Capítulo XLI

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- Não é muito diferente da minha casa... – Jun murmurou observando o cômodo em que eles havia entrado. Em momento algum Kakashi havia soltado a sua mão.

Ele não parecia tão mais abalado quanto quando havia passado pela sua rua. Parece que apenas aquele lugar em particular o afetava daquele jeito, provalmente pela morte catastrófica de Obito.

- Aqui é um conjunto habitacional, todas as casas seguem o mesmo designer. – Kakashi disse e puxou Jun para um outro cômodo, provavelmente um dos quartos.

- Are... – Jun murmurou e viu algo caído perto da porta. – O que é isso? – Ela se abaixou para pegar o objeto. Parecia ser um porta-retrato. Desvirou o objeto e o levantou na altura dos olhos. – Merda... – Murmurou, mas já era tarde demais. Kakashi havia lhe tomado o objeto das mãos.

- Ah... – Murmurou.

- Kakashi, você...

- Somos eu, Obito e Rin quando ainda nem sábiamos escrever diteiro... – Tentou sorrir, mas tudo o que saiu foi uma expressão de dor. Doía, doía muito olhar o rosto sorridente de Obito e se lembrar que ele não estava mais ali por causa de um erro dele.

- Kakashi... – Jun o chamou, mas ele não escutou. Soltou-lhe a mão e deu-lhe as costas. – Por favor...

- Não se aproxime Jun! – A voz de Kakashi estava estranha. – Não quero que você, logo você, me veja chorando.

- Kakashi! – Exclamou e com toda a força que tinha o puxou pela mão, o fazendo fica de frente para ela. – Não precisa esconder as suas lágrimas de mim!

- Onegai Jun... – Murmurou e escondeu os olhos com um dos braços.

- Ano baka! – A jovem ficou na pontas dos pés e pegou a cabeça de Kakashi com ambas as mãos, a direcionando para o seu ombro. – Eu não preciso lhe ver chorando, por isso vou-lhe emprestar o meu ombro...

- Jun... – Kakashi murmurou o nome dela e aceitou a oferta.

- Idiota... – Jun tinha vontade de dar um cascudo em Kakashi por ser tão orgulhoso. Mas é claro que não poderia fazer isso agora, por isso, apenas o abraçou e o deixou chorar nos seus braços. Isso era tudo o que ela podia fazer por ele.

- Arigatou... Você me salvou mais uma vez... – Kakashi sussurou essas palavras de encontro ao ouvido dela, fazendo com que seu coração se acelerasse um pouco.

- Não me agradeça... Eu faço isso por que eu te amo... – Disse, e se arrependendo em seguida. As palavras haviam vindo tão facilmente, mas aquele com certeza não era o momento para fazer tamanha declaração, e ela podia perceber isso pelo silêncio que se seguiu. Abriu a boca para se desculpar, mas Kakashi tomou a palavra.

- Obrigada... – Kakashi a abraçou. – Obrigada por me amar, Jun. – O grisalho engoliu em seco. Gostaria de dar uma resposta diferente a jovem, mas por enquanto aquela teria que bastar.

- Doo itashimashite... – Suspirou. Não era bem a resposta que queria ouvir, mas era muito melhor que um silêncio constrangido. – Sabe... – Disse. – Estou começando a me arrepender daquela promessa.

- Está? – Kakashi sorriu, as lágrimas já extintas. – Eu também... – Murmurou e deu uma série de pequenos beijos no pescoço de Jun, sorrindo em seguida. – Mas promessa é promessa.

Jun havia se arrepiado toda com aqueles pequenos toques de Kakashi, e quando ele a afastou do seu corpo, ela quase protestou.

Ela olhou para o seu rosto. As lágrimas já extintas no rosto do grisalho. Apenas os olhos vermelhos denunciava que ele havia estado chorando. Se sentia mais aliviada em ver aquele sorriso despreocupado no rosto dele.

- Promessa, não é? – Suspirou.

- E pelo bem dessa promessa, eu acho melhor irmos embora.

- Ah! Mas... – Dessa vez ela ia protestar.

- Mas nada espertinha... – E ele se inclinou e plantou um beijo no alto da testa dela. – Vamos logo embora antes que eu não consiga mais me segura. Só Kami-sama sabe do que eu sou capaz se continuarmos os dois, sozinhos, aqui.

Jun deixou que um sonoro suspirou saisse, e seguiu Kakashi para fora daquele cômodo. Mas observou que antes de sairem, ele recolheu o porta retrato e retirou a foto, a guardando no bolso da calça.

