Minecraft. O Ninho De Creepers escrita por Hermes JR


Capítulo 48
Armamento


Notas iniciais do capítulo

"Abriu um enorme baú que estava no fundo e de lá tirou uma bela espada de ferro completamente nova, nunca usada antes. A luz batia em seu corpo e se reluzia por todo ele."



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    Acabar com tudo aquilo era só o que ele estava decidido a fazer. Não ligava para o que as vozes ao seu lado diziam, nem sequer prestava atenção a quem era que estava falando. Era tudo um zunido que perturbava e o dava mais ódio e raiva. Seus passos somente aceleravam e produziam mais e mais energia para o que ele iria fazer.

   -Você vai morrer! –Percebeu Bruce dizendo logo atrás dele.

   -Steve, você já passou por coisa demais. –Escutou Adália dizer também.

   Steve ignorou todas as advertências e atravessou a mata densa em direção a Colina Nevada. Seus passos acelerados e nervosos, apesar de efetivos, pareciam lentos de mais, e por mais que a caminhada não fosse tão demorada assim, pareceu levar horas. Abria e fechava sua mão incansavelmente, sem saber ao certo o que fazia.

   Conforme caminhava, escutou também Bruce falando com Esmeralda logo atrás:

   -Impeça-o! Você já sabe o que aconteceu com todos nós por causa desse maldito ninho! E olha que nem chegamos a encontrá-lo de verdade! –Ele gritava. –Se ele ousar entrar lá, não vai restar nem o cadáver para contar a história.

   Foi uma frase macabra, e o pior de tudo foi que Esmeralda não respondeu, Steve pelo menos não conseguira ouvir se ela respondera. Seus pensamentos falavam mais altos que os brandidos de Bruce. Até mesmo Adália tentava impedi-lo. A única pessoa que não se pronunciava era Esmeralda.

   -Não sei você, mas não quero vê-lo morto! –Bruce brandia. –Lembra de Nicko?! Será que isso não serve de exemplo?! –Esmeralda não respondeu. Bruce soltou um grunhido de agonia. –Por tudo que é sagrado nesse mundo, pare ele!

   Se Esmeralda ou alguém ia impedi-lo, não conseguiriam tão fácil. Ao alcançar Colina Nevada, Steve atravessou as casa do vilarejo como um raio e chegou até o arsenal. O mesmo que eles usufruíram no dia do ataque dos Endermen, da onde retiraram a pólvora que fritou as criaturas. Steve abriu a grande porta sem se importar com o barulho e a atenção que podia chamar. Entrou a passos largos e estrondosos enquanto procurava o que iria precisar. Abriu um enorme baú que estava no fundo e de lá tirou uma bela espada de ferro completamente nova, nunca usada antes. A luz batia em seu corpo e se reluzia por todo ele. Pegou a bainha dela e se dirigiu a um baú em sua lateral, onde as armaduras se encontravam. Pegou o peitoral, o elmo e todo o resto necessário para a sua proteção. Conforme se aramava, os protestos atrás dele continuavam:

   -Steve! Pare! Steve! –Adália gritava.

   -Steve! Você não vai não vai passar nem um metro da entrada e vai ser atacado! –Bruce protestou.

   Steve, como sempre, ignorou os conselhos de seus amigos. Enquanto revistava um baú ouvia os protestos, que entravam num ouvido e saíam pelo outro.

   Quando não encontrou o que queria, se dirigiu para outro baú e o abriu, mas nesse não havia nada além de um elmo com uma enorme rachadura. Fechou o baú violentamente e foi para o outro canto do arsenal e abriu um armário. Lá estavam dezenas de aljavas cheias de flechas, exatamente o que procurava, só faltava o arco. Saiu deixando o armário escancarado e foi para outro baú, abriu e só mais espadas quebradas. Por que guardam tanto lixo aqui?  Pensou. 

   Fechou a tampa com força e foi para outro, entretanto, quando estava prestes a abri-lo, Bruce se pôs em seu caminho.

   -Steve. –Ele disse, somente.

   Steve o afastou de seu caminho com um bruto empurrão, mas Bruce não ia deixar a situação assim tão fácil.

   -Só me diga o que você acha que vai fazer lá? –Perguntou se pondo em seu caminho de novo. Steve tentou afastá-lo novamente, mas Bruce permaneceu firme. –Não vou sair até que eu tenha uma resposta.

