Aurora Vermelha escrita por Dauntless


Capítulo 3
Capítulo 2 - 18 Velas


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez, obrigado por estar lendo!



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Acordei com o som do alarme que sinalizava o início de mais um dia.

Assim que o alarme parou, me levantei para seguir com a minha rotina. Meu trabalho era o mais importante, pois era com ele que eu conseguia me manter viva.

O ar gélido passou pelo meu rosto como algo letal, e foi embora assim que entrei na estação do metrô. Pessoas ao meu redor pareciam tediadas, umas liam jornais, outras entravam numa fadiga sem fim, ás vezes deixando a cabeça cair para o lado onde outro passageiro estava, e acordava num pulo ao encostar em seu ombro. Outros simplesmente se entretinham ouvindo música ou observava o nada.

O Chesse&Ham ficava no outro lado da cidade, era uma lanchonete de fast food que funcionava há uns vinte anos e existem mais duas filiais espalhadas pela América.

Consegui o emprego há dois anos, e o esquema não envolve salário, apenas recebemos a gorjeta em troca o que é muito em comparação ao salário que receberíamos.

Assim que cheguei, coloquei o meu avental e peguei o bloco de anotações. Tereza, minha companheira de trabalho e melhor amiga, veio me abraçar com um sorriso enorme no rosto quando estava a caminho das mesas. Ela era centímetros mais alta do que eu por conta dos saltos, dona de cabelos ruivos artificiais e de olhos castanhos, ela era bem magricela. Olhando de perto, dava pra ver seus ossos e suas veias.

–Feliz Aniversário Danna! - disse bastante animada

Oi? O que foi? Meu aniversário? Como assim? Mas meu aniversário era só daqui há... A-I M-E-U D-E-U-S! , era realmente o meu aniversário e eu tinha me esquecido.

–An... Obrigado - agradeci.

–Danna? - ela me olhou com desconfiança - Não me diga que você se esqueceu do próprio aniversário? - Pior que eu tinha.

Assenti e fiz cara de cachorro abandonado.

–Desculpe, é tanta coisa na minha cabeça que eu acabei não me lembrando - Dei meio sorriso pra ela.

–Mas você não se esqueceu do que combinamos para comemorar esqueceu?

Lamentei

–Mil desculpas! Mas não importa, vamos lá hoje, não vamos?

–Mas é claro! - Ela começou a se animar - Boate, lá vamos nó! - e comemorou com um ''uhu'' a um punha levantado no ar. - Vamos sacudir aquele lugar amiga, eu prometo pra você que esse vai ser o seu melhor aniversario!

Uma lágrima caiu sem querer dos meus olhos e eu dei um forte abraço em Tereza. Ah... como eu amava aquela garota e sabendo que ela era apenas dois anos mais velha do que eu... Mas a idade não importava.

–Obrigada, muito obrigada mesmo!

–Vocês estão aí! - murmurou o nosso chefe - Feliz aniversário Danna! - desejou ele e me deu um abraço - eu sei que hoje é um dia muito especial, mas isso não quer dizer que não temos movimento por aqui, por favor voltem para o trabalho ou vou ter que descontar do salário das duas, espero que esses papinhos não sejam frequentes - Ele estava brincando sério.

–Me desculpe senhor - ironizou Tereza - Já estamos voltando mestre - Ironizou ela de novo e colocou a mão na cabeça, como soldados fazem. - Opa!

–Que foi? - perguntei

–Seu lado está cheio enquanto o meu está vazio, eu disse que as pessoas não gostavam de sentar no lado esquerdo, será que é supertição isso ? - Ela fez uma cara feia que enrugou sua testa.

–Sorte a sua - Caminhei até o casal que estava na primeira mesa - O que desejam? - Olhei para o homem que segurava o cardápio.

Ah não! ele não, ele de novo não!

Comecei a choramingar por dentro.

–Ah você - ele disse.

–Você - repeti.

–Vocês se conhecem? - A mulher que estava na sua frente, perguntou.

Ela era linda. Suas ondas loiras caiam perfeitamente no seu ombro e sua pele parecia uma mistura homogênea de um creme. O certo tipo de donzela que não frequentava esse tipo de lugar. A inveja me infestou como a praga de rato que infesta os esgotos do subsolo.

–Ela é a garota que eu te falei - murmurou Will.

Legal, alguém falando de mim.

–Ah muito prazer, eu sou a Crystal - ela estendeu a sua mão junto com o sorriso mais bonito do mundo, apertei-a por educação. - Namorada do Will.

Sorri para ela.

–O prazer é todo meu.

–Você é a...?

–Danna Walker - falou Will antes que eu pudesse pronunciar a primeira letra do meu nome

–Como você...

–Seu avental - sorriu ele.

Droga de normas. Droga de normas. Droga de normas. Havia uma norma de uniformes na Cheese&Ham que obrigava os funcionários a colocar uma plaquinha com o nome nos aventais.

–Então, no que posso servi-los? - perguntei tentando não olhar em seus olhos.

–//-

Logo após servir todos os clientes do meu lado, só apareceu pessoas no lado esquerdo e tive uma breve folga. Estava em casa com Tereza, e ela vasculhava e bagunçava as minhas roupas, enquanto eu arrumava o que ela bagunçava.

–E aquele homem hoje hein? Você o conhecia? - perguntou com tom de deboche.

–Não. - Eu realmente não o conhecia.

–Então por que vocês estavam conversando como se conhecessem?

–É complicado.

–Nada é complicado, pode falar, não vou zoar, prometo. - Ela levantou seu dedo mindinho.

–Sem comentário hein. - ela jurou - Eu estava voltando pra casa ontem quando vi ele com o bando do Rogers.

–Hum... Já vi que coisa boa não é - fez uma expressão com a boca.

Olhei pra ela, séria.

–Tá tá, sem comentários. - ela revirou os olhos e cruzou os braços.

–Então resolvi ajudar porque ele estava os provocando.

–E por que isso?

–Ele estava tentando devolver drogas, disse que não era dele e sim da irmã.

–E você acredito? Que ingênua - abaixou a cabeça em desaprovação.

–Ele não tem cara de quem usa drogas.

–Você é uma boba mesmo.

Olhei séria para ela de novo.

–Desculpe, não me segurei.

E ela continuava a bagunçar as minhas roupas.

O apartamento não era grande, ele só tinha um quarto, um banheiro, cozinha e sala. Era o suficiente pra mim.

–Achei!- ela ergueu um vestido preto de paetê na minha frente - Vai ficar perfeito!

–Não me lembro desse vestido - olhei para ele em dúvida.

–Também, você só usa as mesmas merdas de sempre.

–Minhas roupas não são merdas - falei fazendo aspas com os dedos na palavra merda.

–Pra mim são, não gosto delas.

–Valeu, muito obrigado.

–Não te chamei de feia, pra mim você é muito gata. - Tereza me deu uma piscadela. - É só você se cuidar mais e colocar roupas decentes para o seu tipo de corpo - Ela continuou a pegar as minhas roupas.

–Já não achamos um vestido? Podemos ir agora?

–Claro, depois de acharmos um par de sapa...

Levantei dois saltos da cor prata e sorri pra ela.

–Agora vamos!

Depois de colocar o vestido e o salto, Tereza começou a me encher de maquiagem, um pouco de corretivo pra esconder as olheiras, delineador e outros artefatos não presentes no meu banheiro, nem na minha bolsa.

Por fim, pegou uma chapinha e esticou todos os meus fios.


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Notas finais do capítulo

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