A Princesa E O Alienígena escrita por Beto El


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

E aí, galera? Desculpem a demora, mas segue outro capítulo, inteiramente no POV da Diana.



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Há dois meses estou vivendo no Patriarcado.

Até agora, tenho me adaptado muito bem, em grande parte graças à minha irmã Samantha. Ela me ajudou a adquirir vestimentas adequadas a esta sociedade (apesar de que ainda prefiro o conforto das minhas túnicas), ajudou-me a 'descolar', como ela costuma dizer, um emprego como garçonete em uma lanchonete próxima de nossa residência, além de me apresentar outras irmãs que são muito agradáveis.

Meu alter-ego Mulher-Maravilha também está indo bem. Eu consegui entregar à justiça 297 arruaceiros, que vão desde trombadinhas até chefões do crime organizado. Não vou mentir, sinto-me muito bem por fazer essas ações, e, devo admitir, os efeitos colaterais também são muito agradáveis. Receber elogios (ainda que muitas vezes direcionados ao meu corpo) de crianças, idosos e transeuntes é muito gratificante, e me dá ainda mais vontade de continuar fazendo o que faço.

No último mês, ganhei um companheiro de luta. Ele é tão rápido quanto Mercúrio, e veste um uniforme vermelho, trata-se do Flash. Lutei ao lado dele algumas vezes, é uma ótima pessoa.

Adotei o nome civil de Diana Prince, Steve me ajudou com os trâmites burocráticos.

A única coisa que ainda não entendo muito bem é esse relacionamento entre homens e mulheres, algumas vezes entre homens e homens, algumas entre mulheres e mulheres, outras entre seres que mal consigo distinguir o sexo... Isso é muito estranho, sempre fui criada com a ideia de que os homens eram perversos, e, consequentemente, raramente nossas irmãs tinham relacionamentos, à exceção de alguns esporádicos com deuses sedentos por uma companhia. Tanto que eu sou filha de Zeus... Mas nem por isso minhas irmãs ficavam cruzando línguas umas com as outras como o povo daqui faz.

Aliás, estou neste momento assistindo a uma série chamada Pretty Little Liars, onde está acontecendo exatamente isso neste momento... Uma moça loira está encostando seus lábios em outra moça, só que morena. É... estranho. Mas tenho de me adaptar, correto?

Eu nunca fiz isso, seja com um homem, seja com uma mulher. Samantha tenta me persuadir a fazê-lo, mas... Não sei, não.

Olho para o relógio. São 18:00 e hoje é sábado, já cumpri meu turno na lanchonete na manhã. Está tudo calmo, então a Mulher-Maravilha não se torna necessária. Pelo visto terei uma noite tranquila.

De repente, a porta se abre e Samantha, com toda a sua loirice, vem por ela, rebolando exageradamente, como ela sempre faz. É minha melhor amiga daqui, ela me lembra um pouco Elysia.

– Oi, Di!

Ela se aproxima de mim e me beija entusiasticamente na bochecha. O cumprimento na bochecha por esta sociedade é considerado um sinal de intimidade, mas sem interesses sexuais por trás, ao menos, na maioria das vezes. Não sei por que eu citei isso, você provavelmente já sabia...

– Olá, Samantha.

A loira coloca as mãos na cintura, abaixando-se um pouco e fazendo cara de indignada.

– Eu já disse, Di, me chama de Sam... somos BFFs, não é?

São muitas coisas para se lembrar... O que é BFF mesmo? Ah, Best Friends Forever... Oh, Zeus...

– Okay, Sam.

Sam se senta ao meu lado, e pede minha atenção. Ela parece bem empolgada, estou curiosa para saber do que se trata.

– Di, hoje você já trabalhou, né? - eu assinto com minha cabeça – Você acha que vai precisar sair como a MM?

– Er... É difícil responder, mas creio que não, sinto que as coisas estão calmas.

– Então... - ela se aproxima mais, seus olhos brilham. Eu já conheço esse comportamento, ela está empolgada com algo – Você está convocada pra ir na balada comigo!

– Balada? O que é isso?

– Dançar, beber, conversar com uns gatinhos e quem sabe trocar uns beijinhos... É isso, baby. Diversão.

Olho para ela com minhas sobrancelhas arqueadas e com cara de confusa.

– Ah, eu não sei... Ainda não sinto que estou preparada para me relacionar com alguém do Patriarcado.

