Nos afastamos um pouco mais para dentro da mata, encontramos um espaço agradável e com um pouco de luz da lua, nos sentamos e ele me encarava.

            - Você está diferente. – Comecei no ponto certo, ele estava mais que diferente, estava frio.

            Ele encarou o nada desviando meus olhos dos deles, não agüentei ficar na sua frente vendo-o se esquivar, segurei seu rosto entre minhas mãos e com as lágrimas saindo o fiz olhar para mim.

            -Por que isso, Itachi? Não me ama mais? – Ele me encarava, seus olhos traziam consigo uma agonia que eu desconhecia.

            Ele retirou minhas mãos de seu rosto e suspirou.

            -Eu nunca disse que tinha deixado de amá-la. – Ele falou ainda me encarando.- E sobre eu estar diferente, acredite, as coisas mudam. E também... Eu não sei se posso te falar.

            -Não confia mais em mim? O que mudou? O que você não pode me falar? Que droga Itachi, sou sua namorada, como pode fazer isso comigo?! Eu te espero cinco anos e você volta assim!

            -Miya, porfavor, não me puna. Não... Não faça isso comigo! – Ele se levantou, seus pulsos cerrados e fechados indicavam que sua raiva estava a flor da pele. – Você não sabe o fardo que carrego NÃO PODE ME PUNIR! – Ele gritava e por impulso me levantou pela borda da proteção do uniforme ANBU.

            Me assustei na hora. Ele me soltou quase que de imediato.

            -Desabafe, vai se sentir melhor.

            Ele apenas se sentou e suspirou mais uma vez, seus pulsos ainda sobre tensão que só se intensificava, eu estava me assustando; afinal de contas, o que há com ele? Sim era uma pergunta que eu pretendia que ele me respondesse.

            -Não posso envolvê-la nisso. – ele falou em fim.

            -O que lhe impede? – Disse sentando-me mais próxima apesar de meus instintos gritarem para que eu me armasse em guarda e me afastasse daquele estranho.

            -O nosso chefe. O Hokage e mais todo o conselho, queira entender que é uma missão pra lá de nível S?!

            -Não contarei a ele que sei, juro por minha vida. – Eu precisava saber.

            -Já disse que não a envolverei nisso. Entenda, que droga Miya, facilite as coisas ok? Entenda pelo amor de Kami-sama que é uma missão secreta, que ainda nem está confirmada. Posso te pedir apenas uma coisa?

            -Você pede demais e nunca me da nada em troca. Mas peça. – Era real, ele tinha os pedidos dele e eu nunca via as minhas vantagens em segui-los.

            Ele fingiu ou pareceu fingir que não ouviu a primeira parte.

            -Quero que me apóie, fique do meu lado e que por nada me deixe sozinho, sempre esteja ao meu lado, não importa o que aconteça. Prometa.

            -Eu já faço isso sem promessa alguma.

            -Prometa. – Repetiu.

            -Está bem, prometo.

            Itachi então me beijou furiosamente, sem uma doçura que tinha antigamente, o que estava havendo com meu amor? Eu não sei, eu ainda o amava, sei e sinto isso, mas quanto ele a mim?

            Voltamos após tudo isso a nossas respectivas cabanas, logo amanheceria e continuaríamos o retorno a Konoha. Já tinha se passado a tarde, eu me encontrava caminhando para meu apartamento junto com Akane.

            -Quer dizer que você conversou com ele? – Ela me perguntou.

            Eu tinha contado toda conversa, ela concordava comigo em certo ponto, o de que ele estava estranho, mas achava que era culpa de anos de tensão com o treinamento intensivo.

            -Sim, mas... Akane, não quero falar sobre isso, não agora.  – Abria a porta e entramos subindo lentamente as escadas. – Quer dizer que você e o Ryu estão...

            -Miya! Agente ficou só isso, mas... O Ryu é único sabe...

            Ela começou a falar dele, isso era bom, eu me distraia e não pensaria em Itachi, têm sido difícil aturar a idéia de que o Itachi que eu amava tinha... Sei lá, morrido de overdose em um campo de treinamento em algum lugar do mundo. Enquanto eu tomava banho, Akane estava deitada descansando, iríamos dormir cedo.

            Nos deitamos mas eu não consegui dormir. Estava inquieta, queria de todo o coração ir falar com Itachi, exigir que ele me contasse, ou então eu iria encarar o Hokage e obteria informações. Um barulho lá fora me fez pular, Akane não acordou por sorte minha, sempre que eu a acordava sem motivo eu sabia que ela se vingaria sendo me jogando água ou outra coisa do gênero.

            Saí de fininho, ainda com meu pijama de seda rosa, fui para a rua e segui o barulho. Era uma discussão com duas vozes muitíssimo familiares.

            -Porque? – Perguntou uma voz grossa e meio rouca que reconheci, a voz de Ryu.

            -Você não me entenderia. – Essa eu reconhecia em qualquer lugar, Itachi.

            -Larga disso cara, por que matar seu melhor amigo?

            Esqueci na mesma hora como se respirava, eu estava tremendo, meu corpo me mandava sair dali, urgentemente! Mas como obedecer? Eu não queria, eu queria vê-lo, queria impedi-lo, mas como? Se eu não saia do lugar? Me inclinei para ver a cena.

