Minha cabeça girava, eu me sentia quilos mais pesada, onde quer que eu estivesse tinha uma luz contínua em meu rosto, pois o preto por baixo de minhas pálpebras estava alaranjado. Apertei os olhos por puro instinto, abri os olhos hesitando, abri, depois de piscar muito notei que estava deitada nas raízes de uma árvore, coberta por um pano encardido, fiz um esforço para me levantar, mas minha cabeça latejou. Ai...

            -Por favor Miya, sem movimentos bruscos. – Era uma voz grave mas doce, eu a conhecia.

            Virei a cabeça para o lado, não evitei sorrir. Seus cabelos crescidos e presos em um rabo de cavalo baixo meio desarrumado, uma blusa preta com calça cinza, marca nos olhos meio fortes, eu não podia acreditar... Era ele...

            -Itachi... – Lágrimas me subiram nos olhos, eram felizes.

            -Oi meu amor. – Sua voz tinha agora um timbre diferente do que eu conhecia, mas ficava muito mais... Sedutor com o novo.

            Ele analisou o meu curativo e me ajudou a sentar eu recostei na árvore, ainda me sentia muito pesada.

            -Como se sente? – Ele tinha um tom preocupado.

            -Pesada... Muito pesada. – Não pude deixar de me olhar, eu não era gorda, era ate magrela como minha mãe falava.

            Ele riu.

            -Deixe-me te ajudar a tirar essas proteções, assim você vai ficar melhor.

            Ele passou as mãos entre minha cintura, me levantou e desabotoou a minha proteção, me deixando apenas com um toper que eu usava por baixo. Ele pareceu olhar meu corpo agora praticamente exposto, mas sacudiu a cabeça e recomeçou a retirar as proteções, a dos braços, pernas e depois eu estava mais leve.

            -Obrigada. - Disse mexendo um pouco os braços. – Mas Itachi, eu tenho um ti...

            -Miya! – Akane gritou ao longe. – Nossa, me desculpe, você com certeza não teve sorte...

            -Vocês deviam me avisar caso alguma coisa aparecesse por aquele lado... – Respondi zangada.

            Ryu apareceu logo atrás dela e cumprimentou Itachi.

            -Olá capitão. – Falou.

            Era um contraste gigante, Itachi apesar da aparência mais crescida ainda era visivelmente mais novo que Ryu.

            -E ai cara? – Ele disse depois deu um tapa na nuca dele. – Como pode deixá-la desprotegida, se eu estivesse no comando te faria correr 400 voltas em torno da vila sem parada.

            -Calminha, ela está bem não é? – Ele disse passando a mão no lugar atingido.

            -Sabe que pedi para que cuidasse de tudo na minha ausência. Isso não só incluía tentar ser capitão das missões mas também... Esquece. – Ele riu. – Acho que estava muito ocupado para se preocupar com minha namorada não?

            Ele corou.

            -Ryu, você não tem jeito... – Itachi disse e se virou para mim. – Como estão seus reflexos Miya?

            Me levantei apalpando a árvore.

            -Foi só uma pancadinha .

            -Claro que não, se eu não tivesse sentido seu chakara e ido ao seu encontro não estaria aqui agora. – ele tinha um tom de preocupação e a voz séria.

            Fez-se silêncio. Mas Ryu o cortou.

            -Vamos avisar aos outros, acho que a tentativa de invasão foi refreada, graças a você capitão.

            Itachi sorriu um sorriso vazio

            -Vamos Akane.

            Ela se virou com ele e depois sumiram. Itachi me olhou profundamente nos olhos. Não resisti e me joguei em seus braços o abraçando.

            -Senti sua falta. – Eu disse com o rosto em seu peito.

            Ele me abraçou fortemente.

            -Você me assustou, fiquei com medo de perdê-la.

            Itachi me afastou para me olhar nos olhos.

            -Eu te amo.

            -Eu também.

            -Obrigado por me esperar.

