Minecraft. O Ninho De Creepers escrita por Hermes JR


Capítulo 49
Veneno


Notas iniciais do capítulo

"Sentiu dentes pontiagudos e um líquido quente se misturar ao seu sangue que escorria de seu pescoço."



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Esmeralda tinha um plano. Ela sabia que nada no mundo faria Steve desistir de se matar, e quando ela se arriscou a ir nessa missão, na verdade sua única intenção era impedi-lo, pois pensara que caso ela fosse, ele sentiria um peso na consciência no caso de alguma coisa acontecesse a ela, mas nem por isso ele desistiu. Sem ter mais o que fazer e se preocupando muito com o que poderiam fazer com ele lá dentro, ela decidiu se lançar nessa também. Mas ela sabia exatamente o que fazer dentro da caverna, forjaria um ataque no qual ela fingiria ser ferida e forçaria Steve a ter de voltar para que ele não morra, e caso Steve mesmo assim não volte, está claro que ele perdeu a sanidade.

Antes de adentrarem de vez na mina abandonada onde o Ninho se encontrava, Esmeralda se certificou primeiramente de que não havia nada na entrada que pudessem atacá-los. Com um feitiço sensorial, ela passou entrada analisando e sentindo cada menor espaço que alguma coisa poderia se esconder. Tentou detectar também a presença de alguma magia, feitiço ou algo do gênero, mas se havia, não conseguiu encontrar. Steve sentiu uma pontada de medo quando ela deu inicio a sua inspeção, pois seus olhos brilharam num tom tão vermelho quanto o cabelo ruivo dela. Parecia um tipo de anjo brilhando daquele jeito.

Quando terminou definitivamente e seu olho voltou a sua forma normal, ela se dirigiu a Steve:

-Nada, o caminho está limpo.

-Isso é bom. –Ele afirmou, e antes de saírem de trás da árvore que os escondia, Steve segurou o braço dela e disse firmemente: - Esmeralda você não deve ir, não deve por sua vida em risco, fique aqui ou então volte para Téfires, você já tem problemas demais para se preocupar comigo e com o Ninho.

-E você deve por a sua vida em risco Steve? –Ela o questionou.

-Estou fazendo isso por um motivo pessoal, não tem nada com você... E é por isso que acho que não deve ir.

-Mas... Eu me importo com você...

-Eu também, e muito. –Confessou. –Por isso quero que fique.

-Só de você ficar também.

Ninguém continuou com aquilo, estava tudo começando a ficar confuso demais. Ambos ficaram se encarando durante alguns minutos, Steve manteve seus olhos vidrados nos dela assim como ela nos deles. Steve não pôde deixar de lembrar novamente do que Bruce dissera quando a viram pela primeira vez, ela era realmente bonita.

E foi quando Steve se lembrou do porque estava ali, e regressou à realidade.

-Eu tenho de ir... Fique se quiser.

-De maneira alguma.

Os dois saíram das sombras que os protegiam e se esporam à luz do sol matinal. Não estava muito calor devido ao clima frio de Colina Nevada, que não estava longe, mas mesmo assim Steve se sentia num forno dentro daquela armadura.

Caminhavam cautelosamente em direção à mina, sempre esperando um ataque. Conforme seus passos amassavam a grama abaixo deles, seguiram. Mas então, em certo ponto, Steve parou e se agachou e pegou em suas mãos o que um dia fora sua estaca, que agora não passava de cinzas. Ele pegou o conteúdo que um dia já fora seu objeto mais guardado e fechou seu punho com força, deixando as pontas dos dedos brancas.

-Isso um dia foi do meu pai. –Ele disse, mesmo sem Esmeralda tê-lo perguntado. –E já foi meu também.

Esmeralda ficou calada quanto aquilo, não tinha o que dizer, mas imaginava que talvez fosse aquilo a principal motivação de Steve para fazer o que estava fazendo, afinal, uma apelação sentimental e emocional é o suficiente para deixar alguém sem pensar no que fazer, e ainda mais Steve, que é muito impulsivo.

Ele ficou ali ajoelhado durante muito tempo olhando para o vazio, sem dizer completamente nada. Quando se levantou, jogou os restos da estaca no chão e disse com uma voz tenebrosa:

-Vamos fazer logo isso.

Novamente os dois seguiram até a mina. Já na entrada, Esmeralda o avisou:

-Eu poderia fazer um encanto sobre nós para que possamos entra protegidos, mas não quero gastar muito minhas energias para caso algo grave ocorra. –Explicou-se. –Além de que o uso de magia pode chamar muita atenção.

-Entendo.

-E desse modo acho bom fazermos uma tocha para que possamos avançar.

Steve concordou com a cabeça. Logo ele foi atrás de material para fazer uma tocha e, assim que encontrou, com ajuda de Esmeralda, acendeu uma para cada um deles e, logo após, foram em direção ao Ninho.

-É o seguinte. –Começou Steve. –É meu último aviso, você não precisa ir. Você não deve ir!

-Assim como você também não. Agora se não há mais nada a dizer, acho que estou pronta.

-Na verdade tenho sim. –Ele continuou. – Temos que nos manter sempre juntos e próximos, como você disse, estaremos sujeitos a muita coisa lá dentro. Não devemos nos desesperar e devemos agir sempre em cooperação.

-Agora você vem bancar uma de sensato? –Ela caçoou. –Vamos logo com isso antes que alguma coisa aconteça.

-Estou pronto.

Ambos pisaram junto dentro da mina. Steve levava sua espada na mão direita e a tocha na esquerda. Esmeralda carregava somente uma tocha na mão esquerda, mas mesmo assim deixava sua mão direita numa posição que pudesse prevenir qualquer ataque, ou atacar.

