–Como é que é? - Perguntou Tereza me puxando pra sentar em um banco, só faltavam 30 minutos para o Cheese&Ham abrir na manhã de segunda.

–É isso mesmo que você ouviu - falei olhando pra ela sem expressão

–Quer dizer que na sexta, você levou ele pra sua casa, ele roubou a sua toalha, vocês brigaram e ele se atreveu a roubar as suas chaves também? - ela arregalou os olhos

Assenti

–Me acompanha até a delegacia mais tarde? - perguntei

–O que você vai fazer?- ela arregalou mais os olhos.

–Denunciar ele, sabia que isso e roubo? - me levantei e fui até a geladeira pegar uma garrafa de coca-cola - Ele é abusado demais

–Ta, ok, você quer denunciar o cara, certo. - ela olhou para as suas unhas e voltou seu olhar pra mim - Danna, você não sabe quem é o ele, existem milhares de Wills espalhados por Nova Iorque e você ao menos tem o número do telefone dele?

Ela tinha razão. Me sentei a sua frente de novo.

–Bom... eu tenho a placa do seu carro e algumas roupas que ele esqueceu lá em casa - comecei a beber a coca

–O QUÊ? EU ENTENDI DIREITO? VOCÊ TEM ROUPAS DELE NA SUA CASA? VOCÊ JOGOU FORA? TA GUARDADO? ME RESPONDE HEIN HEIN? - Ela começou a se animar e se levantou com um sorriso no rosto.

–Está tudo la em um saco de plástico, aquilo estava fedendo a minha casa sabia?

–Me dá?

–O quê? Pra que? - me levantei pra jogar a coca fora

Tereza vinha me seguindo

–Amiga, caso você não tenha percebido, a senhorita hospedou um estranho na sua casa e ele deixou as roupas la e... você não ta nem ai e... as roupas dele estão cheirando a álcool e...

–Eitaa, fala logo - parei na porta da cozinha

–Ele é gostoso!

–TEREZA! - me virei para encara-la

–O quê? Ele é gostoso, qual é o problema?

–Não precisa falar isso em voz alta né?

–Repitindo, qual é o problema?

Corei. Fui andando até o balcão e comecei a limpar a bancada. E Tereza veio atrás.

–Nenhum, não é bom ficar falando disso, ainda mais aqui. - encarei ela. Tereza fez um sorriso sarcástico - Não gosto desse olhar, aliás, ele não faz o meu tipo

–Mas ele é gostoso - falou ela com brilho nos olhos

–E eu não sei até agora porque hospedei ele lá, sério, se eu pudesse voltar no tempo...

–Mas ele é gostoso - repitiu ela - Ele é gostoso- ela fechou os olhos e apoiou o queixo com as mãos.

Deixei ela lá parada e fui ao banheiro.

Mais 5 minutos, mais 5 minutos.

Quatro horas, até que enfim! Já me acostumei com as oito horas de trabalho, 7 dólares por hora, era um bom salário com mais as gorjetas. Tereza tinha me convencido a não ir denunciar Will na delegacia. Eu não tinha provas e informações para fazer uma ocorrência.

–O que você vai fazer hoje a noite? - perguntei a ela

–Minha mãe vai fazer uma noite em família e aquela chatisse toda , quer vir?- perguntou enquando mechia no seu armário. Eu estava com a minha bolsa preparada pra ir embora e a minha cabecça estava encostada na parede.

–Não, eu vou pra casa, preciso descansar - Minha verdadeira razão de não aceitar o convite era que eu odiava noites em familia. Eu ja tive algumas, mas eu nao me lembro direito. Foi a muito tempo, quando meu pai ainda era vivo, há 16 anos atrás.

–Entendo... - ela fechou o armário

–Vou indo na frente então, tchau - apenas sai de lá e fui caminhando para a estação.

Meu celular começou a tocar na terceira parada

–Alô?

–Heyyy, como vai caramelo?

Não acredito não acredito não acreditooooo!

Era Eric.

Eric era meu melhor amigo. Sua história era parecida com a minha. Eric foi expulso de casa na mesma época que eu fugi, e tomamos o mesmo rumo, Rogers.

–Deuuss! é você? Eric? Aonde você está?

–Caramelo, estou de volta! Los Angeles já era, ah lar doce lar...

Caramelo era um apelido que ele me deu por causa dos meus cabelos, quando eu era mais nova, eles eram mais claros, na cor de um caramelo. Com o tempo, ele foi escurecendo.

–Estou morrendo de saudades de você! - Falei gritando e as pessoas do metro mudaram a atenção pra mim. Corei

–Bom, hoje matamos nossas saudades pode ser? Passo na sua casa mais tarde, combinado?

–Claro, combinado

Desligamos e eu comecei a sorrir. Eric era o que me fazia mais rir, ele era super divertido e me entendia. Há um ano, havia se mudado pra Los Angeles por causa do emprego, ele era do FBI. Qual será o motivo dele ter voltado pra Nova Iorque? Estranho...

A campainha tocou.

–Minha caramelo!

Pulei em cima dele e o abracei o mais forte que conseguia. Que saudades daquele maldito cheiro viciante que ele tinha, sério.

–Como você cresceu! Quanto tem de altura agora caramelo? - Ele deu um beijo na minha testa e eu o puxei pra se sentar no sofá.

–Hum... a última vez que me medi, eu tinha 1,71 - Eu estava sorrindo tanto que minha boca comecou a doer.

–Ráááá, tenho 1,84 - Ele piscou pra mim - Eu não ouvi você abrir a porta com a chave, por que não a tranco?

Eric não havia mudado nada, continuava com seus cabelos castanhos ondulados curtos e com seus olhos cor verde combinando com a camisa que ele usava. Ele só... ficou mais forte.

–Longa história... estou feliz que tenha voltado, agora, que merda você fez?

–Como assim que merda eu fiz?

–Pra você ter voltado assim do nada, tem que ter um motivo, você ainda está na policia não está?

Ele gargalho

–Eu já ia chegar ai, senhorita, - ele me encarou e pegou a minha mão - estou aqui para convida-la para ser meu par na premiação anual dos agentes nesse sábado, todo ano, o FBI entrega certificados para aqueles que fizeram um excelente trabalho e como esse ano a premiação vai ser em Manhattan, queria que você me acompanhasse, a senhorita Walker aceita?

–É claro que sim! - sorri

–Ohh Gracias! - ele beijou a minha mão e eu ri - o que é isso na sua blusa?

Ele apontou pra gola da minha blusa, abaixei a cabeça pra ver o que era e ele subiu o dedo pelo meu rosto até a minha testa. Eu não acredito que cai nessa denovo.

–Te peguei de novo - e começou a gargalhar.

Empurrei-o pra longe e dei um tapa no seu braço

–Palhaço!

–Sou eu mesmo - riu

–Como é Los Angeles? - perguntei

–Calma ai baixinha - baixinha? eu? só pra ele né? - eu vou chegar em detalhes mais tarde, mas primeiro tenho que te dar uma coisa.

–O quê?

Eric tirou um cordão do bolso e o levantou na minha frente.

–Vi isso e me lembrei de você - era um cordão de prata com um pingente com o forma de um doce de caramelo enrolado pequeno. -Gostou?

–Se eu gostei? Eu amei!

Eric coloco o cordão no meu pescoço e começamos a nos atualizar dos assuntos passados.