Elesis corria à velocidade máxima. Enfim entraria no Castelo de Cazeaje. Todos seus últimos meses tinham aquele objetivo. Os laços que não gostaria de criar, as dores que compartilhou com as amigas. Os dois amigos que se juntaram mais tarde. Tudo aconteceu apenas para chegar ali.

– É agora. Vamos entrar.

Assim que o portão do castelo de Cazeaje foi aberto, no entanto, as garotas sumiram. Sabe-se lá como, foram parar em um lugar totalmente diferente, um portal de entrada cujo mapa de Ellia tapava.

– Eu não sou uma expert como Arme nisso, mas... – Lire arriscou. – Parece que esse mapa é um selo mágico. Não podemos passar dele enquanto não conseguirmos remover o selo.

– Foi realmente um erro a única maga ficar para trás. – Ryan lamentou.

– Arme... Arme nunca mente. Se ela queria que fosse assim, ela sabia que acharíamos uma resposta para isso também. – Elesis colocou os amigos para cima, deu-lhes uma amostra de que acreditava em tais.

“Arme sempre falava que cada peça da comandante Lothos tinha seu significado, e lógica como ela só, cada vez mais acredito que Arme está se espelhando nela para criar cenários. Realmente acredito que ela esperava um portal selado à entrada, e sabia que iríamos passar por ele. A questão é: de que maneira?”.

– Vocês chegaram. – falou uma voz sinistra, muito mais grave e assustadora do que aquela de mais cedo que estava impregnada de maldade, dita por Arme pertencer a Cazeaje.

De certa forma, a maldade também estava muito clara na voz de Gadosen. Ele e Cazeaje até hoje eram as únicas criaturas que ao mero “falar” transpassaram tamanho desconforto.

– Que coisa demoníaca é essa! – Elesis se surpreendeu, sabendo que era diferente de tudo que já presenciou.

– Gadosen, o demônio que sugou todo o inferno de uma única vez, sendo condenado a prisão mental, pela mais sagrada magia da ordem dos feiticeiros. – Ryan contou. – Ele não devia estar consciente, muito menos em um lugar como esse.

– E agora que sabemos que está, o que mais assusta é o fato de ele proteger a entrada de Cazeaje. Até mesmo ele está sendo controlado?

Elesis sabia que Gadosen era poderoso. Era mesmo de se estranhar ele proteger alguém de seu nível, como Cazeaje.

– Eu jamais sou controlado, garota. Eu apenas fui livrado por Cazeaje, e tenho uma dívida com ela. Se eu derrotá-las, essa dívida chegará ao fim.

Também não podia se dizer que Gadosen parecia ser aquele tipo de criatura que gosta de cumprir suas dívidas. “Qual era a real razão de ele estar ali?”, intrigavam-se.

Com sua amedrontadora voz, Gadosen avançou em uma velocidade tão alta, que somente Elesis pôde acompanhar. Para um demônio usuário de magia, ele parecia ser dotado de muita força e resistência corpórea. Elesis escapou da espada dele por tão pouco!

– Me atacando desse jeito? Acho que você já notou que sou a mais rápida, dentre todos da Grand Chase. Contudo, não há problema. Mesmo que você foque seu ataque em mim, sei que Ryan conseguirá quebrar suas defesas, e Lire o acertará em qualquer condição que você se encontre.

Gadosen interpretou como provocação. Sabia que se focasse em Elesis ele venceria facilmente.

– Meteor'o! – falou Gadosen, com sua voz estranha abafando a útima letra. Quatro marcações pelo atual campo de batalha apareceram.

– Isso é? – Elesis ia arriscar, quando Lire avisou rapidamente:

– São as marcações dos meteoros. Desvie as marcações!

Elesis pulou fugindo do meteoro. Ele caiu completamente na vertical, diferentemente dos meteoros presenciados até ali que tinham uma rota meio indefinida (quase sempre na diagonal). O baque ainda encheu a área da magia de fogo. Quem pisasse ali queimaria (ainda mais do que já haviam queimado após a luta de Patusei) os pés.

“À direita, à frente, à esquerda, por trás. Todos ficamos rodeados por chamas”. Lire reparou. Ainda que separados, não havia nenhum ponto de fuga para nenhum deles!

– Se liga que agora eu tô de armadura! – Elesis falou, protegendo-se do fogo agora que já evitou a explosão por conta de sua pesada roupa metálica.

