“Azin e Jin conseguirão dar um jeito nele”, Sieghart disse antes de partir. Será mesmo? Aquele monstro era quase tão grande quanto Berkas. E mais: esse ficava voando o tempo todo, não parecia dar trégua para cair.

Era como um dragão oriental. Voava mesmo sem asas. Tinha patas espalhadas em todos os cantos de seu corpo, cada qual com sua própria unha afiada, uma poderosa garra.

Seu rosto olhava um tanto enfurecido, mesmo sem conhecer os garotos.

O embate começaria assim que medissem as forças, estava claro. Contudo, seria difícil medir forças ali.

O dragão atacou diretamente com sua boca os dois guerreiros. Jin pulou para o lado e ainda assim teve a sensação de que seria atingido. Azin se meteu para ser a isca e deixar que Jin não fosse atingido.

Agora o dragão tentava engolir Azin, que pressionava com os pés os dentes de baixo, e com as mãos os dentes de cima.

“Eu realmente não devia ter brigado com ele por Amy. Ele parece ser um companheiro pronto a se sacrificar por mim”, tudo que Jin sentia era arrependimento.

– Dança das andorinhas. – Azin cortou todos os dentes, rachando a maioria e fazendo com que um deles se quebrasse.

O dente quebrado já deu espaço suficiente para que Azin se jogasse para fora da boca do monstro, que alterou sua rota para chocar-se com Jin novamente.

Azin se jogou e sofreu com a queda. A altura era tão grande, que não teria nenhum tipo de poder para amortecer o efeito de atrito.

Nesse momento, Jin enxergou seus amigos que ficaram para trás correndo. Não tinha como correr até eles com seus movimentos bloqueados, e aparentemente o caminho que seguiam até Bardinar não cruzava diretamente com o caminho de Jin, pois nenhum deles o enxergou ali lutando.

“Vamos ter que acabar com este aqui, da mesma forma que nossos amigos acabaram com seus inimigos, por conta!”, Jin reuniu coragem.

***

Um grande tempo se passou. O cansaço falava alto, com a vontade de desistir. Mas como dar outras vezes, não poderiam desistir. Desta vez, a chance de morrer era maior. Prova disso era que Lupus não estava mais entre eles.

– Ele não está ficando cansado... – Jin notou.

– Jin... Se eu não sobreviver, saiba que você é o motivo de eu ter superado minha bipolaridade, e que eu me arrependo de ter um dia ficado contra você.

Azin pulou pelo mesmo dente de antes se jogando no dragão.

– Técnica secreta do gelo! – E diversas agulhas de gelo foram jogados por dentro e para fora rasgando a pele do monstro, que por fim se congelou.

“Azin o derrotou... Mas ele ainda está vivo?”.

– Azin! – Jin chamou com a adrenalina a mil.

– Eu estou aqui. – falou, fora da boca novamente, e agora sem disposição alguma. Jin o pegou pelo braço para segurá-lo em pé. – Isso é mal!

Da boca do dragão saía um último ataque de raio concentrado.

– Desculpe, Azin.

Azin respondeu que não tinha problema, mas a falta de seu braço direito deixava evidente que ele apenas não queria magoar Jin por ter demorado um segundo a mais para tirá-lo da área de acerto do último ataque. Ele se esforçava para não chorar, e ao mesmo tempo guiar Jin para encontrar seus amigos na busca por Bardinar. Deviam continuar, em quaisquer condições.

– Esperem um momento. – A voz fez com que Jin e Azin gelassem. Era o dragão. – ficou claro que de agora em diante nada será fácil. Os inimigos mais fracos criados para vocês perderem seus tempos já ficaram para trás. Agora que libertaram meu corpo da magia de controle de Bardinar, devo uma a vocês. Vamos em frente. Vou ajudá-los.

Era incrível! Uma notícia boa, enfim! Jin e Azin – dignos de serem chamados de “a nova geração dos cavaleiros de prata” agora – montaram nele, agora ouvindo que o tempo que um monstro místico como aquele dragão poderia ser mantido em Ernas presencialmente era mínimo, então deviam se apressar.