Conforme andavam as luzes das tochas criavam sombras longas e deformadas nas paredes rochosas que recobriam toda a mina.

Lá havia claramente rastros de uma explosão, que Steve lembrava bem do momento em que ele e Bruce quase morreram tostados. Eles não chegaram a ter contato com a explosão, para a sorte deles, mas a quantidade de pólvora existente na mina só deixava uma única alternativa, uma bela e enorme explosão. Havia rachaduras nas paredes e pedaços de pedras, grandes e pequenos, espalhados por todos os lados. Os trilhos, que já não estavam num bom estado, agora jaziam contorcidos e a sua maioria estava fragmentada e espalhada por todo o caminho sinuoso. Mas o mais intrigante de tudo era que, se houve mesmo uma explosão, aquilo ali deveria estar completamente em pedaços, mais do que já estava. Ora, todo o caminho devia estar bloqueado por toneladas de pedras, que na verdade estavam dispostas num monte do lado de fora, o que indicava que alguma coisa de errada lá havia.

Depois de caminharem por cerca de um minuto, a entrada atrás deles ia ficando cada vem menor, até que, num ponto, a única luz que os guiava era as de suas tochas. Seguiram pelo único túnel que havia e que, em vez de descer, subia, o que indicava que o ponto por onde entraram era o ponto mais baixo, ou um dos, o que também não fazia sentido.

E então o caminho se bifurcou.

-Por onde agora? –Perguntou Esmeralda.

-Eu também não faço a mínima ideia. –Admitiu.

-Mas você e Bruce já estiveram aqui antes.

-E você acha que estávamos preocupados em decorar o caminho? Só queríamos sair daqui o mais rápido possível. Ninguém esperava ter que voltar nesse lugar um dia.

-Imagina-se.

Encararam os dois caminhos durante muito tempo.

-Não é bom ficarmos parados. –Advertiu Esmeralda. –Cavernas escondem as mais diversas criaturas.

-E não é disso que estamos atrás?

-Só espero encontrá-las quando for a hora.

Steve raciocinou durante um tempo, durante muito tempo.

-Você não poderia usar magia? Um encanto simples?

-Mesmo assim seria arriscado, não quero correr risco agora, nossa presença aqui deve ser a mais silenciosa possível.

Esmeralda então teve a ideia de forjar o ataque agora, pois quanto mais cedo o fizesse, melhor. Porém, foi impedida por um ataque real. Do meio das sombras que guardavam o túnel esquerdo, saiu uma Aranha, mas esta, diferentemente das demais, tinha uma coisa em especial. Ela era grande como todas as outras monstruosas que vagavam por aí, um pouco menor, mas o verdadeiro problema era que, diferentemente das outras, esta possuía veneno.

Saindo da escuridão, ela deu o bote. Sem o menor sinal de que estava lá, ela em um salto mordeu o pescoço de Steve, uma pequena parte que estava desprotegida já a armadura não cobria aquela parte. Com um grito de dor e susto misturados Steve foi ao chão, arremessando longe sua espada e seu arco. Sentiu dentes pontiagudos e um líquido quente se misturar ao seu sangue que escorria de seu pescoço. Por sorte Esmeralda reagiu depressa e com um feitiço arremessou a criatura contra parede. Enquanto a criatura se recompunha, ela rapidamente tratou de pegar a espada de Steve e atravessá-la no corpo do monstro, que não sequer um último grito antes de partir.

Mas não havia tempo ara comemorações.

-Você está bem? –Esmeralda veio correndo e se jogou de joelhos ao lado de Steve.

-Estou. –Steve disse com a voz fraca, dava para perceber sua descrença quanto a sua própria resposta.

-Não está não! Você foi mordido por uma Aranha de Caverna! Elas contem veneno!

-Eu sei! –Ele retrucou. –Já passei por isso algumas poucas vezes.

-Mas ele é letal! Steve, se você não tratar a ferida e tirar o veneno você pode morrer.

-Foi só uma ferida superficial. –Ele disse. –Não deve ter entrado muito veneno. Não se preocupe, já passei por isso antes.

Ele se levantou e tirou sua espada de dentro da Aranha, sacudindo para tirar o sangue. Pegou o arco e juntou as poucas flechas que escaparam.

-Temos que ficar mais atentos a partir de agora. Mal entramos e já começamos assim.

-Você e Bruce encontraram alguma Aranha da primeira vez que estiveram aqui? –Esmeralda perguntou.

-Não. –Ele respondeu. –Realmente alguém não nos quer aqui.

Esmeralda não ligava muito para isso na verdade, ela só pensava no quanto Steve era teimoso. Afinal ele fora picado por uma Aranha extremamente venenosa e corria risco de morte e, mesmo assim, não ligava e queria continuar. Isso só mostrava também que seria realmente difícil tirá-lo dali, Esmeralda teria que fazer o melhor que conseguisse.

-Pelo menos me deixe cuidar de sua ferida. –Ela disse. –Conheço um encanto restaurador que é rápido e indolor.

-Guarde-se para problemas maiores. Essa é só a ponta do iceberg.

Ela não gostara nada do que acabara de ouvir.

Reacenderam as tochas que se apagaram no ataque sem o uso de magia, o que levou alguns poucos minutos. Ao terminarem o trabalho, se depararam novamente com os dois caminhos.

-E agora? –Esmeralda questionou, temendo a resposta.

-O túnel da esquerda.

-Mas por quê? Foi o túnel no qual a Aranha veio!

-Exatamente, além de que é o único que possui trilhos, ou seja, tem mais alguma coisa lá.


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