Minecraft. O Ninho De Creepers escrita por Hermes JR


Capítulo 33
O Fim Da Noite


Notas iniciais do capítulo

"Preparando-se para o pior, Nicko apertou os olhos e se dobrou numa posição de defesa. Sentiu o calor aumentar, pôde sentir sua pele queimar. Era o fim."



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Ter a vida passando diante de seus olhos. Foi essa a sensação que Nicko teve quando viu a rajada de fogo vindo em sua direção. Ele se viu quando era pequeno na sala de sua casa, brincando com seu irmão. Depois se lembrou daquela noite em que seu avô faleceu em sua casa. Lembrou-se dos momentos que ele passou com seus primos antes de eles saírem em uma viajem, de onde nunca retornaram. Nicko viu uma garota, dos cabelos castanhos bem a sua frente, com um largo sorriso, ele não se lembrava quem era, mas era muito linda. Recordou-se da primeira vez em que viu monstros em Colina Nevada, onde sua casa foi destruída. Foram muitos momentos de uma vez só, e tudo num só segundo. Nicko teve uma visão de sua vida desde quando era criança, até os dias atuais. Se lembrou da sensação de estar caindo do penhasco quando investiu contra Steve para que ele não fizesse isso, dos momentos que passou com ele naquele buraco. Do modo difícil de como saíram de lá. O ataque das aranhas foi outra recordação que não ficou de fora e veio a tona. Nicko lembrou-se do sangue das criaturas sendo jorrado quando ele cortou as cortou em dois. Recordou-se do tropeço que dera em um corpo de algum soldado. Eram muitas lembranças vindo de uma vez, muita informação para ser entendida de uma vez. A entrada em Téfires, o banho na banheira, a conversa com Dave e a perseguição no corredor foram as últimas recordações que ele teve.

Preparando-se para o pior, Nicko apertou os olhos e se dobrou numa posição de defesa. Sentiu o calor aumentar, pôde sentir sua pele queimar. Era o fim.

Soltando um grito agoniante, sentiu o fogo encostando nele, e depois, nada. Nicko continuou ali, numa posição fetal, aguardando a morte, o fogo, seu fim, porém, nada. Hesitando, ele abriu os olhos. Sua visão demorou um pouco para se acostumar com a nova claridade da sala. Mas não era isso que ele queria saber, levantando a cabeça e olhando em volta, percebera que o demônio sumira, novamente. Se erguendo, se certificou de checar todos os possíveis cantos onde a criatura poderia estar, e para seu alívio, ela desaparecera.

Nicko se soltou numa poltrona que havia na sala. Soltou um longo suspiro de alívio, enxugou o suor em sua testa e tentou se recompor. Era muita informação para ele processar. O medo e a aflição era o mínimo. Tentar entender o que houve era o que ele mais pensava. Num instante ele estava caminhando e no outro, estava sendo perseguido por um monstro sedento de sangue. Podia ser tudo uma miragem, uma alucinação sua, mas tinha certeza de que fora bem real. O grito, o calor, as chamas, tudo aquilo foi bastante intenso para ser uma alucinação criada por seu cérebro.

Nicko ergueu sua mão. Ele tremia loucamente, era estranho. Sentia um frio imenso, apesar de onde estar ter uma temperatura agradável.

Tentando relaxar, ele esticou o braço na mesa a sua frente e esbarrou num pote de tinta, derramando-a num papel. Apressando-se para evitar que o líquido se espalha-se mais, ele retornou o potinho para a sua posição normal. Por sorte, não derramara muita coisa, e somente a ponta do papel fora prejudicada. Era um mapa, que apresentava uma demonstração do que parecia ser uma grande quantidade de terra, talvez grande o suficiente para ser um continente. Havia diversos pontos que indicavam nomes, provavelmente de vilarejos. Nicko não havia como saber, pois não sabia ler, mas isso não o impedira de analisar melhor o conteúdo. Apreciou cada mínimo detalhe.

Depois de tirar sua atenção do mapa, ele parou para olhar aonde estava. Estranhamente, a sala estava sendo iluminada por tochas que estavam disposta na parede, tochas que antes, não estavam acesas. Estava em uma pequena sala circular, sem muitos detalhes. Havia uma instante com alguns livros empoeirados, uma armadura velha e amassada pendurada na parede, uma lareira e, em uma mesa mais ao lado, alguns utensílios que Nicko desconhecia o uso. Havia diversos potes de vidro e uma pedra escura, bem grande, em cima da mesa. Ele não ligou muito, pois logo dirigiu sua atenção a um papel que estava na mesa, rasgado e sujo. Este papel estava debaixo do mapa, e por conta disso também se sujou com a tinta. Nicko o pegou para tentar limpá-lo, ou pelo menos retirar o excesso de tinta.

