Commentarius Angeli - Um Testemunho escrita por Francisco Lima


Capítulo 17
Capítulo 17 - Confronto.


Notas iniciais do capítulo

Gostaria mais uma vez de me desculpar pela demora.
Este capítulo é dedicado a AngelSPN, minha leitora mais fiel. Espero ter conseguido atingir um pouco as expectativas criadas para ele.
Gostaria também de agradecer a Constantin Rousseau, pelas dicas de como lidar com o personagem Thomas.



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Capítulo XVII – Confronto.

Devemos ter cuidado quando fazemos nossas escolhas. É importante refletirmos sobre como arcaremos com suas consequências. Por vezes ouvimos conselhos de pessoas que nos dizem algo parecido com isso, mas nem todas as escolhas da nossa vida são tão criticas, afinal nem todas são como escolher prestar o vestibular para engenharia civil ou odontologia. Algumas escolhas são como esperar que o dia seguinte seja melhor ou pular de uma ponte, usar ou não drogas, largar ou não o vício, lutar ou desistir. A questão é que há muitas escolhas erradas que podemos fazer em nossas vidas, e que sempre ouviremos da boca dos maiores interessados que são estas as melhores escolhas, e é nesse momento que devemos nos lembrar de que quase todos os discursos que ouvimos são tendenciosos, e que no fim das contas, são apenas nossas próprias definições que verdadeiramente importam. É claro que podemos escolher o que quisermos, temos liberdade para isso, mas quando fazemos isso somos capazes de assumir as consequências de nossas escolhas? E se não? temos então o direito de fazê-las?

Dois dos homens encapuzados que atenderam ao chamado de Ademar, portando espadas, e outros dois portando lanças cercaram Thomas, que tinha o mais alto dos servos de seu oponente diante de si, segurando firme com as duas mãos o longo cabo do machado de batalha que carregava. Outros dois homens usando espadas, e mais um que carregava uma lança permaneceram juntos com seu mestre. Thomas estava apreensivo e chegava até a deixar transparecer um pouco de tensão.

Um dos homens que cercavam Thomas correu contra ele com um grunhido de ataque. Thomas se moveu com destreza usando seus movimentos de pés e quadris para evitar o ataque e desviou bem à espada do atacante. Os outros três que cercavam Thomas investiram contra ele juntos após a defesa que ele realizou do primeiro ataque. Thomas se defendia esquivando da maioria dos ataques, usando seu escudo ou espada para se defender, apenas dos golpes que não podia evitar.

Ademar correu em direção ao templário e com um ataque vertical fez um corte na jaqueta marrom do cavaleiro, que foi salvo de um provável sério ferimento graças a malha de metal que vestia, o que é claro não anulou completamente a dor do choque causado pelo golpe.

– Que porcaria Thomas, não se exponha assim! – Pascal falou rangendo os dentes.

– Ele precisa se cuidar mais, ele poderia ter sido derrotado depois desse golpe! – Explicou Vinicius.

– Por que você não o ajuda?! – Eu perguntei contrariado por conta da calma com que Vinicius assistia aquela batalha, afinal ele não estava preso como Pascal e eu.

– Eu já lhe disse, esta é uma luta entre cavaleiros, e eu não vou intervir amenos que seja verdadeiramente necessário! – Vinicius explicou. Ele estava começando a me irritar, como poderia permanecer tão calmo em uma hora como essas? Ele estava me lembrando de Thais.

Thomas lutava contra Ademar, usando toda sua agilidade e pericia com a espada, desviando e defendendo ataques, mas agora não conseguia penetrar em sua defesa, pois quando conseguia provocar uma falha na postura de Ademar, tinha que evitar o ataque dos servos do cavaleiro da Lua Minguante.

