Capítulo 23 - Howard Stark

Mayday iria ficar com um galo gigantesco na cabeça.

Assim que eu a tirei de dentro do banheiro onde a mulher dos cabelos brancos (que mais tarde descobri ser a Gata Negra) há pouco tempo havia saído, Mayday estava desacordada com um enorme hematoma volumoso na testa. E obviamente eu tive que ficar de babá enquanto os outros entravam em ação.

Foi algo realmente frustrante.

James e Luke estavam até que se dando bem trabalhando em equipe contra o homem-lobo. Já Thomas tentava ajudar todos que estavam dentro do local a sair e Erika brigava com a Gata Negra não muito longe de onde eu estava.

Suspirei, por que sou sempre eu que fico de fora?

Quando menor, eu sempre era deixado de lado nas brincadeiras entre Erika, Mayday e eu. As duas sempre escolhiam brincar de boneca ou algo que envolvesse maquiagem ou desfile de moda, coisas que não eram de meu interesse. Como eu sempre vivia sozinho, já que nunca tive muitos amigos, eu acabava passando horas e horas lendo livros sobre tosos os assuntos que uma criança poderia entender...

Comecei lendo Harry Potter, ok, eu nunca mais parei desde então, mas digamos que foi a minha primeira leitura. Foi um vocabulário simples, mas com um enredo tão envolvente e imaginativo que acabou me ajudando a desenvolver minhas ideias. Desde então, quando cheguei ao último livro da série, passei para livros mais didáticos até chegar ao “level” Teoria da Relatividade.

Ah, física, meu primeiro amor.

Sei que isso parece (e é) um tanto quanto uma frase nerd, mas não posso esconder a verdade. Física me fez querer saber cada vez mais como o mundo funcionava, e, além disso, era algo que meu pai também gostava, juntamente com a química e a matemática.

Não teve o menor erro. Quando ficávamos na casa da Erika ou da de Mayday, enquanto elas brincavam de boneca, eu pegava um livro e começava a devorá-lo.

Sempre preferi a leitura a fazer exercícios, por isso não sou tão forte quanto Thomas, James ou Luke, mas como eu já havia dito ao Barton, força sem estratégia não vence batalhas.

Eu queria fazer alguma estratégia para essa última missão, mas todos negaram dizendo que não tínhamos tempo suficiente e obviamente, fui rebaixado para porteiro de banco por ser o mais fraco.

O que Thomas estava fazendo junto comigo ao lado de fora é um mistério para mim.

Agora aqui estamos, todos parados e observando cada movimento nosso pelo vídeo que Nick Fury, Maria Hill e os outros conselheiros da SHIELD olhavam com cautela, avaliando-nos com aqueles olhos frios e sem expressão. Isso me deixou apreensivo, eu odeio não saber sobre o que os outros estão pensando, não sei dizer se estão nos adorando ou nos detestando.

Tento me distrair ao desviar meus olhos para os meus amigos. Erika, Mayday e Thomas estão calados, os três pares de olhos focados na tela. Já James e Luke não param de cochichar e rir como se fossem duas meninas, é um tanto engraçado de se ver. Esforço-me ao máximo para não olhar, mas novamente foco em Nick e nos diretores, o que me deixou novamente apreensivo.

Como eu queria poder levantar daqui e sair andando, ir embora e mandar tudo ao inferno. Será que eu tenho mesmo que ficar esperando uma aprovação ridícula de uma organização que apenas algumas pessoas sabem da existência para poder salvar meu pai? Para pelo menos ver se ele ainda está vivo?

Mais rugidos de Thomas e os gritos da Gata Negra saem do telão, eu desvio meus olhos, fazendo um protesto silencioso contra a espera e logo fico grato quando o vídeo termina.

As luzes do fundo da sala se acendem, mas seus brilhos não são o suficiente para iluminar a parte da frente, onde Fury, Hill e os diretores se encontram.

Nick Fury se desloca mais para frente para nos encarar com seu único olho.

– Vocês estão satisfeitos com isso? – Ele nos perguntou num tom casual.

Nós seis nos entreolhamos.

– Não era a gente que deveria estar fazendo essa pergunta? – Luke rebateu, confuso com o questionamento.

Nick vem em nossa direção.

– O que vocês pensam que estavam fazendo? – E pousou seu olhar em mim.

Engoli seco, todavia tentei parecer calmo.

– Nosso objetivo era imobilizar a Gata Negra e o Homem – Lobo. – Falei. – Missão cumprida.