-Ei! -Alguém disse de repente. Nicko gelou. -O que está fazendo aqui?

Nicko ergueu sua cabeça e viu um homem pequeno na entrada da sala.

-Eu te fiz uma pegunta! -Protestou o homem. -O que foi? Não sabe falar?!

Nicko pegou o papel e o colocou em seu bolso para disfarçar e esconder o estrago que causara.

-Desculpe. -Disse Nicko. -Mas eu estou perdido.

O homem revirou os olhos, e somente pela sua expressão podia-se perceber sua raiva. Ele era baixo e particularmente velho, seu cabelo era todo branco, porém, havia muito mais em sua cabeça do que na de Nicko. Ele um pouco acima do peso, mas não fora de forma. Sua pele era escura, bronzeada.

-Você é lá de Colina Nevada não é? -Perguntou o homem.

-Sim.

-E o que faz aqui? Não deveria estar no jantar?

-Bom... Eu me atrasei um pouco e, bem, o castelo é bem grande, foi fácil me perder. -Explicou-se Nicko.

O homem o encarou novamente e revirou os olhos.

-Vamos, me acompanhe, vou te levá-lo para o salão. -Disse o homem. -Mas se apresse, a não ser que goste de roer ossos de galinha.

Nicko saiu às pressas da sala. Ignorou o assunto do demônio, não sabia se devia falar disso com alguém, mas tinha certeza de que aquele baixinho não era sua melhor alternativa.

-Como chegou a minha sala? -Perguntou o homem, enquanto eles cruzavam o corredor mal iluminado.

Nicko ignorou as imagens que lhe vieram a cabeça, do monstro e dos momentos de medo.

-Já lhe disse. Estava perdido e procurava o local aonde o meu pessoal está jantando.

-E você esperava achar o salão no final desse lugar mal iluminado? -Ele riu ironicamente. -É cada uma...

Os dois atravessaram corredores e salas durante um bom tempo, até chegarem a uma porta imensa, feita completamente de um tipo de madeira curiosamente escura e brilhante. O homem, com esforço, conseguiu abri-lá, revelando um salão que fazia o de Colina Nevada parecer um quarto de criança. Três mesas excessivamente compridas estava dispostas no salão, todas ocupadas. Tochas e lustres eram responsáveis pela luz. O teto estava a, no mínimo, uns dez metros do chão . Armaduras estavam distribuídas por todo o local, decorando-o. Nicko não ligou muito para o resto quando viu a janela que estava na parede a sua frente. No final do salão, uma janela enorme deixava a mostra Téfires. O reino brilhava na noite escura, parecendo um emaranhado de estrelas.

Nicko não conseguiu apreciar mais nada, pois o homem seguiu a caminhada, e ele teve de segui-lo. Foi então levado a um local na mesa que estava disponível.

   -Obrigado. -Agradeceu ao homem. 

   O homem partiu sem dizer nada e sumiu do salão. Nicko cumprimentou alguns soldados conhecidos e tratou-se logo de se servir. Pegou o máximo de comida que estava disponível ao seu alcance e colocou em seu prato.

   Enquanto comia, aproveitou para olhar em volta. Das três mesas que haviam, a sua era a primeira da esquerda para a direita, onde só haviam soldados de Colina Nevada. Na mesa do meio, estava o rei, sua filha, Dave e alguns membros da corte, Nicko pensou, pelo modo como estavam vestidos. Na última mesa também só havia soldados.

   Ignorando todo o resto, ele comeu e refletiu sobre o que passou. Analisou seus braços, aonde sentira o fogo queimá-lo, e não havia nada. Enquanto tentava decifrar seu problema, Nicko não pôde deixar de perceber que a todo momento estava sendo observado pela filha do rei, Esmeralda. Ela não tirava seu olhar vidrante dele, o que estava incomodando-o. Procurou em si alguma marca que o acusasse, mas nada, e mesmo assim a princesa o olhava. Ele retribuiu o olhar e a encarou bem nos olhos, e ela não desviou, pelo contrário, Nicko que não conseguiu manter seu olhar fixo nela.

   O tempo foi passando e ele esqueceu-se pouco a pouco de seus problemas enquanto aproveitava o banquete. Conversou com seus conhecidos e não se lembrava de completamente nada do que havia passado.

   A noite correra e o jantar chegara ao fim, todos se dirigiram em grupos pelos corredores, guiados por alguém. Nicko seguiu uma mulher que levava poucos homens as proximidades de seu quarto. Se recordando do caminho, ele logo foi sozinho e deixou seu grupo para trás.

   Abrindo a porta de seu quarto, Nicko se surpreendeu ao encontrar Esmeralda sentada em sua cama. Revelando um olhar suspeito por baixo de seus cabelos ruivos, ela disse:

   -Eu sei o que você viu.




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