Ademar se afastou do templário e outros dois de seus servos tomaram seu lugar. Thomas se defendia com seu escudo e então escapou de uma investida de um guerreiro que o atacou com uma lança, transportando-se pouco mais de um metro de distancia em direção ao seu verdadeiro oponente. Thomas correu em direção ao cavaleiro, mas outros dois de seus servos se entrepuseram bloqueando o caminho. Thomas, atingiu um dos homens com um golpe diagonal vindo de baixo para cima e acertou o outro com o cabo de sua espada com um golpe na lateral da cabeça que fez o homem cambalear quase dois metros para o lado e então cair de joelhos no chão e se apoiar com uma das mãos para evitar a queda. O templário desferiu mais um golpe contra o primeiro homem que atacara e lhe fez um corte que se iniciava no ombro esquerdo e se estendia até o peito.

– Menos dois! – Eu falei torcendo por meu parceiro de treino.

– Esse ataque foi mesmo bom! – Disse Pascal. – Mas não fez diferença.

– Como assim? – Eu perguntei porem não precisei que Pascal me explicasse, eu pude ver com meus próprios olhos que os dois homens que Thomas atacou não pareciam sofrer com os ferimentos que receberam. Eles se recompuseram e assumiram novamente suas posturas de batalha, ignorando as lesões causadas pelos ataques de Thomas.

Thomas notou que Ademar se afastava, fazendo seus homens o cercarem novamente. O Cavaleiro da Cruz Pátea se transportou varias vezes por entre os novos oponentes os atacando com golpes rápidos e cheios de intensidade, enquanto investia em direção ao seu rival. Depois de atacar e se transportar por entre seis adversários usando seus poderes, Thomas se viu diante do grande carrasco que segurava com ambas as mãos o machado de batalha, e se esquivou para a direita e logo depois se transportou para trás do mais alto dos servos de Ademar para evitar o indefensável ataque de seu machado.

Ademar correu mais uma vez de encontro a Thomas e eles brandiram suas espadas e se envolveram novamente em um confronto que fazia zunir o som dos metais das espadas se chocando entre elas e contra seus escudos. Os pés dos cavaleiros se moviam como em uma dança coreografada e Thomas tinha cada vez mais que desviar e defender os ataques dos guerreiros que mesmo feridos, pareciam não ter perdido nenhum pouco de seu vigor.

Enquanto estava em um combate frente a frente com seu rival, Thomas foi atacado por um dos homens encapuzados, com uma lança. O templário esquivou do ataque vertical de Ademar e bloqueou o golpe traiçoeiro com seu escudo. Decidido, Thomas atacou o portador da lança, que se defendia da arma do cavaleiro girando a haste de sua lança em torno da lamina da espada do templário, desviando sua trajetória.

Ademar aproveitou o momento para atacar mais uma vez o cavaleiro da ordem que ele tanto detestava. Thomas girou o corpo mudando rapidamente a posição dos pés e bloqueando o ataque de Ademar com seu escudo. Deslizando seu pé esquerdo sobre o chão, Thomas mudou novamente sua postura e usou seu escudo para empurrar Ademar, comprometendo o equilíbrio de sua postura. O cavaleiro renascido porem era tão hábil quanto Thomas e pode corrigir sua postura em um tempo muito curto, mas não rápido o suficiente para poder desviar de um ataque horizontal do templário que explodiu em seu escudo o deslocando para o lado e um pouco para baixo. Neste momento Thomas se preparou para um segundo golpe e Ademar investiu em um contra ataque, abrindo caminho com seu escudo assim como seu oponente havia feito. Thomas abriu os braços quando Ademar o golpeou com. Aquele golpe com certeza teria me derrubado no chão, acho que teria derrubado a maior parte das pessoas, e por um instante, pareceu que derrubaria Thomas também.

Ademar conseguiu quebrar o equilíbrio da postura do templário, e o atacou com um golpe diagonal usando sua espada, mas Thomas se transportou para o lado direito do cavaleiro rival que havia ficado exposto por causa do movimento de ataque que havia fracassado. Thomas desferiu contra ele um golpe vertical com sua espada, na altura do pescoço disposto a acabar com a luta. A lâmina do templário chocou-se violentamente contra a lâmina da espada de um dos servos de Ademar, que estava ajoelhado ao lado de seu mestre, e sua espada foi apoiada por mais uma de outro cervo, formando uma espécie de “T” onde a lamina da espada que estava estendida de forma horizontal apoiava a posição da outra sendo posicionada atrás dela.

