A Vida de Uma Garota Nada Popular escrita por Lu Carvalho


Capítulo 7
Algemas, Pombas e Justin Bieber


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!!! =)



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Não sabia o que fazer. Era muito para uma garota de apenas 16, indo fazer 17 em três meses! Primeiro foi Liam, que se esbarrou comigo duas vezes, depois foi aquela professora do peixinho, em seguida foi Thiago me colocando de castigo, demonstrando um possível sentimento por mim. Aí, Liam tem um ataque de acabei-esqueçendo-de-você-porque-não-tem-importância na minha pessoa. Tudo isso em dois dias! E tinha aquele outro garoto, o de cachinhos... Matheus, acho, que tem um ótimo gosto para casacos extragrandes.

Não bastando isso, uma questão ficava na minha cabeça martelando meus atos.

“Qual era meu objetivo?”

Sério. Será que minha vida se resumiria a derrotar Anne e ter Liam para mim? Mas que vida sem emoção. Imagino quando finalmente (em um futuro talvez não tão próximo daqui) eu fazer Anne engolir seu próprio veneno. Lógico que seria ótimo, mas... e aí? Eba! Anne não tem mais amigos! Uhoo! Eu estaria me rebaixando num nível igual ao dela. E eu não quero isso. Além de Anne, quando Liam perceber que eu sou sua alma gêmea será ficaremos juntos pelo resto da vida e teremos três filhos chamados Harry, Bridgit e Logan e um cachorro Pug chamado Sorvete? Será mesmo Liam o cara perfeito para mim, ou é só minha forma de vingança contra Anne?

A vida é complicada...

Britney Spears não deve ter esses problemas.

Porém, era um novo dia. As coisas podiam melhorar! Afinal, o sol nasce a cada 24h. Talvez esse fosse o meu sol de sorte!

Ou não.

Estava na Times Square para andar sem compromisso; apenas eu, minha música e suas luzes ofuscantes. Pode se dizer que tirei o dia de folga. Enquanto ia pensando no meu objetivo (e como Britney tem uma vida melhor que a minha) alguma coisa parecia estar me seguindo.

O que me irrita muito.

Andei mais um pouco até que, uma hora, em frente ao departamento de Policia de Nova York, o NYPD, parei de repente.

Não sei se estava certa (ou apenas mais louca), mas, realmente, alguém estava me perseguindo.

É. Acho que mais louca.

Calmamente, fui virando para trás. Um policial parecia me estudar com desconfiança. Sabe, como se algum dia eu fosse fazer algo de gravemente errado. Não sendo por aquela vez que grudei meu chiclete debaixo da mesa.

Será que seria presa por vandalismo?

Verifiquei se não tinha ninguém dando de espião comigo. E, obviamente, não tinha.

Já que não tinha nada, voltei ao meu percurso normal.

No que eu fui virar, acabei tropeçando.

Outra vez, no nada.

O policial que ainda me observava pegou seu bastão, mostrando que mandava no pedaço. Eu assenti de leve seu gesto com um sorrisinho sem graça e levantei.

Andei um pouco mais.

Mas, ainda sentia que alguém estava atrás de mim.

Dessa vez não fui cautelosa. Virei abruptamente para trás e gritei um “Ahá!”.

Adivinhe quem era?

Uma pomba.

Uma pomba que saiu voando de susto.

O policial ainda me observava atentamente, e, para ser educada, mandei um sorrisinho para ele.

Quer um dica? Nunca faça isso.

Ele me olhou como quem diz “Eu tenho cara de palhaço, mocinha?” e veio até mim, batendo seu bastão na palma da mão esquerda, com uma cara nada amigável.

-Era uma pombinha má. Muito má. – expliquei.

-Ah, certo – disse, mordendo o cabo de um pirulito no lado direito da boca. Pelo seu halito, chuto ser de morango. – Seu documento – pediu.

-Ahh! O senhor quer meu documento? Então, só tem um probleminha. Eu estou sem meu documento.

-Carteirinha de estudante.

-Nem.

-Certidão de nascimento.

-Nope.

-Passaporte?

-Sou americana. Mas, mesmo assim, nem.

-Então, vou ter que te algemar. – disse imitando minha voz.

Mas que estúpido! Minha voz não é tão esganiçada, fina e estranha igual ele fez!

-Ei! – protestei. – Não pode me algemar só porque assustei uma pomba!

-Claro que posso. Eu tenho uma arma.

-Sou uma cidadã americana, juro! Não é só porque não carrego meu documento comigo que sou fora da lei!

-Isso descobriremos na prisão.

-O quê?

Ele ia mesmo me algemar? Por causa de uma pomba?

De repente, senti aquela presença de novo. Mas dessa vez era certeza de que alguém estava lá, pois além do policial olhar para trás de mim, uma voz masculina soou:

-Algum problema?

Eu conhecia aquela voz...

Virei me para trás e vi Matheus, mais conhecido como “o de cachinhos”, “o que não gosta de café” e “o ex-astronauta”.

Porém, ele estava usando o mesmo casaco astronáutico de antes, mas com óculos escuros. Pode considerá-lo como um re-astronauta de óculos maneiros.

-Quem você pensa que é? –perguntou o policial, como quem diz “Quem você pensa que é?”.

-Eu? – perguntou Matheus em um tom sarcástico, tirando seus óculos. – Você sabe quem eu sou.

