Minecraft. O Ninho De Creepers escrita por Hermes JR


Capítulo 56
A Origem


Notas iniciais do capítulo

"Mas é claro que eu não sinto Steve não teve mais do que merecia"



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O homem dos olhos brilhantes desceu a escada de pedra, feita naturalmente. Seu corpo estava completamente acabado, e estava bem claro que caso ele não fosse um feiticeiro ou algo assim, já estaria morto há muito tempo.

Steve sentiu, como quando o veneno o atacava, seu coração perder o ritmo, seu respiração vacilar, sua visão escurecer e suas forças se esvaírem. Ele tentou gritar para Esmeralda e Bruce fugirem, mas não conseguiu dizer nada, não tinha forças.

Esmeralda tentou atacá-lo, mas foi contida, como antes, seus braços e todo o seu corpo foi imobilizado, porém, dessa vez foi pior, pois sabia que agora não tinha outra chance para um feitiço de ataque. Ela caiu de joelhos assim com Steve, e com Bruce, obviamente, não foi diferente.

Estavam então lá, os três caídos de joelhos, sem poderem mexer um músculo. O local aos poucos começava a desmoronar, as rachaduras iam crescendo vagamente pelas paredes rochosas enquanto os destroços de pedras caíam e se desfaziam na lava. O chão onde eles estavam aos poucos começava a ser engolido pela lava e não faltava mais do que alguns minutos para que tudo aquilo fosse consumido pela lava efervescente.

Steve era o que estava na pior situação. Paralisado, o veneno começava a dominá-lo de novo, e ele não tinha controle sobre isso, claramente.

O homem completamente deformado veio andando, com as mãos balançando ao lado do corpo, era impressionante como ele agia, com tanta calma, apesar de estar sangrando até a morte.

–Vocês se esqueceram de que estão no meu Ninho de Creepers? –Ele perguntou. –Não há como me derrotar aqui, essa é minha casa, é o meu lar, vão precisar mais do que isso para me fazer parar.

Steve abria e fechava a boca repetidas vezes na tentativa de conseguir fazer algum ar entrar em seus pulmões. Seus olhos lacrimejavam.

–Admito que me surpreendi com o feito de vocês agora. –Ele disse. –Nunca antes imaginei que alguém conseguiria fazer tamanho estrago assim com minhas obras, ainda mais me pegar de surpresa num belo ataque. –Ele falou, dirigindo o olhar para Esmeralda.

Eles ficaram calados se encarando. Cada vez mais a lava consumia o local e as paredes ficavam cada vez mais fracas.

–Mas eu não me pretendo alongar muito essa conversa. Acho que todos já estão cientes de que isso aqui está para ir pelos ares. –Ele se aproximou de Steve. –Portanto, é melhor eu me adiantar.

O homem pôs a mão na testa de Steve, e de repente aquele estranho ritual começou. Steve sentiu a pouca vida que lhe restava no seu corpo sair de vez. Sabia que estava sendo possuído, Esmeralda também logo percebeu.

–Steve, resista! –Ela gritou. –Feche a sua mente, bloqueie-a! Não deixe entrar em seu corpo.

Esmeralda não entendia muito de possessão, somente que era uma área da magia que poucos se arriscavam, além de ser um caminho sem volta. Depois que ela atingisse um nível muito alto, já se tornava fatal para um dos dois, certamente, se ela não tomasse uma atitude, Steve seria possuído e deixaria de existir, e caso a possessão desse errado, o que era muito difícil, o homem no corpo de Naum morreria.

O homem fechou os olhos enquanto mantinha a mão na testa de Steve. Nada parecia estar acontecendo, mas por dentro, Steve sentia seu corpo queimar, ouvia uma voz maligna soando dentro de sua cabeça, e nada podia fazer para impedi-lo. Uma risada soava dentro se si, e era só o que ouvia, nada mais. Tentava se mover, mas agora nem seus pensamento pertenciam a si.

–Não fique com medo Steve, a dor já vai passar, para sempre. –A voz dentro da sua cabeça disse. Era uma voz familiar para Steve.

–Só deixe meus amigos irem então. –Steve conseguiu falar.

–Oh, não posso. Eles viram de mais, além de saberem de mais também... Mas não se preocupe, a morte deles será mais rápida e menos dolorosa que a sua. –Caçoou.

–Então me diga quem você é. –Protestou. –Tenho o direito de saber quem é que está me tirando a vida.

–Isso somente o tempo vai poder te dizer, pois logo você irá descobrir...

Steve não fazia a mínima ideia do que ele quis dizer com isso. Mas não tinha como continuar resistindo, muito menos falar.

Do lado de fora da mente deles, Esmeralda gritava desesperadamente.

–Steve, resista! Não o deixe fazer isso!

–O que está acontecendo?! –Bruce indagou.

–Ele está possuindo Steve. Se não fizermos alguma coisa, Steve deixará de existir e seu corpo será o abrigo dele!

Porém, ambos sabiam que não tinham como agir, presos pela magia dele, não tinham chance de escapar.

Enquanto isso, dentro da mente de Steve, ele começou a ver imagens, não eram nada sólidas, passavam como uma névoa, e pouca coisa ele conseguia distinguir. Via algumas casas, pessoas mais velhas, um moinho ao longe. Pelo menos ele achava ser isso. Era uma aldeia, a seu ver, com casas normais, pessoas normais que agiam normalmente. Logo depois, sua visão foi parar no interior do moinho que estava no fundo da cidade. Ele parecia estar abandonado, havia morcegos por todos os lados e tudo estava num péssimo estado.

