Minecraft. O Ninho De Creepers escrita por Hermes JR


Capítulo 51
Escuridão


Notas iniciais do capítulo

"Alguma coisa explodiu logo acima deles de repente. Pedras rolaram em direção a eles, e por sorte não bloquearam a passagem. E então, uma nuvem verde começou a surgir no campo de visão deles."



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Enquanto vagava pela escuridão carregando Esmeralda pelos braços, Steve refletia sobra o que estava fazendo. Não se arrependia de ter ido nessa jornada, de quase ter morrido novamente e de estar gravemente ferido e envenenado, mas arrependia-se ao ver como Esmeralda estava. Ela não tinha nada a ver com o que ele estava fazendo, e insistiu para que ela ficasse, mas mesmo assim ela foi, e agora estava ali, desacordada e inconsciente. Steve não entendera nada do que ocorrera a partir do momento que aquela ofuscante luz banhou o túnel, mas sabia que era fruto de alguma coisa feita por Esmeralda, a única explicação lógica no momento, além de explicar também o porquê de ela estar caída aos braços dele.

A escuridão parecia infinita e impedia-o de ver qualquer coisa. As mais simples das criaturas poderia atacá-lo sem problemas ali, mesmo estando ainda com seu arco. Steve se guiava mantendo sempre seu corpo encostado à parede. Isso o machucava, mas ele não ligava, já suportara dores milhares de vezes piores, e, se era para o bem de Esmeralda, ele estava disposto a fazer qualquer coisa, até porque ela estava ali graças a ele. Porém, dentro de si ele sabia que o verdadeiro motivo era que, mesmo não gostando muito, ele sentia um certo tipo de atração por ela.

Mas que chances eu tenho? Perguntou-se. Não tenho nem um sobrenome, e ela é uma princesa, destinada a suceder seu pai, além de suas habilidades centenas de vezes superiores às minhas.

Apesar de não estar sozinho, a solidão o devorava a cada passo, e seus pensamentos mais ainda. Não tinha mais controle sobre o que fazia, apenas caminhava e seguia em frente, não tinha destino certo ou um caminho a seguir, mas vagava mesmo assim. Suas memórias vieram como uma bomba para cima dele. Desde que abandonara sua morada em meio a mata; desde que encontrara Bruce e se perderam na mina, a mesma que ele se encontrava novamente, apesar de ter desejado nunca mais retornar àquele lugar; desde que conhecera Colina Nevada e lá ficara por alguns dias, o suficiente para arrumar uma confusão; desde o ataque dos Endermens; desde que partira em busca do ninho, onde conhecera Nicko, que agora se fora e passou a ver de verdade que Dave era; desde o ataque das Aranhas; desde que chegara em Téfires e ficara aprisionado sozinho nas masmorras; desde sua fuga e seu encontro com Adália e Esmeralda, quando enfrentaram aquele terrível demônio ardente, que até hoje o perturbava; desde que recebera a notícia de que Nicko se fora; desde que fugiram dos guardas e retornaram então a Colina Nevada, onde enfim ele achara o Ninho, onde tinha certeza de que era lá que o verdadeiro mal habitava; desde sua briga com Bruce e agora, aquela nova luta, que o levaram àquela situação de abandono, vagando pelos túneis completamente ferido e desorientado.

De repente Steve sentiu uma fisgada no seu coração, originado do veneno que corria em suas veias. Sua respiração parou involuntariamente e suas pernas vacilaram. Ele, instintivamente, jogou-se contra a parede, apoiando-se com as costas, de modo a evitar que Esmeralda caísse. Recuperou aos poucos o ritmo de sua respiração, esperou seus músculos relaxarem e retornar a ter controle sobre suas pernas. Steve suava frio, estava completamente encharcado, parecia ter acabado de sair de um banho de chuva.

Apesar disso, ele sabia que não podia parar, criou forças para poder retomar sua caminhada nas trevas e, com esforço, conseguiu.

Steve seguiu durante alguns minutos a mais normalmente, sem maiores problemas. E então que ele sentiu aquela dor novamente, com se um anzol tivesse sido preso ao seu coração. Steve tentou manter-se de pé, inutilmente. Suas pernas cederam ao seu peso e ao de Esmeralda. Ele caiu, soltando-a violentamente, porém, ela não acordara mesmo assim.

Com a mão no peito, ele tentava reter a dor, mas conforme mais ele resistia mais ela parecia crescer e possuí-lo mais. Seus batimentos pareciam desordenados. Apesar da escuridão, ele via pontos brancos por todos os lados. Tentou abrir a boca para gritar, mas nada saíra. Tentou respirar, mas seus pulmões não queriam obedecê-lo. Perdera completamente o controle sobre si mesmo.

Foi ao chão com as mãos a garganta, como se tentasse forçar o ar a entrar. Sua visão, cercada de trevas e escuridão, começou a escurecer mais. Da escuridão plena, ele ia para uma mais intensa ainda, apesar de isso parecer impossível de ser descrito. Steve jogou suas mãos aos céus num ato de desespero, estava partindo.

E então, como se tivesse sido perfurado por uma pedra, sentiu o ar entrar em seus pulmões novamente. Sentiu a vida entrar em seu corpo de novo. O frio agora o dominava por conta do que passara, mas não ligava. Chegara a pensar que tinha sido obra de Esmeralda, mas após conseguir chamar seu nome, percebeu que ela ainda estava descordada. Fora tudo por conta da sorte.

