Grand Chase Heroes escrita por Extase


Capítulo 5
Capítulo 4 - A Torre Sombria


Notas iniciais do capítulo

Enfim a Grand Chase trabalha como uma equipe. O caminho pela torre sombria não será fácil, mas assim que o grupo completar essa etapa, a verdadeira aventura começará.



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Por que estamos justamente aqui, e tão cedo? – bufou Arme.

A maga parecia ter se lembrado de alguma coisa. Tirou, então, um objeto circular do bolso.

– Isso é... – começou Elesis, lembrando-se.

Aquele era o projetor holográfico da comandante Lothos. Assim que Arme o tirou, a imagem mais uma vez apareceu.

– Devem estar se perguntando porque as trouxe aqui hoje. Vou cortar rodeios. Em suma, vocês têm um importante trabalho de sobrevivência, sem nenhum detalhe a acrescentar. – e desapareceu do projetor.

– Ela simplesmente não revelou nada. – concluiu Lire.

– “Torre Sombria”? Esse lugar me dá medo.

– Venham, ou vou deixar vocês para trás. – provocou Elesis. As garotas a seguiram.

A caminhada foi intensa. A escadaria circular da torre não tinha fim. Era mesmo de se espantar que a torre cruzasse o céu!

– Então quer dizer que você usa um simples cetro, Arme. – brincou Elesis, mais para puxar papo do que por provocação – e Lire tem habilidades no manejo de arcos!

– E você aí, que é uma mera espadachim! – argumentou Arme, virando o rosto para evitar Elesis.

– Mera espadachim? Hehe, eu sou uma grande cavaleira, isso sim. Não que eu esteja me superestimando, mas certa vez eu provei que magos são apenas brinquedinhos. Nós é que decidimos o fim que daremos a eles.

– Engraçado, ainda mais vindo dessa espadachim-macho que é você.

– Mantenham o foco! – gritou Lire, apontando para o buraco que encontrava-se à frente. Cada uma deu seu pulinho, e logo voltaram a se cutucar.

– São fracotes sim, os magos. Nem mesmo um esquadrão de Gorgos reforçando os magos foi capaz de deter uma única cavaleira jovem, que fui eu.

Iniciando agora a plataforma horizontal onde chegaram, ao topo da torre, Elesis notou que o térreo estava tão longe que não era possível enxergá-lo. Para sua sorte, uma parede começava pouquinho a frente, e a partir dali as garotas não teriam mais a terrível visão da altura em que se encontravam.

– Espera aí, você está me dizendo... – começou Arme, tremulante – que você foi a cavaleira que destruiu a barreira mágica e contornou nosso ataque massivo àquele dia?

Arme chorava e recuava. Estava com muito medo.

– “Nosso ataque massivo”? – indagou Elesis. – então você era mais uma das magas que estavam lá?

A maga violeta forçava ao máximo o choro para dentro. Queria enxergar cada detalhe da cavaleira no momento que a matasse, sem lágrimas para embaçar sua visão. Levou o cetro à mão esquerda e a mão direita, que antes o segurava, fez um movimento rápido agarrando a parte superior da camisa de Elesis, sem gola, e agora que tinha a garota em suas mãos, jogou-a contra a parede, sem soltá-la.

– O que isso significa, criança? – proferiu Elesis, impaciente, cuspindo na cara da colega.

– Não importa se você é Elesis Sieghart ou uma maluquinha qualquer, você precisa morrer agora.

Lire não fazia nada. Acanhada em seu canto, roía as unhas nervosa sem tomar parte na briga.

– Eu também não me importo com quem sou. – confessou Elesis. – mas nem por isso vou perder para uma maga em combate corporal!

Cheia de energia, Elesis pegou suas duas mãos e as colocou junto da mão direita de Arme. Girando cento e oitenta graus, entortou a mão que antes segurava seu pescoço.

“Ela realmente é forte”, foi tudo o que apareceu na cabeça de Arme. Enquanto pensava, uma dor forte tomava conta. “Só há uma alternativa”.

Escudo-mágico!

Assim que ordenado, Arme ficou envoltada por um escudo verde com escrituras mágicas. Essa devia ser sua especialidade. Só agora Elesis se tocou que Arme deveria ter sido a garota que ficava guardada pelos magos ofensivos dias antes, no embate. Se recordava, de fato, que apenas uma garota sob forte proteção era quem providenciava escudos-mágicos aos companheiros.

