Dita princesa de Calnat, eu, Mari, vivia tranquilamente. Com meus criados aos meus pés vinte e quatro horas por dia e meu pai para governar o reino, nenhum dever eu tinha. Contudo, eu sempre tive muita paixão pela robótica e pela literatura. Nesse caso, mesmo não tendo como dever, estudava-os. O que mais me intrigava? A música. É algo estranho e sem sentido, que talvez tenha algum valor na sociedade, julgando que os outros a elogiam.

Enfim... Essa era eu. Após a guerra robótica de Arquímidia, minhas paixões apenas aumentavam. Eu não conhecia o mundo exterior. Resumindo, esta era eu.

– Filha, Calnat está sendo destruída. – Meu pai gritava. Os criados me protegeram enviando-me na cápsula de proteção a um lugar específico.

Com robôs, calnatianos e incrivelmente Asmodianos (“humanos” de outra dimensão, roxos e endemoniados) lutando naquela guerra, o fim do mundo parecia chegar. Na verdade, era apenas o fim de Calnat, meu reino.

Dio, um asmodiano maluco, ficou de me ajudar assim que me encontrou na cápsula e soube que eu era a princesa. Ambos, Dio e Sieghart, pareciam ter nobres ideais para acabar com aquela guerra ali mesmo. Mesmo conhecendo os dois recentemente, e sabendo que nunca cruzaram o caminho antes e vinham de lugares diferentes, eu tinha alguma esperança, por conta do modo que encaravam aquilo: “Vamos acabar com esta guerra!”.

Foi tudo uma lástima. Confiar nos dois causou uma briga inteira que faria ao longo de anos ambos a se odiarem mais que tudo, mesmo que morassem longe um do outro. Agora como piores inimigos, Dio que derrotou os robôs rebeldes retornou à sua casa. Sieghart, que acabou com aquele que começou a guerra – Bardinar, em busca da imortalidade – quase morreu, levantando dez anos mais tarde com o anúncio de que se tornara imortal.

Essa história se cruzava em vários pontos, era esférica, totalmente incompreensível. Mas foi neste dia que o pouco que tinha de sentimento em mim morreu. Eu perdi todas minhas memórias – inclusive de que era a princesa da destruída Calnat, o reino da longevidade.

Apenas calnatianos viviam tanto quanto asmoadianos. Mas todos estes tipos de criaturas retornaram ao seu devido lugar naquele “dia da destruição”, ou “a guerra de um dia”.

– Sua mente realmente é perturbada para narrar tudo o que vê assim, mas sim Mari... Este foi seu passado. – o ilusionista mostrou. – Sente-se preparada para os problemas agora que tudo foi revelado? Pois bem, vamos começar agora.