Elesis deu um corte, Gadosen evitou aos recuos, deu outro, evitou novamente. Elesis pulou. Colocou sua espada o mais perto possível de suas costas e em um segundo recolocou à sua frente, dando um corte rápido. Ela acertara Gadosen!

– Você é uma defelha muito intrometida para chegar ao ponto de me acertar, – Gadosen falou com raiva, mas não expressando dor alguma. – por isso, você será a primeira a sacrificar-se pelo ritual.

Enquanto Elesis repetia o ato dos amigos de tapar os olhos com o braço, para evitar contato direto com aquela luz roxa, Ryan começava a falar com Lire:

– Alguma ideia?

– Nenhuma, e você? – Lire jogou nas costas do companheiro.

– Uma. Mas está totalmente fora de questão. Se eu aderir à ideia, não vou entrar no castelo de Cazeaje com nem metade de minhas forças.

A luz cessou, dando início ao tal ritual de Gadosen. Escritas voavam para todo lado e o chão também estava marcado com elas. Era outro tipo de escrita. Língua Mágica? Possivelmente.

Elesis se separou em duas. Uma, semi-transparente, voava para as mãos de Gadosen. A outra, normal, tentava avançar sem sucesso.

– Foi mal, mas, eu vou mesmo arriscar minha única ideia. – Ryan falou para Lire, preocupado mesmo com ela que parecia segura ali. Com Elesis, que não imaginava o que aconteceria, Ryan estava tão preocupado que nem pôde se segurar. Já estava em forma de lobo.

O lobo criava chamas por onde passava, e sua pelagem sobrevivia a elas. Ryan pôde avançar sem problemas. A Elesis transparente estava chegando às mãos do demônio quando Ryan cortou-a.

A mão recém-cortada de Gadosen se regenerou e os traços de Elesis retornaram para ela.

– Obrigada, Ryan. Agora eu tenho certeza... Aquilo era minha alma!

– Nesse caso, – Ryan perguntaria, agora que viu que aquele corte do seu machado (ou o que restou dele após a colisão com o pêndulo de Kamiki) não fez nenhum estrago, quando normalmente abriria o estômago ao atingir o corpo daquela forma. – Se o primeiro corte rasgou a mão, mas o segundo não fez nada, a opção que temos para derrotá-lo...

– Entendeu, não foi? – Elesis perguntou. Isso significava que ela dava razão à lógica de Ryan.

Os dois guerreiros de curta distância já haviam recuado um pouco quando Gadosen ameaçou acertá-los novamente. Pequenas esferas negras os acertariam, mas, antes que pudessem tentar se defenderem por conta próprias flechas colidiram no mesmo espaço e as esferas se quebraram. Após fazer Lire isso, ela notava que as chamas estavam sumindo e que em poucos segundos poderia voltar a andar.

Elesis agradeceu num gesto e partiu diretamente, acompanhando o passo de Ryan, para acertar Gadosen de perto.

Gadosen segurou ambos com suas mãos, pegando-os pela cintura. Do meio de seu corpo saía uma terceira mão.

Elesis e Ryan sabiam que se ele os pegou pela cintura, e não pelos braços, poderiam continuar atacando com suas armas. Era a oportunidade perfeita, e valeu o risco por avançarem para perto daquele demônio!

Um com o machado, outra com sua espada, cortaram as mãos do Gadosen, que se chocou com o chão regenerando novas partes e ainda que os dois guerreiros caíssem totalmente, juntaram seus chutes criando um golpe que forçou a terceira mão, que começou a seguir Lire, a subir e atingir o próprio peito.

Tudo ocorreu em uma fração de segundo e com a terceira mão agarrada ao próprio peito Elesis mais uma vez teve certeza que ao pegá-la e pegar Ryan, ele tentava sugar suas almas. Contudo, a terceira mão foi o que o matou.

– Como você imaginava, nós só podemos ferir a mão dele, e suas áreas fatais têm uma proteção incrível. No caso, ele teria que acertar o próprio golpe se fosse para ser morto.

Elesis e Ryan bateram com as mãos. Lire chegou. Imediatamente, o mapa acima do portal do Castelo de Cazeaje brilhou mais forte e a porta abriu lentamente. Antes do fechamento completo, no entanto, outra coisa aconteceu.

– Arme, é você! – Lire abraçou. Arme perdeu o fôlego.