Minecraft. O Ninho De Creepers escrita por Hermes JR


Capítulo 53
Correntes


Notas iniciais do capítulo

"Ele não sabia se aquilo era o céu ou o inferno."



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Ele não sabia se aquilo era o céu ou o inferno. Quando Steve abriu os olhos, sua visão estava completamente embaçada e a única coisa que ele conseguiu ver foram silhuetas vermelhas dançando logo abaixo dele, nada mais.

Seja o céu ou o inferno, o local era insuportavelmente quente. Ele estava todo ensopado de suor, que pingava de sua face sem cessar.

Olhando em volta a procura de Esmeralda e Bruce, não conseguira achá-los, o que já era de se esperar devido a sua visão. Seus olhos ardiam, tanto por conta do calor e, provavelmente, pela queda também.

Steve estava suspenso no ar. Sentia seus pulsos presos em correntes, assim como seus pés. Ele estava numa abertura num formato semelhante ao de uma estrela. Seus pulsos estavam um pouco cortados devido às ferrugens e ao seu peso. Quanto mais se movia e tentava se soltar, pior sua posição ficava e mais dor ele sentia, a única alternativa então era permanecer como uma estátua.

Aos poucos sua visão ia normalizando-se, mas demoraria um pouco mais do que ele queria para voltar a enxergar como antes. Entretanto, o que ele conseguia ver já era o suficiente para perceber o quanto sua situação era preocupante. Steve estava suspenso em correntes velhas e enferrujadas, e logo abaixo dele havia um enorme poço de lava, que borbulhava incansavelmente. Na verdade esse poço de lava era circular, e no centro dele havia um grande espaço. Se havia alguma coisa lá ou alguém, Steve não conseguia enxergar ainda. Ele estava suspenso na beirada dessa espécie de câmara, logo acima do poço de lava no formato de “O”.

Steve sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao perceber que agora, qualquer mínimo movimento significaria sua morte, caso aquelas malditas correntes não o aguentasse.

–Bruce! –Ele gritou, com uma voz fraca. –Esmeralda! Alguém está aí?!

Nenhuma resposta veio.

Steve sentiu seu peito se inchar, percebendo que poderia ter sido responsável pela morte dos dois. Começou a gritar desesperadamente, a se remexer, sem se importar se cairia ou não, só não queria gritar e chamar e não ouvir resposta alguma.

Gritou até sua garganta parecer estar em chamar e ele não conseguir produzir mais um som sequer. Seus músculos latejavam, seu suor escorria e queimava logo baixo dele, sua cabeça girava e as correntes que lhe seguravam estalavam, querendo ceder.

Reunindo então o máximo de força que podia, deu um último grito, gritando o nome de Bruce e Esmeralda.

–Não se preocupe, eles não estão mortos. –Uma voz disse, vindo de algum lugar que ele não conseguira identificar por causa da sua visão. –Ainda.

Steve ergueu a cabeça e olhou em volta, procurando o dono da voz. Parecia ser um homem parado no centro do círculo de lava, o mesmo, Steve supôs, que atiçara fogo à estaca de seu pai e era o responsável por tudo aquilo.

–O que você fez com eles... –Aquilo saiu mais como uma afirmação vaga, mas Steve estava muito fraco para formar frases completas e com nexo.

O homem riu, se divertindo com a dor e a agonia de Steve. Estava claro na sua voz.

–Isso não é importante agora! –Ele gritou. – Vamos falar do que você fez com eles.

Steve xingou ele com todas as forças que tinha, mas sua voz saiu tão fraca como um cochicho.

–É... Tem razão, isso não importa... –Ele disse. –Mas mesmo assim, se eu fosse você me sentiria o homem mais culpado do mundo, sabendo que posso ter sido o responsável pelos males que ocorreram aos meus companheiros... Que deram suas vidas por um motivo tão em vão... E a culpa é toda...

–Cala a boca! Cala essa boca! –Steve conseguiu gritar. Já não bastava ele se sentir mal, e agora caçoavam dele, aproveitando-se de sua agonia e dor. –Você não tem o direito de falar isso, muito menos de...

–É, talvez eu realmente não tenha, ou, eu posso ter. Tanto faz... Mas isso não é nada comparado ao que está prestes a acontecer. Estamos cada vez mais próximo de executar o plano final e, depois de todos esses anos escondendo-nos, vamos poder mostrar nossa face.

–Plano final? Você criou os Creepers? Você é o responsável por...

–Quem me dera, eu sou apenas um ajudante no que ele chama de A Reforma.

Steve ficou em silêncio, estava morrendo, e sabia disso, mas que chegara até ali, ia até o final e arrancar o máximo de informação que pudesse.

–Posso ver sua cara de frustração, de medo, de angústia. Não se sinta assim, você não estará mais vivo até lá. –O homem riu dele.

–Até lá? Mas, se você não... Afinal, o que é tudo isso?

O homem riu mais alto ainda.

–Mesmo sabendo que você não vai sair dessa, eu não me permitiria contar tudo o que está prestes a acontecer, mesmo também que eu me deliciasse com sua cara de pavor depois. –O homem fez uma pausa. –O que importa é que, quanto mais tempo passa, mais ficamos mais fortes, mais aliados conseguimos, novas maneiras de intervenção conseguimos...

–Nós, nós, você só fala de nós! Quem está por trás disso também?!

O homem saiu das sombras e foi para a luz da lava, mostrando sua verdadeira face, mas Steve, com a visão turva, ainda não conseguira identificar quem era.

–Isso não importa para você. –Ele disse. –Na verdade... Você já vai descobrir mais um pouco mesmo. Ele vai querer falar com você uma última vez.

–Ele?! Quem é ele?! Fale-me seu desgraçado! Já não basta me manter aqui?!

–Acalme-se Steve. –Ele se deliciava com a angústia dele. –Você já vai saber... Além de que, vocês já estiveram juntos antes, muitas vezes. Em Téfires então foi...

–Aquele demônio está por trás disso?!

–Não aquele demônio exatamente... –Ele parou. –Fique quieto, não tenho que ficar lhe contando isso, já fiz mais do que eu devia. Meus pêsames, Steve, pela sua morte!

–Queime no inferno.

O homem ia saindo, e já havia até sumido da limitada visão de Steve quando ele parou, voltou e disse:

–Antes que eu me esqueça, mande lembranças para Nicko.

Steve sentiu o sangue borbulhar dentro de si, a cabeça explodir de raiva e novamente o ódio tomou conta dele.

–Foi você que fez a armadilha do falso Ninho? Foi você?!

–Fiz muito mais do que isso Steve, muito mais do que isso... Nicko foi apenas um dano colateral. –Ele fez outra pausa como de costume. –Cheguei até a conhecê-lo por um breve momento quando ele invadiu minha sala. Até que não era um cara tão mal...

–Cala essa boca! Você não tem direito de falar um “A” sobre Nicko! Cala essa boca!

–Tudo bem, tudo bem, ele já não está mais aqui, afinal, isso é o que importa, não?

–Queime no inferno, desgraçado!

Steve se balançava e gritava com toda a ira que tinha guardado desde a sua vida. As correntes balançavam e estralavam. Sua raiva borbulhava mais que a lava que queimava abaixo dele.

–Até nunca, Steve.


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