- Você vai ficar bem? – Ela ainda estava preocupada, por isso perguntou isso ao sairem da casa.

- Sim, eu vou. – Sorriu. Achava muito fofo toda aquela preocupação que Jun tinha com o seu bem estar. – Vamos? – E estendeu a mão para ela.

- Vamos para onde? – Perguntou confusa.

- Eu vou lhe levar até a sua casa.

- Você bateu a cabeça?! – Perguntou incrédula. – Com certeza não está no seu juizo perfeito!

- Claro que eu estou no meu juízo perfeito Jun... – Ele riu. – Eu sou perfeitamente capaz de conseguir lhe deixa na porta da sua casa, isso é claro, se você me guiar.

- Kakashi! – Ela já havia perdido a conta de quantas vezes já havia dito o nome dele, apelando.

- Come on Jun. – Ele mesmo a pegou pela mão e começou a lhe puxar para a rua dela. Doía, mas não doía mais tanto assim. Talvez porque estivesse com a jovem, ou talvez ele finalmente tivesse superado o seu medo, de talvez, encontrar Obito ao virar aquela esquina.

- Que seja, seu maluco! – E Jun o guiou até a frente da sua casa. Kakashi parecia mais calmo agora do que na ida.

- Está entregue... – Disse o olhou para a casa que agora era a casa de Jun. Sentiu um aperto no coração. Aquela havia sido a casa de Obito. Suspirou. Ele tinha que superar isso. – Seus pais não ficam preocupados, ou não suspeitaram de nada? Você tem chegadoo muito tarde em casa, sem contar que sábado você passa o dia todo fora...

- De qualquer forma... – Jun relanceou o olhar para sua casa. – Eu nunca estive tempo o bastante em casa antes. Minha “rotina” não mudou em nada desde que eu comecei a trabalhar na Yamaha.

- Mas eles nunca suspeitaram? – Kakashi insistiu. Não era possível que os pais de Jun não houvesse suspeitado de alguma coisa.

- Na verdade... – Jun pensou. – Minha mão suspeitou sim de alguma coisa. Ela acha que eu tenho estado feliz demais. – Riu, um riso sem alegria.

- Gomen...

- Pelo o que está se desculpando Kakashi? – Perguntou sem entender.

- É que eu sinto muito que você não tenha o amor de uma famíla... – E ele também sabia o que era isso. Seus pais havia morrido quando ele ainda era uma criança, e ter o amor da família de outros não era a mesma coisa.

- Que horror! Você diz que sente muito quando alguém morreu! – Dessa vez Jun riu com sinceridade. – É melhor eu entrar, você está começando a suar frio e ficar meio esverdeado.

- Esverdeado? Está com medo que eu me transforme no Hulk? – Realmente, Kakashi estava se sentindo incomodado por estar ali, mas ele queria passar mais algum tempo com Jun antes de lhe soltar a mão.

- Talvez... – Ela desviou seu olhar para o chão e falou. – Me desculpe pelas coisas inconsequêntes que eu disse hoje. Eu não queria lhe constranger... – E ela se referia ao ‘amo você’ que ela havia falado sem pensar.

- Eu fiquei muito feliz de escutar aquelas suas palavras. Agradeci uma vez por elas e agradeço de novo. – E dito isso, Kakashi a puxou para um abraço. – Obrigada Jun, muito obrigada pelas suas palavras e pelo amor que você sente por mim. Algum dia eu poderia lhe dar uma resposta apropriada, eu prometo.

- Eu vou me lembrar dessa promessa... – Jun murmurou e pousou sua cabeça no peito de Kakashi, escutando os batimentos cardíacos acelerados dele. Tão acelerados quanto os seus.

- Bem, eu tenho que ir... Sayonara Jun. – Kakashi quebrou o abraço e se distanciou.

- Matta ashita Kakashi.

E ele se foi.

Suspirando Jun adentrou a sua casa, só esperando que seus pais já estivessem dormindo. Realmente, não queria conversar agora, e muito menos responder alguma pergunta deles.

Kakashi, finalmente longe daquele lugar, e também longe de Jun, alcançou o papel que o osan havia lhe dado mais cedo. Finalmente poderia ver o nome do pai da Jun.

Desdobrou-o e leu o seu conteúdo, seus olhos se arregalando com os duas palavras que ele continha.

- Kami-sama...

Continua...