– Isso não vai me deter, – sabia Elesis, que acabou com escudos-mágicos em poucos ataques na última vez que presenciou aquilo.

Arme ignorou isso. Saiu correndo e atirando bolas de fogo da ponta de seu cetro. Era aliviante poder dizer que, diferentemente de vários magos que conhecera, Arme podia jogar apenas uma bola de fogo cada vez, com grande intervalo para poder repetir. Dessa forma, era muito fácil escapar delas.

– Se meu pai me ensinou o que é força bruta, Gerard me ensinou o que é velocidade. Engula isso!

A habitual provocação não era sem fundamento. A garota correu tanto, ainda que carregasse muito peso, até que alcançou Arme e a imobilizou no chão, deixando ambas as amigas amedrontadas.

– E agora, ainda quer tentar a sorte? – resmungou.

Arme levantou-se e saiu correndo. A tensão do momento era forte.

– Espero que ela esteja feliz por isso, – ironizou a cavaleira, agora focada em Lire. – e você, vai desistir também?

– Elesis... – sussurrou sem forças a arqueira, sem transmitir a mínima confiança. Elesis se sentiu abandonada, e seguiu em frente sem proferir uma única palavra. Lire agachou-se no chão aos lamentos assistindo cada colega de equipe partir a um lado distinto.

Não havia tempo para brincar. Passando pelo pequeno pedaço de sentimento que havia criado, Elesis aquietou-se mantendo a calma e cessando pensamentos que poderiam deixá-la distraída.

Logo à frente, um gigante buraco. Elesis correu com tudo, saltou e girou a espada até fincá-la na parte superior da parede do buraco e saltar novamente, podendo seguir sem cair.

Logo depois passou por um lugar de onde várias flechas iam e vinham de muitos buracos em enorme frequência. Mas permanecia em pé.

Armadilhas, ilusões, ataques que não se sabia de onde vinham. Tudo somava-se.

– Ah, tá brincando! – notou Elesis. Ela estava novamente ao lado da escadaria circular da torre. Como podia estar andando em círculos... ou melhor, ciclos... se estava em um corredor de sentido único?

Quando parava para descansar, um gigante tronco de árvore aparecia para acertá-la. Se não se abaixasse e continuasse a se movimentar, ou ela seria atingida pela árvore e cairia da torre, ou ela seria obrigada a desviar de vários outros troncos.

– Eu não posso desistir, mas o que diabos está rolando por aqui? – explodiu, tempos depois.

– Parece que você está cansada o suficiente. – falou uma voz. Elesis reconhecia, mas não sabia de onde.

O tal ponto onde tudo voltava ao começo agora dava acesso a um novo lugar.

– Quatro ciclos do corredor. Você é bem resistente. – Continuava a voz. – No entanto, está em seu limite. Por isso, vou deixá-la ver Wendy.

“Wendy?”, imaginou Elesis enquanto andava rumo ao local que abriu-se. No fim das contas, Wendy era o objetivo. E obviamente era aquele monstro feroz que estava à sua frente.

– Deixa só eu te mostrar quem eu sou, seu monstrengo! – riu Elesis avançando.

***

– Arme, espera! – correu Lire desesperada, no momento que Elesis tinha deixado elas para trás. – eu disse para esperar!

A arqueira e a maga correram por tudo na gigante e cansativa escadaria de pedra da Torre Sombria.

– Aí está você. – tranquilizou-se Lire ao alcançar e manter o ritmo dos passos de Arme. – por favor, Arme, releve. Nós vamos precisar da Elesis. Além disso, qual era mesmo o seu sonho? Aquilo lá tinha fundamento, ou era só papo?

Arme sabia do que ela estava falando. Lembrou-se da conversa que teve, enquanto ambas estavam cegas, no rancho misterioso.

– Aquilo não me convém. Não quando tenho que dividir uma equipe com Elesis Sieghart. – respondeu aflita. Ainda chorava demais.

– Ei, espere. – gritou Lire. Arme apressava o passo, e ela teria de fazer o mesmo.

– Ah! – berrava Arme, sem pausas. Seu “ah” já estava estourando o tímpano de Lire, quando ela decidiu falar:

– Fica quieta, você não está caindo.

É, era bem isso que aconteceu. As lágrimas de Arme embaçaram sua visão ao ponto de ela não notar o buraco e cair. Lire chegou felizmente a tempo de salvá-la pegando pelas mãos – e em toda a tensão, a maga nem notou.