            Não consegui dizer o que eu tinha em mente, quando vi ele já esmagava os lábios contra os meus, era um beijo urgente, deixei me levar e depositei toda a minha urgência nele também, ele então me imprensou contra a árvore e eu apertei suas costas, subi as mãos ate seus cabelos e afundei minhas unhas em sua nuca, ele estremeceu, mas respondeu com mais intensidade ao beijo. Com algumas paradas em selinhos para pegar ar ele sussurrava meu nome.

            Ele então me deitou sobre a grama senti suas mãos deslisando sobre mim.

            -Você ficou mais bonita ainda, está linda! – Ele disse.

            -Você vai voltar não vai? – Não resisti em perguntar.

            Ele saiu de cima de mim de imediato. Sentou-se de costas e longe.

            -Vai ou não? – Persisti.

            -Olha, Miya... Não sei. Talvez... Não... Você não me entenderia.

            Puxei o rosto dele para que ele me olhasse.

            -Pode me contar o que está havendo Itachi Uchiha e deixar com essa basbaquice e confiar em mim!

            Ele tirou minhas mãos de seu rosto.

            -É o meu fardo, não quero dividi-lo, entendeu? – Sua voz foi fria e cortante.

            -Itachi... Somos um casal, casais confiam e dividem seus problemas, por que...

            -Já disse, quer ficar quieta e parar de me perguntar a mesma coisa um milhão de vezes como uma garotinha irritante Miya?! – Ele me olhou com fúria, era o olhar dos pesadelos, me afastei dele.

            Ele percebeu que tinha me assustado e suavisou a expressão e a voz.

            -Desculpe Miya, é o treino intensivo, tem me deixado louco.

            -Você não vai voltar. – Disse em fim, não era uma pergunta.

            -Vou, mas... Ah, quer saber, eu volto com o time se quiser, vamos nos encontrar com eles, quero bater um papo também com o capitão substituto.

            Eu sorri pela escolha dele, ele me beijou mais um pouco e depois nos levantamos e fomos falar com o time. Pulamos de galhos em galhos, as folhas escapando por baixo dos nossos pés.

            Chegamos perto e Itachi parou.

            -Vai indo na frente, tenho que falar com Madara antes de ir... Peça a eles que me esperem...

            -Tá bom.

            Ele me deu mais um selinho e voltou.

            Recomecei a pular ate que cheguei.

            -Isso é jeito de se apresentar? – O “capitão” falou.

            Relamente eu só estava de toper sem a proteção. Merda, tinha esquecido tudo.

            -Desculpe, é que houve...

            -Eu já sei da situação, mas nem por isso... Como capitão devo...

            -Substituto, quer aprender que você não é capitão! – Ryu o interrompeu. – Itachi está vindo Miya?

            -Sim, ele pediu para o esperássemos, ele vai voltar com a gente mas tem que falar com o Madara primeiro.

            -Ótimo então vamos esperar. – Ele sorriu.

            -Como assim? Ele não veio com a gente... – o capitão substituto tentava a todo modo parecer mais importante.

            -Fica quieto, ele é o verdadeiro capitão...

            -Obrigado por esperarem – Itachi falava enquanto andava ate o grupo. – Miya, vista-se. – Ele jogou as proteções para mim, Akane me ajudou a colocar tudo e depois coloquei a máscara.

            -Como está sua cabeça? – Perguntou.

            -Melhorzinha.

            Ainda doía mas eu não falaria aquilo.

            No caminho de volta, a vontade de chorar era grande, Itachi estava muito frio... Será que ele seria assim? Quero dizer, será que ele ainda me amava? Qual a causa da freqüente mudança de seu temperamento? Será apenas o treino?

            Sinceramente eu não sabia responder nem a metade de todas essas perguntas, ele não me olhou, perguntou mais vezes sobre minha cabeça e eu sempre respondia monotonamente que estava boa, que estava melhor.

            Akane parecia feliz, com certeza eu agora não a culpava de ter sido atacada, não ficamos muito tempo naquele país e ainda reencontrei Itachi.

            Já se passara muito tempo e já estávamos dentro dos limites do pais do Fogo, montamos o acampamento, eu me demorei na fogueira. Itachi estava ali também e os outros já tinham ido dormir.

            -Itachi...

            -Que foi?

            -Temos que conversar.