– Droga! – Eu falei contrariado.

– É... Se não fossem os homens de Ademar, a luta teria acabado. – Pascal comentou.

Outros dois homens encapuzados portando lanças atacaram Thomas, que desviou seus ataques e começou a correr e se transportar mais uma vez em direção a Ademar. Quando o templário se aproximou o bastante de seu rival e seus defensores, o grande homem que carregava o machado de batalha colocou-se diante dele e desferiu um golpe da direita para a esquerda fazendo zunir o som do vento sendo “cortado” pela lâmina de sua arma. Thomas se transportou para a direita do grande carrasco para evitar o violento e potente golpe, mas o grandalhão girou o corpo novamente e realizou outro golpe na direção oposta. Para evitar a ponta perfurante daquela grande e pesada arma, o templário teve que se transportar mais uma vez, tomando um pouco mais de distância desta vez, e dando alguns passos para trás.

– Por um momento eu pensei que você estivesse se transportando por distâncias tão curtas apenas para compor seu estilo de lutar, mas estou começando a achar que você não consegue cobrir mais do que alguns metros de distância, estou certo? – Perguntou Ademar, parecendo ter constatado um ponto fraco em seu oponente. Naquele ponto, parecia que ele seria mesmo capaz de explorar aquilo em seu favor.

A questão levantada por Ademar não recebeu nenhuma resposta de Thomas, que simplesmente reestabeleceu sua postura de batalha. Isso acabou por provocar outro comentário do cavaleiro renascido.

– O que foi esta com medo de admitir? Mesmo que não admita, irei lutar supondo isto, se eu estiver certo, não vai adiantar ficar calado! – Olhando diretamente para seu oponente, o Cavaleiro da Lua Minguante se deu conta da condição do templário e então voltou a falar. – Já entendi você é mudo... Anjos, que criaturas mais incompetentes! Nunca conseguem se fixar a receptáculos sem torna-los defeituosos!

– Defeituosos? – Vinicius repetiu em vós baixa franzindo as sobrancelhas parecendo contrariado com aquela afirmação, mas sem esboçar qualquer outra reação, além disso.

– Ei Ademar, continue lutando, quem sabe seus capangas não serão rápidos o suficiente da próxima vez e a sua cabeça vai ro...

– Cale a boca moleque! – Ademar gritou me interrompendo sem desviar o olhar de Thomas. – Eu já lhe disse que quando eu acabar com o templário será a sua vez, aproveite o tempo que tem para rezar para o seu Deus e pedir-lhe misericórdia, pois eu não a terei!

Thomas correu mais uma vez de encontro a Ademar e três lutadores usuários de espadas e mais um que empunhava uma lança foram de encontro a ele. Com movimentos mais vigorosos que os anteriores, Thomas preferiu confrontá-los a evitá-los, e defendendo-se de ataques vindos de todas as direções, ele bloqueou um ataque de espada erguendo seu escudo como se desse um soco para cima, então ele rodou sobre o pé direito e com a espada erguida sobre a cabeça, ele a fez cair com peso e força em um golpe que rasgou o capuz do homem que enfrentava, fazendo provavelmente um corte profundo em seu rosto. O pano sujo do capuz rasgado começava a se encharcar com o sangue que escorria.

O guerreiro que empunhava a lança tentou estocá-lo pelas costas, mas atento ao movimento das sombras no chão, o templário pode ver a investida traiçoeira e se virou para fazer sua espada deslizar pela haste da lança e quando se aproximou o bastante do corpo do adversário, Thomas transpassou sua espada através do pescoço do homem, surgindo suja de sangue por trás da nuca rasgando o capuz. Sua expressão parecia mais seria e transparecia sua concentração faria seus inimigos cair definitivamente daqui por diante.