– Por favor, me salve. – suplicou a garota. – eu te dou o que quiser, depois!

– Eu não quero nada, só mantenha firme! – mais mandou do que pediu.

“Que falta faz a Elesis”, notou Lire. “Em um instante ela puxaria nós duas juntas”.

– Agora eu tenho que concordar. Mas deixe de pensar nisso. Notar a falta da Elesis não vai trazê-la de volta! – botou Arme para fora o que estava preso em sua garganta. – Só puxe!

– Ei, isso lá é hora de ativar magia leitora de mentes? – reparou Lire, achando a atitude medonha. Puxava com toda sua força, mas não parecia ser suficiente. Ela não era forte, tinha que concordar. E agora, o que faria?

Lire puxou por fim o quanto faltava do corpo de Arme com muito esforço, e ambas sentaram cansadas nas escadas.

– Obrigada, Lire. – agradeceu Arme de coração. – o que eu seria sem você?

– Sem eu e a Elesis, certo? – indagou. Arme desviou o olhar, uma lágrima escorreu, e por fim ela assentiu.

– Já não está na hora de procurarmos ela? – indagou Lire.

– Não, não. – desapontou-se Arme. – Ela não nos aceitaria de volta. Hm... Mesmo assim... Tenho algo a te perguntar.

– Pois não? – falou curiosa.

Arme hesitou por um momento. Logo prosseguiu:

– Você esteve do lado de Elesis na briga que eu tive com ela, ainda que não tenha defendido ela. Contudo, seu coração acreditava mais nela do que em mim. O que a fez escolher a mim para perseguir?

– Só agora estou percebendo, Arme, que estamos ligadas por um laço mais forte que o destino. E se você está disposta a perseguir seu sonho dando o seu máximo, sem desistir, eu hei de mantê-la na linha, com a ajuda de Elesis. Aquele que chora pelos seus companheiros é dito fraco, mas o mais fraco é aquele que desiste de seu companheiro preso à memórias passadas.

Arme arregalou o olho. Lire tinha razão. Não era pelo fato de Elesis ter matado alguns dos guerreiros de seu reino que deveria desistir de dividir um grupo com ela, certo? As intenções da cavaleira, afinal, eram boas. Talvez o maior erro sempre tivesse sido seu próprio "eu", e agora precisaria contornar compensando cada erro passado. Do mesmo jeito, honraria suas palavras, que uma vez foram abandonadas.

– Vamos, Lire. Temos uma amiga a salvar!

Lire sorriu e entendeu o real motivo de ter escolhido a ela, e não a quem de fato merecia sua ajuda. Aquilo possibilitou que uma ajuda se transformasse em duas ajudas.

***

Elesis poderia cair a qualquer momento. Estava ofegante, suada, seus músculos não funcionavam mais e suas costas doíam. A feroz Wendy, a compensar, estava inteira. Provavelmente o segredo seria acertá-la, pois parecia ser fraca do jeito que se morre em um único ataque. Mas como poderia acertar tendo todos seus movimentos previstos?

As garras. O grande tamanho. A força. Os chifres. Wendy era um monstro de verdade!

Elesis não era do tipo que desistia fácil, mas seu corpo, que antes se mexia mesmo sem ser sentido, por total força de vontade, agora cedeu. Cambaleante e prestes a cair, Elesis fechou os olhos vendo como última cena as garras daquele terrível bicho apontadas para si.

Agora, Elesis, vou ensinar aquele que será seu trunfo” , recordava a ruiva. Aquelas palavras do seu pai não serviram para nada. Muito pelo contrário. Morreria cedo como sua mãe, sem honrar as poderosas técnicas que seu pai ensinou, esperando que fossem úteis. “Aqui acaba para mim, papai”.

Seus olhos abriram repentinamente. Wendy colocava as mãos sobre a cabeça, protegendo-a. A pressão da flecha que a acertou foi tamanha, que Wendy deslocou-se vários metros pelo chão. Era Lire quem estava ali.

Wendy sequer notou, mas alguém com poderes grandes o suficiente para teletransportar-se alguns metros sem nenhum equipamento, chegou agora por trás.

Petrificar. – ordenou Arme, transformando Wendy em pedra.

– Arme, o que faz aqui? – questionou Elesis, mais uma vez em pé e cambaleante.