            -Preciso de poder. – No mesmo momento, o sharingan de Itachi criou outra gota preta, ficando com 3. – Eu lamento Ryu.

            No mesmo momento, Ryu congelou, Itachi mantinha o Sharingan nele, depois de menos de 3 segundos Ryu caiu, morto. O sharingan de Itachi então mudou, agora parecia uma shuriken, mas logo virou Sharingan de novo. Ele me olhou.

            Eu gelei! Literalmente, congelei. Ele apenas desviou o olho e saiu na noite. Corri ate o corpo de Ryu e ouvi um grito.

            -NÃO!!! MIYA! O QUE VOCÊ FEZ?! – Akane gritava.

            -Não fui eu... Akane, eu...

            -Quem foi!? O que aconteceu? Miya?! Pelo amor de Kami, me responda!!!! – Ela gritava.

            Corri para abraçá-la. Ela apenas desviou.

            -Não faz isso comigo Akane. Não pude impe...

            -Impedir? Aposto que você nem ligava para ele, nem liga para mim!

            -Como diz isso?! Eu te amo como uma irmã!

            -Grande amor o seu Miya! – Ela chorava, estava machucada por dentro. – Como pode deixá-lo morrer?

            -Eu não podia impedir o Itachi! – Gritei de volta sem pensar, mas logo tapei a boca.

            Isso foi a gota d’água, ela simplesmente se virou e sem dizer uma única palavra caminhou no caminho de volta.

            Era difícil, agora eu estava encurralada, queria falar com Itachi, exigir que ele me contasse tudo, tudo mesmo. Para que matar o melhor amigo? E a shuriken nos olhos, o que era? Sim, eu tinha muitas perguntas. Não desistindo delas retornei para minha casa, não me demorei, sabia que Akane precisava ficar a sós, vesti-me e depois saí noite afora, eu tinha que ir ate a cachoeira, ele com certeza estaria lá.

            Fui mais rápido que de costume, ao me aproximar, não senti seu chakra. Mas mesmo assim avancei, ele estava na água, todo vestido em baixo da cachoeria.

            -Sabe que pode confiar em mim, porque não confia? – Perguntei entrando na água.

            Ele abriu os olhos.

            -Devia estar com sua amiga.

            -Você também devia estar com o seu, mas o matou. Quero saber o porque.

            -Poder.

            -Esse é o pior motivo que eu já ouvi Uchiha Itachi! Quer ser mais específico antes que eu lhe de o que merece?

            -Está bem, se quer saber, saberá. – Ele saiu de baixo da cachoeira e sentou-se na borda do rio, imitei-o – Bom, como sabe, nossos clãs estão ainda naquela luta ridícula. Infelizmente o golpe de estado planejado pelo meu clã a exatamente 5 anos atrás não morreu, haverá outro, bem pior.

            -Pior que a Kyuubi? – Era difícil imaginar algo pior que aquele demônio.

            -Sim, um exercito de usuários de sharingan avançados, todos com o Magenkyou Sharingan. Como disse, é um sharingan avançado, por isso há uma condição para se obter.

            Ele suspirou.

            -É necessário ter o desejo e matar seu melhor amigo.

            Eu tremia, não de frio, mas com medo da friesa que o dominava agora sem dó nem piedade. Alcancei suas mãos e as apertei.

            -Deve ter sido difícil para você. – Disse olhando-o.

            Ele fez algo que eu nunca tinha visto fazer, deixou uma lágrima cair em nossas mãos entrelassadas.

            -Eu não sei porque eu fui nascer nesse clã idiota! Merda, eu queria apenas ser um ninja sabe, alguma coisa que Konoha batesse no peito e falasse : Esse é o melhor ninja da Folha. Mas eu só consigo ser o melhor Uchiha e isso nunca é o suficiente. Eu quero que minha vila esteja bem, por isso os Uchiha são uma ameaça constante com os golpes e tudo mais, o seu clã é bem mais digno do título que o meu, sabe o porque? Ele simplesmente toma atitudes mais nobres que não matam inoscentes apenas pensam em um todo. Totalmente diferente dos Uchiha que só pensam na porcaria do título.

            Itachi me puxou para um abraço.

            -Agora o Hokage me deu uma missão. Tenho que obter poder a todo custo para matar o meu clã e depois me renegar na vila.

            Me afastei de seu peito para olhá-lo.

            -Acabar com seu clã?!

            -Sim.

            -Isso é... Cruel de mais, não pode fazer isso!

            -Mas também não posso deixar aqueles idiotas ferirem toda uma vila com um planinho idiota! E ai é que vem a questão Miya, a vila ou meu clã? O que acha?

            -Eu nunca conseguiria tomar essa decisão. – Confessei espantada. – Mas como eu tenho a você eu sempre iria ao seu encontro.

            -É bom tê-la. Desabafar... Mas Miya, sabe que vai significar quando eu for renegado, não vou poder mais voltar e nem... Acho que nosso romance não vai resistir.

            -Se você for eu vou junto.

            -Lamento mais não vou deixar você ir nem ousar te meter para onde vou.

            -E para onde você vai?

            -Akatsuki.