A forma como ele dizia a palavra Eu soava tão importante que se fazia acreditar que ele era o presidente dos Estados Unidos.

Há-há.

-Não, não sei. E, por favor, de licença para eu prender essa jovem. – respondeu o policial, indiferente.

-Ei! – protestei, outra vez. – Não pode me levar como sua prisioneira, caramba!

-Isso mesmo. Ela está comigo. – disse Matheus, como se isso tirasse meus seis anos de prisão por danos morais a uma pomba.

-Garoto, não me importa quem é você. Afinal, você não é ninguém. Então faça-me o favor antes que eu te leve algemado junto.

-Leva, então. – desafiou Matheus.


Péssima ideia.



O barulho da sirene policial ecoava acima de nossas cabeças, naquele espaço apertado e sem ar. Eu e Matheus dividíamos o banco de trás, sussurrando o mais baixo o possível para o Sr. Não-gostei-da-sua-cara-então-vou-te-levar-preso não escutar nada.

        -O que foi aquilo? – perguntei dando um soco no braço de Matheus.

-Ai! – reclamou. – Fiz aquilo para você não ir presa!

-Em vez disso você levou nós dois. – disse.

-Não entendo, – resmungou para ele mesmo. – como ele não sabe quem sou euEu?!

-Você é a reencarnação do Freddie Mercury? – indaguei.

-Não.

-É o Percy Jackson?

-Não.

-Alguma mente brilhante dessa geração?

-Não.

-Justin Bieber?

-Ah... Não.

-Então está explicado porque ele não sabe quem você é.

-Há-há. Muito engraçado, Marrie Swan.

-Mari Sward – corrigi.

-Tanto faz.

Ahhhhh, ele passou dos limites.

-Escuta aqui, pessoa que se acha importante. Quem você pensa que é? – disse dando uma de verdadeiro policial de mal com a vida.

-Eu? Uma pessoa realmente importante, – disse com a paciência meio cheia. – diferente de você.

Um, dois, três... Suspira.

-O quê? – virei à cabeça para a sua, tentando demonstrar o maior desprezo infinito pelo o que disse. – Quem você é, então? – desafiei.

Já bastava Anne, com seus comentários idiotas, tentando fazer-me sentir um verdadeiro nada. Não precisava aguentar outro metido a besta.

Um metido a besta com os olhos mais lindos que já vi.

De novo, um contato visual enorme aconteceu entre nós dois. Porém, essa foi a vez mais desconfortável de todas.

Depois de um tempo, ele pareceu sair do frise, balançando o cabelo de um lado para o outro. Em seguida, ele falou, sem olhar nos meus olhos, uma das frases mais loucas que já pude ouvir em minha vida:

-Talvez... o filho de cara mais poderoso da América.

-Quem? O Michael Jackson já morreu. Então só sobra... o presidente!

Ele olhou para mim, assustado, e eu comecei a rir.

Muito.

Eu ri tanto que o policial, no banco da frente, olhou para mim como quem pensa “Para essa aí, mais dois anos na prisão”.

-Ai, ai. – fui recuperando-me. – Tinha de ver seu rosto! Foi tipo “Oh, minha nossa!”. – ri mais. – Muuuuuuuuuuito engraçado!

Ele forçou uma risada.

-Há-há, muito engraçado. Muito engraçado... – ele fez uma longa pausa. - ...Mas é a verdade.

-O quê?! – quase gritei. – Não.

-Sim. – disse sério. – Eu sou o filho do presidente.

Ele falou tão serio, tão certo, tão verdadeiro que parecia ser realmente verdade.

Tudo o que pude fazer foi rir.

-Ah, tá. E minha mãe é a Rainha da Inglaterra. – disse sarcástica. - Pensei que você fosse honesto...

-É verdade! – insistiu.

-Sei, sei. Porque, é lógico, que eu vou ser presa com o filho do presidente dos Estados Unidos. Que se fosse realmente o filho do presidente dos Estados Unidos, não seria preso!

-Eu não sei por que, mas ele não me reconheceu! A culpa é minha?

-Sim. Porque você não é filho do presidente!

Na mesma hora, o carro parou.

-Crianças, saiam daí. Conheçam o lugar onde ficaram por um tempinho... se Deus quiser. – murmurou.

-Muito obrigada, senhor... – olhei seu crachá melhor, e nele estava escrito... - ...Jessie. Jessie? Jessie é nome de mulher! – comecei a rir. – É por isso que você é tão irritadinho assim? – apertei sua bochecha. – Jessie! Deve ter sofrido muito bullying na escola... Mas eu sei como é isso!– ri mais. – Ai, ai. Jessie? – me virei para Matheus, quem fazia um sinal de “Para, garota louca!” à mim. – Ahn... quer dizer... – virei para Jessie. – é um nome lindo! Minha vó, quer dizer, meu , tinha esse nome.

-Você, menina, - disse irritado. - mais quatro anos.

-O quê? Mas o senhor não pod...

-Mariana, para! – mandou Matheus.

-Desculpa...

-Os dois, - apontou com sua arma. - desçam.

Com a arma apontada para a minha cabeça, saí cuidadosamente do carro.

-Espero que te processem por danos morais e físicos feitos à um policial.

-Mas... não te fiz nenhum dano físico.

-Isso, veremos...

Ele pegou meu braço com força, então me jogou para dentro da delegacia.

Droga.



Já disse que odeio, de verdade, minha vida?



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