– Diana, larga a mão de ser careta! - Ela me puxa do confortável sofá, nos levando até o quarto dela – Beijar não é ter relacionamento... E eu não aceito um 'não' como resposta, já são dois meses que você vive comigo, nós vamos cair na balada hoje! Vou até escolher um vestidinho pra você arrasar na pista!

Dito isso, a loira me faz sentar na cama dela, sai do quarto e em poucos instantes volta com as mãos cheias de algumas vestimentas que havíamos comprado previamente para mim. Algumas foram totalmente escolhidas por ela, realmente não me agradaram... E tenho a inquietadora impressão que justamente essas serão as escolhidas por Samantha.

Alguns momentos angustiantes se passam, enquanto minha amiga escolhe a melhor vestimenta para mim. Aproveito para observar uma vez mais o quarto de Samantha; as cores das paredes são sóbrias, num tom esverdeado bastante agradável. O resto, entretanto... Samantha é bastante... como posso dizer... bagunceira. A cama dela nunca está arrumada, peças de roupas íntimas estão jogadas pelo chão e pela... como é mesmo o nome disso? Ah, penteadeira. Várias roupas e sapatos estão jogados pelo chão, como você pode imaginar, trata-se de um caos.

Interrompendo-me de meus devaneios, Samantha pega pelas pontas um vestido vermelho curto.

– Não, eu não vou mostrar minhas pernas! Eu já recusei uma versão anterior do uniforme da Mulher-Maravilha por ele ser um biquíni, agora na minha identidade civil terei de usar isso? Não e não!

– Sim e sim! Você tem lindas pernas, é um pecado não mostrar isso!

– Samantha... - eu chamo o nome dela apertando minha têmpora, essa conversa está me tirando do sério.

– Se você for... - ela me diz olhando nos olhos – Eu te levo no domingo àquela sorveteria que você adora.

Você não tem ideia de como gosto de sorvete... Eu diria que é a coisa mais gostosa que experimentei desde que me dou como gente. Eu olho para baixo, pensativa.

– Eu... vou...

– Ieeeiii!!! Até que enfim consegui te convencer! Hoje vamos pra balada, amor... - ela exclama, dando uns pulinhos que, sinceramente, não me agradam muito...

O que se segue depois disso é a chamada 'sessão de beleza' da Sam. Depois de tomarmos um banho, ela me leva até seu quarto e, na frente da penteadeira, começa a passar no meu rosto e lábios algumas tinturas que aqui chamam de 'maquiagem'. A coisa vai a um ponto em que ela passa até um pigmento negro nos meus olhos, deixando meus cílios mais ressaltados. Meus lábios estão numa cor vermelha, muito chamativa... Porém, admito que pareço mais bela assim.

Depois, Samantha passa uma escova nos meus cabelos, que estão um pouco emaranhados, depois de tomar banho. Mesmo sendo uma guerreira amazona, sendo inexorável sentir dor, devo confessar... isso dói muito!

– Ahhh! Cuidado, Sam, isso dói... - eu reclamo após uma puxada mais forte.

– Calma, Di... Eu preciso desfazer esse emaranhado. Mas, meu Deus, não canso de te dizer: que cabelo lindo que você tem... Suas irmãs também são abençoadas desse jeito?

– Ahh! - outra puxada forte – Algumas, sim. Outras optam por raspar a cabeça. Dizem que um cabelo longo atrapalha no calor de uma batalha.

– Que desperdício... Ainda não consigo entender essa vida de vocês... Tá certo, eu era brigona quando era adolescente, mas, sinceramente...

De repente, sinto minha amiga suspirar. Imagino que ela tenha se lembrado de algo.

– O que foi, Samantha?

Ela abaixa seu olhar, me transmitindo uma sensação de tristeza.

– Eu... conhecia um carinha... - ela sorriu levemente. Provavelmente essa pessoa era importante para ela - Um garoto que eu atormentava muito, mas, no fundo, adorava ele... Namoramos um pouco, mas, depois que fizemos 18, nunca mais o vi...

– Bom, irmã... - eu coloquei minha mão sobre o ombro dela, fitando-a com compaixão - Quem sabe hoje, nesta... ‘balada’... você não encontre alguém?

Ela sorri de volta para mim e me abraça. Ainda não consegui me acostumar com esses gestos dela, mas, depois de alguns segundos, eu consigo retribuir.

