Os momentos seguintes foram os de mais puro terror desde que adentraram na mina. Mesmo depois de sobreviverem ao ataque das Aranhas, mesmo depois de ser envenenado, mesmo depois de quase ter tido uma parada cardíaca, nada dera mais medo em Steve do que quando ele viu aquela massa verde se aproximando deles. Estava sem sua armadura, sem sua espada e a única coisa que lhe iria ser útil era o arco, que ele não sabia manejar tão bem quanto à espada.

Com as mãos trêmulas, ele pegou uma flecha e se preparou ara o primeiro ataque.

–Não devemos recuar ou parar de atacar em momento algum. –Esmeralda advertiu se preparando também.

–Recuar para onde? Não atravessamos paredes!

–Você não.

Steve atirou a primeira flecha e acertou um dos Creepers que se aproximava, mas como eles estavam bem distantes deles e sua mira não era das melhores, não fora o suficiente para matá-lo.

Esmeralda contribui com alguns feitiços que partiram dois deles ao meio rapidamente, espalhando pólvora no local onde suas carcaças caíram. Steve atirou novamente e agora acertara em cheio seu alvo, matando instantaneamente. Esmeralda explodiu mais outros dois, e logo depois, mais um.

–Precisamos ser mais rápidos! –Ela alertou.

–E eu não sei?! Eles também não podem nos alcançar...

Uma explosão veio do monte de criaturas. Um deles explodira, mas dessa vez não fora Esmeralda, e sim ele atacando-os. Rochas foram lançadas lá de cima na direção deles e mais um pouco o túnel iria desabar.

–Ou então eles não precisam!

Esmeralda atacou mais uns três, e quanto mais atacava, mais apareciam, e ela não teria força o suficiente para manter-se de pé se continuasse atacando desse jeito.

Steve fora melhorando sua mira, mesmo já tendo atirado antes, sua mira ainda não era boa, mas sabia que agora ela seria essencial então dava o máximo de si para tentar não errar, afinal, era questão de um segundo para a passagem ser bloqueada e ele morrerem soterrados.

–Não vou aguentar se continuarmos assim! –Esmeralda gritou.

Steve ouvira, mas não teve tempo para responder.

De repente mais uma explosão, e mais pedras vieram rolando e voando. Felizmente esse ataque não derrubara a passagem, além de ter matado algumas outras criaturas lá de cima, entretanto, ainda representava um risco para eles.

Esmeralda tentou então um feitiço de levitação mais simples para poupar energia, jogando as pedras que caíram de volta nas criaturas, mesmo sendo o suficiente somente para atrasá-las. Um Creeper apenas morrera.

Steve cuidava do restante da obra, acertando o máximo de flechas que podia nos locais mais letais. Umas duas ou três nem chegaram perto dos monstros, outras, entretanto foram tão letais que eles não viam nem da onde o ataque vinha.

–Não posso continuar atacando assim, minhas flechas vão acabar! –Ele gritou. –Me resta umas sete ou oito!

–Teremos de dar um jeito, caso contrário, terás que cuidar disso aqui sem mim.

Steve estava pegando mais uma flecha quando uma coisa chamou a atenção deles. Do fundo do monte de criaturas, alguma coisa veio surgindo em uma velocidade muito rápida. Pode-se ver também alguns Creepers serem partidos ao meio e pólvora se espalhando, deixando um enorme rastro.

–O que é aquilo? –Esmeralda indagou assustada.

Ela já erguia sua mão para um ataque mais forte quando Steve abaixou sua mão dizendo.

–Não ataque! É ele!

Bruce vinha correndo com uma espada, atravessando no meio dos Creepers com uma velocidade incrível. Apesar de manejar mal a espada, ele trucidava os monstros tão rápidos que eles nem sabiam da onde vinha a morte, não tinham tempo de sequer explodir para se defender. Steve deu uma cobertura para ele atirando duas flechas e acertado bem o peito de duas criaturas, matando-as na hora.

Bruce chegou então até onde os dois estavam.

–O que você está fazendo aqui?! Como nos achou?! –Esmeralda gritava.

Bruce não a respondeu.

–Acho que isso é seu. –Ele disse entregando a espada para Steve.

Steve pegou a espada, não pudendo conter um sorriso.

–E isso fica melhor com você. –Ele disse entregando o arco e a aljava quase vazia para seu amigo.

Sem trocarem mais uma palavra sequer, voltaram a se defender. Bruce, com medo, mesmo que não demonstrando, pensava no melhor jeito de usar as poucas flechas que lhe restavam. Esmeralda atacava inteligentemente para poupar suas forças. Steve fora para frente da onde eles se encontravam antes e, com a espada, começou a atacar os Creepers mais próximos, antes que estes pudessem levar tudo aos ares.

E assim permaneceram durante muito tempo, não sofreram um ataque, não sofreram um arranhão, até aquele momento.

Sem o menor precedente, um dos Creepers explodiu longe deles, mas dessa vez eles viram as paredes cedendo, as rachaduras tomando conta da parede rochosa e pedras bloqueando o que poderia vir a ser sua saída.

Foram totalmente engolidos pela escuridão, mergulhando então nas trevas profundas. Steve recuou até se sentir entre seus companheiros novamente. Esmeralda fez uma chama acender-se em sua mão, pequena, como sempre para poupar sua energia, mas já o bastante para eles puderem ver o que estava acontecendo.

Bruce atirou uma flecha bem na cabeça do Creeper que estava mais próximo deles, restando-o apenas mais uma.

–Só tenho mais uma flecha! –Alertou.

Steve atacava um pouco mais a frente deles, e escutara o que ele dissera. Seu coração então quase parou de bater novamente, não pelo veneno que ainda podia correr em suas veias, mas sim por perceber que estavam realmente sem saída, e ainda por saber que ele seria responsável pela morte de seus amigos. Tudo era culpa sua, e sabia que se tivesse ouvido o que lhe disseram talvez os três ainda continuassem vivos, talvez se ele não tivesse cedido ao seu sentimento de raiva e ódio poderia resolver aquilo de uma maneira mais inteligente, não da mais estúpida possível.

Além do arrependimento, o medo tomava mais que tudo conta de si, não estava preparado para morrer, pelo menos não daquele jeito, já lutara tanto, passara por tantos acontecimentos ruins, não podia morrer sem lutar.

Com a pouca luz que tinham, ele começou atacar como uma besta faminta atrás de comida. Não pensava no que fazia, somente fazia movimentos aleatórios fortes o bastante para poderem fatiar os Creepers.

Aquilo durou um pouco, até o momento em que a luz de Esmeralda se apagou e ele escutou explosões. Viam de todos os lados. Voltou correndo e se juntou com seus amigos, esperando a morte certa.

Pedras vieram voando, uma acertou-o na barriga e ele se contorceu de dor, e quase que simultaneamente outra veio e atingiu-lhe a cabeça. Caiu de joelhos, mas não no chão, pois não havia.

Quando ele espetava pelo impacto, surpreendeu-se ao perceber que o chão debaixo de si começava a se desmontar como peças de montar, e logo, só restava um vazio abaixo dele.

Se ia morrer agora ou não, ele só tinha uma certeza, não demoraria.