–Mas o que é isso? O que... –Ele se perguntava.

As imagens passavam sem o menor sentido, não tinham nexo, mudavam constantemente e pouca coisa podia ser distinguida. Vozes também faziam barulho em sua mente, indo e vindo, como fantasmas perdidos no tempo.

E foi então que o momento mais estranho de toda a vida de Steve aconteceu. Ele já havia passado por todo o tipo de coisa e visto as mais diversas bizarrices, e tinha certeza que nada que ele visse de ali em diante iria surpreendê-lo, mas ele estava completamente enganado. Sentiu, de repente, sua alma, ou aquilo que o mantinha preso ao seu corpo se soltar de vez. Ele começou a flutuar, olhou para as suas mãos, e elas começavam a desaparecer. Steve subiu como um balão e abaixo de si viu o homem no corpo de Naum com a mão em sua testa gritando, talvez de dor, ou alegria, isso não lhe importava. Steve viu a lava que tomava cada vez mais espaço e avistou também Esmeralda e Bruce, presos, muitos próximos à lava, assistindo-o morrer, sem poderem fazer nada.

Por fim, ele olhou para si mesmo e percebeu que ele sumia, evaporava, e conforme continuava a sumir, desapareceu.

O corpo de Naum então foi ao chão, os olhos não brilhavam mais, e agora era somente um cadáver caído ali. Esmeralda começou a chorar, ela sabia que a possessão havia sido concluída. Bruce não entendia muita coisa do que estava acontecendo, mas era inteligente o bastante para saber que Steve se fora.

Então, o corpo de Steve, que estava de joelhos, se levantou. Os olhos se abriram lentamente e agora os olhos de Steve não estavam mais ali, havia somente aqueles dois círculos brilhantes. Era assustador.

Ele tossiu, e com a voz de Steve, misturada com alguma outra, disse:

–Nunca me senti tão renovado antes!

Esmeralda não conseguia mais se controlar e começava a chorar aos berros. Bruce tentava se manter estável, mas agora que sabia o rumo que aquilo tomara, manter o controle não era uma opção.

–Sinto muito que tenham perdido o amigo e companheiro de vocês. –Ele disse, rindo. –Mas é claro que eu não sinto Steve não teve mais do que merecia e...

Ele não continuou, pois alguns destroços maiores de pedras começaram a se soltar das paredes. Ele, apreciando a destruição, sorriu.

–Parece que o fim de vocês está próximo também. Mas... Vou poupar-lhes de tanta dor e sofrimento, deixe que eu acabe isso por vocês. –Enquanto dizia isso, ele se dirigia a uma espada caída não muito longe dali. –Não tentem ver isso como se Steve estivesse prestes a matar vocês, mas... É realmente muito estranho você morrer pela mão daquele que você jurava que te salvaria.

Ele se deliciava com o momento de terror deles. Fazia tudo o mais lento possível para poder prolongar aquilo. Nunca havia se sentido tão bem antes.

As paredes ao redor deles continuavam a cair, mais pedras se derretiam ao atingir lava e espirravam o líquido efervescente para todos os lados.

O homem no corpo de Steve estava com a espada não mão já, mas ele enrolava. Fazia movimentos no ar com elas, simulando ataques, e constantemente esfregava a lâmina na roupa, como se a limpasse. Obviamente, sua única intenção era prolongar os momentos de angústia de Esmeralda e Bruce.

Finalmente, depois de minutos se divertindo sozinho, ele se dirigiu a Esmeralda.

–Vamos começar por você mocinha... –Ele falava enquanto cocava a ponta da espada no ombro de Esmeralda. –Entenda isso como um privilégio... Primeiramente porque... Bom, você sabe, você já me causou tanta dor de cabeça... Além de que... Steve tinha um sentimento especial por você e, em homenagem a ele, nada melhor que você ir primeiro...

Lágrimas e mais lágrimas escorriam pelo rosto de Esmeralda, assim como Bruce, que encarava os dois, completamente incapacitado. Ele queria gritar, mas não arranjava maneiras de fazer isso, sua voz não lhe obedecia, e a única coisa que fazia era ver.

–Diga adeus, Esmeralda.

O homem levantou a espada e a desceu rapidamente, como um raio. Ela iria certeiramente à cabeça de Esmeralda, mas então, algo lhe fez parar. A espada parou no meio do caminho e caiu ao lado deles. O homem caiu de joelhos com a mão na garganta e começou a gritar.

De repente, os olhos deles, que já tinham sua luz própria incrivelmente forte, começaram a brilhar mais e mais. A luz se tornou tão intensa que logo, todos ficaram momentaneamente cegos.

Bruce apertou os olhos para não poder ficar cego de vez graças à luz e, quando percebeu que ela havia passado, os abriu, e se deparou com uma cena assustadora: Bem a sua frente, estava parado Steve, de joelhos. Ele havia voltado ao normal, seus olhos não brilhavam mais, incrivelmente, ele retornara. Porém, isso não era o estranho, pois de frente para Steve, estava parado um Steve também, mas este não era ele, pois seus olhos eram somente duas grandes esferas brancas.


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