– Okay, grega... agora vamos terminar essa montagem!

Enquanto saio dessa... biga motorizada de quatro rodas que os homens chamam de ‘automóvel’, puxo para baixo a parte de baixo desse maldito vestido (http://www.girlsgopublic.com/wp-content/uploads/2012/04/1070Red_MED.jpg) que a Sam me fez usar. Que coisa desconfortável, o tecido fica grudado no meu corpo (eu sei, o uniforme da Mulher Maravilha também, mas garanto que é muito mais confortável do que isto!) e toda a vez que eu sento esta, esta... indecência fica subindo, me obrigando a abaixá-la a todo o momento... e esta, como se diz... calcinha! Samantha me fez usar uma minúscula, que fica entrando entre as minhas nádegas, que sensação horrível! Estou me esforçando para não arrancar esta coisa...

Sam e eu chegamos à tal danceteria. Há uma grande fila com umas cem pessoas esperando, e, no começo dela, há um homem grande e largo, de aproximadamente 1,90m de altura. Olhando de longe, parece que ele seleciona quem vai entrar ou não no lugar, julgando a beleza da pessoa. Sinto-me um pouco enojada por essa atitutde.

– Relaxa, Di. Nós duas somos gostosas, ele não vai nos barrar.

– Tal fato não ameniza o que fazem aqui. Isso é discriminação...

– O mundo é injusto, Diana...

A fila andou e, como Sam havia adiantado, fomos liberadas sem maiores constrangimentos. Agora que estou dentro desse estabelecimento, encontro-me um pouco desorientada. O local é pouco iluminado, quero dizer, é iluminado, mas por luzes multicoloridas que piscam intermitentemente que me dão dor de cabeça. O cheiro da fumaça desses malditos cigarros empesteia o lugar, e isso, combinado com a sensação que calor úmido vindo do suor dos vários jovens dançando sob um frenesi causado pela altíssima música que me machuca os tímpanos me causa uma sensação claustrofóbica.

– Vamos, Di, vamos pra pista!

Mal ouço Samantha, que me puxa para o meio da multidão dançando. Eu tento emular os movimentos dos outros, mas não sei se estou sendo feliz nesse intento, sinto-me patética. O máximo que eu fazia com minhas irmãs eram algumas danças rituais ancestrais...

Depois de algum tempo dançando, vamos para um balcão apinhado de gente, onde servem bebidas alcoólicas. Samantha pede alguma coisa para ela. Para mim, uma tal de tequila... Eu bebo em um gole, e o líquido desce rasgando minha garganta.

– Menina, não é assim, é de golinhos...

Continuamos bebendo e sinto que Samantha começou a ter suas percepções alteradas. Ela ri mais, fica mais desinibida. Também sinto alguns efeitos, mas imagino que minha fisiologia diferenciada não me permita ficar tão alegre quanto os outros...

Sam acaba me deixando sozinha, indo conversar empolgadamente com um rapaz de nossa idade, de cabelos morenos. Ele é atraente. Ela até o abraça antes mesmo de cumprimentá-lo. Poderia ser um conhecido dela?

Enquanto continuo bebericando outros tipos de bebidas, meus treinados olhos me alertam que um rapaz de cabelos raspados está me observando. Hum, pelo que fui instruída, ele está claramente me flertando, pois seus olhos percorrem minhas pernas, meu busto e em menor quantidade meu rosto.

Depois de algum tempo, ele se aproxima de mim.

– Olá...

– Hã... olá.

Ele tem um rosto bonito, másculo, com a barba levemente por fazer. Seu olhar é penetrante, e ele sorri discretamente enquanto fala comigo.

– Meu nome é Ian, e você?

– Diana.

– Que nome bonito.

Eu nunca fui alvo de um flerte antes... sinto meu rosto arder de vergonha, e procuro desesperadamente pelo auxílio da minha amiga, que está se beijando com aquele rapaz que ela abraçara. Por um momento, ela separa seus lábios dos dele e olha para mim, fazendo sinal para eu ir em frente.

Bem, que seja. Diana jamais fugiu de algo, e não será hoje que ela fará isso.

