A Princesa E O Alienígena escrita por Beto El


Capítulo 7
Capítulo 6




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Kal-El

Então, meu caro amiguinho... o resumo da história é o seguinte: estava lá no Planeta digitando alguma porcaria sobre uma festa de Nossa Senhora Aquerupita no bairro italiano de Metrópolis. De repente, ouvi alguma zoeira sobre uma luta de superseres em Central City.

Depois, foi aquela velha ceninha que o seu kryptoniano favorito faz: entrei na dispensa, acionei meu super-duper-hiper uniforme com biotecnologia de Krypton e, tipo, uns dez segundos depois estava aqui.

E qual não foi a minha surpresa: vejo um mané de collant verde tomar uma surra de uma baita deliciosa, uma morena de cabelos longos e ondulados, com um corpo de tirar o fôlego. Agora, quem é o vilão?

– Ei, irmã. Seria heroico eu tirar a vida deste homem? Mesmo tendo-o vencido de forma justa?

Ah, agora já sei. Vou fazer uma introdução super-heroica.

– Ah, que merda, cheguei tarde! - Hummm... saiu meio vulgar. Precisava escolher melhor minhas palavras...

Ela olha para mim espantada. Até a compreendo. Não deve ser banal ver um homem de quase dois metros de altura usando uma roupa azul colada ao corpo, capa e botas vermelhas... Ainda mais se for bonito como eu.

– Oi, gatinha... posso saber de onde você veio?

Ela, que estava segurando o banana de roupa verde pelos cabelos, deixa-o cair no chão (ele bateu a cabeça com tudo no concreto - ai...) e recua alguns passos para trás, desembainhando uma espada, pondo-se em posição de defesa.

– O que você quer, alienígena?

Eu desço devagar, com minhas mãos à frente.

– Calma, moça... luta entre heróis quando se encontram é clichê demais... Mas, sério... quem é você?

– Eu sou... a Mulher Maravilha.

Dou uma olhada nela de cima a baixo... corpaço, cara... peitões, pernas torneadas, barriga chapada...

– O que você está olhando?!?

– Hã... nada. Gostei do seu uniforme. E a alcunha é bem apropriada. - olho para o panaca desmaiado no chão - Mas o que você vai fazer com isso aí?

– Entregá-lo-ei às autoridades policiais. - Ela agora parece mais relaxada, até embainhou a espada - Ou seja, não precisamos da sua presença aqui.

Que mina bem educada, cara...

– Bom... se precisar de ajuda... de repente, pra se trocar... Dê um assobio que eu venho! Para o alto e avante!

Diana

Rapaz petulante.

E bonito.

O que você está pensando, Diana? Recomponha-se.

Observo-o indo embora e logo depois olho para meu oponente caído ao chão; preciso entregá-lo para as autoridades desta cidade. Ouço conversas ao meu lado, e quando levanto a vista, vejo que todos estão olhando para mim, sorrindo.

– A Mulher Maravilha expulsou o Superman! Viva a nova heroína! - um rapaz de óculos grita para todos ao redor.

– Ei, não é verdade...

– Viva a Mulher Maravilha! - o povo me aplaude como se eu fosse a salvadora...

Bom, parece que comecei bem minha vida no mundo dos homens...

Kal-El

Enquanto eu voo para longe, ouço a população falando alguma merda sobre aquela gostosa ter me expulsado... ridículo, mas nem vou me dar ao trabalho de fazer alguma coisa contra isso.

Preciso voltar para entregar minha empolgante matéria...

Mais tarde...

Barry Allen

Depois de uma bateria infindável de testes e exames, fui liberado pelo hospital para voltar à minha casa. Foi um milagre eu ter sobrevivido àquele relâmpago, não faço ideia de como escapei sem sequer um arranhão.

Para falar a verdade, eu me sinto muito bem.

Parece até que meu raciocínio foi aprimorado, consigo pensar em várias coisas ao mesmo tempo...

ReceitadojantarnacabeçaprecisopensarnotrabalhooqueaconteceuÍsiscomoestáprecisoligarparaelaOQUEESTÁACONTECENDOCOMIGO???

QUEROCORRERPRECISOCORRERPROCURARAJUDA!!!

Kal-El

Do topo do prédio mais alto de Metrópolis, observo a cidade durante a noite. Está tudo muito tranquilo, parece que hoje a maloqueirada resolveu tirar folga... ou estão se borrando de medo de mim. Isso é compreensivo, eu meto porrada mesmo, malandro merece isso.

Já é tarde... e nada para fazer. Nessas horas, gostaria de ser um humano. Estaria simplesmente dormindo e o tempo passaria mais rapidamente. Vou pra Fortaleza, tentar desenvolver alguma coisa?

De repente, vejo algo passando muito rápido pelas ruas da cidade, pelo menos duas vezes mais rápido que a velocidade do som. Conforme essa coisa vai passando, os alarmes dos carros estacionados vão sendo acionados, armando uma baita confusão.

Me levanto e mergulho em direção ao chão, acelerando o voo na perseguição ao OANI (Objeto Andador Não Identificado). Vou a Mach 2,5. Acho que com isso consigo alcançá-lo.