Arme sorriu e indicou com a mão que a estátua era toda sua: Elesis quebraria a estátua partindo em duas com sua espada, mas a pedra simplesmente sumiu.

Ali apareceu mais uma vez a projeção holográfica de Lothos, que mais uma vez parabenizou às garotas pelo excelente esforço. Elesis se concentrou na voz da comandante. Sabia agora que aquela que falou mais cedo ao fim do corredor era Lothos!

– Wendy é uma boa criatura, trazida para testar vocês. A torre sombria é o pior lugar para se aventurar, e o trabalho em equipe é essencial. Esse foi o último teste, e vocês passaram. O segredo é que Wendy é capaz de prever todos os ataques de uma única pessoa. Mas a partir do momento que uma segunda pessoa aparece, ela fica confusa e dividida ao ponto de ser acertada e perder a luta.

Wendy, agora não mais petrificada, voltou a aparecer no campo de visão das garotas, cumprimentando-as e entregando seus distintivos oficiais de membro da Grand Chase.

“Os testes de Lothos sempre tem um motivo especial”, percebeu Arme. “Quem sabe, isso realmente seja mais forte que o destino”.

– Como este é o último teste, será também o último aparelho de teletransporte que vocês poderão pegar. – avisou Lothos. – A partir daqui, vocês apenas pisarão em terreno inimigo. Mas para isso, vocês três têm direito a um último dia de descanso na base. Passado isso, vocês terão uma rota a percorrer, com tudo especificado. Os detalhes serão dados na base.

***

Elesis visitou sua colega maga no quarto d'ela antes de dormir. Lire também estava lá.

– Ahn... Obrigada, pelo que aconteceu mais cedo.

– Não há de que, é para isso que servem as amigas.

Aquela foi a primeira vez que Elesis foi chamada de amiga. Sensação estranha, essa, não concordam?

– Afinal, por que você fica carregando essa caixa gigante por aí? Está até ficando corcunda!

– Ah, é muito importante para mim.

– Seja o que for, vou fazer a magia de armazenamento. – ajudou a maga. – no momento que precisar, ela virá até você.

E assim foi. Elesis agradeceu profundamente, assim que estivesse descansada, estaria com seus movimentos de volta ao normal, sem ter que carregar a gigante caixa que Phil a entregara.

– Posso perguntar uma coisa? – manifestou-se Lire, como dificilmente fazia. – Por que você entrou para a Grand Chase, Elesis?

Elesis respondeu que buscava um caminho seguro apenas, sem mencionar seu pai. Seria frustrante contar toda a sua história às amigas daquele jeito.

Como resposta a isso, Lire contou que o elfo ancião profetizou que ela deveria entrar à Grand Chase, e que Arme buscava a paz sem ter que agir por um dos lados. “Mas foi o que você fez quando lutou por Serdin”, Elesis notou. Como resposta, soube que sua amiga nunca quis aquilo. O real motivo de ter lutado foi por suas colegas da antiga academia de magia dela, que lutavam ali. Mesmo assim, somente agora Arme estava plenamente confiante em ignorar ambos os lados e partir em busca do fim da guerra.

Para completar Lire contou que os elfos, que não tinham nada a ver com a guerra, foram atacados por monstros possuídos. Por isso, aliaram-se à Serdin, mas foi tudo uma armação. Assim, Lire reuniu poucos arqueiros e os juntou para ajudar Canaban até o momento que a guerra estivesse estabilizada, sem um vencedor.

Foi exatamente por isso que Elesis tinha notado que as flechas eram atiradas de ambos os lados quando voava controlando o Gorgos, meses antes. Ou seja, os elfos estavam divididos por conta de alguém que os instigou a fazer parte da guerra.

No fundo, não existia ali Canaban, Serdin, nem mesmo a ilha Eryuell dos elfos. Ali existiam apenas vítimas, dispostas a dar um fim a tudo, baseadas em sua totalidade apenas na força de vontade e no trabalho em equipe. Foi assim que Elesis conseguiu suas primeiras amigas. Assim que Lire aprendeu o que era ter em quem confiar. Assim que Arme descobriu que poderia ter um futuro melhor. Assim que as três notaram que enfim Grand Chase passava sua primeira lição, a amizade.


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Notas finais do capítulo

A imagem foi retirada do acervo da KOG' Studios. Não sou o autor dela.



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