2 horas depois

Ian e eu conversamos durante todo esse período. Bebi mais, e agora sinto realmente meus sentidos um pouco nublados, apesar de que pareço bem melhor do que o próprio Ian, bem como incontáveis outros jovens dançando na pista. Ian é muito agradável, e realmente sinto-me atraída por ele.

– Vamos pra um local mais reservado, Diana?

De repente, Ian me pega pela mão direita, guiando-me até um local menos movimentado. Nenhum homem jamais se atrevera a fazer isso... Mas, neste momento, a guerreira amazona dentro de mim parece entorpecida. Pensamentos aleatórios em minha mente envolvem minhas mãos passeando pelo corpo de Ian. Após alguns momentos, chegamos ao que parece ser um corredor. Para onde dá, não sei.

Ian me prensa contra a parede, colocando delicadamente suas mãos em minha cintura. A parte amazona do meu ser deseja atirá-lo do outro lado do salão, mas a parte mundana chamada Diana Prince quer desesperadamente tocar o rapaz...

Ele inclina um pouco sua cabeça para o lado e aproxima seus lábios dos meus. Quando nosso lábios se encontram, sinto como seu uma descarga elétrica me causasse arrepios pelos braços até o meio das minhas costas. Instintivamente, inclino minha cabeça para o lado e começo a mover meus lábios, assim como ele faz.

No entanto, o inesperado aconteceu quando ele começou a utilizar a língua, adentrando-a em minha boca, e suas mãos desceram até minhas nádegas. Eu instintivamente me separei de Ian, fitando-o por um segundo, para depois olhar o nada, com minha bochecha encostada em seu ombro.

– O que foi, Diana?

– Eu... eu... - não consigo encontrar as palavras para me expressar. Como explicar que eu nunca beijei ninguém na vida aos 25 anos?

Seus olhos se arregalam e Ian fica com a boca semiaberta.

– Oh, meu Deus... não me diga... que você nunca beijou?!?

Eu sinto meu rosto queimar, algo bastante incomum para uma amazona, que dirá então uma amazona filha de Zeus, capaz de erguer mais de 100 toneladas. Seria o efeito do álcool? Sem coragem para encará-lo de frente, eu simplesmente assinto com minha cabeça.

Ele então colocou sua mão sobre minha bochecha, fazendo meu olhar encontrar o dele.

– Diana, sem problema... Eu não quero saber o porquê, mas, vamos com calma, okay? Você quer que eu continue?

– S-Sim...

Novamente colamos nossos lábios e ele delicadamente colocou sua língua para dentro de minha boca, então procurei emular essa ação, massageando a língua dele com a minha.

Isso é muito bom, de um jeito que não sei explicar, mas deve ser similar ao que vocês sentem.

Depois de algum tempo, digo, vários minutos, nós nos separamos.

– Aprendeu direitinho, Diana...

– Acho que está tarde.. preciso ir.

– Claro, Diana. Me dá o número do seu telefone...

Nós trocamos nossos números de telefones (é impressionante como cada humano anda com um aparelho comunicador...) e saio para procurar minha amiga. Encontro-a em um lugar escuro, beijando aquele mesmo rapaz com o qual ela se empolgara tanto.

Hmm... não conheço muito os costumes do mundo dos homens, mas creio que seria extremamente grosseiro interrompê-los agora. Acho que vou deixá-la terminar o que está fazendo, estou com muita vontade de ir. Apesar de beijar ser muito bom, esse ambiente me deixa claustrofóbica.

Depois de apanhar minha bolsa, ando alguns quarteirões até um local sem movimento. Observo o céu e, pela posição da lua, estimo que são aproximadamente três horas da manhã. Eu libero meu poder de voo, uma das graças concedidas por minha genética semideusa, e logo estou centenas de metros acima do solo.

Ahhh... essa sensação de liberdade, a quietude... não tem nada melhor do que isso, quando me junto aos meus irmãos pássaros.

Não tinha sentido eu interromper minha irmã Samantha, quando tenho o melhor dos meios de transporte à minha disposição. Eu me coloco na direção da nossa casa, e, durante o percurso, sinto o deslocamento frio do ar me acariciar gentilmente o rosto, fazendo-me recobrar totalmente do efeito do álcool, que já não era muito.

Imagens do meu primeiro beijo vêm à minha mente.

Repito: beijar é muito bom...


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Notas finais do capítulo

E aí, ficou bom?
No próximo, acho que vou reservar uma surpresa do Super.
Obrigado!



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