Exatamente 1m02s depois alcanço o tal 'objeto', e, vou confessar, fico espantado com o que é... para minha desagradável surpresa, é um homem nu!

Posicionando-me à sua frente, faço gestos para que ele pare, mas de nada adianta, o cara continua correndo como uma besta; e, pior, com o atrito com o ar, ele está se ferindo todo...

Não parece ser maligno, o cara tem a maior cara de nerd...

Bom, preciso dar um jeito nisso antes que esse cara se mate. Com meu dedo indicador, eu dou um peteleco no queixo dele, que apaga na hora. Para evitar que seu corpo se quebre todo no contato com o solo, eu (urgh, nojento, considerando-se que está pelado) o apanho antes que caísse.

O coitado está todo estropiado. Acho que vou levá-lo à Fortaleza...

Horas depois

Meu amigo corredor pelado começou a acordar. No momento, ele está deitado numa câmara de recuperação kryptoniana, que irradia raios Vita que ajudam na cicatrização dos ferimentos.

Ele se levantou de uma vez, com olhar desesperado.

– ONDEESTOUOQUEACONTECEUQUEMÉVOCÊOQUEESTOUFAZENDOAQUI?

Assim não dá para conversar. Eu vou até o meu compartimento de medicamentos e apanho uma seringa, aplicando no Ligeirinho uma pequena dose de sedativo; não o suficiente para apagar, apenas para desacelerá-lo.

Alguns minutos depois, ele respira aliviado.

– E aí, pronto pra conversar?

Ele inspira fundo e olha para mim.

– O que... o que aconteceu?

– Pela análise preliminar do meu computador, seu corpo sofreu uma mutação provocada por algum composto químico, acelerando muito, veja, muito mesmo, suas funções corpóreas. Por incrível que pareça, parece não ter afetado seu envelhecimento, senão você já estaria com uma aparência de um coroa...

– Então, esse remédio que você me injetou me curou?

Eu vou andando até o balcão e descarto a seringa.

– Não, Ligeirinho. Isso foi só um sedativo. Daqui a meia hora, se calculei bem, você deve estar voltando à opção fast forward.

– Oh, não! E o que eu faço?

Eu coloco a tiara que controla o computador central enquanto falo com ele.

– Você vai ter de se acostumar, carinha... o cérebro humano é incrível, uma hora você vai conseguir. Só me preocupa essa questão do seu corpo em atrito com o ar: da última vez, você se ferrou todo, teve queimaduras graves pelo corpo. Só conseguiu se recuperar por causa da minha câmara e por seu sistema regenerativo ser muito rápido.

– Oh, céus...

– Diz aí, qual é a sua cor favorita?

– Hã... vermelho, por quê?

Com um comando mental, ordeno que o computador faça um bio-uniforme similar ao meu, só que na cor vermelha, e se estendendo até o rosto, em uma espécie de máscara. Depois de alguns minutos, retiro de um compartimento um anel, que nada mais é do que o receptor do uniforme, que cobrirá o corpo dele, protegendo-o do atrito com o ar.

– Tó. Presentinho do seu amigo Superman. - eu jogo o anel pro Papa-Léguas.

Ele pega o anel.

– O que é isso?

– Um gerador de um bio-uniforme kryptoniano disfarçado de anel. É muito resistente, você pode levar até um tiro que vai ficar bem, além, é claro, de te proteger do atrito com o ar... Pressione a superfície dele com seu indicador esquerdo.

O cara faz isso e o uniforme vermelho recobre seu corpo. Eu ordeno que um holograma refletivo fique à frente dele.

– E aí, gostou?

– Ei, mas o que são essas asinhas douradas e esse relâmpago no meu peito? E essas botas amarelas?

Eu rio.

– Ah, um super-herói precisa ter um símbolo... eu me baseei no Mercúrio pra fazer esse uniforme... falta só um codinome. Um bem legal, pras crianças ficarem pagando um pau.

– Eu não sou super-herói.

Eu coço meu queixo e olho para cima.

– Vejamos... Ligeirinho, Papa-Léguas, Speed Racer...? Nah, esses já existem. Que tal Flash?

– Eu não sou super-herói!

– Tenta ser. É da hora, você pode socar os caras maus... ei, Flash... qual é o teu nome verdadeiro?

– Barry Allen, por quê? E pare de me chamar de Flash...

Em uma tela virtual que aparece na minha frente, tenho acesso a todos os dados dele.

– Humm... residente à Avenida 9ª, 723, Centro de Central City?

– Sim, mas o que isso tem a ver...?

– É que está na hora de você chispar, minha fortaleza não é hotel fazenda...

– Hã?

– Boa noite, Flash.

E, dito isso, dou um peteleco no queixo dele, apagando-o.

Hora de devolver o pacote à casa dele.

Não vou mentir... até que isso foi engraçado; ao menos me ajudou a passar um tempo ocupado.



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Notas finais do capítulo

Legal! No dia em que atualizo tenho a notícia de que o casal Super/Maravilhosa será cânone nos quadrinhos!
Obrigado galera!