Capítulo 42 - Howard Stark

Como eu queria ser mais forte para poder me libertar e quebrar a cara de Eldred.

Porém, vendo que até mesmo Thomas e James estão domados, eu acabo desistindo de tal façanha e fixo meus olhos na névoa que nos retrata Asgard. O conflito ainda não estourou, já que aparentemente os resistentes muros da terra dourada estão dando o máximo de si para barrar o inimigo.

Quanto tempo os asgardianos têm? Dez, quinze minutos?

Nós precisamos sair daqui e achar os nossos pais. Não podemos nos dar ao luxo de ficarmos aqui assistindo à Asgard e a Terra serem destruídas.

Se ao menos eu pudesse me comunicar com Jarvis... Tudo ficaria mais fácil. Observo o ambiente a minha volta, tudo está lacrado, exceto por uma pequena rachadura no canto superior direito, uma saída que somente Mayday poderia alcançar.

Respiro fundo, frustrado por Thomas estar dopado por calmantes. Sua ajuda seria de grande utilidade nesse momento.

Volto minha atenção para os dois guardas que nos observam com cara de tédio. Um está perto de Thomas enquanto o outro ocupa um lugar entre James e Erika. Percebo que em meio a minha análise Mayday tenta discretamente chamar a minha atenção. Quando esta a tem, ela faz um sinal com o pulso, alegando que mesmo com as correntes prendendo seus braços, ela ainda consegue soltar teia.

Tento bolar algo que envolva a teia de Mayday como um possível plano de fuga. Meu cérebro trabalha o mais rápido possível enquanto eu fixo meus olhos em diferentes lugares ao mesmo tempo. As chaves das nossas correntes estão presas em uma das armaduras dos Gigantes de Gelo, e a saída poderia ser alcançada por Mayday se distraíssemos os guardas... Ela poderia buscar alguma ajuda.

Provavelmente dos nossos pais se os encontrasse.

De forma cautelosa, tento passar meus pensamentos para May, que percebo fazer um grande esforço para compreender o que quero. Porém, depois de cinco minutos, ela acaba captando a essência da ideia.

Observo ela dar um longo suspiro antes de lançar a teia rapidamente contra a parede oposta a nós. Sua velocidade foi tamanha que nem mesmo os guardas foram capazes de detectar de onde viera tal coisa. Enquanto eles vão em direção à teia, Mayday usa suas habilidades aracnídeas para roubar as chaves de uma das armaduras com sua teia pegajosa. Em menos de trinta segundos ela está livre.

Percebo que Erika, James e Thomas observam Mayday com atenção, aposto que orando em silencio para que ela não cometesse nenhum erro. Enquanto May vem para me libertar, os guardas analisam a teia, tentando entender de onde ela veio.

Será que só Eldred e Loki são inteligentes nesse lugar? Aposto que gelo em excesso corrompe suas ligações nervosas.

Sou liberto e logo em seguida corro para ajudar meus outros três amigos.

Mas é nesse momento em que noto que Mayday só pegou metade do meu plano. Enquanto na teoria eu esperava ela fosse buscar ajuda, na prática May decide distrair os Gigantes de Gelo para ganhar algum tempo para mim.

Ela escala a parede para ficar presa ao teto. Enquanto ela se posiciona, eu liberto James que quebra as correntes de Erika logo em seguida, chamando a atenção dos dois guardas para nós.

– COMO?! – um deles berra, transformando automaticamente o braço numa enorme lança de gelo.

– Hey, idiotas! – May grita ao mesmo tempo em que atira com ambos os pulsos teias no rosto dos Gigantes.

James e Erika, juntos, vão para perto dos monstros, tentando retardá-los enquanto eu vou soltar Thomas.

– Sempre tem um plano. – Banner me elogia com um sorriso no rosto.

– Eu sou um Stark, é minha obrigação bolar algo pra salvar a pele de vocês. – eu lhe respondo enquanto tento retirar a agulha grossa do ombro de Thomas.

– Modéstia também é algo essencial para um Stark, não?

Ignoro seu comentário e me foco na agulha. No entanto, sou interrompido no meio do processo quando James é arremessado brutamente contra mim. Nós dois só fomos freados quando meu corpo é esmagado contra a parede.

Isso vai deixar uma marca permanente.

Caio no chão juntamente com James enquanto gemo de dor. Percebo que James também se feriu quando observo seu rosto se retrair em agonia.

– Howl! James! – Erika vem ao nosso encontro, apoiando ambas as nossas cabeças em seu colo macio enquanto tenta nos manter acordados com suas palavras gentis.

– Mayday! – Thomas berra de repente, e nós três nos viramos para encarar a figura de May presa pela garganta contra o corpo de um dos Gigantes de Gelo.

– A brincadeira acaba aqui! – o que mantêm Mayday presa vocifera com sua voz seca e fria.

Meu coração quase para quando percebo que a cor de Mayday está ficando cada vez mais pálida enquanto ela mal consegue respirar.

Ele a está enforcando.

Eu quero me levantar, atacar o gigante e matá-lo antes que ele mate uma das minhas melhores amigas. Mas não consigo, a dor prevalece sobre a minha força de vontade. Até mesmo minha respiração é como uma facada em meus pulmões.

Mayday começa a fechar os olhos, se rendendo a falta de ar.

Eu preciso tentar... Preciso...

É em meio ao meu patético sofrimento que o parceiro do que está agarrado com Mayday explode.

Eu tenho duas teorias sobre o ocorrido:

1 – Ele sofreu uma combustão espontânea

2 – Alguém tacou um fósforo no Gigante... E mesmo sendo de gelo ele pegou fogo

Acho que eu bati muito forte a cabeça.

Percebo que uma sombra negra percorre a sala rapidamente, abatendo o segundo gigante, arrancando-lhe ambas as pernas com um golpe de uma arma que não consigo identificar, e libertando Mayday do aperto sufocante do guarda.

May dá longas arfadas, tentando reabastecer seus pulmões com o máximo de ar que seus pulmões permitem enquanto a sombra continua a desmembrar o Gigante de Gelo.

Talvez devido a minha visão turva e a fumaça da explosão, eu não consigo identificar o nosso salvador. Porém, conforme eu recupero meus sentidos, percebo que não é possível reconhecer o sujeito uma vez que esse é de fato uma sombra.

Sem rosto, sem cor... Apenas um vulto negro de um ser humano.

Quando o último guarda é abatido, a sombra vai em direção a Mayday, erguendo-a delicadamente do chão para apoiar suas costas contra a parede, facilitando sua respiração ainda pesada.

Mayday observa o estranho com medo e gratidão, obviamente tão pasma e confusa quanto nós sobre a identidade e intenção da sombra misteriosa de nos salvar.

– Quem... É você? – ela inquire com um sussurro fraco, observando vagamente a forma negra com seus olhos castanhos cansados.

A sombra se mexe, para ficar mais perto ainda do rosto de Mayday. No começo, ela apenas parece encarar May, e somente depois o vulto decide assumir sua verdadeira forma, fazendo a boca de todos nós cair. Erika e Thomas, que estão mais conscientes, sorriem, enquanto o resto de nós engasga com a própria felicidade.

– Sentiram minha falta?