   Steve o encarou com um olhar fulminante.

   -Você já sabe. –Respondeu. –O que mais eu faria?

   -Não, eu não sei.  –Bruce retrucou. –Não faço a mínima ideia de qual vai ser a sua próxima loucura.

   Steve bufou e sacudiu os braços. Sua agonia estava completamente estampada em seu rosto.

   -Bruce, você se lembra o motivo pelo qual nós fomos atrás do Ninho?  Mesmo até porque nós não tínhamos sidos convocados?

   -E como. A maior idiotice da minha vida. Nós quase morremos, fomos presos e agora somos prisioneiros perseguidos, e em troca de quê? Nada.

   -Por isso mesmo. Está na hora de acabar de uma vez por todas com isso.

   Bruce suspirou e puxou seus cabelos. Seu rosto estava vermelho. Após encarar Steve esperando uma resposta que não veio, ele se virou e começou a andar inquietamente em círculos.

   -E como você espera fazer isso? –Ele indagou. –Todos aqui sabem o poder de um Creeper e o teme, agora imagine uma dezena deles atrás de você em um lugar que pode desabar a qualquer momento. Além de que não é só isso! Você sabe que lá há mais alguma coisa escondida, oras Esmeralda pressentiu alguma coisa estranha e forte lá, que ela mesma teme, e o que você vai fazer contra?

   -O poder da minha espada é páreo para tudo isso. –Steve respondeu sem precedentes.

   Bruce chutou um baú a sua frente, quebrando-o.

  -Não! Não é!

   -Steve, você viu como eu te desarmei facilmente hoje mais cedo. –Esmeralda interveio. –Como Bruce disse, eu mesmo temo o que pode haver lá, então compreenda que isso não é o certo a se fazer.

   -Eu estava distraído. –Mentiu.

   Ninguém disse mais nada. Steve esperou mais alguém tentar impedi-lo, mas ninguém falou nada. Esperando mais um pouco para ter certeza, ele abriu enfim o baú, e lá encontrou dezenas de arcos, alguns em perfeito estado, outros nem tanto assim. Enquanto pensava em qual seria a melhor alternativa, ouviu Bruce falar atrás dele:

   -Vai fazer isso mesmo? –Sua voz já não estava mais alterada.

   Ele virou a cabeça para trás e perguntou retoricamente:

   -Por que não? Não tenho nada a perder.

   Bruce riu assombrosamente.

   -Não tem nada a perder... –Disse. –E a sua vida? E sua dignidade? E a nós? Nada disso tem importância para você. Nós não temos importância?-Continuou, com uma voz muito mais séria.

   Steve se virou.

   -Você já parou ara pensar em quantas vidas já foram perdidas por causa dessas criaturas desgraçadas? –Perguntou, mudando completamente o rumo da conversa.

   -Tanto eu como você já sabemos disso. –Respondeu. –E não me venha com essa história de novo, pois foi a mesma que me convenceu de ir atrás de você naquela busca sem futuro. Não é mais um argumento.

   -E Nicko? E todos os outros soldados mortos naquela armadilha? E Colina Nevada? E Leon? Lembra-se dele? Esse risco não ver em vão!

   -Isso não é um risco, é um suicídio!

   -Garotos, parem! Por favor! –Adália, que não falara nada durante a discussão, interveio. –Isso não vai levá-los a nada!

   Ambos se encararam por um tempo. A tensão no ar era tanta que dificultava até a respiração. Os nervos não se acalmaram nem por um instante.

   -A escolha é sua. –Disse Bruce no fim. –Mas espero que se lembre do que eu disse.

   E sem mais uma palavra se dirigiu à porta do arsenal, que estava escancarada, e, antes de partir, de uma última olhada para trás, e então, sumiu.

   Adália e Esmeralda não proferiram uma palavra sequer, mas se sentiam no impulso de fazer.

   Steve ficou parado, sem saber se continuava o que estava fazendo ou não. Acabara de perder Bruce, que fora o único que realmente o ajudara desde que abandonara sua casa. Mas ele sabia que agora não era tempo para lamentações caso ele fosse fazer realmente o que planejava.