– Na verdade, Sr. Stark. – Maria Hill me chama enquanto toma seu lugar costumeiro ao lado de Fury. – Esse era um de seus objetivos. – Antes que qualquer um de nós pudéssemos contra argumentar, Hill saca um controle do cinto e aponta para o telão, fazendo com que uma espécie de ficha técnica aparecesse no lugar do vídeo. – O objetivo como um todo era impedir um assalto ao banco como um todo.

– E impedimos. – James tenta impor-se, mas eu realmente gostaria que ele tivesse ficado calado sendo que não havia entendido o que Maria Hill quis dizer.

Entretanto já era tarde demais para poder falar alguma coisa.

– Sr. Rogers, o que eu quero dizer é algo além de apenas pegar o bandido. Vocês tinham a missão de evitar o assalto, neutralizar ambos os bandidos e manter as pessoas a salvo.

– Fizemos tudo isso! – Mayday protesta.

– Ah, é mesmo? Não prestou atenção no vídeo? – Fury diz com certa amargura enquanto coloca a foto do candelabro espatifado no chão. – Olhem bem para essa imagem, todos vocês.

Obedecemos e começamos a estudar a foto que nos fora posta. No começo, eu não estava vendo nada além do candelabro espatifado dentro do banco, porém, quando forcei bem a vista, notei que havia uma poça de sangue por entre os pequenos cristais juntamente com alguns corpos esmagados pelo peso do objeto.

Meus olhos se arregalam e Fury logo percebe que eu notei.

– Ah, parece que alguém viu enfim! - Percebo os olhos dos meus amigos em mim. – Diga-nos, Sr. Stark, o que está vendo?

Ergo a cabeça, mas minha voz sai tremida.

– Cadáveres. – Digo baixo

– Como?

– Cadáveres. – Respondo novamente com um tom de voz mais firme. – Estão debaixo do candelabro.

Eles voltam a olhar para o vídeo novamente e a primeira a se manifestar foi Erika, que cobriu a boca com as mãos de horror.

– Mas... Não foi nossa culpa! O Jameson quase matou a Erika! – Mayday tenta novamente impor sua opinião, mas logo é silenciada por um dos diretores.

– Isso não é desculpa, Srta. Parker. Um dos principais objetivos da SHIELD é assegurar a segurança das pessoas para coisas... Inumanas.

– Então somos O Esquadrão Aberrações para você? – Luke comenta num tom sádico. – Só servimos para defender quando vem um monstro gigantesco ou algum tipo de mutante para foder com tudo, é isso?

Nem Nick, ou Maria ou o resto dos diretores pareceram se intimidar com o tom de Luke, praticamente o ignoraram.

– Vocês provaram para nós que não podem cuidar do outros... Quem dirá de si mesmos.

– Voltamos inteiros, não? – Thomas indaga apontando para nós. – Além do mais, não fizemos esse teste para vermos se poderíamos ou não passar para agentes de campo da SHIELD, mas sim para podermos encontrar os nossos pais!

– Pois bem, permissão negada. – Um dos diretores logo nos diz.

– Como é que é? – Luke explode. – Vocês não podem estar falando sério!

– Infelizmente, nós estamos. – Hill cruza os braços. – Vocês ainda não estão prontos.

– E você acha mesmo que teremos que proteger um banco em Asgard?! – James urra. – Vocês estão matando os nossos pais! Se eles ainda estiverem vivos?! Se precisam da nossa ajuda?! E se estiverem num estado crítico e vocês estiverem nos mantendo aqui enquanto eles morrem! Morrem para poder proteger essa merda de planeta...

– Basta, James Rogers! – A única diretora mulher se manifesta. – Não precisamos de uma revolta adolescente para nos ocuparmos sendo que já temos muito trabalho a ser executado.

– Está decidido. – Um outro diretor. – Vocês ainda não tem maturidade para enfrentarem um lugar hostil como Asgard.

– Voltem para seus dormitórios até receberem novas ordens. – Fury encerrou o assunto, impedindo qualquer um de nós seis de contradizer.

Sem escolha, viramo-nos para a saída e batemos os pés no chão.

James estava certo, nossos pais podem estar precisando de nós, mas não podíamos ajudá-los.

Não, tínhamos que seguir ordens estúpidas de um pessoal estúpido.

Eu estava irado, queria quebrar toda a SHIELD, queria me livrar dessa agencia idiota.

Tudo o que eu queria era poder trazer meu pai de volta. Seria pedir muito para qualquer um daqueles palermas que ficam sentados o dia todo e criticando cada movimento nosso?

Pensam que podem nos prender, nos manter em cativeiro e em silêncio.

Mas eles se esqueceram de duas coisas muito importantes:

1 – Nós somos os filhos dos vingadores, não precisamos de ordens de ninguém para agir.

2 – Eu sou um Stark. E como tal, sempre tenho um plano.