Vários dias já se passaram e agora a equipe Grand Chase estava mais próxima que nunca de encontrar o tal deserto dos Orcs.

– Eu já confirmei a localização do calabouço de Gorgos também, – notificou Lothos. – felizmente vocês ainda não passaram por ele, que se encontra ao mesmo caminho, o norte, que vocês têm seguido nos últimos tempos.

– Se for só isso, estamos desligando. – falou Elesis, que sabia que estava em terreno inimigo.

Assim foi. Desligando, Elesis afirmou que não aturaria mais aquela demora que vinham enfrentando nos últimos dias. Ou seja, seguiriam viagem sem longas pausas, à exceção das horas de sono.

– Os mais brutos orcs... Aqueles que além de sua pele reforçada e força bruta têm o poder de Cazeaje. Imagino como são.

A imaginação não demorou a ser correspondida. Logo apareceram os temidos orcs e num primeiro momento de intenso combate, Grand Chase já era derrotada.

– Droga, eles vão nos prender? – indagava Arme aflita, segurada por um par de orcs assim como suas colegas. Elesis ria mesmo estando nessa sua situação. Mais uma vez, devia estar achando que tudo seria fácil.

– Isso mesmo, leve-nos diretamente ao seu líder.

Dito e feito. Passada a longa caminha sem um pingo de água ao longo de toda aquela terrível visão seca de deserto, as garotas se cansaram. Mas a espera valeu a pena.

– Você... Você é o tal Lorde Orc!

Elesis estava certa. Aquele orc, mais cabeludo, posudo e carismático que os outros, era o tal líder. Assim como as harpias tinham brilhos verde-esmeraldas em seus olhos, os orcs tinham brilhos roxos-escuros. “Também foram dominados”, concluíram.

– Fale-me de Cazeaje, garotão. – ordenou Elesis, ainda presa pelos braços de orcs.

Nenhuma palavra se seguiu. Julgava-se naquela situação estranho o comportamento silencioso do orc. Elesis agora usava da magia de armazenamento para retornar sua espada à mão que antes estava vazia. Assim começou o embate.

Livrando suas amigas dos respectivos orcs, Elesis se juntou formando um triângulo com as amigas, cada uma de costas para as outras. Os ataques de longo alcance mantiveram a distância esperada, mas nenhum orc morreu ou desmaiou com aquele nível de agressão.

– O que fazemos agora? – imaginava Lire, esperando respostas eficientes por parte de alguma amiga.

– “Vamo” para cima. – sugeriu Elesis. Não que suas amigas se surpreendessem com essa resposta ao estilo dela, mas com a imprudência da amiga feita, tiveram que repetir o ato.

Quanto mais próximos, mais fácil de se derrotar eram os orcs. Contudo, continuava difícil. Arme era quem menos derrotava inimigos e Lire quem menos os acertava. Era estranho para ela acertar ataques de curta distância.

– Petrificar! – ordenou Arme ao encontrar abertura por parte do grandalhão. Dessa vez, diferentemente da anterior (com Wendy), apenas os pés do monstro transformaram-se em pedra. Cada pressão que o Lorde Orc fazia em seus pés criava uma nova rachadura na pedra.

“Como está parado, é minha chance”, pensou Elesis avançando sobre o oponente.

Se libertando da petrificação, o Lorde Orc pegou Elesis pelo pescoço, jogou-a contra o chão erguendo uma cratera. Na tal cratera, acertou seu machado. Assim que acertou, enormes buracos levantaram-se por todo o chão e deles saíram pedaços rígidos de terra que acertaram ambas as amigas. Era a chance dos orcs violentarem ambas de todas as formas que conseguissem.

Elesis estava à beira de perder, mas não poderia acontecer isso.

***

Tudo estava claro como um flash para Elesis. Sua cabeça voltava no tempo.

– Parabéns, você aprendeu o golpe fatal. Agora, Elesis, vou ensinar aquele que será seu trunfo – disse Elscud no momento que Elesis aprendeu seu primeiro ataque especial. Devia seus dois movimentos especiais totalmente ao seu pai, foi ele quem os ensinou.

– Antes de aprender seu trunfo, escute, Elesis. Vou exemplificar. – explicava Elscud dez anos antes. – Pense numa espada. Quanto mais nobre for, maior será seu poder. Imagine que está colocando de pouco em pouco a espada no estômago de seu inimigo. É natural que o estômago seja perfurado em algum momento. Agora, imagine um pedaço de papel. Você coloca ele de pouco em pouco em contato com a pele do seu inimigo. Nada acontece.

– O que você está querendo dizer? – falou a pequena e confusa garotinha dos cabelos ruivos.

– Calma, calma. Eu vou chegar lá. – respondeu seu pai aos risos. – Temos o seguinte cenário: um grande mestre com um papel em suas mãos. Combinando aquilo que chamamos de perícia com o que chamamos de agilidade, aquele simples papel rasgará a pele do inimigo que morrerá muito antes do que morreria tendo um novato perfurando-o com sua espada.

Elesis havia captado a mensagem. Mas o que aquilo tinha a ver com seu novo golpe especial?

– Agora... O que acontece se você tiver a perícia, a velocidade e também o instrumento certo?

– Sou capaz de derrotar qualquer coisa que aparecer na minha frente, certo?

Elscud concordou. Para isso, demonstrou e ensinou rapidamente o passo-a-passo que Elesis treinaria por conta própria durante sua próxima viagem.

Elesis, na torre sombria, teve certeza que morreria e não usaria seu último recurso. Mas seu pai confiou aquele trunfo esperando que salvasse companheiras. Isso significava que deveria usá-lo ali, enfim, e para o propósito certo.

***

“A última vez que nos encontramos, tudo que eu queria mostrar é que eu aprendi o último dos legados que foi passado à sua herdeira, pai. Está na hora de eu mostrar de verdade, e mostrar que sou filha de Elscud Sieghart!”, prometia. “Mostrar-me filha sua. Não é meu único fardo. Eu preciso proteger minha únicas amigas também!”.

Elesis levantou-se. Revigorada, gritou:

– Espada de fogo! – e soltou dois riscos de fogo criados apenas do atrito entre o ar e sua espada. Aquilo era incrível! Não satisfeita em acertá-lo e deixá-lo zonzo, Elesis correu incrivelmente ligeira para trás do Lorde Orc e gritou – Crítico-X!

Aquele poder adaptado da espada de fogo, direcionada esta para cima e enfim cortando com a espada para baixo, derrotou o Lorde Orc assim que o atingiu.

Não mais sob efeito da magia de controle de Cazeaje como denunciavam os olhos, o Lorde Orc deu um último aviso antes de sua morte:

– Pode derrotar a mim, mas não a Cazeaje.

– Engraçado. O Líder Orc que assombrava os arredores de Serdin disse a mesma coisa do senhor. Disse que um Lorde Orc jamais seria derrotado, ainda que eu tivesse derrotado um de seus antigos sub-líderes.

Os olhos do Lorde Orc arregalaram. Estava surpreso, e parecia endeusar Elesis e suas companheiras em sua última visão. Com a magia cessada, todos os orcs que antes tinham os olhos tomados por brilho agora fugiram de medo.

– Eu jurava que os orcs estavam prestes a me comer! – dramatizou Arme agradecendo quem a libertou.

– Vamos – apressou a cavaleira em pose de líder. – ainda hoje chegaremos ao calabouço do Gorgos Vermelho!

A pose de líder e promessa de proteger as amigas eram um fardo. Mas era o que movia sua vida juntamente do fato de que Elscud em breve seria encontrado, se jurasse nunca desistir!