   Deu uma última olhada de relance para a porta na esperança de seu amigo voltar, mas, para seu desapontamento, não voltou. Dirigiu-se então até onde os arcos estavam e pegou aquele que lhe parecia em melhor estado.

   Esmeralda e Adália continuaram paradas perto da porta sem dizer nada.

   Steve deu então uma olhada ao redor. Estava completamente equipado e pronto, não havia mais o que esperar. Lembrou-se então o porquê de ele ir nessa busca e, sem pensar duas vezes, foi saindo.

   -Você vai fazer isso mesmo? –Perguntou Esmeralda enfim.

   Steve se virou e a encarou.

   -Não estou disposto a desistir.

   -Você sabe que acabou de fazer a maior besteira da sua vida agora, não é? –Ela perguntou, referindo-se a Bruce.

   -Vou consertar isso ainda.

   -Não, não vai Steve. Quantos vão ter de dizer para você que isso é uma missão suicida? Você não percebe o que vai fazer? É simplesmente a pior escolha que você tem.

   Steve revirou os olhos.

   -Esmeralda, aprecio muito a preocupação de vocês por mim, mas...

   De repente Steve perdeu as forças das pernas e caiu de joelhos diante de Esmeralda. Sem o menos aviso sua espada, arco e aljava foram jogadas uma para cada canto. Ele tentou se levantar, mas parecia não exercer mais nenhum tipo de comando sobre suas pernas. Tentou movimentar os braços também, mas estes pareciam tão inflexíveis quanto o cabo da espada.

   -É a isso que você poderá estar sujeito lá dentro. –Disse Esmeralda vendo o pânico que o dominava. –Ainda vai querer ir?

   Steve sentiu então seus músculos se afrouxarem e conseguiu movimentá-los. Levantou-se e começou a catar seu equipamento, com uma expressão desolada. Pegou sua espada, seu arco, pegou a aljava e juntou as flechas que haviam se espalhado.

   -Percebo o perigo que corro, mas é o deve ser feito para que mais pessoas não percam suas vidas. –Respondeu.

   Dessa vez foi Adália que falou:

   -Steve... Você realmente acha que destruindo aquele suposto Ninho vai salvar pessoas? Existem muito mais deles espalhados por essas terras, eliminar somente alguns não vai extinguir a espécie.

   -Quanto mais ser feito, melhor.  –Se defendeu. –Sei que não será o suficiente, mas sei também que não saciarei só o meu desejo, destruindo o Ninho poderei entregar a todas as pessoas de Colina Nevada e de Téfires e de todos outros lugares mais segurança.

   Esmeralda não conseguia acreditar no que acabara de ouvir.

   -Sua insanidade me surpreende... De nada vai adiantar se você morrer, pare de uma vez com essa loucura.

   -Não posso, é a isso que estou destinado...

   Depois disso, elas não tentaram mais persuadi-lo, muito pelo contrário. Adália foi a primeira:

   -Nunca pude te agradecer por tudo o que fez, e não sei o que pensaria se não fizesse isso antes de você partir... Então é isso, obrigada.

   Ela falou baixinho ao ouvido de Steve enquanto o dava um forte abraço de despedida. Ele sentiu um arrepio no modo de como ela falou.

   Logo após foi até a porta do arsenal e com um aceno, partiu.

   Ficaram então apenas ele e Esmeralda. Ambos se encararam olho a olho durante minutos, e no meio dessa conversa sem palavras que ela se decidiu:

   -Eu vou com você.

   -Mas o quê?! –Steve quase se engasgou.

   Ele sabia que estava pondo sua vida em risco, mas por a de Esmeralda também era uma coisa completamente diferente, muito diferente mesmo, e caso ela perdesse a vida lá, ele mesmo se mataria.

   -Não posso permiti-la. –Disse.

   -Você não vai mudar a minha ideia. –Agora ele sabia o gosto do próprio veneno. –Eu também tenho meu envolvimento nessa história e sei o que fazer, além de que você sabe muito bem que seria feito em pedaços facilmente, acabei de prova-lhe isso.

   Steve não sabia o que falar. Esmeralda o encarou mais de perto, sabia que ela tinha a intenção de fazê-lo desistir, e pensou que se caso ele fosse mesmo com ela, talvez ela desistisse e o deixasse ir sozinho.

   -Já que é isso, então vamos.


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