Outro inimigo teve sua espada bloqueada, ressoando sobre a superfície do escudo marcado pela cruz Pátea, quando o templário começou a abaixar o escudo para realizar seu ataque, sentiu o impacto quase explosivo que recaiu sobre ele. Em um movimento brutal, o machado de batalha o atingiu com tanta violência que o arremessou quase dois metros para o lado, sua espada escapou de sua mão e caiu a alguns passos de distância. O que mais chocava na cena era a indiferença do maior dos homens de Ademar em relação a seu companheiro de batalha, já que ele não hesitou em golpear Thomas mesmo atingindo um dos seus que estava na trajetória de sua arma. O golpe com o machado de batalha fez um grande e profundo corte na lateral de seu corpo, seu sangue se espalhou pelo chão.

– Isso é muito ruim! – Disse Pascal. – Se a origem deste escudo não fosse a mesma de nossas armas, ele teria se estilhaçado com esse ataque agora, e com muita sorte, Thomas teria perdido apenas seu braço, mas acho que o mais provável é que ele estivesse morto agora.

– Não podemos mais ficar aqui, nós temos que...

Eu me interrompi quando minha atenção se voltou novamente para Thomas que havia tentado se transportar para apanhar sua espada, que agora estava sob o pé de um dos homens encapuzados, ele bloqueou um ataque de sua espada e saltou para trás. Neste momento os outros dois que ele supostamente teria matado momentos atrás se levantaram novamente. Com os capuzes rasgados eles os puxaram revelando seus ferimentos e a assustadora imagem de pálpebras costuradas tapando cavidades de orbitas vazias chocavam mais do que suas outras cicatrizes ou ferimentos.

Thomas franziu a testa e encarou seu rival com uma nítida expressão de indignação, não importava que fossem Ícaros, que eles mesmos tivessem escolhido aquele caminho, submetê-los a tal situação não era apenas crueldade, era altamente doentio. O cavaleiro renascido sorriu com desdém ao ver a expressão do templário, o que só fez aumentar sua raiva, tanto que até mesmo sua respiração pareceu ficar mais profunda.

– Mas como? – Eu perguntei. – Por que isso?

– Eles estão conectados telepaticamente! – Explicou Vinicius.

– O que? – Perguntei outra vez.

– Os oito Ícaros de Ademar, estão conectados telepaticamente a seu mestre, e também entre eles. – Vinicius voltou a falar. – Assim o cavaleiro os controla e tem a visão que necessita, e cegando seus homens ele apura seus outros sentidos, evitando que ele possa ser enganado por seus olhos em uma batalha. Não é um feitiço tão novo assim, mas admito que seja bem difícil de encontrar alguém capaz de realiza-lo.

– Como? Ele os cegou só por isso? – Eu perguntei sem acreditar, aquilo realmente era doentio.

– Isso não é tudo, estes corpos já não estão mais vivos, suas almas estão fixadas neles por feitiços de artes sombrias! – Vinicius completou.

Thomas investiu contra o homem que estava sobre sua espada, ele defendeu mais um ataque da espada do oponente com seu escudo, girou sobre o calcanhar esquerdo e puxou de seu escudo um gládio prateado com aqueles típicos símbolos presentes em nossas armas gravados em seu cabo e em toda a extensão de sua lamina. O gládio estava preso em diagonal, escondido para o caso de ser desarmado em batalha. Com a espada típica das legiões romanas o cavaleiro templário fez um corte no braço do homem que enfrentava e em um golpe de baixo para cima, perfurou seu abdômen fazendo a ponta da espada surgir por trás em suas costas. Depois de derrubar este oponente Thomas viu outro dos servos de seu rival se preparar para jogar sua lança contra ele, então antes de apanhar sua espada no chão, ele arremessou seu gládio contra ele, o choque da espada fincando-se em seu peito, o fez cair no chão. A espada romana, que media algo em torno de sessenta centímetros tinha uma peça esférica em seu cabo que a balanceava, o que tornou o gládio, a única espada projetada para ser arremessada de que se têm evidências.

