Quando Castiel veio me procurar, me encontrou rindo e jogando com Dajan.

  - Você perdeu os quarto e quinto horário! - ele disse.

  - E até parece que você assistiu mais de duas aulas hoje. - falei ao arremessar a bola e marcar uma cesta de três pontos.

  - Vai logo ou você vai perder a última aula. - ele disse.

  - Está bem. - eu revirei os olhos - A gente se vê, Dajan!

  - Eu te ligo! - ele sorriu enquanto eu saía.

  - "A gente se vê"? - perguntou Castiel cruzando os braços.

  - Ah, qual é, você não vai dar uma de ciumento agora, vai? - perguntei.

  - O que está acontecendo aqui? - perguntou Nathaniel surgindo do nada.

  - De onde você brotou, ser vivo? - perguntei assustada.

  - Nada onde você tenha que se meter. - falou Castiel.

  - Caz! - eu revirei os olhos - Não é assim que se trata alguém que pode te dar uma suspensão.

  - É assim, sim! - ele respondeu irritado.

  - Como vocês dois podem estar juntos? - perguntou Nathaniel.

  - Ah, com um pouco de falta de opção e muita paciência. - falei e Nathaniel riu.

  - Vamos logo, Nathalie, pare de fazer graça para o loiro sem sal e vá para a sua classe. - ralhou Castiel.

  - Sim, senhor. - bati continência - Você manda.

  - Ainda bem que você sabe. - ele disse enquanto eu ria e ia para a minha classe.

 Quando eu sentei, ninguém veio falar comigo, mas uma menina me sorriu. Ela tinha longos cabelos roxos e usava lentes da mesma cor. Mas... Roxo? Bem, isso é meio tenso, mas ok.

  - Senhorita! - me chamou o professor - Por que não vem aqui na frente se apresentar?

  - Porque eu não quero. - falei.

  - Venha. - ele ordenou.

 Com um suspiro, eu levantei e me postei na frente da sala. Todo mundo me encarava.

  - Aos cinco anos eu perdi meu pai e minha madastra. Meu meio-irmão veio viver conosco, mas depois de um tempo saiu de casa. Então minha mãe morreu e eu, como só tenho meu meio-irmão, vim morar com ele. - olhei para o meu professor.

  - Pode sentar. - ele disse, meio assustado.

 Quando o sinal bateu, a garota roxa veio falar comigo.

  - Nossa, você é muito forte, eu não me imagino numa situação dessas com tanta calma. Meu nome é Layla, a propósito. - ela sorriu.

  - Nathalie. - falei e sorri - Você é engraçada.

  - Como posso ser engraçada? - ela perguntou.

  - O jeito como se veste. - eu esclareci.

  - Ah! - ela sorriu e deu de ombros - Eu gosto de roxo.

 Ela me seguiu enquanto eu procurava Castiel. O encontrei com Lysandre, rindo de algo.

  - Oi, Caz! - falei sorrindo.

  - Nossa, eu admito que não vemos o Castiel assim com uma garota com frequência. - Layla falou com naturalidade.

  - E você é...? - ele ergueu as sobrancelhas.

  - Layla. - falei antes que ela pudesse abrir a boca - É minha colega de turma.

  - Ah. - ele se virou para Lysandre - Continuando, acho que ela poderia, sim, assistir.

  - Ótimo, precisamos de uma opinião de fora. - disse Lysandre.

  - Estavam falando sobre eu poder assistir o ensaio de vocês? - perguntei.

  - É. - falou Castiel.

  - Nossa, como você é discreto. - revirei os olhos para o meu meio-irmão - Mas eu tenho deveres para fazer.

  - Deveres? - perguntou Castiel irônico - No primeiro dia?

  - É que eu estou com medo. - falei - E se vocês forem ruins?

  - Você fala em que precisamos melhorar. - Castiel revirou os olhos, como se fosse óbvio.

  - Mas e se eu não souber? - perguntei.

  - Garota, não complica! - falou Lysandre irritado.

  - Não fale assim com ela! - Castiel se levantou e ficou frente a frente com Lysandre.

  - Hei! - gritou Nathaniel - Nada de brigas no pátio!

  - Se você não sair daqui agora, é você que vai se envolver em uma. - Castiel olhou Nathaniel de cima a baixo - Se bem que com você, isso nem seria digno de ser chamado de briga.

  - Castiel, pare de brigar! - falei puxando-o pela jaqueta.

  - Então pare de ser tão insuportável! - ele gritou para mim - Você NÃO é a minha mãe! VOCÊ NÃO MANDA EM MIM!

 Eu abaixei meus olhos, agora marejados. Castiel arregalou os olhos ao ver uma lágrima escapar.

  - Desculpa, Nathalie. - ele disse levantando meu queixo - Olha para mim. Eu e você contra o mundo, lembra?

  - Eu e você contra o mundo. - sorri e o abracei - Mas grite comigo de novo e eu vou ser presa por matar um ruivo. - eu puxei seu cabelo para trás.

  - Você é uma peste. - ele falou brincando e eu sorri.