que você chamava de relacionamento. Vai se divertir com a Olivie, a minha cota de idiotice chegou ao fim. – Dei as costas e desci correndo as escadas ouvi os passos de Rebeckah atrás de mim e quando a porta da biblioteca se fechou com força, passei direto para o banheiro, ela veio atrás de mim.

Lavei meu rosto na pia do banheiro e senti as lagrimas começarem a cair.

–Você conseguiu! – Ela entrou quase eufórica e parou quando me olhou.

–Não fica assim, eu sei como você o ama. Mas, Rose, ele não te merecia.

–Eu sei disso, eu sempre soube, só não aceitava. Só queria viver um amor como qualquer outra garota. – Eu continuava chorando de cabeça baixa em frente ao espelho, ela me abraçou de lado.

–Não chore, eu não vou deixar você ficar assim. Você é forte Rose, isso vai passar.

–Obrigada, eu sei que vai... Mas, não sei se o meu amor por ele vai passar.

–Você vai aceitar as coisas, se valorizar e seguir em frente. Por que a vida não para porque nós paramos. – Ela sorria me abraçando, lavei o rosto mais uma vez, forcei um sorriso e saímos abraçadas do banheiro.

A penúltima aula de Inglês também passou rápido, Rebeckah ficou comigo o tempo todo, quando o sinal tocou fomos pro próxima sala, hoje teria experiência em biologia, e eu tinha certeza que ele ia fazer questão pelo seu lugar.

–Quer mesmo ir para a aula?

–Sim, eu quero. Não vou perder aula por causa dele, ele já estragou minha vida demais.

–Eu vou está atrás de você com a Steph.

–Ok, qual quer coisa eu faço um sinal – Dei um meio sorriso e entramos na sala e ele já estava no lugar, me sentei sem olhar pra sua cara e por desembesto meus livros tombaram e caíram por cima dele, ela pegou rindo e colocou na minha mesa.

–Obrigada.

–Quando precisar – me virei e voltei a olhar pra frente, o professor chegou e começou a explicar a aula, como o previsto ele mandou analisarmos tipos sanguíneos.

Eram de animais e me deu nojo ter que ficar olhando aquilo, antes eu tivesse me cortado e analisado meu próprio sangue, teria sido mais agradável. Fomos a segunda dupla a terminar e o professor nos liberou, juntei minhas coisas desajeitada e sai porta a fora indo o mais rápido possível pro armário. Joguei tudo lá dentro e fiquei contando os segundos pra escutar a voz da Rebeckah, mas, ela não chegava.

Fechei os olhos por um instante e encostei a cabeça no armário, senti alguma coisa me jogar pra trás.

–Emmett... - Foi o que deu para falar, ele me empurrou na parede e me beijou, eu me segurei o máximo que pude. Movi o mínimo meus lábios, até que tomei coragem e o empurrei pra longe de mim.

–Nunca mais faça isso! – Dei as costas e ele puxou meu braço.

–O que Rose, não estava falando sério, estava?

–Emmett me solta! E lógico que estava. – Eu o olhava séria, e ele não soltava meu braço.

–Emmett solta ela! – Ouvi a voz da Steph no corredor, senti o braço dele me largando e ele saindo praticamente correndo furioso, corredor a fora. Steph correu pra mim e eu me atirei em seus braços.

–Obrigada!

–Não foi nada, ele não devia ter feito aquilo.

–Eu sei, onde está a Beck?

–Ela foi no banheiro, vamos esperar ela lá fora. – Seguimos pra frente do colégio e ficamos encostada no meu carro esperando por ela, dentro de 5 minutos ela chegou.

–Deixe ela ir dirigindo, passamos na casa de Steph e seguimos pra casa.

–Você quer que eu fique aqui com você?

–Você quer ficar?

–Sim, é melhor do que te deixar sozinha

–Bem, podemos fazer brigadeiro e assistir filme

–Sim, Rose. Como nos velhos tempos.

–Torta de lama

–Empada azeda – eram os nossos apelidos desde que começou o colégio, entramos e fomos fazer brigadeiro.

Melamos a cozinha toda como de costume e nos sujamos muito, tomamos banho e fomos assistir Bonequinha de Luxo, nosso filme predileto. A tarde passou lenta e agradável, aproveitamos muito bem o frio.

Era bom está com ela, mesmo que eu ainda fosse insegura em algumas coisas, ela me tirava do chão, eu ficava longe da realidade um pouquinho.

Terminou o filme e fui fazer um improviso de jantar para comermos.

–Quando sua mãe volta?- Rebeckah perguntou repentinamente.

– Eu não sei, acho que na sexta. Mas, prefiro ela longe.- Suspirei me aconchegando mais.

– Por quê?

–Ela sabe quando eu estou mal, e fica perguntando e eu não vou dizer.

–Ela ainda pergunta a minha já vai logo questionar você – Rimos, ela terminou de lavar os pratos que nós tínhamos usado para comer e voltamos para a sala.

–Você podia dormir aqui, tô me sentindo tão sozinha Beck – Disse fazendo bico, ela riu

– Você liga para minha mãe?

–Claro – Peguei o celular em cima do centro e disquei o número da mãe dela.

–Tia Clarie.

–Oi meu amor, como está? 

–Bem, e a senhora?

–Muito bem, a Becka está ai?

–Sim, deixa ela dormir aqui? Eu tô muito sozinha.

–Claro que deixo, eu ia perguntar isso. Se ela quiser pode ficar dormindo ai, até a Lize voltar.

–Tudo bem, eu vou falar com ela. Até amanhã tia.

–Até, cuidado as duas.

–Tá – Respondemos juntas. Desliguei o celular rindo, pelo menos o tempo que ela passasse aqui ia ser menos difícil.

–Você pode ficar aqui até a mamãe voltar!

–Perfeito! Nós podemos sair com as meninas, beber.

–Chegar tarde... – Passamos o resto da noite fazendo planos e mais planos de como iriam ser esses dias que tinham pela frente.

Eu estava quase esquecendo de tudo mas, ainda tinham assuntos que envolviam ele, e eu tentava me afastar o máximo possível de tudo isso.