O cavaleiro templário apanhou sua espada no chão e apertou seu cabo com força, tanto que mesmo a distância, me pareceu esbranquiçar os nós dos dedos ao segurá-la. Ele começou a correr e se transportar muito rápido em direção a Ademar. Em um instante ele já estava diante dele e lhe atacou com um potente golpe de cima para baixo, que explodiu contra o escudo marcado com o brasão da Lua Minguante, mas foi quando se preparou para aplicar seu segundo golpe, que Thomas percebeu a movimentação da sombra do maior de seus oponentes e antes de olhar para trás, girou sua cintura e posicionou seu escudo para se defender do forte golpe do pesado machado de batalha que inevitavelmente o fez cair de joelhos no chão, além de parecer ter machucado seu braço, por causa da tensão exercida sobre o escudo.

Antes que Thomas pudesse se recompor, Ademar o chutou no chão, e quando se virou para tentar se levantar, ele viu a lamina do machado descer mais uma vez sobre si. Sem possibilidade de se esquivar, sua única opção seria se transportar desferido mais uma vez para evitar o golpe mortal desferido pelo servo de seu oponente, se não fosse pela intervenção de Vinicius.

O machado de batalha quase tocou o ombro esquerdo de Vinicius e como se atingisse uma grande muralha de pedras, teve sua lamina marcada, sua haste se quebrou, quase se partindo e ele caiu a alguns passos de distância, ferindo a mão do homem que o segurava. Ademar ficou não só assustado, mas também paralisado com a aparição do arcanjo. Vinicius ficou olhando Thomas apoiado em sua engala e lhe deu um sorriso tímido. O cavaleiro sabia que seu defensor o estava esperando se levantar, um misto de alivio e melancolia parecia preencher sua face.

– Quem é você? De onde você surgiu? – Ademar perguntava com evidente nervosismo em sua vós.

– Normalmente eu não faço questão de me apresentar para alguém como você, mas em respeito a seu título de cavaleiro, acho que o mais honrado seria lhe dar o conforto de saber o nome do anjo que o derrotou! – Disse Vinicius. Então ele encarou Ademar e com um tímido e satisfeito sorriso nos lábios ele se apresentou. – Eu sou Raphael.

O som daquele nome pareceu mais pesado do que os ataques feitos por Thomas, fazendo Ademar recuar e lhe proporcionando uma nítida expressão de temor.

– Raphael? O Arcanjo Raphael? Impossível! Desde quando você estava aqui? – Ele deu mais uns passos pra trás e olhou apreensivo para seus servos, que pareciam não notar a presença do arcanjo. – Você não pode ser Raphael, eu o teria sentido! – Ele reuniu seus guerreiros para cerca-los, mas estava claro que havia algo de errado.

O homem que antes portava o machado atacou Vinicius para tentar agarrá-lo, seguindo um comando de seu mestre, mas não foi nada além de frustrada. Apoiando-se com sua bengala, o Arcanjo olhou para trás e se virou para o grande homem que se aproximava e apontou para sua testa com o indicador direito, e então girou o pulso para cima, o homem inclinou a cabeça para trás, e olhando para cima, seu corpo caiu no chão já sem realizar mais nenhum movimento. Vinicius por outro lado continuava apontando para algo invisível no ar, até abrir a palma da mão, fecha-la por completo novamente e torcer o pulso.

Os demais servos do cavaleiro renascido não atacavam sem um comando direto e Ademar, sabia que eles não percebiam a presença de Raphael. Mais dois de seus homens haviam caído como o primeiro.

– Pare de arrancar as almas deles! – Ademar gritou tomado pela raiva.

– Já há muito tempo estas almas deveriam ter deixado estes corpos! – Vinicius respondeu. – Sabe que o que fez não é permitido não sabe?