Depois de alguns muitos minutos estendidos como um corpo morto no chão, Steve criou forçar para se erguer. Procurou por Esmeralda às cegas e encontrou-a rapidamente. Mas agora ele não se arriscaria a seguir, caso acontecesse aquilo de novo, provavelmente ele não resistiria, ainda mais deixar Esmeralda cair de novo, ela poderia morrer com uma pancada na cabeça de uma dessas pedras pontiagudas. Ele então fez o que achava correto, arrastou-a até um canto e ali permaneceu em silêncio, com uma mão sobre o peito e outra segurando a de Esmeralda.

* * *

Uma hora, duas, talvez três se passaram. Medir o tempo na escuridão era impossível, mas Steve não estava preocupado com isso, Esmeralda esteve apagada durante todo esse tempo sem dar um sinal qualquer. Obviamente ele sabia que muito se passara desde que ela apagara, mas sua preocupação era ela. Apesar de ainda apresentar pulso e respirar baixamente, não demonstrara nenhum outro sinal vital que lhe pudesse dar alguma esperança.

Além de sua preocupação com ela, ele sabia que ele próprio não estava bem. O ataque no coração que tivera antes provava isso. Mas, para sua sorte, ele não tivera mais nenhum outro tão forte quanto aquele depois daquele momento. Umas duas ou três vezes seu coração parecia ainda estar sendo puxado por um anzol, mas nada tão forte como antes que lhe fosse impossível respirar e se mover. Entretanto, sabia que quanto mais continuasse ali desse jeito, pior seria para ele, e até mesmo para Esmeralda. Mas ele não se arriscaria a continuar e então cair novamente e acabar de vez com ela. Não era uma escolha prudente, mesmo que nenhuma que ele tomasse fosse.

E então, alguns minutos mais tarde, morto de fome e cansaço, Steve ouviu Esmeralda tossir. Endireitando-se, ouviu-a dizer:

-Steve?

-Estou aqui. –Ele respondeu suspirando aliviado. –Que bom que você está bem.

-Mais ou menos... –Ela respondeu. –Sinto-me frágil... Mas nada que me impeça de me levantar e seguir.

-Isso é bom.

-Onde estamos?

-Em algum lugar no meio desses túneis. –Ele respondeu. –Vaguei por aqui durante muito tempo, mas não encontrei nada.

-Estamos perdidos?

-Certamente...

Nenhum dos dois disse mais nada. Esmeralda levantou-se e sentou-se ao lado de Steve, ambos encarando o escuro.

-Steve? –Ela chamou.

-Hum.

-Você está arrependido?

-Arrependido? –Ele repetiu, sem entender direito o que ela queria dizer com isso.

-Isso mesmo, arrependido. Oras, você quase morreu e... –Ela hesitou.

-Eu sei, eu quase morri, assim como você também. –Ele completou. –Admito que tenho um certo peso na consciência. –Esmeralda sorriu ao saber disso. –Mas não me arrependo pelo que ocorreu a mim, e sim o que aconteceu a você. –Ele logo completou. –Afinal, vir aqui foi uma escolha minha, não sua, e agora, pensar que você está assim por minha culpa é...

-Não precisa... –Esmeralda parou.

-O que foi?

-Tem... Acho que estamos próximos a alguma coisa muito forte... Estou sentindo alguma coisa muito...

-Não é arriscado.

-Me siga.

Esmeralda não esperou, o puxou e ambos correram novamente. Steve praguejou, estava começando a aproveitar aquela pequena conversa, e agora temia que pudessem ser atacados de novo. Pegou então seu arco e uma flecha da aljava, armando-se.

Correram durante uns dois minutos até que, de repente, eles dobraram e entraram num túnel onde uma tocha queimava na parede.

-Isso é um bom sinal. –Esmeralda disse pegando a tocha para iluminar o caminho deles.

-Talvez nem tanto assim. –Ele respondeu.

Continuaram e então, mais e mais tochas começaram a surgir. Uma após a outra, elas iam aparecendo pelo túnel, cada vez aumentando em quantidade.

Além das tochas, os baús cheios de pólvora que Steve e Bruce como os que Steve e Bruce encontraram antes foram aparecendo.

-Estou com medo da onde isso possa nos levar. –Esmeralda admitiu. –Mas já que chagamos até aqui, voltar eu não vou.

Depois de curvas e descidas, de repente o túnel encerrou-se num paredão rochoso que bloqueava completamente a passagem.

-Então acaba aqui? –Steve indagou. –Não tem sentido. Tem de haver alguma coisa atrás dessa parede.

-E há. Minha cabeça está doendo, alguma coisa aqui perto tem um poder muito forte, mas realmente estrondoso. Nunca havia sentido isso, nem quando aquele demônio nos atacou em Téfires.

-Então, seja lá o que for que estiver aí do outro lado deve ser muito...

-Mais forte do que qualquer coisa que possamos fazer.

Alguma coisa explodiu logo acima deles de repente. Pedras rolaram em direção a eles, e por sorte não bloquearam a passagem. E então, uma nuvem verde começou a surgir no campo de visão deles.

-Isso é o que penso? –Steve perguntou tremendo, erguendo o arco.

-E como não poderia ser? Adentramos o Ninho de Creepers.


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