– Cale a boca desgraçado! Por que eles não podem te sentir? Por que eles não percebem a sua presença? – O cavaleiro da Lua Minguante perguntou em um misto de raiva e desespero.

– O que esta acontecendo? – Eu perguntei a Pascal.

– Bom, digamos que na verdade Raphael não esteja aqui! – Pascal respondeu.

– Como assim ele não esta aqui? – Eu insisti afinal ele esteve conosco o tempo todo.

– Na verdade neste exato momento Raphael esta em sua casa em São José dos Campos, ele consegue transportar seus poderes até aqui e aquele Vinicius que esteve conosco todo esse tempo é na verdade uma ilusão. – Pascal me explicou, e esta informação foi o que mais me surpreendeu em todos estes dias.

– Me admira que alguém que tenha demonstrado todas as suas habilidades não saiba a resposta para a sua pergunta! – Vinicius falou para Ademar estendendo a mão em sua direção. – Esta luta acabou!

Raphael sentiu a mão direita de Thomas pousar sobre a sua, e o viu olhando para ele com o canto dos olhos, como que pedindo para Vinicius parar.

– Baltazar, o que esta fazendo? – Perguntou o arcanjo. O templário o fez abaixar a mão e continuou o encarando com um pedido nos olhos.

– Eu entendo... Bem, não vou mais atrapalhar a sua luta. – Disse Vinicius.

– O que? – Perguntou Ademar.

– Thomas será o seu adversário, assim como foi até agora. – Vinicius respondeu.

O cavaleiro renascido grunhiu e cerrou os dentes com a tranquilidade de Raphael. Ele olhou a seu redor e então percebem estar em irreversível desvantagem.

– Eu não sou capaz de continuar esta luta hoje! – Ele declarou, então se ajoelhou e com a ponta da espada apoiada no chão, ele chamou o templário. – Eu aceito minha derrota, me de um fim digno de um cavaleiro! – Ele então fechou os olhos e encostou a testa em sua espada.

Thomas caminhou até ele e diante de seu rival, guardou sua espada, o cavaleiro o encarou e viu sua expressão seria que deixava aparecer a raiva, mas também demonstrava o esforço para contê-la.

O cavaleiro da Lua Minguante não compreendeu quando o templário saiu de sua frente, e abriu passagem por onde ele havia vindo.

– O que isto significa? – Ademar perguntou.

– Não é do feitiou de Baltazar enfrentar um oponente que não se sinta em suas melhores condições, mesmo que ele seja um cretino como você! – Explicou Vinicius. – Você está livre pra ir, e se na próxima vez que se encontrarem você ainda desejar lutar, então o faram.

– Que tolice! – Ademar comentou e se levantou guardando duas armas. – Eu não compartilharei da mesma generosidade na próxima vez templário. – Thomas o encarou fitando seus olhos sem demonstrar nenhum sinal de hesitação, em uma clara demonstração de que concordava com a afirmação do rival.

– Recolham seus irmãos! Não vamos deixa-los aqui! – Ademar ordenou a seus servos.

– Sabe que é sua responsabilidade não sabe? – Vinicius perguntou a Thomas, que olhava atento aos movimentos de seus lábios. Ele balançou a cabeça de forma afirmativa e continuou olhando Ademar se afastar.

– Ei moleque! – Ademar gritou perto da saída para onde estava indo. – Se Você sobreviver por algum tempo nós ainda vamos nos encontrar mais uma vez, e quando isso acontecer, será eu que verei a sua cabeça rolar.

– Que desgraçado! – Eu falei olhando para Pascal. – Não entendo o que Thomas tem na cabeça para deixa-lo ir embora.

– Eu também não! – Disse Pascal. – Sabe, se eu não estivesse aqui preso dentro deste circulo, agora que ele esta de costas, eu atiraria nele! – Ele falou e não posso negar, que me soou como uma boa piada.


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